Atualizado: 10 de nov de 2023
FOTOS BOB WOLFENSON
Eu queria fazer diferente. Queria fazer mais belo. Queria transgredir um pouco. Queria a harmonia entre o requinte e o abusado. Queria o estranho como algo quase casual. Estranho e forte como a ilha da Sicília, que, solta no mar, se acha um país à parte — que tem hábitos e um jeito à parte. A Sicília das carpideiras, das tradições milenares, reduto de moralismo arraigado, do recato das velhinhas, dos contrastes.
Quis a Sicília das roupas pretas e paredes descoloridas. A Sicília do rosto vincado, onde o rosto da criança já há muito desbotou. Rostos que são vários, desconfiados, mas que riem também. Primeiro com receio e cautela e depois mais solto, e aí então mais livre e largo, e muito, catártico, descarregando sofrimento nas gargalhadas dadas com uma estranha já quase íntima. Que estranho. Queria estar lá, despojada e nua, bem nua. Quis as lentes do Bob. Quis sobretudo, e simplesmente, que fosse lindo, bem lindo. E olhem só, deu certo!
Maitê Proença
"O trabalho da Maitê [Proença, em 1996] foi um marco. Foi na Sicília, e a gente incorporou o local, parecia um filme. Esse trabalho mudou minha vida como fotógrafo de nu. Até ali estava na vala comum dos fotógrafos da revista [PLAYBOY], no rami-rami diário. O trabalho com a Maitê me deu liberdade dali em diante. Foi o primeiro em que me incluí, em que não estava ali cumprindo a cartilha. Essas mulheres, quando são chamadas, têm muito poder sobre a edição final do material, e eu e a Maitê topamos uma mesma coisa." — Bob Wolfenson
Publicado em 13 de setembro, 2010. Revista TPM. Ed. 102.
EDIÇÃO ARIANI CARNEIRO PRODUÇÃO SELMA SIMBOL E FLORISE OLIVEIRA
CABELO E MAQUIAGEM KAKÁ MORAES