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MYLLA CHRISTIE | OUTUBRO, 1997


FOTO: BOB WOLFENSON

A ATRIZ DA GLOBO, CAPA DO PRÓXIMO MÊS, CONTA COMO

"SE ENTREGOU" NO ENSAIO PARA PLAYBOY.

POR: MARCO ANTÔNIO LOPES    FOTO: BOB WOLFENSON


Sobre o aguardado ensaio de capa do próximo mês, eis o que tem a dizer a protagonista: "Nunca tinha me en­tregado tanto em fotos para uma revista". Leitores com frio na barriga, sua ansieda­de — nós, modestamente, imaginamos — deve aumentar agora: "Estava linda co­mo nunca". Mylla Christie acabadíssi­mos 1,65 metro de altura. 49 quilos, 58 centímetros de cintura, 90 de busto e 90 de quadris, está arrasadora mesmo — se é que alguém ainda não notou a espetacu­lar foto ao lado, irmã da sequência que os leitores de PLAYBOY poderão ver em no­vembro. Em imagens deslumbrantes, a atriz da Globo, de deliciosas atuações em novelas como A Viagem ou na minissérie Engraçadinha, mostra sua nudez arreba­tadora nas ruas de Londres e em proprie­dades rurais do interior da Inglaterra.


Ainda que nunca tenha se deleitado tanto num ensaio, ela já fez muitos. A paulistana Mylla Christie Villa Gorga, 26 anos, além da carreira de atriz de su­cesso, brilha como modelo desde os 14. Capa de revistas brasileiras para adolescentes, Mylla foi convidada na época pa­ra passar uma temporada no Japão, sendo fotografada para publicações locais. "Mas meu negócio sempre foi teatro', diz.


Mylla conta que, quando criança, costumava brincar de encenar peças para a família — o pai, o diretor de teatro Odair Luís Gorga, a mãe, a instrumentadora cirúrgica Joyce Helena Vitta, e o irmão Ju­liano, iluminador. Aos 11 anos, realizou o sonho de interpretar para uma platéia maior — e põe maior nisso. Mylla estreou no Natal de 1982, em um daqueles tradi­cionais especiais de fim de ano de Roberto Carlos, na TV Globo, fazendo um número de dança ao lado do cantor.


Não demorou para que voltasse à TV, já como apresentadora de programas infantis (Clube da Criança, da TV Man­chete) e para adolescentes (Zap, da TV Record). Depois, iria definitivamente pa­ra a Globo, participando das novelas, Meu Bem, Meu Mal e Deus nos Acuda e de episódios dos seriados Comédia da Vi­da Privada e A Justiceira.


Há pouco, terminou de filmar Paixão Perdida, do cineasta Walter Hugo Khou­ri, e enturmando-se rapidamente no mundo do cinema nacional. Ao lado do marido, o médico ginecologista Malcolm Montgo­mery, foi passar um final de semana na ferveção do XXX Festival de Cinema de Gramado, no Rio Grande do Sul, em agosto. Recém-chegada de uma viagem à Europa, a estrela da capa de PLAYBOY do mês que vem conversou com o repórter Marco Antônio Lopes na bela casa de um amigo de Mylla e de Malcolm em Ca­nela, cidade próxima a Gramado.





1. Seu marido é ginecologista. Você recorre a ele para resolver algu­ma questão sobre sexo? Tudo, do anticoncepcional ao orgasmo. [Pensa.] Deixa eu ver... [Malcolm interrompe a entrevista: "Mylla, conta aquela coisa da frequência..."] É, já perguntei ao Malcolm sobre isso. Não entendia por que ele queria mais. Ele me explicou que isso é muito natu­ral. Hoje levamos isso numa boa. Ah, se você quer saber, não me trato com o Malcolm, não. Tenho outro médico.


2. Fantasia sexual. Com o Malcolm fica mais fácil para realizar? Tenho várias fantasias... Tran­sar numa cachoeira, num barco, no trem... Bom, a do trem já realizei. Nes­ta última viagem à Europa, transamos na cabine do trem, indo da Noruega para a Dinamarca. Bem legal...


3. Quando você era solteira, com quem ia se aconselhar sobre sexo? Meu pai me dava conselhos, mas, como eu tinha muitas amigas, conversava mais com elas. Mas ele sem­pre se abriu comigo sobre sexo.


4. Mas contou a seu pai sobre o primeiro beijo? Ele dizia que o primeiro beijo tinha que rolar com alguém especial. Mas naquela época — eu tinha uns 14, 15 anos — era tudo na base da porra-louquice [risos]. Meu primeiro beijo foi numa festa na casa de uma amiga. Beijei um menino que era uma figura! E, putz, como ele beijava mal! Pensei: "Tô fodida se todo beijo for assim..." [Risos.] Depois, nos tran­camos no quarto, eu e mais duas ami­gas, para contar como tinha sido nos­sa estréia... Ah, é, esqueci de dizer: era o primeiro beijo delas também... Aí fizemos uma lista para ver quem, a partir daquele dia, beijaria mais. En­graçado: a vencedora foi a primeira a se casar [ri]...


5. E você ficou em que lugar nessa competição de beijos? [Rindo.] Ah, põe aí que fiquei no meio, em segundo, vai...


6. Você e elas treinavam beijo  para aperfeiçoar o desempenho? Bem, a gente treinava mesmo era com os meninos [risos]. A gente competia até para ver quem conseguia ficar mais tempo beijando.


7. E qual foi o seu recorde nes­sa modalidade? [Risos.] Não sei... Uma vez mi­nha boca ficou tão assada, por causa de beijos, que tive de passar manteiga de cacau por um bom tempo...


8. Nessa fase de experimentar tudo, você experimentou drogas? Sim, mas não fez a minha cabe­ça. Nunca tive inclinação para drogas. Não sou contra — e não tenho nada a favor. Hoje não fumo nem bebo.


9. A primeira transa também foi naquele clima de porra-louquice? Primeira vez é aquela coisa de experimentar, tipo provar um prato exótico, comida tailandesa ou, sei lá, um sushi. Você estranha, não sabe se gostou ou não... Aí, na segunda ou na terceira, tem mais prazer. Na minha primeira vez, eu tinha uns 16, 17 anos. Foi com um cara divertido, um amigo. Não teve paixão, foi mais aquela coisa de me livrar de um tabu, né?


10. Que outra lembrança você  tem da adolescência? Trabalhei no Japão um tempo. Era modelo e apareceu uma chance de trabalhar lá. Fui e, quando cheguei, um cara da agência me mandou voltar. Eu tinha um problema na orelha es­querda. Nasci só com um pedacinho do lóbulo. Já havia tentado cirurgias para resolver isso e não tinham dado certo. Depois que voltei, aquilo se com­plicou. Estava virando uma bolha e po­dia se tornar um tumor maligno. Passei por outras cirurgias e até radioterapia. Era uma espécie de câncer... [Suspira, emocionada.] Tenho até hoje a marca, ó [mostra uma cicatriz quase invisível na orelha esquerda]. Depois da cirurgia que me deixou legal, voltei ao Japão e deu tudo certo, fiquei lá oito meses.


11. Do que você mais se arrepende até hoje, na sua carreira? De ter feito o Clube da Criança, na Manchete. Queria, na época, fazer um novo Vila Sésamo [programa infan­til-educativo da década de 70, exibido pe­la TV Globo]. Mas aí fizeram pra mim uma coisa meio Xuxa. Não aguentei e saí. Voltei para a faculdade de Jornalis­mo [que Mylla acabaria concluindo]. E aí a Globo me chamou.


12. Sua primeira cena de nu foi  na minissérie Engraçadinha [adaptada  do romance Asfalto Selvagem, de Nelson  Rodrigues]. Foi difícil de fazer? Minha família foi contra. Aí um amigo psicanalista do Malcolm me ajudou. Na hora da cena, deixei fluir e foi o máximo. Sabe que a mulher do Nelson Rodrigues [Elza] me mandou uma carta elogiando a mim e a equipe da minissérie?


13. Do que você mais gostou do ensaio que fez para PLAYBOY? Fiquei nervosa. Uma sensação de impotência. É que era eu quem es­tava tirando a roupa, não uma perso­nagem. Ser fotografada não é fácil e tem um quê de exibicionismo, de se sentir bela. Até me perfumava!


14. O que é mais difícil: posar ou fazer uma cena de nu na TV? Na TV foi mais fácil. Ali era mesmo uma personagem. Para posar nua, foi diferente. Mas acho que legiti­mou minha força feminina. No meio do ensaio, fiquei com vontade de cho­rar — e acabei chorando mesmo.


15. Com qual das personagens que fez na TV você mais se identificou? A Silene [de Engraçadinha]. Tenho dela a vontade, a garra de fazer as coisas. Sou, como ela, meio domina­dora, também. E ela me deixou mais exibicionista. Eu tinha um certo pre­conceito de ser bonita. Achava que não devia me preocupar tanto em es­tar bonita. A Silene acabou com isso.


16. E deve receber milhões de  cantadas. Qual a mais legal? Um italiano chegou pra mim e disse: "Vou me matar ou matar você, para acabar com essa aflição de ver tan­ta beleza na minha frente!" Achei le­gal, sincera.


17. Qual a mais inconveniente? Um diretor de TV, ou de teatro — não lembro —, velho e mal resolvi­do, num dia de trabalho, passou a mão na minha bunda. Grotesco. Falei para ele: "Você tem mulher feia em casa. Porque tá precisando, hein?"


18. Você é do tipo que fica in­quieta quando não recebe cantada, pe­lo menos daquelas educadas? Um pouco. Adoro essa coisa de passar na rua e mandarem beijo, ou mesmo aquelas em que gritam: "Aí, gostosa!" Outro dia, uns caras pararam na frente de casa e ficaram berrando meu nome. E isso porque nem saí na PLAYBOY ainda [risos].


19. O que você gosta que elogiem em você? É o trabalho. Adoro que elo­giem o que faço na TV. Sou muito exi­gente comigo. Se aparecer uma celuli­tezinha, já faço um monte de ginástica. Mas acho que os homens olham mais meus olhos [castanho-claros]. Tenho a maior preocupação com o visual — na verdade, é uma obrigação da profissão. Adoro me vestir bem. E isso tem a ver com auto-estima.


20. Você é de ficar se olhando  no espelho? Ah, não, claro que não. Mas, como eu já disse, adoro me sentir boni­ta. Pôr uma roupa legal, cabelo bonito, maquiagem em cima. E gosto muito de banho. Principalmente se for de ca­choeira. Adoro água. Me dá muita for­ça. Não tenho religião, não sou mística — então a água compensa tudo is­so. E me deixa bonita...


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