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CAIO BLAT | MARÇO, 2014



NO PAPEL DE UM POLICIAL NO FILME ALEMÃO, QUE ESTREIA ESTE MÊS, O ATOR FALA SOBRE A VIOLÊNCIA NAS MANIFESTAÇÕES DO RIO, SUA NUDEZ EM CAMA DE GATO, ROSTINHOS BONITOS NA TELONA E BEIJO GAY NA TELINHA.


ENTREVISTA LEANDRO SAIONETI FOTO JORGE BISPO





1. No filme Alemão você faz o papel de um policial estrategista, que pensa antes de atirar. Você sabe manu­sear uma arma? Já pegou em uma? Fiz diversos filmes arma­dos, como Carandiru, mas não sei atirar e não tenho nada de po­licial. [Risos.] Prefiro este meu personagem porque ele é filho do delegado, interpretado pelo Antonio Fagundes, e eles trabalham em um serviço de inteligência da polícia. Ele é um idealista que quer fazer tudo corretamente.


2. Mas já levou dura ou sofreu algum tipo de abuso poli­cial? Creio que todo cidadão carioca já passou por alguma situação com a polícia. Mas não podemos generalizar, existem policiais honestos e policiais corruptos. Devemos discutir sobre isso e comba­ter, e a própria polícia deve coibir internamente esses desvios e atos de corrupção.


3. Qual a sua opinião sobre a morte de Santiago Andrade, cinegrafista da Rede Bandeirantes acertado por um rojão durante manifestação no Rio, em fevereiro? Era óbvio que iria ocorrer uma cagada. É lamentável o que acon­teceu e acho importante a prisão dos envolvidos para saber exata­mente que grupos são esses, que transformaram as manifestações em ambientes perigosos. Ou se é o governo que está fazendo isso para desestabilizar os manifestantes. Ou se são grupos de extre­ma direita ou extrema esquerda...


4. Entre a violência dos Black Blocs e a violência da po­lícia, para qual lado você corre? Os dois lados estão er­rados e não há para onde correr. Nós temos que lutar para termos manifestações pacíficas, que a polícia aprenda a lidar com elas e que consigamos isolar e identificar os radicais e saber que grupos são esses.


5. O cinema brasileiro vive nos últimos anos uma fase de colecionar sucessos de bilheteria, quase todos comé­dias com atores televisivos, para as quais a critica costu­ma torcer o nariz e chamar de "comédias rasteiras". Você vê méritos nessas produções? O grande mérito é a formação de público, trazer pessoas novas que não costumavam ver cine­ma brasileiro. E acho que não são somente as comédias que estão fazendo isso. Os filmes de ação também, filmes policiais... Tropa de Elite (2007) levou 12 milhões de pessoas aos cinemas. Temos a obrigação de fazer filmes que conversem com todos os brasileiros e realizar boas produções que tirem o público do sofá.


6. O Wagner Moura e o Rodrigo Santoro aparecem com promissoras carreiras no exterior. Você é o pró­ximo? Sinceramente, não é uma coisa que eu penso e que está no meu horizonte. Tenho um espaço muito grande no cinema brasi­leiro e quero ocupá-lo. Sempre tive um grande desejo de fazer fil­mes na América Latina, mas amo o cinema brasileiro. Como disse o Paulo José, "nós fazemos o melhor cinema brasileiro do mundo".


7. No filme Cama de Gato (2002) há uma famosa cena em que você aparece em nu frontal, e muitas moças comentaram que você é, digamos, um cara abençoado. É mesmo? Foi um combinado entre o diretor Alexandre Stockler e eu, que ele apenas usaria os planos que me favoreciam. Teve até manipulação digital, se bobear. Acho que não é verdade...


8. Todo mundo sabe que você é casado coma atriz Maria Ribeiro, mas mulher não costuma respeitar muito isso. O assédio às vezes passa dos limites? Ao menos comigo tudo se mantém em um nível bastante respeitoso, e é sempre gos­toso. Uma brincadeira, um elogio, uma provocação, mas sempre de modo educado. Já teve algumas mais atiradas em festas e bailes que eu fazia, mas há muito tempo não participo desses eventos.


9. Nas enquetes sobre quem os leitores gostariam de ver na capa de PLAYBOY, a Maria já foi citada. Qual seria sua reação caso a convidássemos para posar nua? Ficaria na dúvida. Teria muito ciúme e, ao mesmo tempo, talvez gostasse dessa exposição. Realmente não sei... [Risos.] Eu ia ter muito ciúme, mas acho que, hoje em dia, ela não fará. Ela já saiu nua em alguns ensaios, então já realizou esse desejo. Mas a gente nunca sabe.


10. No filme Histórias de Amor Duram Apenas 90 Minutos (2010) você protagonizou um triângulo amoroso coma atriz Luz Cipriota e a própria Maria. Você realizou o sonho de todo homem casado e ainda saiu limpo dessa? Exa­tamente! E ainda recebi para isso. A minha mulher que dizia que eu sempre pedia para realizar esse desejo e ela não tinha coragem, então achou melhor nós fazermos o filme e deixarmos tudo resol­vido. [Risos.]


11. Se no lugar da Luz estivesse um ator, ficaria tudo bem? Junto com Alemão lancei o filme Entre nós, a segunda vez que trabalhei com a Maria no cinema. E há um triângulo amoroso entre ela, o ator Lee Taylor e eu, em que ela nos beija, nos provoca, sugerindo que poderia ficar com os dois. Então, já ficamos quites.


12. Não é estranho contracenar coma própria mulher em cenas de sexo? Achei que, em um primeiro momento, isso nos deixaria à vontade, por já sermos um casal. Mas quando começamos a gravar as cenas era muito estranho, por causa das pessoas em volta olhando. Tinha a liberdade de beijara atriz livremente, afi­nal era a minha própria mulher, mas ao mesmo tempo isso me causa­va um constrangimento ainda maior por estarmos mostrando e, de algum modo, vendendo aquilo.


13. A Maria faz parte da atual bancada do Saia justa, no GNT. Já rolou discussão de travesseiro por causa de algum tema debatido? Teve uma discussão sobre a polêmica das biografias não autorizadas, pois a Maria é amiga da Paula Lavigne, que foi convidada para debater o tema no programa, mas ambas discorda­vam sobre o assunto, o que criou uma situação desagradável. E tive que acompanhar tudo ao lado dela, dando apoio e conselhos.


14. Na novela das 6, Joia Rara, seu personagem Sonan deixa de ser monge para ir atrás de uma mulher. Qual foi a coisa mais absurda que você já fez por causa de uma mulher? [Risos.] Caramba, que pergunta difícil. Já briguei coma minha família e até larguei trabalho em razão de mulher. Foi o mais extremo que fiz.


15. Para interpretá-lo você raspou a cabeça, e acabou se acostumando com a ideia. Seguindo no tema "quan­tidade de cabelo'', você curte mais o estilo Claudia Ohana ou máquina zero? Não sou muito fã da máquina zero. Sendo sin­cero, gosto de uma coisa mais natural. [Risos.] Acho meio infantil es­sa cultura da máquina zero.


16. Qual é a pior coisa de fazer novela? Quando há um texto em que você não acredita. É muito ruim dizer um texto em que você não acredita e ter que defender aquilo durante um tempo muito grande.


17. Se sente subestimado quando mencionam o fato de você ser bonito? Nós, atores, temos uma cara bonitinha, mas que guarda certa semelhança com o cidadão comum. Já fui escalado para fazer nordestino, paulista, rico, bandido, favelado. O fa­to de termos um rosto comum é o melhor capital que podemos ter. Muitas vezes, um ator muito bonito até sofre dificuldade para ser es­calado para um filme mais radical. Não poderíamos ter o Rodrigo Santoro interpretando um policial no Tropa de Elite, embora ele seja um excelente ator.


18. Você foge do estereótipo de galã ao estilo de Cauã Reymond, tendo mais a cara de "bom-moço". Quando solteiro, isso mais ajudava ou atrapalhava na hora da conquista? [Risos.] Que pergunta absurda.. Acho que cada um tem que caçar com as suas armas. Quem não tem cão caça com gato. Ca­da um tem que usar as suas qualidades e os seus talentos. Não sou ga­lã, mas acho que tem que haver uma boa conversa, um bom approach.


19. Nós tivemos o primeiro beijo gay no horário nobre da Rede Globo no último capítulo de Amor à Vida, em janeiro. Assistiu? Faria um beijo gay na TV? Não assisti, mas acompanhei toda a polêmica e cheguei a ver as imagens. Estava muito bonito mesmo e demorou muito para esse beijo acontecer. Estava na hora. E eu faria, lógico.


20. Finalizando na seara da TV, você fez a novela no SBT Éramos Seis (1994), em que havia um gran­de elenco juvenil. Rolava alguma coisa entre vocês? Eu era criança e do mesmo modo que rolava na escola, rola­va nas gravações da novela. Acho normal, pois éramos crianças com 13 ou 14 anos e a gente acabava dando um beijinho na colega. Era uma coisa totalmente saudável da nossa infância.


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1 Comment


Ademar Amâncio
Ademar Amâncio
Jun 25, 2023

Minha opinião,Wagner Moura é mais bonito que Rodrigo Santoro.

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