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FÁTIMA BERNARDES | ABRIL, 1993



A apresentadora do Fantástico fala sobre fãs,

pernas e seu medo de avião.


Ela já não dá cinco "boa noite" por semana e está aparecendo por menos tempo na telinha da TV. Também não volta para casa no mesmo carro que o marido, William Bonner, com quem apresentava, até há pouco tempo, o Jornal da Globo. Mas esta carioca de 30 anos está feliz: vem brilhando num dos programas de maior audiência da TV, o eterno Fantástico. Ali, ela é apresentadora, repórter e entrevistadora. Longe das câmeras, Fátima exibe a mesma desenvoltura: é segura, séria e passeia por diversos temas com muita intimidade. É também doce, simpática e, sobretudo, bela. Transmite uma imagem de menina bem-comportada, o que já lhe rendeu até um título — a Certinha do Lalau, escolhida numa pesquisa de rua feita pela equipe do próprio Fantástico (na verdade, uma nova versão do concurso criado pelo falecido humorista Stanislaw Ponte Preta na década de 60).


Fátima acendeu a imaginação de muita gente no final de 1991 ao aparecer, pela primeira vez de corpo inteiro, sapateando com muita graça numa mensagem de fim de ano da Globo. Fez tanto sucesso que chegou a ser cogitada para estrelar novelas. Possibilidade que ela de imediato descartou. "O jornalismo sempre foi a minha paixão." Ela começou sua carreira em O Globo, em 1985. Dois anos depois, aprovada num curso da Globo, virou repórter do telejornal RJ TV. Agora, ao se instalar no horário nobre do domingo, sua legião de admiradores só vem aumentando. Para contar, por exemplo, por que está adorando dar apenas um "boa noite" por semana, Fátima Bernardes recebeu o repórter Marco Antônio Lopes no seu amplo apartamento na Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro.





1. O Fantástico é mesmo fantástico ou — sem qualquer alusão a seu concorrente da Rede Manchete — apenas um programa de domingo? [Risos.] O Fantástico está num momento de renovação. A "cara" do programa está mudando. É importante acabar com aquela imagem que as pessoas têm de que ele ajuda a aumentar a melancolia de final de domingo. As luzes do estúdio, por exemplo, já não são mais desligadas no final do programa — é para lembrar ao público que a programação continua.


2. Você não trabalha mais ao lado do seu marido. É melhor assim? Eu e o William nunca passamos aquela imagem do "casal-apresentador", o "dois-em-um". Quando apresentávamos o Jornal da Globo, sabíamos que seria só por um período. E, agora que cada um está fazendo um programa, a gente vê que tudo caminha bem. O que mudou, de verdade, foi outra coisa: hoje, como não saímos no mesmo horário, deixamos de voltar no mesmo carro e gastamos mais gasolina [risos].


3. Você se acha sensual? [Pára para pensar.] Não sei se passo uma imagem de sensualidade. Talvez agora, no Fantástico, que estou usando roupas com algum decote... Mas não tenho essa preocupação de me achar sensual. Só às vezes, como toda mulher, num dia qualquer, em que você tem aquela impressão de que está ma-ra-vi-lho-sa.


4. Do que você mais gosta no seu corpo? As pernas. Talvez porque sempre tenha dançado, o que vai modelando a musculatura. É por isso que eu gosto de usar saia, short, acho que fico bem.


5. O William também prefere suas pernas? Bem, além das pernas, ele curte o peito, o colo num decote... E gosta de me ver em roupas mais ousadas.


6. Você está mais para geração saúde ou para sexo, drogas e rock'n'roll? Totalmente para a geração saúde. Nunca tomei um copo inteiro de chope! Gosto de algo doce e melado: licor, champanhe, vinho branco, e sempre uma dose. Para mim, o legal é comer salada, dançar, cuidar do corpo.


7. Será que foi por isso que, recentemente, você foi eleita uma das Certinhas do Lalau? Não sei, mas aquilo foi muito engraçado, além de simpático. Fiquei sabendo durante a gravação do Fantástico, o que me deixou um pouco desconcertada.


8. Pois é, você passa uma imagem de boa moça. Cá entre nós, está mais para santa ou para pecadora? Muitas pessoas me vêem mesmo como santa — entre elas as mães dos meus ex-namorados. Só que nada do que faço diariamente justifica essa santidade. Também não me esforço para parecer muito moderna. Ou seja: não sou de sair "pecando" por aí, mas também não sou tão bem-comportada assim.


9. Você falou em namorados... teve muitos? Só comecei a arranjar meus namorados depois dos 15 anos. Antes disso, eu tinha o tipo físico de uma menina bem mais nova — não tinha peito, era sem graça para os meninos.


10. Como foi seu primeiro beijo? E a primeira vez? O primeiro beijo aconteceu quando tinha quase 16 anos. Naquele dia, eu tinha saído com um menino com quem estava começando a namorar. Depois, foi me deixar numa festa onde meus pais estavam e, ao nos despedirmos, saiu o beijo. Fiquei meio zonza, mas não foi aquilo que eu imaginava. A primeira vez foi convencional — com meu primeiro marido.


"Teve um cara que dormiu várias noites na portaria da Globo só para me ver"

11. Você recebe muitas cartas? Recebo cerca de dez a quinze por semana. Tem muitas cartas carinhosas e outras de pessoas bem curiosas — desde gente querendo registrar patentes de invenções malucas até fazendeiros ou presidiários que mandam fotos me pedindo em casamento.


12. E, não faltam, claro, cantadas. São muitas? Ah, sim, só que não muito afoitas. Não fico muito grilada. O que acontece é o seguinte: jornalista impõe muito respeito. Num shopping center, por exemplo, me param para tirar foto e pedem, cautelosos [baixa o tom de voz]: "Posso colocar a mão no seu ombro?" Afoito, mesmo, foi um cara que dormiu várias noites na portaria da Globo só para me ver.


13. Como seria a noite ideal para você: à luz de velas ou algo mais inusitado? Sou uma pessoa muito romântica. A noite perfeita só pode ser ao lado da pessoa ideal, com muito carinho — aí, pode ser à luz de velas ou no escuro, não importa. É o que acontece hoje comigo e com o William. Até em casa a noite pode ser ótima.


14. O que te dá medo? Avião! Ai, só de pensar... Só viajo de ponte aérea porque não tem jeito, é o meu trabalho. No ano passado, quando fui a Barcelona cobrir as Olimpíadas, tomei um tranqüilizante e dormi a viagem inteira.


15. Você assiste muita TV? Bastante. Os noticiários, claro, não posso deixar de ver, nunca. Adoro ver filmes, entrevistas e esportes: vôlei, basquete, boxe, futebol — torço pelo Vasco, e, quando o jogo não passa na TV, ouço pelo radinho mesmo. Gosto também de automobilismo — sou daquele tipo que põe o relógio para despertar só para ver uma largada de Fórmula 1.


16. O que acha das outras apresentadoras de TV? Olha, não sou muito de ter ídolos, mas admiro o trabalho e a seriedade, por exemplo, de uma Marília Gabriela. Mas não foi só ela que influenciou o meu estilo. Bem, para ser sincera, não gosto muito de comentar ou julgar o trabalho das minhas colegas.


17. Você sonha em ser âncora de um jornal? Claro. Mesmo porque este é o caminho natural do telejornalismo. Sonho também em apresentar um programa jornalístico mais divertido. Seria um espaço que juntaria dança, música, cultura, folclore, com muitas entrevistas.


18. Se você não fosse jornalista, seria o quê? Bailarina. É a minha maior paixão, depois do jornalismo. Atualmente, por exemplo, tenho aulas particulares de jazz e sapateado duas vezes por semana.


19. Aliás, foi dançando — naquela mensagem de fim de ano — que você começou a fazer mais sucesso. Incomoda saber que a fama só veio depois disso? Não. As pessoas geralmente acham que o jornalista de televisão é alguém muito sério, que não permite aproximações. Isso só foi mudar quando apareci naquele quadro. Mesmo assim, no Carnaval do ano passado, no Sambódromo do Rio, fiquei assustada quando duas arquibancadas começaram a gritar meu nome. Um colega da emissora chegou para mim e explicou: "Calma, Fátima, as pessoas sabem agora que você sorri, tem pernas, é inteira, não só da cintura para cima."


20. Qual foi a sua gafe inesquecível? Estava fazendo uma reportagem na rua e consegui uma entrevista com o Saturnino Braga, então prefeito do Rio. Era tudo ao vivo. O prefeito começou a falar demais e não conseguia pará-lo. Fiquei com medo de estourar o tempo e acabei dando uns cutucões nele. Pegou mal: a câmera estava focalizada também em mim. É, jornalismo tem dessas coisas...


FOTOS NANA MORAES PRODUÇÃO BEBEL MORAES

CABELO E MAQUIAGEM ELY MORENO


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