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DANIELLA CICARELLI | FEVEREIRO, 2003



A modelo e nova VJ da MTV abre o famoso bocão para falar

de dietas de pedreiro, beijos técnicos e não técnicos, autógrafos em calcinhas e o que é afrodisíaco para ela


POR MARCO ANTÔNIO LOPES

FOTO VALÉRIO TRABANCO


O que um cara não faz para ser notado por um mulherão. Vidrado em Daniella Cicarelli (na época com 17 anos e já um monumento), um colega dela de escola radicalizou: alugou um helicóptero. Daniella ouviu o barulho da aeronave e foi ver o que era. Deu para ver o cara dando tchauzinho da janela. Não adiantou nada, o paquera alado não conseguiu nem telefone: "Que viagem. Não precisava tanto, né?", diz ela.


Até compreendemos o delírio. Se naquela época ela já provocava comoção, imagine hoje, ainda mais sarada e bonita, aos 23. É preciso manter a calma diante de uma mulher de 1,79 metro, pernas imensas, tudo no lugar, mais o já célebre bocão. Depois que Daniella apareceu num comercial da Pepsi, só aumentou o número de fãs isentos de noção.


"Sou modelo há uns dois anos e tanto", lembra Daniella, que nasceu em Belo Horizonte. Na passarela, o momento de glória foi no São Paulo Fashion Week de 2002. Daniella deslizou o corpão de esportista (pratica até triátlon) só de biquíni. Além do primoroso físico, a boca foi amplamente comentada. Falaram que era de silicone, o que ela nega sempre.


Depois do comercial e do desfile, Daniella também foi chamada para fazer uma ponta na novela Filhas da Mãe, da TV Globo. Teve até cena de beijo com galã. Ela continua mandando bem na tela. Na MTV, faz dupla nos programas de verão com o VJ e doido de pedra Cazé. De canga e biquíni, ela faz piada, sacaneia entrevistados, é despachada e divertida.


Na entrevista que deu ao editor Marco Antônio Lopes, à beira da piscina do flat onde Daniella mora, na capital paulista, ela já apareceu — de bermudão amarelo, sandália e camiseta cinza — dando risada. "Adorei o 20 Perguntas da Elza Soares, sabia?", brincou. Com voz rouca e saboroso sotaque mineiro, ela fala rápido, gesticula e é boa pra contar história. Só evitou o assunto sexo. "Coisa de mineira, liga não", desconversou. A gente compreende.





1. Um cara alugou um helicóptero e você nem ligou. É difícil assim? [Ri.] Pô, esse daí do helicóptero é muito louco, eu, hein? Mas eu não era muito a fim dele, né? Aí, quando o cara passou em cima da escola voando, pensei: vai que essa joça cai em cima de mim e eu ainda morro! [risos].


2. O pessoal sempre fica doido assim com você? Não. Teve também um cara que mandou para minha agência uma Mercedes linda. Meu agente ligou: "Te mandaram um presente... Se fosse você viria aqui agora". Quando vi o carro, achei que fosse gozação. Falei para devolver. Esse cara tá achando que eu sou o quê? Até hoje não sei quem é. E é engraçado. Teve gente que acampou na frente de casa. De mochilinha e tudo.


3. O que deixa você derretida? Gosto de cara que fica olhando, mas discretamente. Não precisa ficar encarando o decote. Odeio homem que adora ser o tarado do pedaço, [engrossa a voz] "aí, gostosa, não o que eu tenho lá em casa"...


4. Nenhuma cantada demolidora no currículo? [Pensa.] Ah, lembrei de uma. Eu, [os VJs] a Didi, o Edgard, a Marina [Person] e meu agente estávamos em Maresias [litoral norte de São Paulo], gravando. No intervalo, fomos a um restaurante. Aí apareceu uma adolescente, com uma coisinha na mão: "Pode assinar pra mim?" Era uma calcinha! [risos]. A mesa inteira ficou sem reação. E a garota: "Eu comprei". Não era cantada do tipo [faz voz grossa, imitando sapatão] "e aí, mina, assina aí, vai" [risos]. Era uma menina, passando as férias no litoral. Assinei, né? Ficou um silêncio na mesa... [ri muito].


5. Você já fez algo do gênero? [Ri.] Não, não... Mas posso contar uma história? Passei 40 dias em Nova York trabalhando. Encontrei uma vez o [rapper] Puff Daddy numa boate. Eu estava dançando com umas amigas e ele, o Puff Daddy, entrou com cinco seguranças. Mais tarde, me apresentaram pra ele. Depois, fiquei amiga — só amiga. Até já saímos pra comprar CD, sabia?


6. Que homem é da sua praia? Não gosto do mauricinho, que leva à festa da sociedade. Nem do doidão: [faz voz arrastada, de alguém chapado] "Paz e amor, vamos fumar um na praia, viagem..." Então, seria um meio-termo. Legal é cara que pega o carro, sem mais nem menos, para viajar. E fazer esporte junto. Meu namorado [triatleta como ela] é assim.


7. O que deixa você arrepiada? Algo que eu escuto já arrepia... Claro que não é o "ô, gostosa, ô, mulher boa!" [risos]. E homem precisa ter pegada forte. Cara com mão frouxa é tão ruim... Não tem nada melhor que se sentir segura num abraço. Não precisa nem ficar beijando atrás da orelha. Abraço dá vontade de ficar ali uns dois dias. Isso é afrodisíaco.


8. Beijo com ator de novela — como foi com o Reynaldo Gianecchini na novela da Globo, Filhas da Mãe — é afrodisíaco para você? As mulheres falam: "Hum, beijou o Gianecchini, nossa que demais, tesão..." Claro que ele é uma pessoa linda, maravilhosa, legal. Mas não é assim: ai que delícia, vou beijar! Eu não o conhecia antes. Fiquei sem graça, mas rolou numa boa. Foi uma interação legal, como houve com o [VJ] Cazé, meu parceiro agora.


9. Como é seu "beijo técnico"? Acredite, é bem técnico [ri]. Um beijo "não técnico" tem língua. Na tela, fica muita língua aparecendo — meio monstruoso pra quem está em casa. Na TV, um beijo sexy, vaporoso, tem que ser sem língua. Nenhum diretor vai falar: beija como você beija normalmente. Até treinei. No espelho, né? [risos]. Ficava cheio de baforada...


10. Tipo primeiro beijo na vida? Ah... Mas primeiro beijo é sempre "roda dura", né? [risos]. O meu foi no cinema. Deu tremedeira. Nem lembro do filme... Quer dizer, até prestei atenção, vai... [risos]. Mas foi tão "roda dura" que pensei: se esse cara espalha que o meu beijo é assim, ninguém me beija nunca mais! [risos].


11. Como você pegou experiência no assunto? Eu namorava mais do que ficava. Mas na época da escola eu estava mais preocupada em quebrar a escola inteira... [risos]. Fazia bagunça, pulava muro, matava aula... Meu primeiro namorado, aos 16, eu achava que era a paixão da minha vida. Ele era uns oito anos mais velho. Olha. Eu não era atirada. Minha família é tradicional e certinha. Tem "bênção", "boa noite, durma com Deus"... Dia dos Pais vamos à missa... Nunca falei de sexo com ninguém na minha família.


12. Com quem você conversava? Eu namorava e... Ai... [suspira]. Vamos mesmo falar sobre isso? [ri, envergonhada]. Nossa, se a minha família ler isso... Tudo bem não falar? Bom. Não fui muito precoce em sexo. Essas meninas de 13 anos hoje andam bem antenadas, né? Eu fui mais lerda com essas histórias.


13. O negócio é casar e ter filhos? [Pensa.] Mais pra frente... Eu teria um casamento aberto, mas no sentido de cada um com sua individualidade. Não sou a favor é de casamento aberto a outras pessoas... [ri]. Ele teria o mundo dele e eu o meu. Como é hoje com meu namorado. Ele me conta do mundo dele, e eu conto do meu. Tem pouco ciúme, nada obsessivo. Ele é mais velho, confiante de si.


14. Quando você quer ficar gostosa, o que você faz? Tem dia que eu acordo e quero vestir bermudão de homem e camisetinha, pra sair e fazer as coisas. Acho que sexy não é você colocar um decote. Claro que isso deixa a figura mais sexy. Mas esta roupa que eu tô hoje [bermuda e camiseta] não é nada sexy... [ri]. Não tem aquele dia que eu falo: "Ah, hoje eu quero arrasar".


15. Como você dorme? Conhece aquela história antiga, da Marilyn Monroe, que disse que dormia só com gota de Chanel N.º 5 e... Com gota de Chanel? [suspira]. Hum, que sexy... [ri]. Não seja por isso. Uso um perfume da Victoria's Secret. Dormirei hoje só com ele, tá? [risos]. Durmo sem roupa mesmo...


16. Você sempre diz que não faz dieta nunca. Sério mesmo? Ah, dieta zero! Eu como igual a um pedreiro! Sou mineira, gosto de arroz, feijão, tutu... E adoro chocolate. Tô numa época Sufflair, antes era Diamante Negro... [risos]. Mas não me preocupo: faço muito esporte, queima tudo. Pra que ser tão magra? Mas as pessoas sempre perguntam de silicone...


17. Você pôs ou não, afinal? Não. Falaram que eu tenho boca, peito, bunda de silicone... Gente, isso é maldade. Essa coisa do silicone na boca surgiu no desfile do São Paulo Fashion Week [de 2002], quando eu saí com um batom bem vermelho. Eu era muito maior que aquelas meninas magrinhas. Mas não me incomoda quando falam do silicone. Não coloquei. Não dá pra agradar todo mundo, né? Já agradei os gregos, agora tô atrás dos troianos, sabe? [risos].


18. Mas você colocaria? Se eu fosse começar a recauchutagem, seria pelas cicatrizes que eu tenho. Tenho essa marca aqui no queixo [mostra a cicatriz], que as pessoas não percebem. Eu era mais nova, caí e bati o queixo, levei ponto. Tá vendo? Essa outra [mostra uma marca na coxa esquerda] foi na quina do fogão. Mas sou feliz com isso. Quando tiver neurose de tal coisa em mim, mudo.


19. Você já recusou convites para posar nua. Por quê? Ah, acho que é por causa dessa minha coisa conservadora. Nunca fiz nem transparência. Ninguém nem tem foto minha de peito de fora. Depois, tem a minha família, certinha...


20. Vai ter gente organizando passeata pra você sair na PLAYBOY. [Ri]. Jura? Achei o máximo a Elza Soares cantando um sambinha [20 Perguntas de dezembro último], que queria sair. Mas não tenho sambinha... [risos]. Não posso dizer "nunca". Não vou falar dessa água não beberei, né?... [ri muito].


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