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ARTHUR ZANETTI | SETEMBRO, 2012



O primeiro campeão olímpico da história da ginástica artística brasileira dá dicas de como guardar uma medalha de ouro em casa, comenta sobre a fama de esporte afeminado e conta como lidar com uma ereção por baixo de um uniforme colado


POR NATHAN FERNANDES

FOTO ADRIAN DENNIS





1. Em 2011, você foi vice-campeão mundial, em Tóquio, e campeão na Universíada, na China. Neste ano também foi campeão do Pré-Olímpico, prata na etapa da Alemanha da Copa do Mundo, ouro na etapa da Croácia, da Eslovênia e da Bélgica e ouro no Meeting Internacional, em São Bernardo do Campo [SP]. Por que só agora todo mundo quer ser seu amigo? Acho que o pessoal passou a me conhecer mais agora porque as Olimpíadas são um evento muito grande. A visibilidade é muito maior do que em qualquer outra competição. Além disso, como foi o primeiro ouro da ginástica artística, todo mundo ficou empolgado. Mas, se eu tivesse ganhado uma prata ou um bronze, não sei se seria a mesma coisa.


2. E, agora que você conquistou esse primeiro ouro olímpico da ginástica artística brasileira, que outra marca histórica sobrou para bater? Só falta mesmo conseguir uma vaga por equipe nas próximas Olimpíadas, no Rio. Acho que é a única coisa que o Brasil não tem.


3. A gente achava que só existia o Diego Hypólito na ginástica até você ganhar. Você tinha ciúme da atenção que davam para ele? Será que ele ficou com ciúme de você agora? Não, não, não! Ele fez a história dele, é um ginasta que alcançou bons resultados. Mas agora eu fiz a minha parte também e consegui colocar o meu nome na história da ginástica do Brasil. E não acho que ele tenha ficado com ciúme. Não consegui falar com ele ainda, mas ele é bem tranquilo e sabe do potencial que tem. É um excelente ginasta.


4. Como é um dia normal seu? Em um dia normal, treino das 9 às 11 horas da manhã e depois das 14 até as 17 ou 18 horas. Todos os dias da semana e aos sábados, pela manhã. Só descanso no domingo.


5. E, quando sai do trabalho na sexta-feira à noite, toma cerveja com a equipe brasileira? Eu não faço nada. Vou para a faculdade e depois vou para a casa da minha namorada. Fico um pouco lá e vou embora porque sábado tem treino. Quando quero curtir um pouco, aproveito o sábado. Quando é época de competição, não rola cerveja e acabo nem saindo tanto. Vou mais ao cinema com a namorada ou a um jantar mais tranquilo.


6. Treinando tanto, como você conseguiu arranjar uma namorada? Consegui porque ela é muito tranquila. Ela entende o esporte que eu faço e é uma pessoa maravilhosa. Já a conhecia de vista de uma festa de aniversário, mas a primeira vez em que ficamos foi no casamento do tio dela. Estamos juntos há um ano e dez meses.


7. Que dica você daria ao leitor da PLAYBOY que tem uma medalha de ouro em casa e não sabe o que fazer com ela? É complicado mesmo! Uma medalha tão querida é um objetivo alcançado na vida, é o sonho de todo atleta. Eu consegui, então procuro guardar bem guardadinha e com cuidado porque acaba sendo meio que um filho para mim. Não a deixo exposta em casa, ela fica escondida em uma gaveta, dentro de uma caixinha provisória que eu tenho.


8. Você é o melhor do mundo nas argolas e o pior do mundo em quê? Acho que no cavalo e na barra. São dois aparelhos em que eu sou horrível. Nem faço mais esses dois de tão ruim que sou. Desisti deles porque é muito desgastante.


9. Nas Olimpíadas, quando você venceu o chinês Yibing Chen, cinco vezes campeão do mundo, teve vontade de falar "Chupa, Yibing Chen"? [Risos.] Não, não. Só quis comemorar com meu técnico e minha família, que estava toda lá, porque foram eles que me ajudaram. Não fiquei querendo nenhum mal nem zoar ele. Só queria comemorar com o Brasil todo. Mas é óbvio que é uma medalha que todo mundo espera, então eu fiquei muito feliz.


10. O técnico da equipe chinesa de ginástica artística disse que o ouro foi roubado deles e que o resultado foi manipulado e injusto. Isso é recalque ou tem fundamento? É simples, é só observar as séries e fazer as contas. Não tem o que falar, é matemática pura. Com certeza, essas acusações não vão para a frente.


11. Mas o chinês é melhor do que você? Atualmente eu sou melhor do que ele porque venci. Mas ginástica é coisa de momento. Podemos ter uma competição daqui a um mês em que ele pode ganhar de mim. Ginástica é momento.


12. Um vídeo do seu técnico com a jornalista Ana Paula Padrão ficou famoso na internet quando ela disse que não queria ser atleta dele e ele respondeu: "Por isso você é repórter, e ele, campeão olímpico". Mas, se você pudesse ser a Ana Paula Padrão por um dia, o que faria? [Risos.] Aquilo foi só uma piada que ele fez. É complicado tomar um corte desse ao vivo, mas faz parte da brincadeira. Ela levou na boa, e isso foi o mais importante. Mas, se eu fosse a Ana Paula Padrão por um dia, ia tentar divulgar todos os esportes no Brasil que não são conhecidos. E tentaria entrevistar o Bernardinho, o técnico de vôlei do masculino. Tenho uma grande admiração por ele.


13. Você acha que ficou mais bonito depois que começou a andar com uma medalha de ouro no peito? Ó, eu acho que sim. Provavelmente deu uma visibilidade maior, sim, e eu acabei ficando mais bonitinho. [Risos.] As meninas não se assanham tanto, o abraço é normal, mas pedem mais para tirar foto. Até o momento não teve nenhuma menina que quis se assanhar mais.


14. Que capa da PLAYBOY faz o seu tipo? Eu gostei bastante do ensaio da Karina Bacchi. E achei bem legal o da Juliana Paes também.


15. Um atleta disse ao jornal inglês Daily Mail que rolou orgia na Vila Olímpica e aconselhou a não tentar nada com o pessoal do hipismo e do remo porque, segundo ele, esse pessoal achava que "o papai e a mamãe" não aprovariam isso. Você faz mais o tipo atleta de hipismo ou era da turma do fundão? Eu sou da turma tranquila porque meu objetivo era fazer um bom resultado. Não passou em nenhum momento pela minha cabeça fazer festinha. Não vi nenhuma movimentação desse tipo lá. Estava bem concentrado mesmo. Saía do ginásio, jantava e ia direto para o quarto. Eu não vi nada de extraordinário.


16. Que delegação tinha mais gostosas? Como são atletas, a maioria é magra e tal. Mas a maioria das garotas do atletismo é de mulheres bonitas, com corpos legais, porque tem mais diversidade. Tem o vôlei também, mas aí as mulheres são muito gigantes! [Risos.] [Arthur mede 1m56.]


17. O que você acha de as pessoas pensarem na ginástica artística como esporte de menina ou de gay? Eu acho que é totalmente o contrário. A ginástica é um esporte para todos, não é só para mulher, mas para homem também. Todo mundo pode fazer o esporte que quiser e bem entender. A gente tem de fazer o que gosta. E eu nunca sofri bullying, nunca falaram: "Ah, você é gay porque faz ginástica". Nunca aconteceu comigo...


18. A roupa de um ginasta é muito colada. Você já teve de esconder uma ereção? Não, nunca precisei esconder porque fico muito concentrado na minha série, na competição. Isso acontece com um cara que não está concentrado e está lá fazendo não sei o quê. Em qualquer competição, eu tenho um objetivo, sou focado e não penso em outra coisa.


19. Dá para perceber durante a sua apresentação que você tem muito controle sobre seu corpo. Mesmo assim, você já broxou? [Risos.] Que eu me lembre, não.


20. Vazou um vídeo íntimo seu na internet se masturbando no banheiro. Como foi ter seus minutos de Carolina Dieckmann? Ah, é falso! Eu e a equipe estávamos lá, e não aconteceu nada disso. Hoje em dia, com computador e internet, as pessoas fazem qualquer coisa. E, como a gente estava começando a ficar em alta, fizeram esse vídeo aí. Mas é passado e já foi.


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