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CLÁUDIA ABREU | SETEMBRO, 1989



Um papo divertido sobre astrologia, lambada, namoros, primeira vez

e primeiro beijo, sonhos, fantasias e camisolas com a mais bela

princesa do Reino de Avilan


POR CARLOS COSTA

FOTO FLÁVIO COLKER


Ela tem a segurança de quem sabe aonde quer chegar. Um dos rostinhos mais bonitos da TV, Cláudia Abreu passou pelas novelas Hipertensão, O Outro, Fera Radical e, agora, se despede da princesa Juliette de Que Rei Sou Eu? para embarcar na peça Orlando. Apaixonada por cinema, sonha com o dia em que viverá papéis que representem desafio, como o de uma vilã. Pode parecer difícil para quem vê toda essa doçura no vídeo, mas não para esta carioca do Leblon que, aos 10 anos, começou a brincar de teatro no Tablado. Daí para o teste na Globo foi, como se diz mesmo?, um pulinho. Às vésperas de completar 19 anos (dia 12 de outubro), vacila entre que vestibular prestar (Letras ou História?) ou em quem votar para presidente (seria o Lula, três meses atrás). Mas tem muitas certezas, como mostra nesta entrevista ao diretor de redação Carlos Costa.





1. Você começou na TV aos 15 anos. Como é trabalhar tão cedo? É uma difícil arte de conciliação, que exerço como boa libriana. De um lado, isso exige seriedade demais, pulando etapas, indo da infância para os compromissos de adulta sem curtir a adolescência. De outro, é preciso saber se dar o luxo da irresponsabilidade. Sem perder de vista o objetivo de construir uma carreira sólida. Às vezes, acho que me exijo demais, me ponho na guilhotina com freqüência [ri], por cenas que poderiam ter ficado melhores. Mas sou alegre na busca desse equilíbrio. O ascendente em Capricórnio me dá segurança. E a lua, em Peixes, completa o emocional. Como se vê, adoro misticismo e astrologia.


2. Que cenas te divertiram mais e quais foram as mais difíceis? Televisão é muito interessante, é uma obra aberta, cada dia aparecem novos desafios. Que intensidade eu — que nunca perdi uma pessoa querida — devo dar, por exemplo, à notícia de que meu pai morreu, como na novela O Outro? Ter uma crise de choro? Não seria cair no clichê? Cada um tem um jeito de viver isso. Mas cenas dramáticas são até fáceis, porque são mais trabalhadas. O dia-a-dia é que pega no pé. Agora, cena gostosa foi dançar lambada com o príncipe em Avilan, tentando seduzi-lo. Até porque adoro dançar lambada, mesmo que seja no século 18. Confesso que se pudesse iria mais à Estudantina, uma gafieira da praça Tiradentes, aqui no Rio. Passei o réveillon em Porto Seguro e dancei muita lambada. Dançar põe os bichos pra fora! Eu estava lá com a Malu Mader, o Taumaturgo Ferreira e o meu namorado, na época.


3. Você é namoradeira? Namorar é bom, mas devagar. Sou fiel, nada de ter um a cada dia. Dos 14 aos 17 anos tive só um namorado, foi um endless love. Um processo bonito, meio infantil no começo, cresceu aos poucos com a gente, se tornando mais intenso, um conhecimento mais profundo. Hoje, ele é uns dos meus maiores amigos.


4. Que você quis dizer com "conhecimento mais profundo"? Bem, essa fase é delicada, a menina se tornando mulher, mudando a cabeça, conhecendo seus valores, se iniciando sexualmente. E esse namorado acompanhou tudo de perto. Agora, sem querer generalizar, a primeira vez é sempre algo que se espera muito. Desde pequena a menina escuta: "Olha, só com o homem certo, no momento certos..." Mas minha mãe foi superaberta, com ela não tinha aquilo de "sobre isso não se fala". Mas a primeira vez é sempre inesquecível. Comigo foi lindo, é sempre lindo, mesmo sendo complicado — porque é a primeira vez.


5. Você tem muitos sonhos e fantasias de príncipe encantado? Minha vida não prescinde de sonhos. Tenho vontade de encontrar meu grande amor, de ter filhos. Mas não sonho em casar de papel passado, não acredito no contrato. Embora a cerimônia até seja bonita, pois já me casei em novela — com o Marcos Frota, em O Outro. [Risos.] Só sou contra rótulos, quando pintar viver junto, ter filhos, vai ser legal. Só queria mesmo que isso acontecesse [ri].


6. Que parte do corpo você mais curte? Ah, não sei. [Ri.] Ahn, bem... fiquei encabulada! Depende, acho que a parte de que mais gosto é da que estiver presente no momento. Se estou beijando, é a boca; se estou transando, o corpo todo.


7. Houve em cena algum beijo mais romântico, que deixou lembrança? Não tem bem isso, tem é o texto decorado. Mas às vezes até sai gostoso. Porque, afinal, estamos acostumados a beijar de verdade, não? Então, depende do parceiro, se é amigo, se tem intimidade — não se fica planejando tudo. Agora, o primeiro beijo em novela me deu muita vergonha. Fiquei imaginando: "Meu Deus, como vai ser? E de língua ou sem língua?" [risos.] Era com o Taumaturgo Ferreira, em Hipertensão. Hoje ele é meu amigo, mas na época a gente pouco se conhecia. E ele foi surpreendente, acho que sacou minhas dúvidas e, no ensaio, disse: "Olha, ele não chegaria para essa caipirinha assim. Ele beijaria desse jeito" — e me deu um beijo. Fiquei gelada, muito vermelha mesmo. Mas isso me relaxou e, na hora de gravar, saiu legal. Até agradeço ao Tatá por isso!


8. Você lê bastante? Quais os livros preferidos? Leio muito, biografias de grandes atrizes, por exemplo. Mas agora estou mergulhada em Orlando, de Virginia Woolf, pois vou fazer no teatro a peça, dirigida pela Bia Lessa. Gostei muito de O Apanhador no Campo de Centeio, cheguei a chorar. E ainda leio a Luluzinha, na cama.


9. Como você vai para a cama? Não sou de vestir camisola, me incomoda. Acho que é... por exemplo, se for dormir com meu namorado, isto é, se eu fosse e pusesse camisola de lingerie, ia parecer que montava um lance de sedução. Por isso, prefiro uma camiseta bem larga, para me sentir cômoda, nada de lingerie apertadinha para marcar as formas.


10. Por que você mudou o verbo, de "se eu for" para "se eu fosse"? Para não me comprometer [risos]. Sou muito espontânea, até pela idade. Mas tenho que me cuidar, porque o artista tem sua vida muito devassada!


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