No verão de 1982, mais um dia se iniciava como todos os outros para a adolescente Cinthya Ann, moradora da zona rural da pequena de Dekalb, Illinois, nos Estados Unidos. Ela acordou cedo e rumou para o milharal, única propriedade – e sustento da família. Chegava a trabalhar dez horas seguidas na plantação de milho, adubando, arando e colhendo as espigas. Sua vida no campo não trazia muitas expectativas, para ela o futuro se resumia a trabalhar incansavelmente, em meio às sementes, enxada e esterco.
Mas tudo iria mudar quando um fotógrafo clicou a jovem agricultora e publicou a foto no jornal local. De repente, todos os olhos se voltaram para ela, que decidiu largar tudo para investir na carreira de modelo. O sucesso foi imediato: contratos com agências importantes, capas de revista, clipes, comerciais de TV e muitos milhões – não aqueles que costumava cultivar – na conta bancária.
Essa é a história real de uma das maiores modelos de todos os tempos, Cindy Crawford. Ela mesma, a famosa modelo da ‘pintinha’ na boca. E dá pra acreditar que, quando deu seus primeiros passos no mundo da moda, a primeira exigência dos seus agentes foi para que removesse a icônica pintinha? Ela bateu o pé e continuou a seduzir o mundo com a sua marca registrada.
Seis anos após ser descoberta Cindy, já uma das modelos mais importantes do planeta, posou pela primeira vez para a PLAYBOY americana, em julho de 1988. Segundo ela, o valor oferecido pela revista pesou na decisão de assinar o contrato mas, mesmo sendo uma modelo requisitada, o que ela queria mesmo era sair de sua zona de conforto e buscar uma ousadia até então inédita entre as supermodels. Dez anos depois, em 1998, ela repetiria a ousadia, estrelando o seu segundo ensaio para a revista, mesmo sob os protestos dos seus assessores. Cindy justificou o novo trabalho para a PLAYBOY pela quantidade numerosa de fãs que a abordavam em busca de um autógrafo na capa da primeira edição: “Depois de dez anos vendo as mesmas fotos, praticamente todos os dias, agora os fãs vão me trazer algo diferente”, revelou, às gargalhadas.
Como no primeiro ensaio, Cindy exigiu o célebre fotógrafo Herb Ritts (1952-2002): “Herb e eu amamos o primeiro ensaio, nós tivemos uma experiência tão incrível que não havia razão para não fazer tudo novamente”. Já como locação, ela escolheu a ensolarada Costa Careyes, no México. Num resort secular, construído em pedra bruta, cravado à beira-mar, Cindy mostrou o seu corpo totalmente nu – diferente do ensaio de 1988, onde o seu sexo não foi mostrado – contrastando a delicadeza das suas curvas com a grossas paredes da construção.
A modelo posou em frente ao imenso portal rosa do jardim, deitou sobre as escadarias, repousou o corpo no piso octogonal com detalhes em lâmina de ouro, debruçou no muro tendo o mar azul à sua frente e banhou-se sob o sol escaldante do México em 14 páginas inesquecíveis.
No início de junho de 1998, quando a equipe da PLAYBOY gringa viajou ao México para produzir o ensaio que marcaria a volta de Cindy Crawford às páginas da PLAYBOY provocou um verdadeiro reboliço entre os países que publicavam a revista. Nada menos que 16 filiais da revista – incluindo o Brasil - requisitaram o direito de republicar as fotos e trazer Cindy na capa, quando autorizado pela matriz.
Ao final de julho, já de posse do material produzido por Herb Ritts, a PLAYBOY Brasil decidiu adiar o ensaio com as garotas do grupo musical Banana Split, inicialmente previsto para a edição que sucederia a capa de aniversário e incluiu na edição de agosto o anúncio de que traria Cindy na próxima capa: "Com uma mulher como essa e o Richard Gere foi se preocupar com o espírito", dizia a peça publicitária, referência à separação do ator americano com quem Cindy foi casada, ainda na memória do público, e sua decisão de ingressar no budismo, em busca de elevação espiritual.
Nas bancas do Brasil no início de setembro a nossa PLAYBOY foi a primeira, em todo o mundo, a publicar o ensaio com Cindy, antes mesmo dos americanos lançarem sua capa, em 22 de setembro, que correspondeu à edição de outubro na terra do Tio Sam. Assim, nós fomos os primeiros a sentir a emoção que o fotógrafo Herb Ritts prometeu a todos aqueles que contemplassem a nudez de Cindy Crawford: "Os homens provavelmente irão deleitar os olhos com seu corpo lindo e só terão tempo de dizer: ‘Obrigado! ’”
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