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DEBORAH SECCO | AGOSTO, 1999



Com ela foi diferente. Trabalhar em PLAYBOY significa, para uma parte da equipe, inclusive o diretor de Redação, lidar com celebridades — e celebridade dá um trabalho danado. Exigências muitas vezes infantis, caprichos, implicâncias, comportamentos que denotam uma insegurança que nem sempre está associada à impressão de poder que passam aos demais…


Deborah Secco, não. Na época com apenas 20 anos de idade, já era dotada de boa experiência na telinha — basta lembrar da série Confissões de Adolescente, que estrelara com 15 anos na TV Cultura, já tendo, antes, feito uma novela global, Mico Preto, aos 11 anos, sem contar peças de publicidade e uma peça de teatro antes dos 10. Teve um comportamento profissional, foi gentil com toda a equipe e estava sempre de alto astral.


As produções dos ensaios, sobretudo os de capa e mais ainda os que comemoravam o aniversário da revista, sempre atulhavam a bagagem da editora Ariani Carneiro e da produtora (em alguns casos, das produtoras) que a acompanhavam. Precavida, e depois de planejar o ensaio com o fotógrafo, Ariani levava todo tipo de peças — lingerie, meias, sandálias, bijuterias, joias, blusas de seda, casacos, botas, chapéus, bois de plumas e uma multiplicidade de adereços. Em geral, a maior parte do material, tudo de primeira, e caro, acabava não sendo utilizado no ensaio. Com Deborah, não seria diferente. No final, a nudez plena, com um ou outro detalhe elegante, acabava prevalecendo.



J.R. Duran clicou o ensaio em Los Angeles, a maior parte das fotos tendo sido feita em uma mansão alugada pela revista. A naturalidade somada à experiência como atriz só tornam as coisas mais fáceis — e o resultado, mais bonito. Ela consegue transmitir uma mistura única de candura com malícia. Se não fosse a boa atriz que é, obter esse resultado, mesmo para Duran, não seria tarefa fácil. As inscrições com batom ou com tinta removível são um recurso que Duran às vezes utiliza. Ora contendo uma sugestão mais direta, ora constituindo um enigma, ele dosa esse recurso para não desgastá-lo.



Para um texto que escrevi, após enorme trabalho de pesquisa e de entrevistas, para o livro Fotografia em Revista — As melhores fotos em 60 anos da Editora Abril, realizei uma contabilidade da qual o próprio fotógrafo J. R. Duran, de quem tenho a honra de ser amigo, não tinha a menor ideia. Até março de 2010, ele realizara nada menos do que 243 ensaios de nu para PLAYBOY. Acho, por essa e outras razões, que ninguém no Brasil entende mais do assunto do que ele. E, conversando com Duran, vi comprovada a antiga impressão de que em geral é mais fácil, ou menos difícil, fotografar atrizes do que belas mulheres de outras profissões. A tarimba de interpretar personagens e a naturalidade adquirida por quem já enfrentou plateias de teatro repleta e, sobretudo, o olho da câmera de TV que leva sua imagem e milhões de pessoas aplainam o caminho do fotógrafo.



Em um ensaio feito por J.R. Duran, não pode faltar foto polêmica. Não há ensaio de mulher bonita de J.R. Duran sem pelo menos uma foto que, além de originalíssima, trará polêmica. Quer polêmica maior do que a famosa imagem de Adriane Galisteu, chiquíssima, com cabelo impecável, sandálias brancas, blusa de seda e joias, expressão absolutamente neutra… depilando o púbis — uma das fotos do ensaio de capa dos 20 anos de PLAYBOY?



No ensaio de Deborah Secco em Los Angeles, Duran produziu esta desconcertante foto da estrela tomando uma mamadeira. Uma sugestão da mulher-menina do tipo Lolita? Uma metáfora sobre outro gesto humano? Sabe-se lá. O bacana dessas fotos é deixar a interpretação para quem as vê.


Eu ainda não sabia, mas seria a última edição de aniversário — a do 24º de PLAYBOY no Brasil — de minha gestão à frente da revista aquele ensaio de capa que contratamos com Deborah Secco em maio de 1999, para publicação em agosto. Estrela em ascensão na Globo, muito profissional, disciplinada e prestativa, além de educada e gentil, Deborah ficou muito satisfeita com o resultado do trabalho e acabou me enviando um exemplar da revista de agosto de 1999 com um agradecimento muito simpático.








Deborah só deixou boas recordações à equipe da revista, por seu comportamento profissional, sua amabilidade e seu permanente bom humor. Na foto deste post, a cowgirl estilizada Deborah é preparada pela produtora Florise Oliveira, ao lado do maquiador Kaká Morais e da editora Ariani Carneiro. O trabalho em Los Angeles rendeu: Deborah Secco estrelou a capa do 24º aniversário quando em plena ascensão para atriz de primeira grandeza na Globo.



FOTOS J. R. DURAN


EDIÇÃO ARIANI CARNEIRO

PRODUÇÃO FLORISE OLIVEIRA, REGINA HOFFMAN E BETH BRITO


Por Ricardo Setti. Advogado e jornalista, foi diretor de redação da PLAYBOY entre 1994 a 1999. Este texto foi publicado originalmente em seu site pessoal.
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