A ATRIZ DA GLOBO, CAPA DO PRÓXIMO MÊS, CONTA COMO
"SE ENTREGOU" NO ENSAIO PARA PLAYBOY.
POR: MARCO ANTÔNIO LOPES FOTO: BOB WOLFENSON
Sobre o aguardado ensaio de capa do próximo mês, eis o que tem a dizer a protagonista: "Nunca tinha me entregado tanto em fotos para uma revista". Leitores com frio na barriga, sua ansiedade — nós, modestamente, imaginamos — deve aumentar agora: "Estava linda como nunca". Mylla Christie acabadíssimos 1,65 metro de altura. 49 quilos, 58 centímetros de cintura, 90 de busto e 90 de quadris, está arrasadora mesmo — se é que alguém ainda não notou a espetacular foto ao lado, irmã da sequência que os leitores de PLAYBOY poderão ver em novembro. Em imagens deslumbrantes, a atriz da Globo, de deliciosas atuações em novelas como A Viagem ou na minissérie Engraçadinha, mostra sua nudez arrebatadora nas ruas de Londres e em propriedades rurais do interior da Inglaterra.
Ainda que nunca tenha se deleitado tanto num ensaio, ela já fez muitos. A paulistana Mylla Christie Villa Gorga, 26 anos, além da carreira de atriz de sucesso, brilha como modelo desde os 14. Capa de revistas brasileiras para adolescentes, Mylla foi convidada na época para passar uma temporada no Japão, sendo fotografada para publicações locais. "Mas meu negócio sempre foi teatro', diz.
Mylla conta que, quando criança, costumava brincar de encenar peças para a família — o pai, o diretor de teatro Odair Luís Gorga, a mãe, a instrumentadora cirúrgica Joyce Helena Vitta, e o irmão Juliano, iluminador. Aos 11 anos, realizou o sonho de interpretar para uma platéia maior — e põe maior nisso. Mylla estreou no Natal de 1982, em um daqueles tradicionais especiais de fim de ano de Roberto Carlos, na TV Globo, fazendo um número de dança ao lado do cantor.
Não demorou para que voltasse à TV, já como apresentadora de programas infantis (Clube da Criança, da TV Manchete) e para adolescentes (Zap, da TV Record). Depois, iria definitivamente para a Globo, participando das novelas, Meu Bem, Meu Mal e Deus nos Acuda e de episódios dos seriados Comédia da Vida Privada e A Justiceira.
Há pouco, terminou de filmar Paixão Perdida, do cineasta Walter Hugo Khouri, e enturmando-se rapidamente no mundo do cinema nacional. Ao lado do marido, o médico ginecologista Malcolm Montgomery, foi passar um final de semana na ferveção do XXX Festival de Cinema de Gramado, no Rio Grande do Sul, em agosto. Recém-chegada de uma viagem à Europa, a estrela da capa de PLAYBOY do mês que vem conversou com o repórter Marco Antônio Lopes na bela casa de um amigo de Mylla e de Malcolm em Canela, cidade próxima a Gramado.
1. Seu marido é ginecologista. Você recorre a ele para resolver alguma questão sobre sexo? Tudo, do anticoncepcional ao orgasmo. [Pensa.] Deixa eu ver... [Malcolm interrompe a entrevista: "Mylla, conta aquela coisa da frequência..."] É, já perguntei ao Malcolm sobre isso. Não entendia por que ele queria mais. Ele me explicou que isso é muito natural. Hoje levamos isso numa boa. Ah, se você quer saber, não me trato com o Malcolm, não. Tenho outro médico.
2. Fantasia sexual. Com o Malcolm fica mais fácil para realizar? Tenho várias fantasias... Transar numa cachoeira, num barco, no trem... Bom, a do trem já realizei. Nesta última viagem à Europa, transamos na cabine do trem, indo da Noruega para a Dinamarca. Bem legal...
3. Quando você era solteira, com quem ia se aconselhar sobre sexo? Meu pai me dava conselhos, mas, como eu tinha muitas amigas, conversava mais com elas. Mas ele sempre se abriu comigo sobre sexo.
4. Mas contou a seu pai sobre o primeiro beijo? Ele dizia que o primeiro beijo tinha que rolar com alguém especial. Mas naquela época — eu tinha uns 14, 15 anos — era tudo na base da porra-louquice [risos]. Meu primeiro beijo foi numa festa na casa de uma amiga. Beijei um menino que era uma figura! E, putz, como ele beijava mal! Pensei: "Tô fodida se todo beijo for assim..." [Risos.] Depois, nos trancamos no quarto, eu e mais duas amigas, para contar como tinha sido nossa estréia... Ah, é, esqueci de dizer: era o primeiro beijo delas também... Aí fizemos uma lista para ver quem, a partir daquele dia, beijaria mais. Engraçado: a vencedora foi a primeira a se casar [ri]...
5. E você ficou em que lugar nessa competição de beijos? [Rindo.] Ah, põe aí que fiquei no meio, em segundo, vai...
6. Você e elas treinavam beijo para aperfeiçoar o desempenho? Bem, a gente treinava mesmo era com os meninos [risos]. A gente competia até para ver quem conseguia ficar mais tempo beijando.
7. E qual foi o seu recorde nessa modalidade? [Risos.] Não sei... Uma vez minha boca ficou tão assada, por causa de beijos, que tive de passar manteiga de cacau por um bom tempo...
8. Nessa fase de experimentar tudo, você experimentou drogas? Sim, mas não fez a minha cabeça. Nunca tive inclinação para drogas. Não sou contra — e não tenho nada a favor. Hoje não fumo nem bebo.
9. A primeira transa também foi naquele clima de porra-louquice? Primeira vez é aquela coisa de experimentar, tipo provar um prato exótico, comida tailandesa ou, sei lá, um sushi. Você estranha, não sabe se gostou ou não... Aí, na segunda ou na terceira, tem mais prazer. Na minha primeira vez, eu tinha uns 16, 17 anos. Foi com um cara divertido, um amigo. Não teve paixão, foi mais aquela coisa de me livrar de um tabu, né?
10. Que outra lembrança você tem da adolescência? Trabalhei no Japão um tempo. Era modelo e apareceu uma chance de trabalhar lá. Fui e, quando cheguei, um cara da agência me mandou voltar. Eu tinha um problema na orelha esquerda. Nasci só com um pedacinho do lóbulo. Já havia tentado cirurgias para resolver isso e não tinham dado certo. Depois que voltei, aquilo se complicou. Estava virando uma bolha e podia se tornar um tumor maligno. Passei por outras cirurgias e até radioterapia. Era uma espécie de câncer... [Suspira, emocionada.] Tenho até hoje a marca, ó [mostra uma cicatriz quase invisível na orelha esquerda]. Depois da cirurgia que me deixou legal, voltei ao Japão e deu tudo certo, fiquei lá oito meses.
11. Do que você mais se arrepende até hoje, na sua carreira? De ter feito o Clube da Criança, na Manchete. Queria, na época, fazer um novo Vila Sésamo [programa infantil-educativo da década de 70, exibido pela TV Globo]. Mas aí fizeram pra mim uma coisa meio Xuxa. Não aguentei e saí. Voltei para a faculdade de Jornalismo [que Mylla acabaria concluindo]. E aí a Globo me chamou.
12. Sua primeira cena de nu foi na minissérie Engraçadinha [adaptada do romance Asfalto Selvagem, de Nelson Rodrigues]. Foi difícil de fazer? Minha família foi contra. Aí um amigo psicanalista do Malcolm me ajudou. Na hora da cena, deixei fluir e foi o máximo. Sabe que a mulher do Nelson Rodrigues [Elza] me mandou uma carta elogiando a mim e a equipe da minissérie?
13. Do que você mais gostou do ensaio que fez para PLAYBOY? Fiquei nervosa. Uma sensação de impotência. É que era eu quem estava tirando a roupa, não uma personagem. Ser fotografada não é fácil e tem um quê de exibicionismo, de se sentir bela. Até me perfumava!
14. O que é mais difícil: posar ou fazer uma cena de nu na TV? Na TV foi mais fácil. Ali era mesmo uma personagem. Para posar nua, foi diferente. Mas acho que legitimou minha força feminina. No meio do ensaio, fiquei com vontade de chorar — e acabei chorando mesmo.
15. Com qual das personagens que fez na TV você mais se identificou? A Silene [de Engraçadinha]. Tenho dela a vontade, a garra de fazer as coisas. Sou, como ela, meio dominadora, também. E ela me deixou mais exibicionista. Eu tinha um certo preconceito de ser bonita. Achava que não devia me preocupar tanto em estar bonita. A Silene acabou com isso.
16. E deve receber milhões de cantadas. Qual a mais legal? Um italiano chegou pra mim e disse: "Vou me matar ou matar você, para acabar com essa aflição de ver tanta beleza na minha frente!" Achei legal, sincera.
17. Qual a mais inconveniente? Um diretor de TV, ou de teatro — não lembro —, velho e mal resolvido, num dia de trabalho, passou a mão na minha bunda. Grotesco. Falei para ele: "Você tem mulher feia em casa. Porque tá precisando, hein?"
18. Você é do tipo que fica inquieta quando não recebe cantada, pelo menos daquelas educadas? Um pouco. Adoro essa coisa de passar na rua e mandarem beijo, ou mesmo aquelas em que gritam: "Aí, gostosa!" Outro dia, uns caras pararam na frente de casa e ficaram berrando meu nome. E isso porque nem saí na PLAYBOY ainda [risos].
19. O que você gosta que elogiem em você? É o trabalho. Adoro que elogiem o que faço na TV. Sou muito exigente comigo. Se aparecer uma celulitezinha, já faço um monte de ginástica. Mas acho que os homens olham mais meus olhos [castanho-claros]. Tenho a maior preocupação com o visual — na verdade, é uma obrigação da profissão. Adoro me vestir bem. E isso tem a ver com auto-estima.
20. Você é de ficar se olhando no espelho? Ah, não, claro que não. Mas, como eu já disse, adoro me sentir bonita. Pôr uma roupa legal, cabelo bonito, maquiagem em cima. E gosto muito de banho. Principalmente se for de cachoeira. Adoro água. Me dá muita força. Não tenho religião, não sou mística — então a água compensa tudo isso. E me deixa bonita...
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