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CLÁUDIA LEITTE | FEVEREIRO, 2007


A VOCALISTA DO BABADO NOVO MOSTRA QUE SABE IMITAR A VOZ DE IVETE SANGALO, CONTA QUE REBOLAVA COMO CARLA PEREZ, JURA QUE É VIRGEM E DIZ QUE VAI POSAR NUA PARA PLAYBOY.


POR: ADRIANA NEGREIROS FOTO: WHASHINGTON POSSATO





1. Já passou trote para alguém se passando pela Ivete Sangalo? Nunca, não, mas você me deu uma boa ideia. Eu tinha que fazer uma voz mais grave. né? "Oi, Claudinha" [imitando]. Mas eu posso me passar também por Daniela Mercury. "Claudinha! O Brasil precisa ver nós duas cantando juntas" [imita novamente]. Eu tenho várias per­sonagens. Tenho a patricinha, tenho Margareth Menezes, tenho dona Crau, que é uma carioca da Rocinha. 2. Se não der pé a carreira de can­tora, você pode ser imitadora. Certamente eu ficaria rica [risos]. Men­tira. Mas do jeito que todo mundo fala que a minha voz parece com a de Ivete, provavelmente eu ia ganhar uma gra­na se virasse imitadora oficial dela. 3. E você já ganhou muita grana? O que é isso? Essa foi a pior pergunta que você já fez. Mas eu vou dar uma resposta à altura: eu sempre fui rica, porque minha família tem Deus e a gente sempre foi feliz, mesmo com as dificuldades por que já passou. Eu tenho um vida massa, sabe? Tenho casa, carro, minha família vive bem. A gente pode dormir hoje sabendo que pagou as contas, pode se dar ao luxo de jantar fora e passear. 4. Você gosta de usar fantasias no Carnaval de Salvador. Que tal, dessa vez, fantasiar-se de coelhinha da PLAYBOY? Gostei da proposta, mas não vai dar. O tema do Carnaval é samba e não rola. Vamos homenagear o Carnaval da Bahia, do Rio de Janeiro. Mas fan­tasia de coelhinha é uma boa ideia. Eu seria o símbolo sexual maior, seria o alvo de desejo e objeto da imaginação de um monte de homens.

5. Você já é. E os leitores sempre imploram por uma capa sua. Pois diga aos leitores que eu vou fazer o ensaio, sim. Estou pensando em posar no auge dos meus 78 anos. Eu acredito que vai ser bombástico, sensacional. Eu vou estar linda, porque daqui até lá vão existir vários artifícios para me ajudar a amadurecer sem que o tem­po revele o sofrimento do meu corpo, as marcas de expressão, as rugas. Se a PLAYBOY quiser, eu topo. 6. Como vai ser o ensaio? Vai ser na minha casa de praia, aqui na Bahia. Daqui pra lá vou ter muita história para contar dessa casa. Tipo: aqui foi quando eu tinha 23 anos de idade e fiz isso e aquilo outro. Aqui eu estava no auge dos meus 27 anos e fiz isso. Cada canto vai ter um pedaci­nho da minha história. Que besteira, heim? Eu fui criativa demais. Mas se eu fosse fotografar alguém seria Lui­ze Altenhofen. Luize é massa. Mas já saiu, né? Então seria Hebe Camargo. Porque ela é muito sensual e já abriria espaço para o meu ensaio aos 78.

7. Há notícias de que você vai se casar em breve [com o adminis­trador de empresas Márcio Pedreira]. Vai liberar o noivo para uma despedida de solteiro convencional? De forma alguma. Julia Roberts ia se casar e por causa de uma despedida de solteiro ela abandonou o coitado do noivo. Eu faço exatamente igual a ela. Vacilou, dançou. Marca de batom no outro dia? Casamento acabado. Ter­mina o que nem começou.


8. É verdade que seu pai acha que você é virgem? Ele não acha, ele tem certeza.


9. Ele acredita em Papai Noel? Não, quem acredita sou eu. Acredito em tudo: Papai Noel, história da carochinha. Mas eu sou virgem, bote aí: sou pura e casta. Aliás, depois da minha noite de núpcias, você pode me perguntar isso de novo. Provavelmen­te vou mudar a minha resposta. Mas por enquanto é isso.

10. No auge do É o Tchan, você imitava a Carla Perez? Aqui na Bahia todo mundo dançou como Carla Perez, acho que no Bra­sil inteiro. Ela tem aquele bumbum enorme, lindo, aquele molejo. Eu imi­tava direitinho. As vezes eu acho que eu sou igualzinha a Carla Perez. O cor­po parecido, sabe? 11. Você já foi apelidada de Ro­berto Carlos, por causa das suas pernas fortes? De Roberto Carlos ainda não, mas já me chamaram muito de zagueiro do Bahia. Eu brincava com os meninos de polícia e ladrão, não gostava de montar casinha. Era forte, jogava, fazia natação. Tinha o corpo todo bem definido. Hoje eu gosto das minhas pernas. Mas eu tinha complexo, sabe? Pego músculo muito fácil. Adoro ma­lhar, curto academia, mas não posso fazer o tempo todo. Minhas amigas dizem que eu devia erguer os braços pro céu e agradecer. 12. Devia mesmo. Você acha mesmo, é? Então vou fazer um trabalho mental pra ver se eu fico me achando. 13. Quando se olha no espelho você diz "ê baiana gostosa"? Honestamente, eu não me acho isso tudo, e não tem nada de demagogia na minha resposta. Não é que eu me ache feia, mas não tenho isso de ser a coisa mais linda do mundo inteiro. Eu olho para as minhas fotos e digo: meu Deus, eu nunca vou conseguir ter esse olhar sensual que todo mundo diz que eu te­nho. Mas eu gosto que achem isso, faz um bem danado pro meu ego.


14. Depois que botou silicone, você ficou muito tempo apertando a novidade? Aí, sim, fiquei me achando. Fiz um test-drive para as minhas amigas que queriam apertar, ver como é. Mas é bem natural. Nem parece que tem si­licone. É um modelo novo, ficou mui­to bom. 15. Como era seu peito? Eu não tinha peito nenhum. Era a rainha do sutiã com enchimen­to. Tinha um monte de sutiãs assim. Depois fiz uma doação para as minhas amigas. Quem queria sutiã com en­chimento era só ir na minha casa. 16. Você já ouviu muitas propostas indecentes de em­presários que contrataram o show do Babado Novo? Ah, demais. Tem gente que acha que porque você tá ali no palco tá disponível. Teve um fazendeiro que fez isso. Pena que eu não me lembro o nome dele, porque queria desmascarar aque­le sem-vergonha, cachorro, safado. Ele me convidou para jantar e eu disse que ele matasse um boi. Ele achou que era brincadeira, porque eu falei e dei um tapinha nas costas dele. Aí apareci lá com a equipe inteira [risos]. Botei dois negões gordos para sentar cada um do lado dele. Foi massa. E esse homem ainda teve que suar pra botar mais fei­jão na mesa. 17. Você é uma baiana tão fo­gosa quanto as persona­gens de Jorge Amado? Eu sou loira, né? Começa por aí a di­ferença. As mulheres do Jorge Amado eram morenas, brejeiras. Mas eu acho que quando estou apaixonada sou fo­gosa, sim. Como todas as mulheres.


18. Qual foi o pior momento da sua carreira? Fomos humilhados. E hoje essas pes­soas me tratam como se eu fosse a mais importante do mundo. Já acon­teceu, em programa de televisão, da gente não ter dormido por causa de show e ficar horas esperando para se apresentar. E depois disso a pessoa do programa virar para a gente e dizer que não vai dar tempo de entrar, que chegou alguém com mais prestígio. E ainda falar: "Começo de caveira é as­sim mesmo, tem que aguentar". Mas eu não vou dizer quem é essa pessoa. Não guardo rancor no coração. Só não quero amizade, sabe?


19. Quando ainda não estava no Babado Novo, você era do tipo que participava da folia do Carnaval de Salvador? Só fui três vezes. Meus pais moravam no interior e eu vim para Salvador estudar. Na época do Carnaval, eles tratavam de me deportar. Tinham medo do que podia acontecer lá e nem sempre tinha algum adulto para me acompanhar. Mas na primeira vez em que fui fiquei tão entusiasmada com o comportamento dos cantores em cima do trio que nem participei da festa. Nas outras duas vezes eu já subi no trio como cantora — numa delas, fi­quei no trio de Daniela Mercury.


20. O que a sua família achava da sua carreira iminente? Mamãe tinha preconceito. Nesse meio a gente está muito exposta a más com­panhias. Uma vez ela perguntou: "Mi­nha filha, você quer ser cantora mes­mo? Eu vejo você como uma advogada, defendendo grandes causas". Estudei Direito e Jornalismo, mas levei bomba nas duas. Sempre quis ser cantora.


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