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CARLA VILHENA | MARÇO, 1994


A apresentadora mais bonita da TV fala de seus fãs, suas paqueras e da sua primeira vez


POR JÚLIO CÉSAR MORENO

FOTO THOMAS SUSEMIHL


Carla Vilhena é a apresentadora mais bonita da televisão brasileira. Os telespectadores constataram isso logo que ela estreou na Bandeirantes. A confirmação veio na pesquisa da revista Imprensa, no começo deste ano. Nem poderia ser diferente. Essa geminiana tem algo de hipnótico, com seus olhos azul-esverdeados, seus cabelos castanho-escuros encaracolados até quase a cintura, as sobrancelhas grossas, as pernas longas e bem delineadas, suas formas perfeitas, 1,72 metro, 56 quilos, 26 anos e solteira. Quer mais? Ela tem, ainda, lábios deliciosamente carnudos. Mas não é só beleza. É muito mais. Carla é inteligente, culta, bem-falante, sorridente, chorona, vaidosa. E econômica: odeia desperdiçar dinheiro. Com roupas, principalmente. "É um absurdo *eles cobrarem aquele dinheirão por um paninho", reclama.


Carioca do Jardim Botânico, Carla, a certa altura, cismou de trabalhar na TV e apostou na circunstância de morar na mesma rua do Departamento Pessoal da Rede Globo. "Toda hora ia lá, fazer entrevista para qualquer vaga " lembra. Não conseguiu emprego. Resolveu investir na sua outra paixão: a mecânica. É isso mesmo, Carla adora graxa, tanto que foi cursar Engenharia na Faculdade Santa Úrsula. Estava nisso quando a mãe, taquígrafa da Câmara dos Vereadores do Rio de Janeiro, escreveu uma carta para a Rede Globo, pedindo uma chance para a filha. Deu certo: Carla foi chamada para um estágio não remunerado em edição de imagens. A moça largou na hora as ferramentas e começou Jornalismo na Faculdade Hélio Alonso.


Seu primeiro emprego para valer foi na TV Manchete, como editora de imagens. Tornou-se também apresentadora do programa Espaço Comunitário, da TVE do Rio. Formou-se em 1989 e, como não conseguiu emprego de repórter, foi tentar a sorte na Itália, onde estudava e trabalhava como intérprete de inglês, francês e italiano, línguas que fala fluentemente. Dois anos depois, voltou ao Brasil e fez testes para ser apresentadora da TV Manchete. Conseguiu vaga, mas como repórter policial na madrugada. Carla aproveitou a chance: gravou seus testes e mandou para a Globo e para a Bandeirantes, que se interessou por ela em dezembro de 1991. Duas semanas depois, Carla estreava no Jornal Bandeirantes, no lugar de Marília Gabriela, que saíra de férias. Programa no ar, o telefone da Bandeirantes disparou. Todos queriam saber quem era a nova musa. Desde então, Carla trocou a brisa do mar carioca pela paisagem de concreto paulistana. Ganhou seu próprio programa, o Jornal da Noite, que vai ao ar de segunda a sábado, por volta da meia-noite. Numa chuvosa tarde de janeiro, no flat onde mora, no Jardim Paulistano, ela respondeu às perguntas do repórter Júlio César Moreno.





1. Como foi estrear como apresentadora substituindo Marília Gabriela? Entrei sem saber que era para ficar no lugar dela. Só me perguntaram se estava preparada para apresentar ao vivo. Disse que sim, mas foi só aparecer um problema técnico e eu entrei em pânico. O pior foi ter que falar: "Desculpe a nossa falha." Foi o que mais me incomodou. Se qualquer pessoa da equipe erra, tenho que me desculpar. Dá vontade de dizer: "Desculpe, mas quem errou foi fulano."


2. Você recebe muitas ligações de telespectadores? Muitas. Na minha estréia o telefone não parou de tocar. No começo, atendia a todos, porque achava o máximo. Mas aí ficou impossível, porque não trabalhava mais. Em geral, são pessoas educadas, na maioria homens que me elogiam. Mas há alguns tipos curiosos. Um deixou recado dizendo que era meu marido e deu o endereço, para eu ir para casa. Outro começou a ligar de cinco em cinco minutos e, cada vez que falavam que eu não estava, ele mandava a pessoa ir para aquele lugar. Até que um office-boy pegou a ligação e o mandou antes.


3. Algum fã já fez alguma loucura por sua causa? Quem fez a loucura fui eu. Ligou para a redação um homem se apresentando como Henrique, repórter da Folha de S.Paulo. Como estava com pressa para entrar no ar, marquei rapidamente um horário com ele no meu apartamento. Só depois percebi que não sabia quem era ele. Liguei para a Folha e descobri que ele não trabalhava lá. O homem, de cerca de 30 anos, chegou com gravador e máquina fotográfica. Recebi na recepção do flat. Ele sugeriu um lugar mais sossegado para conversarmos. Não dei a entrevista e ele nunca mais apareceu.


4. Já teve algum fã bem-sucedido nessas investidas? Por coincidência, um fã comentou com um amigo meu, carioca, que estava apaixonado por uma apresentadora que ele nem conhecia. Meu amigo marcou um jantar e convidou o tal interessado, que era de São Paulo. Ele pegou a ponte aérea só para me conhecer. Era bonito, gentil, da minha idade. Tudo certo. Acabamos virando superamigos.


5. Você não tem medo de ser mais um rostinho bonito que passou pela TV? Não. Tenho confiança em tudo o que já estudei. Além disso, sou jornalista, e não modelo. Se eu sair da apresentação, volto para a reportagem. O que me assusta é essa mentalidade de que a mulher não pode envelhecer. Algumas, como a Bruna [Lombardi] envelhecem e continuam maravilhosas. Mas são poucas as privilegiadas. Por que só a mulher paga pelos anos? Acho fantásticas mulheres como a Gabi [Marília Gabriela], a Leda Nagle ou a Hebe Camargo. Ninguém se atreve a dizer que elas têm que sair do vídeo porque envelheceram.


6. Você se acha bonita? Nunca me achei. Sempre fui insegura por me achar feia. Na adolescência, eu era horrível. Tinha aquele cabelão, era magérrima, usava óculos de grau. E, para completar, tinha um pé muito grande [número 40]. Parecia que todo o mundo olhava para ele. Até que aprendi a rir do meu pé. Quando cresci, fiquei mais ajeitada, mas a insegurança se manteve. Achava que meus testes de apresentadora na Manchete não eram aprovados porque não era bonita. Mas valorizo mais a inteligência. A beleza, nasci com ela.


7. Sonhava em se tornar um símbolo sexual? [Fica tímida... Dá um riso nervoso e se mexe bastante na cadeira.] Nunca, nem em meus sonhos mais delirantes. Sou jornalista, e é isso que vou tentar fazer bem. A parte física é acessório. Além disso, nem me importo se sou ou não bonita. Estou acostumada com a minha cara — afinal, olho para ela todo dia.


8. Você se sente desejada? Tenho dificuldade de perceber. O cara dá em cima, me manda rosas vermelhas e eu penso: "É um bom amigo." Fico até surpresa quando alguns se declaram. Mesmo na rua não percebo. Também, só saio de jeans, óculos e com o cabelo solto. Muito diferente da tela. Além disso, freqüento lugares tão comuns que as pessoas não esperam me encontrar por ali. Outro dia, estava num boteco em Iguape [litoral paulista] e um cara olhou para mim e disse: "É a Carla Vilhena." Parei para conversar, mas ele não conseguia falar. Queria bater um papo, mas ele ficou me tratando como personalidade.


9. Sua beleza não causava problema quando você era repórter policial da madrugada na TV Manchete? O que me causou problema foi a inexperiência. Quando fui cobrir um tiroteio entre uns cinqüenta traficantes e a polícia, no Rio, fiquei apavorada. Para mim, aquilo era a guerra civil. Quando chegamos na favela da Linha Vermelha, os cinegrafistas disseram que o Documento Especial tinha feito uma matéria que não agradou ao pessoal ali e que, desde então, eles atiravam nos carros da Manchete. O motorista disse para eu me esconder, me abaixar. Era tudo gozação, e eu lá encolhida e apavorada.


"No primeiro beijo, tudo o que senti foi a babinha dele entrando na minha boca"

10. É verdade que até o Jô se impressionou com sua beleza? Numa conversa com a Gabi, o Jô disse que me achava melhor com o cabelo preso. Foi a glória. Fiquei superorgulhosa só de saber que ele já tinha me visto no programa. Quando fui ao Jô Onze e Meia prendi o cabelo e ele reparou. Fiquei muito nervosa, porque falar para a câmera, tudo bem, mas aquela platéia toda me olhando não dá. Pensei: "Uma chance dessa não posso desperdiçar." Quando veio o garçom, pedi logo um uísque. O detalhe é que odeio bebida alcoólica. Virei o copo de uma vez. Deu certo, fiquei descontraída.


11. Os homens a abordam de um modo diferente de antes de você ser famosa? As cantadas mudaram. Hoje elas são bobocas, sempre relacionadas ao jornal. O cara chega e diz: "Fico te vendo na TV." Mas não sabe falar nada do jornal. Para me acertar, tem que falar que viu o jornal e comentar o que falei.


12. Esta seria a cantada perfeita? A melhor cantada é a que vem de quem você quer. Se não houver interesse, pode ser a mais bem elaborada, que não pega. O importante é eu sentir que ele prestou atenção em mim.


13. Qual é seu truque para conquistar um homem? Tento captar o que ele quer. Não adianta eu colocar uma lingerie vermelha para um homem conservador que sonha com um baby-doll rosa de bolinhas. Toda mulher acha que homem gosta de pantera. Nem todos. Então, primeiro estudo o alvo, traço minha estratégia militar, faço um levantamento logístico e vou ao ataque [risos escrachados].


14. O que um homem não pode fazer em hipótese alguma? Grosseria. Estava começando a

sair com um cara e fomos a uma festa. No meio da noite ele decidiu ir embora. Disse que iria ficar e ele me sacudiu pelo braço, dizendo que eu ia sair sim, porque tinha chegado com ele. Saí, para evitar um escândalo maior. No estacionamento, ele jogou uma garrafa de uísque no chão. Larguei-o lá e voltei para a festa.


15. Qual é a parte do seu corpo de que você mais gosta? O cérebro. É o único que ainda posso levantar. O resto só vai cair, daqui para a frente. As pessoas gostam muito dos meus olhos — que, aliás, vieram com defeito, porque sou míope [6 graus no direito e 3 no esquerdo].


16. E no do homem? O cérebro, também. Não há nada melhor do que uma boa conversa, um homem que fascina pela cabeça. Não há no corpo parte mais excitante que um cérebro privilegiado. Ele só não pode ser um livro ambulante, daqueles que dérra-mam conhecimentos cre enciclopédia.


17. Qual é seu ponto fraco? [Faz cara de que não sabe e fica tímida.] Sei lá! Depende da pessoa. Podem ser todas as partes. Quando estou apaixonada, até um carinho com o pé debaixo da mesa é estimulante. Por outro lado, um homem que não tenha nada a ver pode pegar numa parte ultra-erógena e não dar em nada. Já tive muita emoção com um toque na minha mão.


18. Como foi seu primeiro beijo? Horroroso. Ainda era menina e não pensava que fosse daquele jeito. Via aqueles beijos glamourosos no cinema e tudo o que senti foi a babinha dele entrando na minha boca.


19. E a primeira vez? Horrorosa também. Na hora que acabou, pensei: "É isso? Quero ir para casa." Sou muito romântica, e não aconteceu como eu pensava. Mas a primeira vez é sempre muito difícil.


20. Mas agora não vai dizer que a última vez também foi horrorosa... Ah, essa não [ri]. Na primeira foi curiosidade, agora é por opção...



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