top of page

BONINHO | MAIO, 2002

Playboy Entrevista



O diretor do Big Brother Brasil diz o que rolou nos bastidores

do programa, critica a Casa dos Artistas e admite que nem tudo

nos reality shows é realidade


No final da tarde de 26 de novembro do ano passado, o diretor de núcleo da TV Globo José Bonifácio Brasil de Oliveira – o Boninho – recebeu por celular uma grave incumbência: transformar o Big Brother Brasil em sucesso e tirar a emissora número um da América Latina da maior queda de audiência de seus últimos 30 anos. Na ocasião, o programa Casa dos Artistas do SBT chegou a bater por 42 pontos a 24 o Fantástico da Globo, instituição tão popular no país quanto a missa de domingo. Boninho não gostava da fórmula dos reality shows, mas era um soldado no quartel e, nos 30 dias que recebeu antes da estréia, escolheu os 12 participantes, coordenou a instalação das 38 câmeras e 60 microfones e a correria das 250 pessoas que fizeram o programa. Mais 64 dias e o Brasil todo viu o resultado: o BBB derrubou a Casa dos Artistas e deu 62 de audiência no último capítulo.


Filho mais velho de uma lenda viva da TV brasileira – José Bonifácio de Oliveira Sobrinho, o Boni –, primo de Marluce Dias da Silva – todo-poderosa executiva da TV Globo –, Boninho é literalmente uma cria da casa. Aos 9 anos de idade, já fazia bicos na emissora selecionando desenhos animados. Mais tarde, para desgosto do pai, que o queria economista, ganhava seu salário de cronômetro na mão, sincronizando a entrada em rede das afiliadas da Globo. Conformado afinal, Boni bancou um ano em Nova York para o filho aprender inglês e fuçar o que rolava nas TVs americanas. Lá, Boninho conheceu a socialite Narcisa Tamborindeguy, que lhe brindou com a filha Marianna e, depois do divórcio, com um ódio implacável.


De volta ao Brasil, Boninho deslanchou uma eclética carreira de diretor. Fez os primeiros videoclipes da Globo, dirigiu programas de auditório com Sérgio Mallandro, Angélica e Thunderbird, humoristas como Tom Cavalcante, dois No Limite e o Hipertensão.


"Apesar do sucesso estrondoso do BBB, encontrei um Boninho sem nenhuma euforia, inteiramente envolvido com o planejamento do BBB 2", conta Fernando Valeika , escalado para entrevistá-lo. "Ele é completamente informal, como o jeans e a camiseta que formam seu traje de trabalho. A roupa despojada contrasta claramente com a cobertura em São Conrado, na zona sul carioca, que ele divide com sua atual mulher, a atriz Ana Furtado. Na ampla sala com móveis brancos e uma deslumbrante vista para o mar, Boninho me recebeu para as duas últimas sessões da entrevista. Na parede, quadros de Sérgio Ferro e Baravelli. Um luxo, não é? Nem tanto, me explicou Boninho, "mamãe me conseguiu um desconto bom". Mamãe é Regina Boni, conhecida marchand paulista. Também participaram da conversa Jojô e Chanel, dois simpaticíssimos e agitados lulus-da-pomerânia.


PLAYBOY – Por que há tanto maluco querendo participar dos reality shows?


BONINHO – Acho que tem um pouquinho de tudo: exibicionismo, vontade de ter uma experiência nova de vida, passar a ser uma pessoa conhecida do dia para a noite. Durante o processo de seleção para o primeiro No Limite, a gente falava para os candidatos que teriam que passar fome, frio, dormiriam ao relento em um acampamento, comeriam coisas estranhas, eliminariam uns aos outros... Em nenhum momento, alguém perguntou quanto ganharia de dinheiro por tanto sacrifício.


PLAYBOY – Afinal, como é feito o processo de seleção do BBB?


BONINHO – Em um programa como esse, não estamos preocupados com a personalidade individual, e sim com o resultado que o cara pode ter no meio de um grupo. O que se quer são figuras interessantes, gente que sirva para fazer uma boa festa. Tem que ter a barraqueira, o cara engraçado e por aí vai. São as reações dessas pessoas juntas – os conflitos, as armações, as tensões, o humor e os romances – que farão a receita.


PLAYBOY – Por que vocês não selecionaram os currículos dos candidatos pela internet, conforme foi anunciado no lançamento do programa?


BONINHO – Fomos muito malhados pela imprensa, mas não podíamos selecionar candidatos levando apenas em conta inscrições com nome, idade, telefone e o prato preferido. Aí vem, como veio, a torcida do Flamengo inteira. Até demos uma olhada nos perfis que as pessoas mandaram pela internet, mas era impossível escolher os participantes apenas com base naquilo.


PLAYBOY – Como você saiu dessa?


BONINHO – Reuni a minha equipe, fechamos uma posição do que deveriam ser os candidatos. Apertamos a faixa etária nas inscrições que vieram da internet e colocamos produtores do departamento de jornalismo para correrem atrás dos interessados. Como não haveria tempo para escolher os participantes entre as milhares de inscrições, buscamos outras indicações: o amigo do amigo, o conhecido. Se o sujeito parecia interessante, a gente também mandava um produtor pesquisá-lo e ver se valia a pena passar para uma segunda etapa, uma bateria de perguntas pelo telefone. Se o papo fosse bom, mandávamos alguém fazer uma fita de dez minutos para ver como é a pessoa. Só então chamávamos para uma entrevista cara a cara.


PLAYBOY – Ainda sobrou muita gente nesse penúltimo funil do BBB?


BONINHO – No primeiro BBB, fizemos 80 entrevistas cara a cara. Doze foram selecionados para o último funil, a concentração num hotel por uma semana. É como em No Limite em que sete dias antes do início as pessoas ficam isoladas num hotel. Nesse período, já não assistem mais a TV, nem ouvem rádio, nem lêem jornais. Piscina, nem pensar. Têm uma semana para pensar na vida.


PLAYBOY – Como foi o processo de seleção para o segundo BBB?


BONINHO – Cerca de 15 mil inscritos para o primeiro BBB foram contactados e tiveram que enviar para a gente uma fita de vídeo com dois minutos de entrevista, que eles mesmos produziram, explicando os motivos pelos quais queriam entrar na casa e participar do programa. E fomos atrás de outros 5 mil que foram identificados pelos produtores ou por indicações. Também bolamos um questionário com 68 perguntas sobre os mais variados assuntos. Mesmo assim, achar 12 caras interessantes para o programa é o mesmo que procurar uma agulha no palheiro.


PLAYBOY – A bulimia da Leka foi detectada nas entrevistas?


BONINHO – Não. Nem na entrevista psicológica, nem no check-up geral. Nem a mãe dela sabia. Quando o programa teve início, a Leka começou a ir demais ao banheiro e contou da sua bulimia. Foi uma loucura.


PLAYBOY – Como é que o Kléber Bambam foi parar dentro do BBB?


BONINHO – O que mais chamou a nossa atenção foi quando ele disse por que queria ficar na casa: para não precisar morar de favor na casa dos amigos. E mesmo se não ganhasse ficaria dois meses sem pagar aluguel. A gente achou a sacada genial.


PLAYBOY – Ele é aquilo mesmo ou um personagem simpático inventado para fazer sucesso e ganhar o programa?


BONINHO – Kléber é aquilo mesmo, um caipirão doce, esperrrrto [fala com sotaque caipira, fazendo força nos erres], que entrou na casa para arrumar um lugar para morar e, quem sabe, comer alguém. Ele manteve a calma e não estourou nem no último dia, quando rolou a história de que andava por aí com uma supermoto. Ele dizia que a moto era do cunhado, mas é dele mesmo. Kléber não tinha capacidade para criar um personagem achando que isso o levaria à vitória. Mas ele não era a minha aposta para ganhar.


PLAYBOY – Você tinha um favorito?


BONINHO – Até o meio eu e a equipe achávamos que o André tinha mais chances do que os outros. No final, era a Vanessa, até porque tinha aquele lance do casalzinho com o Sérgio. Sem falar da Leka. Com o seu jeito de doida e os peitões turbinados, ela foi a recordista nos chats. No dia em que ela bateu papo com os internautas, os acessos foram tantos que paralisaram o globo.com. Eu e a equipe giramos como uma metralhadora, às vezes com ódio de um e torcida para outro. Conforme o dia vai andando e as coisas acontecendo, mudam os sentimentos. Esse lado de curtir e descurtir é o que nos ajuda a construir o programa. Às vezes até a gente se surpreende: o Bruno, ex-modelo de muito sucesso, bem-formado, dava a pinta de ser o bom garoto e quando entrou na casa se transformou em uma mala daquelas. Virou o pit-boy chato.


PLAYBOY – E o Serginho?


BONINHO – Foi selecionado a partir de uma indicação. Era um personagem interessante: franco-angolano, com um sotaque charmoso, cabeleireiro de profissão, mas que não era gay. A presença dele iria provocar, no mínimo, uma situação engraçada na casa, a de saber se era mesmo homem ou não. Nas entrevistas ele falou que se interessava pelas mulatas brasileiras e aí a gente olhou para a Vanessa, que também estava pré-selecionada, e viu que podia rolar alguma coisa. O único erro foi que, nas entrevistas, o Sérgio dizia que sabia cozinhar muito bem e, no final das contas, nem perto do fogão chegou [risos]. Da mesma forma, a gente sabia que o jeitão da Stella iria causar uma certa estranheza dentro da casa, que o Adriano atiçaria pimenta por lá e por aí vai.


PLAYBOY – Como vocês fizeram para contornar a ameaça de expulsão do Sérgio pela Polícia Federal?


BONINHO – Nada estava previsto. Quando recebemos a notificação, chamamos os advogados dele e o nosso departamento jurídico para analisar o caso e conseguimos esticar a permanência dele no país.


PLAYBOY – Essa história não aconteceu para levantar a audiência?


BONINHO – Não seríamos loucos de colocar o Sérgio lá para ele enfrentar a ameaça de deportação para levantar a audiência. E mais: eu sei quem foi que dedurou.


PLAYBOY – Quem foi?


BONINHO – Um repórter de um grande jornal de São Paulo. Descobri na Polícia Federal que foi uma denúncia.


PLAYBOY – Com que intenção esse jornalista fez isso?


BONINHO – Sei lá. Só sei que ele foi pesquisar a situação do Sérgio, descobriu o problema e avisou a polícia. E o Serginho estava mesmo em situação irregular. Ele não sabia, a gente não sabia. Achamos que o passaporte português fosse suficiente, o colocamos na casa e o bicho pegou.


PLAYBOY – Qual é o esquema para evitar uma pancadaria entre os participantes do BBB?


BONINHO – Nenhum com exceção das regras e do autocontrole dos caras. Todo mundo sabe que em caso de agressão física o candidato está fora. Imagine se o cara dá um soco lá dentro e a gente não tira o agressor... aí todos brigam. Todos entram na casa sabendo que se agredir alguém fisicamente sai. Se destruir algo intencionalmente, também.


PLAYBOY – Você teve medo de uma debandada geral no BBB?


BONINHO – Você corre risco em todos os programas desse gênero. No BBB 1, por um triz o Kléber não foi embora. Chegou até a fazer as suas malas. Virou para os outros participantes, disse tchau e foi.


PLAYBOY – E daí?


BONINHO – Os outros participantes estavam comendo e comendo ficaram, ignorando o Bambam. Vi que a coisa era séria e dei o sinal para ele vir conversar no confessionário. Achava uma bobagem para ele e um problema para mim: era domingo e eu teria os programas de segunda e terça para fazer e sem o suspense da votação, já que o candidato da semana estaria eliminado.


PLAYBOY – Vocês conversaram cara a cara?


BONINHO – Não. Em nenhum momento nós dois estivemos juntos, na mesma sala. Foi tudo através do olho mecânico. Ele olhava para o teto, faz parrte [novamente imitando o sotaque caipira de Bambam]. Reclamava que ninguém gostava dele. O que no fundo era verdade: naquela semana, ele foi o único que não havia votado nele para sair da casa. Contei para ele das experiências que eu tinha dos outros programas, ficamos conversando 40 minutos e acabei o convencendo a ficar. Imagine se ele tivesse ido embora.


PLAYBOY – Convencê-lo a ficar não foi uma manipulação?


BONINHO – Como diretor, minha obrigação era tentar fazer com que ele ficasse. Isso fazia parte das regras do jogo. Semanas mais tarde, também não deixei a Cris ir embora. Ela quis fazer isso no dia seguinte a uma bebedeira. Tinha sido votada para ir embora, disse que ninguém gostava dela e eu também a convenci a ficar. O André também teve um ataque de quero-ir-embora e mais uma vez segurei as pontas. Se eu não fizesse isso teria falhado.


PLAYBOY – Você ofereceu um cachê extra para Bambam, Cris e André?


BONINHO – De jeito nenhum! Convenci o Kléber com argumentos e não com grana ou oferecendo alguma outra recompensa.


PLAYBOY – As crises aconteceram sempre quando você estava lá?


BONINHO – Quase sempre, já que eu praticamente não saía do estúdio. Nas primeiras três semanas eu ficava todos os dias entre 18 e 20 horas, administrando a rotina da casa, preparando ações para cutucar os caras, inventando festas e provas, e cortando. Mas quando a Leka tomou aquele porre monumental de champanhe com dois litros de adoçante, uma verdadeira bomba, eu estava em casa, ligado no pay-per-view.


PLAYBOY – Você se viciou no seu próprio programa?


BONINHO – Eu praticamente não dormia. Chegava em casa e ficava trabalhando, controlando o BBB, vi que alguma coisa estava errada com a Leka e pude me antecipar. Tive que monitorar tudo pela TV e pelo telefone. E, ainda por cima, no caso dela, tinha a história da bulimia.


PLAYBOY – Isso é que é reality show, hein?


BONINHO – Isso é que é desespero. De casa mandei confinar os outros participantes num quarto, enquanto um médico entrava para dar soro para ela. Depois pedi à Stella que fosse para o confessionário e expliquei quais eram os procedimentos necessários e que avisasse quando o soro estivesse acabando. Durante quatro horas eu fiquei colado num telefone, que por acaso era vermelho, até que tudo voltasse ao normal. Para monitorar o que estava acontecendo, pedi para o pessoal da edição colocar as imagens da Leka desacordada no pay-per-view e ia falando. Naquele horário, não tinha nenhum outro diretor trabalhando e não daria tempo de eu vir até o Projac.


PLAYBOY – Você tinha ordens para barrar nudez e sexo no programa?


BONINHO – Havia o nosso controle e também a orientação editorial da TV Globo. O BBB teve um começo difícil, mas logo ficou claro que não seria necessário ir a extremos para alcançarmos bons resultados na audiência. Além do mais, havia um público infantil imenso assistindo ao programa todos os dias e não daria para a gente carregar na nudez e na sacanagem. Certamente os pais dessas crianças não deixariam mais seus filhos assistirem a um programa desses no horário que ia ao ar.


PLAYBOY – Se o Bambam tivesse transado com a Xaiane no chuveiro, passaria ou haveria censura?


BONINHO – O Bambam atacou a Xaiane e a gente insinuou que tinha rolado alguma coisa. Eu não preciso mostrar claramente uma cena de sexo explícito para dizer que está rolando uma transa na casa. A gente tem como editar e mostrar que rolou alguma coisa entre eles sem que eu vá lá e dê o close do útero da Xaiane para milhões de telespectadores em rede nacional.


PLAYBOY – Tinha camisinha no estoque da casa do BBB?


BONINHO – Tinha, lógico, à vontade. Mas os participantes do primeiro programa só usaram para brincar de balão. E, mesmo assim, nem brincaram muito [risos].


PLAYBOY – Se a coisa esquentasse os assinantes do pay-per-view assistiriam?


BONINHO – Pode ser que sim, pode ser que não. Eu acho que se rolar tudo bem, se bem que se rolasse aconteceria embaixo no edredom. Que aliás será substituído por uma mantinha no BBB 2. Exatamente para dificultar a vida deles.


PLAYBOY – E os palavrões, não davam para segurar?


BONINHO – Numa casa, como a do BBB, os palavrões são incontroláveis. Não há pi-pi-pi que resista. Durante um momento a direção da Globo me pediu que tentasse administrar o assunto, e aí argumentei que era complicado fazer com que os caras trancados lá não falassem tanto palavrão.


PLAYBOY – Então vocês colocaram a Xuxa lá para dizer isso, certo?


BONINHO – Eu não mandei. Ela deu o recado por conta dela. Prova de que os palavrões estavam incomodando mesmo.


PLAYBOY – Quem teve a idéia de colocar gente conhecida para interagir com o pessoal da casa?


BONINHO – A participação de celebridades estava prevista desde o início, mas teria um tamanho muito menor. As invasões serviriam para mostrar quem eram as 12 pessoas da casa, já que o início do programa teve um formato um pouco confuso. Mas eu achei perigoso.


PLAYBOY – Por quê?


BONINHO – Porque você está infiltrando uma pessoa para conversar sei lá o que com o pessoal lá de dentro. Os artistas estão treinados até um certo ponto, mas reality show é reality show e sempre pode sair alguma coisa fora do plano. Teve uma saia justa com o Chico Anísio, que entrou dizendo que não gostava desse tipo de programa...


PLAYBOY – Por que você censurou o Poninho, o boneco feito de cebola que os participantes fizeram para satirizá-lo e no qual faziam vudu?


BONINHO – Para não cair numa armadilha. Programas como o BBB funcionam em uma mão única, em que o que interessa é a vida dos caras e não o relacionamento deles com o diretor. Quando eles vieram com a história do boneco de cebola, cutuquei a Marisa Orth e pedi a ela que passasse batido. Eles desistiram.


PLAYBOY – Por que a Marisa Orth não deu certo no BBB?


BONINHO – A Marisa é uma grande atriz, mas não tinha experiência como apresentadora. Ela ficou insegura, nós ficamos inseguros com a Marisa e a química entre ela e o Pedro Bial não funcionou. Por isso a tiramos do programa ao vivo.


PLAYBOY – Também devem ter contribuído os foras, como no dia em que ela deu "parabéns Caetano", quando ele foi eliminado, não?


BONINHO – Ali houve muita maldade com a Marisa. Ela parabenizou o Caetano por ele ter participado do programa, e não por ter saído...


PLAYBOY – Ah, vai, conta outra...


BONINHO – Mas essa foi a intenção dela. É que a pressão que a Marisa estava sofrendo era muito grande. Ela não voltará ao segundo programa. Cuidará da vida dela como atriz e deve estar muito feliz de ter se livrado da Magda, depois de seis anos.


PLAYBOY – O Pedro Bial dará conta do recado sozinho?


BONINHO – Ele saiu-se muito bem. Depois que relaxou, saiu do papel do jornalista sério e começou a brincar mais. Ele se dedicou muito ao projeto. Ficava com a gente quase todos os dias na ilha de edição e passava quatro, cinco horas assistindo aos teipes, vendo a casa.


PLAYBOY – É verdade que o Bial cantou a Leka fora do ar?


BONINHO – Não, até porque era a Leka que brincava de flertar com ele [risos]. O Bial comprou a história uma, duas vezes, até o dia em que anunciou no ar que a mulher dele estava grávida e acabou de uma vez por todas com o namoro virtual.


PLAYBOY – O que você não repetirá no próximo programa?


BONINHO – Aquela história com a cachorra, certamente não. Com a [cadela] Mole a brincadeira funcionou no começo. Só que eu não imaginei que, fora o Caetano, ninguém se lembraria de cuidar dela. Largaram a cachorra sem comida, água. Por isso eu a tirei de lá.


PLAYBOY – Você pretende detonar alguém na edição, como no caso do videoclipe da Stella enfiando várias vezes o dedo no nariz?


BONINHO – Mas a Stella tinha mesmo a mania do nariz e era impossível não brincar com aquilo. Depois do programa, ela até me ligou, meio chateada, para reclamar, mas não havia nada a fazer. Se a pessoa tiver uma mania semelhante e entrar na casa do BBB, vou detonar, sim. O cara sabe que, se está lá dentro, é para isso mesmo.


PLAYBOY – Não há como forçar o resultado nas eliminações do BBB?


BONINHO – Não, repare que só exibimos as cenas do Bambam chorando depois que já tinha saído o resultado da votação em que ele eliminou o Sérgio. Quem escolhe os candidatos que irão para o paredão são os próprios participantes, e depois é o público que vota no candidato que quer que saia. O curioso é que, nos reality shows, o grupo tende a eliminar quem é diferente. No BBB 1, o primeiro a sair foi o Caetano, justamente o mais velho. Em um dos No Limite, a primeira eleita para deixar o programa foi a Janaína, exatamente a candidata de faixa social mais baixa entre todos.


PLAYBOY – Por que o Silvio Santos não conseguiu no segundo Casa dos Artistas a audiência do primeiro?


BONINHO – Porque, no Casa dos Artistas 2, o Silvio Santos traiu o telespectador. De cara prometeu uma coisa e não deu. No dia da estréia do Casa 2 colocou no palco Ratinho, Lafond, Alexandre Frota, enfim, 30 caras. Fez um programa de uma hora e meia, e no final disse que os 12 candidatos já estavam escolhidos antes. Falou que tudo era uma brincadeirinha. O telespectador deve ter pensado: esse cara me enganou. Mas a coisa continuou: primeiro eram os telefonemas das pessoas que assistiam que tiravam o cara da Casa. Aí, no segundo programa, o Silvio avisou que quem eliminava também eram os votos da internet e sacaneou os caras de novo. E no terceiro programa propôs colocar gente nova para entrar na casa. Aí virou festa.


PLAYBOY – Mas a Globo também não traiu as milhares de pessoas que se inscreveram para o BBB e depois, sem maiores explicações, não foram chamadas?


BONINHO – A Globo errou, mas não traiu ninguém. Acreditou que o cadastramento daquele jeito era viável e quando se deu conta havia 500 mil candidatos querendo participar do programa, o que obviamente não dava pé. Quando assumi a direção tentei colocar o máximo de gente inscrita pela internet. Só que naquela altura havia um clima de que o SBT era o pobrezinho da história, que tinha se apropriado das regras do Big Brother sem intenção e que a Globo, como sempre, era a vilã, que havia deixado 500 mil pessoas na mão. Mas em nenhum momento as regras do programa, os critérios de eliminação ou a escolha de líderes foram mexidos, como aconteceu na Casa dos Artistas.


PLAYBOY – Mudar as regras então não foi um bom negócio?


BONINHO – Nunca é. Se ele viesse com um formato e regras parecidos com os do primeiro Casa dos Artistas, talvez os problemas dele fossem minimizados. Junte aí aquela velha síndrome do segundo episódio e o fato de os artistas da Casa, que nem são tão artistas assim, terem visto o sucesso do primeiro programa e estarem preocupados apenas em colocar a carinha deles no ar. Para eles aparecer, sair e ganhar o cachê de 100 mil já basta. Quando um cara como o Mário Velloso diz que está louco para sair porque quer lançar logo o CD que acabou de gravar, que a Mariana Kupfer também diz que está louca para sair é o fim. E, com tudo isso, o Silvio ainda deu uma bronca nos espectadores acusando-os de fazerem o jogo dos caras que queriam ir embora. Só que, nessa altura, o espectador já está puto ou rindo de tudo.


PLAYBOY – E o artista rindo mais ainda, com 100 mil reais na mão...


BONINHO – É claro. Cachê fixo de 100 mil reais é uma boa grana, principalmente para caras que não ganhariam isso nunca com seus filmes, discos e novelas. Por isso é que assim que o cara acha que apareceu quer ir embora.


PLAYBOY – Quanto ganha cada participante do BBB?


BONINHO – Quinhentos reais por semana e eventualmente um ou outro prêmio, como foi o caso dos carros que eles ganharam nas últimas semanas. Ou seja, até o nono colocado um candidato sabe que pode ganhar entre 3 mil e 4 mil reais, o que não é nenhuma fortuna para ficar trancado durante semanas sem poder sair, ouvir as notícias ou falar no telefone. É para ganhar o prêmio de 500 mil reais que há competição. Não há dinheiro intermediário e nem é estimulada a participação como um trampolim para o sucesso.


PLAYBOY – Essa é a maior diferença entre o BBB e a Casa dos Artistas?


BONINHO – É. Uma coisa é o anônimo que pode ganhar 500 mil reais, outra é um cantor ou ator que está pensando num trampolim para a sua carreira.


PLAYBOY – Que tal a fulminante aparição da Carola Scarpa, a que entrou, barbarizou com tudo e foi embora da segunda Casa dos Artistas?


BONINHO – O tiro saiu pela culatra, é lógico. Conheço bem a Carolina, afinal ela é minha prima, filha do Guga [irmão do pai, Boni]. Ela entrou na Casa instruída para colocar fogo na casa, mas o que o Silvio não imaginou é que ela não fosse parar. O primeiro bombardeio até funcionou, mas a Carol achou que era pouco e, como estava instruída para aquilo e a cabecinha dela é pequenininha, não parou. Se não a tivessem excluído, ela acabaria por colocar todo mundo para fora.


PLAYBOY – Mas o povo não gosta de um barraco?


BONINHO – O povo até gosta, tanto que há um outro formato de reality show em que casais aparecem na televisão contando seus dramas, mulher, marido e amante dividindo o mesmo palco. É uma espécie de talk-show pesado, que nos Estados Unidos funciona bem, mas que no Brasil não decolou. Quando a Carol foi lá, xingou a Syang de piranha sem nenhum motivo ou disse que a casa estava imunda, tomou essa atitude do nada, sem nenhum critério. O telespectador não acredita e os de dentro acham que é um óvni. A casa do BBB é imunda, mas se eles querem viver naquilo, o problema é deles.


PLAYBOY – Houve pirataria por parte do SBT, que lançou a Casa dos Artistas um pouco antes do BBB?


BONINHO – Lógico que teve. Eles discutiram a possibilidade de comprar o programa com o pessoal da Endemol, tiveram acesso a todo o material. Não fecharam acordo e a saída foi fazer um Big Brother com celebridades. Era um formato que já havia sido feito em outros países e uma tentativa de descaracterizar o plágio.


PLAYBOY – Não é difícil dirigir um programa que foi copiado pela concorrência?


BONINHO – Quando me botaram o programa na mão e me deram 30 dias para fazer com que ele saísse do papel, uma das únicas coisas que eu disse foi que por mim eu não queria fazer, mas que se fosse para dirigi-lo era para seguir a fórmula original. Ou seja, manter escrupulosamente as regras. O Silvio Santos não usou as regras para tentar descaracterizar um roubo total. A coisa chegou num ponto em que ele próprio declarou que, na segunda Casa, a regra era não ter regras.


PLAYBOY – Boni, o seu pai, ajudou o Silvio Santos a fazer a primeira Casa dos Artistas?


BONINHO – Ele trabalha para a TV Globo, como ele ajudaria o Silvio Santos?


PLAYBOY – Fazendo uma consultoria informal, talvez. Afinal, ele já não conversou com o Silvio para ir para o SBT?


BONINHO – Acho que é cascata. Ele não faria isso, já que tem contrato com a Globo, mas não sei. Eu e meu pai pouco falamos sobre trabalho.


PLAYBOY – Você imaginou que a Casa dos Artistas fosse fazer todo aquele barulho?


BONINHO – Entre mim e a minha equipe, a impressão era de que o programa iria ficar morno e não faria sucesso. Só que aí teve o Supla, o Frota, a coisa foi esquentando e quando pegou não parou mais de fazer sucesso.


PLAYBOY – A Casa causou estragos na audiência do No Limite 3?


BONINHO – Não tinha jeito de salvar toda a audiência do penúltimo episódio do No Limite 3, que bateu de frente com o último capítulo da novela A Casa dos Artistas.


PLAYBOY – A sua percepção do SBT mudou depois que eles conseguiram tanta audiência com Casa dos Artistas a ponto de bater um ícone como o Fantástico?


BONINHO – Não foi o primeiro momento em que o SBT bateu a Globo e provavelmente não será o último. Se você lembrar, há alguns anos, O Povo na TV ganhou da Globo. E foi aí que criaram a novela das 6, exatamente para combatê-lo. O Ratinho chegou a incomodar muito. Pantanal, da TV Manchete, ganhou na audiência também. Acontece que quando a TV Globo é desafiada ela reage, e está aí o Fantástico, que mudou e de novo é o programa de maior audiência no horário. Estavam meio acomodados. Deram uma acordada e voltaram à liderança.


PLAYBOY – Apesar do sucesso do primeiro No Limite, você sumiu do segundo episódio e voltou no terceiro. Por quê?


BONINHO – Foi uma decisão da direção-geral da Globo.


PLAYBOY – Teve ciumeira?


BONINHO – Não. Eu estava escalado para o segundo e houve uma preocupação da direção da TV Globo em saber se a gente tinha sido enérgico demais na forma de trabalhar com os participantes ou se tinha manipulado alguma prova. Achavam que precisavam ter um olho maior na direção de provas.


PLAYBOY – Você quer dizer que teve participante que comeu azeitona em vez de olho de cabra naquele No Limite?


BONINHO – Nada disso. No primeiro programa o meu objetivo foi fazer um show em que fosse para o ar exatamente o que aconteceu, sem nenhum truque para favorecer um ou outro candidato. Quando chegou a prova final, entre a Elaine e a Pipa, havia uma regra estabelecida: elas teriam que trazer as mandalas com os quatro elementos. Mas, de cara, a Pipa perdeu no mar um deles. Ou seja, a prova já estava definida naquele momento. O No Limite 1 teria terminado ali, mas eu decidi bancar o risco de continuar. Seria um final sem graça. A Elaine não percebeu, tanto que não gritou "ganhei" na praia. Consultei o Zeca e o Carlos Magalhães [apresentador e diretor-geral do programa] para saber se a gente parava ou continuava as gravações e deixei o show continuar. Sabia que a possibilidade de a Pipa reverter a situação era quase impossível.


PLAYBOY – E, se a Pipa fizesse o milagre de virar o jogo e chegasse na frente, como você sairia dessa?


BONINHO – Não iria sair: se acontecesse o improvável e a Pipa revertesse a situação, ganharia, mesmo com um elemento da mandala a menos. Era uma decisão do diretor correr esse risco e eu corri. Depois do programa, a direção da Globo me chamou, disse que não podia fazer desse jeito e propôs que eu dividisse a direção do segundo programa com o Fernando Gueiros, do departamento de jornalismo. Expliquei a eles que nesse tipo de produto não pode haver duplicidade de comando: se faz com apenas uma cabeça, não com duas. E eles acharam então que era melhor fazer com a outra cabeça.


PLAYBOY – Onde foi que o No Limite 2 errou?


BONINHO – Em tudo, tanto que não fez sucesso. O conceito do No Limite 2 era que eles tinham que passar fome de verdade, sofrerem de verdade. No No Limite 3 ninguém pulou de pára-quedas na Ilha de Marajó num avião que pegou fogo com a finalidade de se machucar. Eles saltaram com uma equipe especializada, que preparou tudo antes para dar certo. Eram sobreviventes, mas se estalassem os dedos e quisessem ir embora do acampamento, poderiam. Eles não estavam num ambiente inóspito e completamente isolado passando fome.


PLAYBOY – Então reality show não é realismo total?


BONINHO – Reality show não é realidade. Os concorrentes têm que sentir que estão passando fome, mas não podem ficar em estado de inanição. Teve o caso da Litz, a menina que ficou doente e teve que ser tirada do programa porque ela foi ao extremo de não comer. Isso foi a visão errada de fazer o reality hiper-realista. O participante tem que quase passar fome, mas tudo tem que acabar bem. O povo do No Limite 2 foi sucumbido pela fome, falta de força e sofrimento exagerado.


PLAYBOY – Mas no Hipertensão, que você também dirigiu, os caras sofreram um bocado, não?


BONINHO – É diferente já que as provas são feitas com toda a assessoria para evitar que os caras corram o perigo de morrer. O que foi pensado ali é o produto de sensações: tem que subir num helicóptero saindo de um jet-ski a 60 km/h, andar numa viga a 30 metros de altura ou comer insetos. É o fio da navalha, mas nada é feito para que os participantes fiquem sem assistência. Tanto que num dos episódios os caras entraram num ninho de cobras, mas nenhuma delas era venenosa.


PLAYBOY – Então não eram provas de risco?


BONINHO – No caso dos bichos, não. Tanto as cobras como os ratos que jogamos nos participantes em outros episódios não eram nocivos. Contratamos um criador especializado no assunto e ele nos arranjava os animais. Eu nem seria louco de jogar bichos contaminados nos candidatos. Mesmo nas provas de ação o risco é muito calculado. Se der tudo errado, o cara quebra uma perna ou braço, mas não morre.


PLAYBOY – Os cardápios nojentos que causaram calafrios em No Limite e Hipertensão foram criação sua?


BONINHO – Esses pratos inusitados já faziam parte do Survivor [o programa americano que serviu de base para o No Limite]. Eu e a minha equipe apenas tropicalizamos a idéia. Foi assim que eu cheguei na Ângela Avellar, do laboratório Bioquality, a nutricionista que até hoje nos dá assessoria e que também é fascinada por cardápios inusitados. Foi dela a idéia dos famosos olhos de cabra da primeira prova de No Limite e das baratas e das minhocas do Hipertensão.


PLAYBOY – As pessoas gostam de assistir a tanta nojeira?


BONINHO – Vêem, comentam e dão audiência.


PLAYBOY – Você tem uma série de polêmicas na sua carreira: como o Sérgio Mallandro, a quem certa vez chamou de "indirigível". Era ruim trabalhar com ele mesmo?


BONINHO – O Bonifácio queria achar um outro Chacrinha, ter alguém que conseguisse trazer calor, personalidade, que fizesse uma grande festa no sábado. Foi assim que eu fui escalado para dirigir o Sérgio Mallandro, que é bom, mas só faz o que quer. Assim, fica difícil para o diretor e mais ainda para o resultado do produto. Eu deixava ele fazer o que queria, desligava o gravador e só ligava quando eu podia dirigi-lo outra vez.


PLAYBOY – Boni, Bonifácio, você nunca chama o seu pai de pai?


BONINHO – Profissionalmente, não. Em casa sim. Se eu estiver na Globo e tocar o telefone e for ele é "alô, Bonifácio". Em casa é "oi, pai".


PLAYBOY – Por que seu pai não foi ao seu casamento com a Narcisa Tamborindeguy?


BONINHO – Porque ele era contra e tinha razão [risos]. Falou que não iria dar certo. Falei que ia dar. E ele acertou.


PLAYBOY – Como você e a Narcisa se conheceram?


BONINHO – Conheci a Narcisa no Rio de Janeiro. Depois a gente se reencontrou quando eu estava morando em Nova York. Antes de eu ir para os Estados Unidos, trocamos telefones, tínhamos amigos comuns e nos encontramos. Acabamos namorando e eu caí na besteira de me casar com ela [risos]. Não deu certo, de cara. É completamente diferente namorar uma pessoa lá fora e casar na volta. Mas, como ela logo engravidou, eu segurei mais dois anos. Foi o tempo que eu agüentei viver ao lado dela, e depois disse: Chega!


PLAYBOY – Por que ela xinga você tanto hoje em dia?


BONINHO – Não sei, melhor perguntar para ela, que criou esse ódio mortal a meu respeito. Eu não falo com a Narcisa, não vejo a Narcisa. A única coisa que ainda me liga a ela, que eu tenho com ela é uma filha, a Marianna, por quem tenho o maior carinho. Tem 18 anos, está fazendo vestibular para medicina e detesta aparecer.


PLAYBOY – Você leu o livro que a Narcisa escreveu, o Ai, Que Loucura?


BONINHO – Eu não. Imagine se eu vou comprar um livro da Narcisa [risos]. Eu pulo a Narcisa em qualquer momento. Não tenho nada contra, mas, se eu a cruzar, prefiro atravessar a calçada.


PLAYBOY – No livro ela insinua que você bateu nela. Isso é verdade?


BONINHO – É lógico que não. A Narcisa tem alguns problemas que só ela tem que resolver. Nem eu entendo como fomos casados um dia.


PLAYBOY – É verdade que você era hippie quando se casou com ela?


BONINHO – Não. Eu era cabeludo e usava jeans. Talvez para ela, que usa Chanel, sejam roupas de hippie. Mas isso eu nunca fui.


PLAYBOY – Por acaso você chegou a atrasar a pensão da filha de vocês?


BONINHO – Também não. Se isso tivesse acontecido, certamente eu teria ido parar na cadeia.


PLAYBOY – Ela se drogava quando vocês estavam casados?


BONINHO – Não tenho a mínima idéia.


PLAYBOY – Tinha delivery de cocaína para você nessa época?


BONINHO – Não. Só fumei maconha. Hoje sou careta.


PLAYBOY – Pó você nunca curtiu?


BONINHO – Não, até porque eu sou alérgico a qualquer pó. Cocaína, nem pensar. Eu fumei muita maconha a partir dos 17 anos. Mas, como eu nem fumo cigarro, encheu o meu saco e com 25 anos eu parei. Acho maconha uma besteira. Não levanto nenhuma bandeira nem contra e nem a favor. Não acho que mutile, apenas acho que é uma bobagem.


PLAYBOY – Voltando à TV: com o Thunderbird qual foi o problema?


BONINHO – Com o Thunder a proposta também foi a de fazer um programa de auditório com bandas novas, o TV Zona. Graças à ajuda do Peninha, que é um produtor musical maravilhoso e fuçador de novos talentos, colocamos no ar O Rappa, a Tribo de Jah, muita gente que estava começando. Mas o Thunder também dava muito trabalho e, para completar, o programa não deslanchou na audiência e saiu do ar. Como eu era o diretor sobrou para mim a missão de lhe dar a notícia. Com a Angélica foi a mesma coisa.


PLAYBOY – Você brigou até com a Angélica, Boninho?


BONINHO – Ela ficava brava comigo porque achava que era eu quem fazia alterações de que não gostava no programa. Ela achava que era implicância minha, que eu usava a desculpa de ser uma decisão da TV Globo para mudar. Por fim, a gente tinha uma idéia de mudar o horário dela, de colocar uns games no programa, mas ela não quis. Preferiu manter o formato de platéia, garotada. O que foi um erro.


PLAYBOY – Por que você brigou com o Daniel Filho, a ponto de ele dizer que seu pai tinha feito muita coisa boa, mas em contrapartida havia produzido o Boninho?


BONINHO – Foi sempre ele quem brigou comigo. A gente nunca se bicou, talvez o Daniel goste muito do meu pai e tenha ciúmes, sei lá. Não gosta de trabalhar comigo, mesmo sem ter idéia do que eu faço. Ficou muito tempo fora da TV Globo e não sabe qual é a minha história na televisão, o que fiz ou o que deixei de fazer. Meu pai tem uma versão dessa história que ele acha que tudo isso é porque um dia eu decidi que trabalharia com o [Roberto] Talma, que gosta de ensinar o que sabe à garotada, e não com o Daniel, que era o manda-chuva. Hoje nossas relações estão melhores apesar de ele ter me colocado dois anos na geladeira e certamente ter pedido a minha cabeça 5 mil vezes.


PLAYBOY – Depois do BBB qual é o próximo reality show que sobrará para você?


BONINHO – Espero tirar férias. A última passagem que comprei para Nova York perdeu a validade e eu estou com um crédito de descanso acumulado.


PLAYBOY – Nem por 500 mil reais você toparia passar semanas num lugar paradisíaco sem luz e TV, dando duro e comendo inseto ou 70 dias trancado numa casa com 12 estranhos?


BONINHO – Não. Nem morto.


POR FERNANDO VALEIKA DE BARROS

FOTOS ANDREA MARQUES


Kommentarer


bottom of page