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CLÁUDIA OHANA | NOVEMBRO, 2008



Flor do Agreste


Vinte e e três anos depois de posar para a PLAYBOY, Cláudia Ohana volta às nossas páginas. Mais linda, mais sedutora, mais mulher.


FOTOS ANDRÉ PASSOS


Esta é a primeira vez que Cláudia Ohana posa para a PLAYBOY brasileira. Eu explico: o ensaio publicado há 23 anos foi produzido pela PLAYBOY norte-americana, quando a atriz explodiu internacionalmente como a personagem-título do filme Erêndira, de Ruy Guerra. Agora Cláudia é fotografada e produzida por uma equipe totalmente brasileira.



Realizado em quatro dias no sertão cearense, o novo ensaio foi inspirado no circo a pedido de Cláudia, que escolheu André Passos como fotógrafo: "Quis fazer as fotos no sertão do Ceará. O clima foi muito bom, me senti fazendo um filme. A ideia era misturar a coisa mágica e lúdica do circo com referências do momento moderno do cinema brasileiro, o Árido Movie. Não queria nada produzido, com muita maquiagem", explicou Cláudia, contando que fez dois meses de aulas de circo como preparação para o ensaio.


O contraste entre o colorido e a magia da temática circense com a aspereza da paisagem do agreste cearense resultou em imagens impactantes. "Fotografar naquele calor absurdo do sertão foi um sacrifício", diz ela, que também destaca as sequências em que aparece ao lado de um cuspidor de fogo ou pendurada em um trapézio. "Enquanto eu fazia o maior esforço para sustentar meu corpo, também pensava se minha perna e quadril fotografariam bem daquele jeito", diverte-se a atriz.



A estética cenográfica, inspirada em filmes como Abril Despedaçado ou Cinema, Aspirinas e Urubus, teve larga participação da atriz. Fazer parte da elaboração do ensaio foi condição sine qua non para que aceitasse o convite. "Na primeira vez, fiquei por fora de todo processo. Tirei todas as fotos em apenas cinco horas", conta a atriz.



"Desta vez foi totalmente diferente. Quis usufruir, aproveitar e escolher. Fiz o nome na PLAYBOY e não ganhei nada com isso, então decidi fazer bonito. Estou sendo ressarcida de todas as maneiras", diz Cláudia, em referencia ao seu primeiro ensaio para a revista, que causou polêmica graças à falta de depilação da atriz. Desta vez ela diz estar mais clean: "O tema da depilação foi colocado em nossas reuniões na revista. Era o ponto G da questão. Primeiro pensei em fazer uma brincadeira e radicalizar. Depois pensei que tinha que ser eu. Então não fiz um shape para a revista, o que está aí é o meu shape de todos os dias. Nós fizemos uma foto purpurinada só para brincar com a polêmica".



O cineasta Ruy Guerra, ex-marido de Cláudia e pai da sua filha, Dandara, é o autor do texto que acompanha o ensaio. "Antes de aceitar perguntei ao Ruy o que ele achava e ele disse 'Claro que você deve aceitar, é uma homenagem à sua beleza'. Contei isso numa reunião da revista e todos insistiram que ele fizesse o texto. Ele me conhece muito bem e fez um belo poema", diz ela.



OHANA NAS ALTURAS

Por Ruy Guerra


Ohana, no Japão, é flor dizem.

Aqui é mais, muito mais do que o que vocês miram, gulosos.


Ohana é alegria e sentido do humor.

Coragem de se expor, buscar, insistir, ser quem é, ser outra, todas, apalhaçar a dor. Decisões e contradecisões à velocidade da luz, gangorra e buscapé, gargalhada fácil, prantos de verão. Indomável nos seus desígnios maiores.

A vida fria, vivida em linha reta.



Ohana, quem diria!, é flor de terras secas, áridas.

Nas narinas frementes, ofegantes, sertão batido de espinhos. Nos

olhos de mel, melancólicos mandacarus abraçando o silêncio, planícies

à deriva. O que é isso? Só ela sabe, a gente apenas vê o vazio.

O horizonte lhe pertence.



Ohana, menina e mulher, combinação fatal em qualquer quadrante, está aí. Ferozmente mulher, volúpia e perversidade, sedução pura. Bruscamente criança, olhar perdido, desprotegida, comovedora.

Teia de aranha.

Nós, moscas.



Ohana se ainda flor, incômodo paradoxo.

Pó e pântano, vitória-régia e maria-sem-vergonha. Cruza de Salomé e Maria Bonita, véu e agreste, sua pele estejam atentos! desmente a raiva do sol, namora a brisa da madrugada, atiça o desejo do olhar. Seus olhos túmidos, línguas de fogo, vorazes. O corpo, veloz, macio em nossas pupilas, arranca do pó a luxúria; do orvalho, o grito; do galope, arranca o êxtase. No sorriso curvo, capaz de todos os adjetivos, o apelo do sórdido e do sublime.


Mulher de muitos talheres, ela escolhe o garfo, o prato e a faca. A espora e o bridão.


Ohana não mais flor, apenas Claudia.

Corpo inteiro, em carne viva, sombra e luz: mulher, atriz, mãe, avó.

Estrela e abismo. Pluma, ponta de faca, borboleta, cascavel.


Nua.


Aproveitem, pecadores, voyeurs, leitores escorregadios, lambuzemo-nos todos, concupiscentes, nestas páginas envenenadas.



Atenção: o prazer, sacro ou pagão, não se desfruta impunemente. O preço pode ser alto.

Qual?


A resposta em Freud... e na Bíblia.


*Ruy Cuerra é cineasta, diretor de duas dezenas de filmes- entre eles,

Os Cafajestes (1962), Erêndira (1983) e Veneno da Madrugada (2004).



PRODUÇÃO EXECUTIVA FERNANDA GERALDINI E KIKA PAULON TRATAMENTO DE IMAGEM CLÁUDIO BOVO ESTILO THAIS MOL PRODUÇÃO DE MODA CARLA BOREGAS MAQUIAGEM E CABELO WILSON ELIODÓRIO PRODUÇÃO DE LOCAÇÃO ARMANDO PRAÇA PRODUÇÃO DE ARTE FÁBIO VASCONCELOS ASSISTENTES RENATO ABREU E ANDRÉ SANTOS ASSISTENTE DE PRODUÇÃO DANIELE CHIQUITO



25.734 visualizações2 comentários

2 kommentarer


Vitor Tadeu Matos da Silva
Vitor Tadeu Matos da Silva
29. nov. 2023

Tem a edição completa da revista? Eu queria muito ver as fotos da Eneida Diniz.

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leonardojoseraimundo
29. nov. 2023

Cláudia Ohana foi excelente nas fotos. A melhor foto de Cláudia foi a 23a., em que ela se senta na janela totalmente nua. Eu amo a bunda feminina.

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