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TAÍS ARAÚJO | JULHO, 2007


FOTO: MARCOS HERMES

UMA DAS ATRIZES MAIS GATAS DO BRASIL FALA SOBRE A UTILIDADE

DOS BRINQUEDINHOS ERÓTICOS, A AVERSÃO POR HOMENS QUE LEVAM

AS MÃOS AOS PAÍSES BAIXOS E REVELA COMO SEDUZ O FLANELINHA

QUANDO NÃO ENCONTRA VAGA NA RUA.

POR: ADRIANA NEGREIROS FOTO: MARCOS HERMES





1. Já que não topa posar nua, que palavras de consolo você pode dispensar aos leitores que sonham em ver você em PLAYBOY? Minhas palavras são: mandem várias cartas e e-mails para a redação e digam para a PLAYBOY me pagar 3 milhões de reais, mais 10% de tudo o que for arrecadado com as vendas. Quando isso acontecer, eu faço o ensaio. Ou seja, não vou fazer nunca.

2. E como seriam as fotos? Não tenho a menor noção [pensativa]. Mas tem um ensaio que eu acho lindo. É o da Maitê Proença na Sicília. Os homens devem detestar, né? Quando as mulheres gostam de um ensaio, os homens odeiam. Pra mim, o erotismo ali é o de menos. Acho lindas as fotos em preto-e-branco, os velhinhos jogando e a Maitê no meio, completamente nua, como se nada estivesse acontecendo. Além do mais, é na Sicília, um lugar maravilhoso.


3. Na peça O Método Grönholm, em cartaz em São Paulo, você interpreta uma executiva que usa a sensualidade para se dar bem, embora vista uma roupinha muito comportada. Em que situações você faz o mesmo? Não vou dizer que não faço isso, né? Porque toda mulher usa a sensualidade o tempo inteiro para conseguir o que quer. Nem que seja simplesmente para conseguir uma vaga num lugar que não tem vaga. Você vira para o guardador e diz: “Ai, querido, não tem uma vaguinha pra mim?”. E o guardador consegue. Se fosse um homem, não dava certo. Várias vezes isso aconteceu comigo. Se estou com um amigo do lado, ele fala: “Nossa, se fosse eu, passaria horas rodando”.

4. Vai ver isso acontece porque você é uma moça famosa. Não é, não [enfática]. Toda mulher faz isso. A gente acaba usando a feminilidade da maneira mais inteligente possível. É exatamente isso o que torna uma mulher interessante.


5. Como você se comporta quando quer incorporar a mulher fatal? Ai, eu acho esse personagem tão batido... Nessa época em que tudo é muito explícito, não existe nada mais bacana que a autenticidade, a leveza, ser natural. Isto é raro. O mais legal é você descobrir o segredo, ir atrás e desvendar o mistério. Se está explícito, você não tem que descobrir nada e aí não tem mais graça.

6. Que pergunta você não suporta mais responder? “Como foi interpretar Xica da Silva?”


7. Como foi interpretar Xica da Silva? Eu vi de novo quando o SBT reprisou e nos primeiros capítulos pensei “Como é ruim! Como eu era péssima”. Mas ao mesmo tempo foi lindo ver que, um mês depois, eu estava mais madura. Eu era verde, uma menina, tinha 17 anos. Mas foi uma delícia fazer um personagem tão intenso com tão pouca idade.

8. Filmes pornôs te causam alguma espécie de emoção? Nada. Eu acho muito engraçado. Morro de rir. Tem cada coisa, gente! Os gritos, as roupas. Aquilo tudo só pode ser uma comédia.


9. Você faz compras em sex shops? Não, mas já fui a algumas, por pura curiosidade. Encontrei várias coisas interessantes, mas nunca comprei nada. Tem vários brinquedinhos, coisas engraçadas... Não é à toa que tem tantas lojas do gênero espalhadas pelo mundo. Paris tem umas 500 sex shops. As cidades da Alemanha têm outras 500. Mas, quer saber? Vou começar a comprar alguma coisa, pra ver o que acontece. Já vi mercadorias com cara de grande utilidade. Mas não vou falar quais são.

10. Explique sua fantasia sexual por rappers, conforme você já disse em entrevistas. Eu disse isso?


11. Você mente em entrevistas? Não, eu odeio isso. Mas eu tenho fetiche por quê? Porque eu acho o Puff Daddy um cara interessante? Porque acho o Usher um cara bonito? E aí isso quer dizer alguma coisa? É polêmico isso?

12. Não. Podia ser apenas a revelação de uma fantasia. Sabe qual é o problema das perguntas? É que você fala uma coisa e sai publicada outra, com uma interpretação diferente. Os jornalistas querem fazer com que todas as nossas frases tenham efeito. A gente fala uma coisa banal como “Puff Daddy é bonito; eu gosto do Usher” e as pessoas já dizem “Ela adora rappers”. Eu falei de dois! Quantos não devem existir no mundo?


13. Você está prestes a concluir a faculdade de jornalismo. Tem pretensão de roubar o lugar da Fátima Bernardes? Roubar? Não, não pretendo roubar o lugar da Fátima. Ai, essas perguntas... Olha, eu estou fazendo jornalismo porque gosto de ler e escrever e foi a primeira faculdade em que pensei quando meus pais me botaram contra a parede. Eles tinham medo da instabilidade da profissão de atriz. Na verdade, estou louca para acabar e fazer uma pós em história.

14. No filme de Cacá Diegues O Maior Amor do Mundo, você se relaciona com um personagem interpretado pelo ator José Wilker. Qual é a idade de um homem velho demais para te namorar? Eu sei lá, minha filha. Mas não tenho preconceito nenhum. Não digo: “Não gosto de velho”. Sabendo conversar, tendo um mínimo de cultura, não coçando o saco e escovando os dentes, pra mim, tá tudo certo.


15. Coçando o saco e escovando os dentes? Homem não pode coçar o saco na minha frente. E não vem coçar o saco e depois querer apertar a minha mão que não vai conseguir. Porque eu vou falar: “Você coçou o saco e veio apertar a minha mão”. É nojento. E dente sujo não dá. A primeira coisa que eu olho é o dente. Antes de me decidir pela carreira de atriz, eu queria ser dentista. Também queria ser diplomata, porque tenho facilidade com idiomas. Falo inglês e espanhol e estou aprendendo francês. Mas desisti porque achei que nunca ia conseguir casar. Quem ia ficar correndo atrás de mim pelo mundo? Depois eu descobri que diplomatas casam entre si, mas já era tarde demais.

16. Seus amigos dizem que você tem bastante senso de humor. Em que situações ele aparece? Nas horas tristes, principalmente. Adoro fazer piada nessas horas. Adoro rir de mim. Quando eu dou uma gafe ou quero fazer algo que não consigo, digo: “Ai, coitada, tão incompetente”. Na estréia da peça O Método, fiquei muito nervosa e detestei a minha atuação. Aí fiquei me sacaneando: “Pobrezinha dessa atriz de televisão que vai se meter a fazer teatro”.


17. Dizem que você adora um banho de banheira. Isso parece muito sugestivo. Eu odeio banheira, não é possível. Mas quem inventou isso? Quando a banheira enche, eu já desisti de tomar banho. Demora muito, não dá. É uma agonia ficar dentro daquele negócio quente. Uma vez fui fazer um banho de ofurô no spa. A moça falou: “Você fica aqui e relaxa”. Quando ela saiu, pulei fora do ofurô e só voltei quando ela estava pra chegar. Minha pressão fica baixa, não tenho paciência.

18. No seu site, você diz que adora pagode e é amiga da “galera do É o Tchan”. Quanto tempo faz que você não atualiza sua página? Aquilo era na minha adolescência. Precisa dizer mais alguma coisa? Ainda bem que eu cresci e sou uma mulher que gosta de Chico Buarque.


19. Os participantes de sua comunidade no Orkut dizem que você é a cara da Beyoncé. O que você tem melhor do que ela? Eu sou brasileira e não desisto nunca. Eu acho ela incrível. É linda e tem uma voz maravilhosa, mas não acho que somos parecidas. Eu gostaria de ter a voz, o cabeleireiro e o dinheiro dela.

20. Você tem no currículo namorados negros. Isso tem algo a ver com a lenda segundo a qual tais homens são bem-dotados? Que pergunta preconceituosa! Por que você não me pergunta se eu tenho preferência por homens inteligentes e divertidos? Sinceramente, isso é puro preconceito da sua parte.


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