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BRUNA LOMBARDI | AGOSTO, 2011



DONA DOS MAIS HIPNÓTICOS OLHOS VERDES DA TV E DO CINEMA,

A ATRIZ FALA SOBRE SUA MISTERIOSA VIDA EM LOS ANGELES,

CONTA COMO UM JAGUNÇO A CONFUNDIU COM UM HOMEME FEZ XIXI A SEU LADO, AFIRMA QUE NASCEU SABENDO FAZER STRIPTEASE, REVELA QUE ADORA TRANSAR NO MAR E, POR FIM, DEIXA NOSSO REPÓRTER DE PERNAS BAMBAS.


POR BRUNO LAZARETTI FOTO JAIRO GOLDFLUS





1. É verdade que você só conseguiu o papel nesse seu novo filme, Onde Está a Felicidade?, porque estava dormindo com o diretor [o marido Carlos Alberto Rieceli]? É exatamente o que eu falo! É essa a razão, exatamente. Você pegou minha frase, pensou com meu cérebro. Pode usar essa frase corno minha! [Risos.]


2. Você sempre foi discreta sobre sua vida pessoal. Acha que mo­rar nos Estados Unidos teve essa função de discrição? Olha, eu sou uma pessoa discreta. É o meu jeito. Sempre gostei de observar, como qualquer escritor. Ver mais do que ser vista. E, obviamente, quando você é famosa desde muito cedo, aprende a conviver com isso. Sou chamada até hoje na rua com uma intimidade que eu adoro. Acho legal, me sinto protegida quando as pessoas mostram afinidade comigo. Por outro lado é muito bom testar o seu anonimato. Eu sempre quis fugir do ego. Sabe que por causa disso demorei a aprender a aceitar elogios?


3. Esses elogios devem ter a ver com esses olhos verdes lindos, não? Sabe, eu estudei no Dante Alighieri [colégio de classe alta de São Paulo.] e era a única Bruna do colégio. Imagina, naquela época não era um nome comum. Não existia muito. Na cidade de São Paulo devia ter duas, três; no Brasil, aliás, talvez tivesse duas ou três! Até isso era um diferencial. Eu ficava envergonhada até disso, queria ser mais parecida com todo mundo. Depois consegui ser "mais normal", como sou agora.


4. Mais ou menos, né? [Risos.] Bom, eu me vejo como uma pessoa normal.


5. E por que Los Angeles, e não Nova York ou outro lugar? Em parte foi um acaso. Eu recebi um convite de um diretor e produtor de lá pra fazer um filme. Até demorei a aceitar porque estava trabalhando. Na época [1992], tinha uma peça com o [Arnaldo] Jabor em cartaz, estava com a agenda lotada. Mas, enfim, fui. E aconteceu de o cara me colocar em um lugar excelente, no melhor hotel, e eu fiquei superencantada com tudo aquilo. Peguei toda a manha de lá, aprendi a fazer as coisas que faço até hoje. Los Angeles é uma cidade espalhada, não tem um centro, então você pode ir parar no local errado, assim como São Paulo, e, no fim, ter uma ideia errada do lugar.


6. Los Angeles é conhecida como a capital do excesso. Você vê isso? Muito, muito. É o lugar onde mais conheci gente excêntrica e onde toda e qualquer excentricidade faz parte da normalidade. Nada surpreende. É o lugar mais oposto da palavra "provinciano" que eu conheci na vida. Pode tudo. O Nicolas Cage, por exemplo, tem uma mania pelo gótico. É tudo gótico. É uma tendência lá, ter uma casa que parece estar eternamente em Halloween.


7. Alguma cena marcou você, tipo um pônei em cima de uma mesa no meio da festa de arromba? Não sou muito de me chocar com nada. Por exemplo, as festas na mansão da PLAYBOY. Estive em algumas, são surreais. Primeiro porque o [Hugh] Hefner vive de pijama. Depois porque as mulheres estão ali só para a sua alegria, elas não têm muita liga com a vida real. Parecem adornos. É como enfeitar a casa com flores, só que ele enfeita com mulheres. Mas o que me chama a atenção em Los Angeles é justamente aquilo que não pode ser considerado óbvio.


8. Como o quê? Como o clima noir por trás das mansões. Aquela coisa dos livros do Raymond Chandler. Ele criou aquela atmosfera baseado no que existe de fato. Porque você conhece urna daquelas mulheres e pode de repente descobrir que ela foi condenada por esquartejar o amante e esconder no jardim. Sabe essa coisa? O cara hoje está na festa com você e amanhã é condenado por ter matado duas garotas que foram encontradas boiando na piscina...


9. Seu afastamento do Brasil dei­xou uma imagem curiosa. Você é tida corno uma atriz com grandes papéis nas décadas de 1980 e 1990, mas principalmente aparece como uma mulher linda que nunca envelhece. Isso não a incomoda? Eu não tenho a menor ideia dessa imagem, então não me incomoda [risos].


10. Na minissérie Grande Sertão: Veredas, de 1985, você teve um de seus papéis mais emblemáticos como Diadorim, uma mulher que tentava se passar por homem. Você aprendeu a mijar de pé? Não, não aprendi a mijar de pé. Jagunço é muito respeitador das mulheres. Os nossos figurantes eram todos locais, jagunços, em um lugar onde nem havia televisão, e as pessoas não sabiam do que se tratava [a filmagem]. Achavam que tinham sido contratados pra uma guerra de verdade. Aí o cara chegou e fez xixi do meu lado, ali! Eu fiquei chocada, mas o [diretor Walter] Avancini me chamou e disse: "Essa é a melhor prova que você pode ter de que você está no seu personagem. Todos pensam que você é um homem. Se não pensassem, nunca teriam feito isso".


11. No Gente de Expressão [programa de entrevistas que foi ao ar na TV Manchete e na Bandeirantes entre 1993 e1995], quem dos seus convidados foi simpático e quem foi surpreendentemente escroto? Olha, a maioria foi maravilhosa, mas alguns eu achei que tinham uma energia estranha. Mel Gibson, por exemplo. Ele tinha uma energia pesada. Você vê que não tem nada a ver com você. Foi só depois que se viu por que aquela energia era tão estranha. Ficou claro: o cara é mesmo cheio de problemas.


12. O que eu preciso fazer para você achar que eu estou dando em cima de você? Precisa ser muito, mas muito especifico [risos]. Alguma coisa que eu compreenda, que seja muito clara. Senão vou acabar achando que você apenas está sendo carinhoso, gracinha, adorable.


13. Então vou lhe contar um segredo: hoje é meu aniversário. Ah, não acredito! Vamos acender um bolo e cantar parabéns! Você é canceriano, então. O Ri [Ricceli] fez aniversário três dias atrás. Gente, eu sou cercada por cancerianos. Me dou maravilhosamente bem com eles.


14. Vou tentar de novo. Olha nos meus olhos. [Ela olha, e por um momento minhas pernas viram pudim.] Vamos dar beijinho? [Risos.] Ah, que lindo! Olha que você vai conseguir, hein? Com esse seu jeitinho você deve levar muita mulher. O homem doce é o mais maravilhoso. Eu falo por mim: acho a doçura uma qualidade essencial. Gosto de caras que criam uma intimidade rápida com você, inteligente, com senso de humor. Gosto de intimidade.


15. Você está com 58 anos. Me conta um negócio: se você ti­vesse de traçar um gráfico da sua libido em relação ao tempo, onde estariam os picos e os vales? Picos: aqui e agora. Acho que viver sem tesão deve ser muito ruim. Sempre tive. E acho sexo fundamental.


16. Você é uma mulher prendada. Sabe fazer strip? Olha, eu fiz uma vez num seriado de televisão. Mas acho que strip a gente nasce sabendo [risos].


17. Você diria que entre quatro paredes vale tudo? Vale o que você escolher, o que você achar que vale.


18. E fora de quatro paredes? Várias vezes já transei em praia. No mar. É muito bom. Mais de uma vez.


19. Por falar em mar, vamos falar do seu ensaio [realizado em Saint Barthes, no Caribe, e publicado na edição de março de 1991]. Sua PLAYBOY é tão querida que foi roubada da redação, junto com a da Xuxa. Você posaria de novo? Fiquei muito à vontade naquela ocasião. Eu não tenho problema com nudez, mas tenho com a intimidade. Não gosto de me expor para quem não tenho intimidade. Uma vez criado um ambiente intimo, é muito natural. E isso aconteceu em Saint Barthes. Sobre posar de novo, nunca pensei nisso! Tiveram que pedir muito da primeira vez. Você está me convidando? Você pode fazer esse convite?


20. Na verdade, não, mas, já que estou convidando, a gente le­va você para Saint Barthes de novo se você topar. A gente trata você superbem, prometo. [Risinhos] Ah, legal. Vou pensar.


[A entrevista acaba. Levantamos, comemos um bolo, e ela me dá uma cópia assinada de seu livro, Filmes Proibidos. Um carro para na garagem, e Carlos Alberto Ricceli entra na sala onde eu e Bruna, em pé, começamos a nos despedir. Mal cumprimento o homem quando ela me diz: — Vem cá que agora vou te dar aquele beijo que você pediu! Ela me puxa e me dá um beijo na boca. Com o canto do olho, vejo que Ricceli tem as mãos na cintura, um sorriso petrificado no rosto e nos olha imóvel, não sei se transpassado por indiferença, excitação ou confusão. Nos despedimos, volto as costas para o jardim e vou embora certo de que aquele foi o melhor presente de aniversário que ganhei na vida.]


21. O que você anda fazendo, Bruna? A minha produtora, a Pulsar, está lançando um filme que eu escrevi e o Ri [seu marido, Carlos Alberto Ricceli] dirigiu, o Onde está a felicidade. Depois desse já temos outro engatado. O roteiro também é meu. É uma história de amor sobre São Paulo.


22. Você é bem ligada a São Paulo, apesar de morar em Los Angeles. Onde é seu lar? Eu adoro São Paulo. Eu sou do Rio, sou carioca, mas eu gosto dos dois. Aliás, eu sou daquelas pessoas adaptáveis. Se eu ficar na selva, eu vivo lá. Ou seja: ou não tenho personalidade nenhuma ou, não sei… Eu me adapto. Eu me adaptei ao sertão, quando fiz Diadorim.


23. Mas voltando, essa sua fuga dos holofotes foi porque você tem algo a esconder? Devo ter milhares. Espero que tenha. Uma vida sem segredo é muito chata. Acho que sempre busquei muito claramente a vida que eu levo hoje. Quero dizer, não sabia como seria, mas queria mais qualidade de vida, independência no meu trabalho, uma família com uma estrutura legal.


24. Você pretende voltar pra TV brasileira algum dia, alguma hora, ou já saiu o divórcio? Olha, TV pinta, mas a gente sempre está ocupado. Eu adoro televisão. Então quando coincidir tempo na agenda, claro, a gente faz. Recebo convites, e fico chateada de não poder fazer. Eu sou super fatalista: quando tiver de ser, será.


25. Seu “exílio” em Los Angeles criou era um boato que o seu filho, o Kim, não aparecia porque era muito feio. Não é bem o caso, o menino é um galã. Ele é pegador? Ele sai com o Fiuk e pega geral? [Risos] Ele é um escândalo. Ele é elogiadíssimo, e eu falo pra ele que sei como é. As pessoas enlouquecem. E ele não dá a mínima pra isso, que nem eu. Mas isso de pegar todo mundo você vai ter que perguntar pra ele. Não vou responder por ele…


26. Nunca aconteceu de você chegar em casa e o Kim estar na sala com uma amiguinha chamada Candy ou Amber? Olha, o Kim tem um gosto bem refinado. Eu sempre achei as mulheres que ele escolhe super interessantes. Tem umas doidas, sim, mas doidas interessantes.


27. Você não tem nenhum vício? Olha, adoro vinho, e já tive vários momentos de beber mais do que devia. Sou de ficar um pouco alegre, de pilequinho. Não sou da droga. Eu tenho um grande amigo que diz, “Você caiu no pote quanto era criança”, sabe? Que nem o Obelix [personagem do quadrinho Asterix que caiu no caldeirão de poção mágica na infância, então não pode tomar nem mais uma gota]. Sempre que seria a minha vez, falam, “Você não porque você caiu no pote quando era criança”.


28. Me conta suas fantasias sexuais? Tipo o quê, transar em público? Várias vezes já transei em praia. No mar. Muito bom.


29. No Brasil? Aí você quer saber demais!


30. Pô, que diferença faz em que oceano foi? O mar é meu [risos]. Não vou te contar, não vou.


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