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LUMA DE OLIVEIRA | MARÇO, 1990


A mulher da década

Os votos de milhares de eleitores elegeram Luma de Oliveira a nossa deusa dos anos 80. De presente, ela recebe um poema emocionado de Tom Jobim e você ganha um novo ensaio com todo seu esplendor


FOTOS BOB WOLFENSON


Pai: alemão-português louro de olho azul. Mãe: Maria Luiza supermorena carioca bisneta de índia. Nascida em Friburgo e criada num vilarejo chamado Boa Sorte, Chácara-Arvore, fruta, passarinho, dormir e acordar cedo. Tinha urna cabrita chamada Brigite.


Para mim Luma é a supercabrita montesa da Serra de Friburgo. Signo: sagitário. Ternura: forte. Esporte de rua: vôlei. Natação: piscina, mesmo porque na praia viraria tumulto. Lumaquela, lumachelle. Mármore de conchas que virou mulher. Da brisa praiana de muitos verões. Das ressacas de inverno. Da salsugem do largo. Da derrota incomparável. Do incrível naufrágio. Pelos caçadores de macuco.



E Deus quis, e Luma surgiu. Cercada de águas. Na desconhecida primavera de um planeta selvagem Luma Mulher Brasileira. Porque a Luma de Oliveira é Luma pra vida inteira. Língua, seios, lábios, dentes, boca, pescoço, cabelos, braços, ventre, coxas, pernas, pés, unhas...


Alta Loma, lombadas e a concha bivalve Atlântica do mar alto. E um latifúndio infinito, lugares paradisíacos cobertos de floresta que desce até o mar, montes, picos, vales, mata virgem, grotões de sombra e palmito. Luma, Luma querida inspiração da minha vida. Alumia o meu caminho, minha índia tupiniquim. Passeias no litoral deixando todos assim...



Do alto do meu lumbago, por cima da minha bengala, contemplo-te toda inteira. Cada minuto contigo aprendo um milhão de coisas, minha Luma verdadeira. Este cheiro de flor. Tua presença luminosa, nesta floresta encantada Teu vulto de ave. Teu neo-primitivismo abstrato concreto. Te espero no chão macio da floresta. No santo chão da floresta. Na eterna manhã de sol. Luma cheia de graça, como é que a gente sai dessa. Let's dance, minha filha. Luma é uma mulher brasileira. Tem samba, tem ginga.



Ela dança a noite inteira. Desfila na escola de samba. Ama o subúrbio, o Carnaval, o Rio de Janeiro, fevereiro e março, do nosso querido Gil.


Tom: E tua voz, Luma? Deve ser linda! Vamos fazer um disco?

Luma: Minha voz é monocórdia. Só se a gente gravar o samba de uma nota só.

Tom: Você fica nervosa, você tem problema de ser fotografada nua?

Luma: Você tem que se segurar no rosto, a face tem que ser digna senão fica obsceno.

Tom: E eu fico pensando e me carpindo; honrada e desnuda, que maravilha! Tão cheia de pudor que vive nua, dizia Vinícius.



Super-Luma ultra-hiper, Lumáxima. Salve o Brasil. Um país que tem uma mulher como esta não pode perder. Beijo do teu fez, tiete, escravo sexual. Tua vontade é meu desejo. Outro beijo.

TOM JOHIM



REALIZAÇÃO DULCE PICKERSGILL PRODUÇÃO KIKI ROMERO



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