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GABRIELA ALVES | ABRIL, 1997



A Assunção de Salsa e Merengue fala de seu banho a luz de velas

e de sua primeira vez


POR RICARDO CASTILHO

FOTOS NANA MORAES


Aos 25 anos, Gabriela Alves está de bem com a vida e tem bons motivos para isso. Primeiro, foi o sucesso que faz na televisão, na pele da espevitada e sensual Assunção, sua personagem na novela global Salsa e Merengue. Agora, no mês que vem, vai estrelar a capa de PLAYBOY, nas pegadas de sua mãe, a também atriz Tânia Alves, de quem a revista publicou inesquecível ensaio em junho de 1983. "Estou superansiosa para fazer as fotos", conta, "especialmente porque serão feitas em Veneza, na Itália, país que sempre tive vontade de conhecer e por ser a terra natal da minha avó paterna." Com cabelos compridos e encaracolados, olhar sensual, beleza "brejeira" e impecáveis 1,64 metro, 49,5 quilos, 63 centímetros de cintura e 86 de busto, ninguém duvida de que ela vai marcar um dos melhores momentos de PLAYBOY.


Nascida Gabriela Storage — o Alves veio do nome artístico da mãe — no primeiro dia de 1972, em Friburgo (RJ), ela é um pouco diferente das moças de sua idade. Enquanto a maioria gosta de bater pernas pelas lojas de griffe nos shopping centers, Gabriela divide seu tempo entre as gravações da novela e as aulas que dá, de alimentação e culinária higienista, no Spa Maria Bonita, de sua mãe, em Friburgo. Além disso, adora ler livros de autoconhecimento e física quântica.


Ela passou seus primeiros anos de vida literalmente dentro do teatro. "Como o dinheiro era curto", relembra, "minha mãe trabalhava e morava no Teatro Aplicado, em São Paulo, e eu ficava passeando pelos camarins." Assim, Gabriela foi ganhando desenvoltura e facilidade para representar. Com apenas 3 anos de idade, fez uma participação em Caixa Forte, um especial da TV Cultura, de São Paulo. Aos 4, já estava na Rede Globo, vivendo o papel do Anjinho da Asa Quebrada no seriado Sítio do Pica-Pau Amarelo. "Eu tinha os cabelos bem clarinhos e cacheados e os olhinhos bem azuis", recorda. "Parecia um anjinho mesmo."


De seu pai, o artista plástico peruano Juan Toulier, que mora em Salvador, herdou outro talento. "Pintar é uma de minhas paixões", revela. "Fico relaxada e leve, meio zen." Entre os 15 e os 20 anos, Gabriela deu uma parada na carreira de atriz para investir no próprio visual. "Era muito dentuça", conta, "e resolvi pôr aparelho." Na época, não sabia ao certo se queria ser atriz ou estudar Psicologia. Enquanto decidia, formou-se professora primária e morou um ano em Nova York, estudando inglês. Na volta, foi convidada pelo diretor Wolf Maia para fazer a Glorinha da novela Mulheres de Areia [1993], na Globo, onde em seguida emplacou a Pitanga de Tropicaliente [1994]. Mais adiante, na Rede Manchete, fez a Sacramento de Tocaia Grande [1995].


Atualmente, ela divide o espaço e as despesas de um apartamento de 3 quartos com um amigo, o também ator Fernando Vieira, no bairro carioca do Jardim Botânico. E, uma boa notícia: está sem namorado e "aberta para um grande amor". Com jeito de menina meiga, bem-humorada e gesticulando muito, Gabriela, durante 2 horas e meia, respondeu às perguntas do editor especial Ricardo Castilho, no restaurante Le Chef Rouge, em São Paulo.





1. Quando você e sua mãe estão juntas, quem é a mais paquerada? É páreo duro [risos]. Todo o mundo fala: "Meu Deus! Uma loira e uma morena, estou perdido". As pessoas brincam muito com a gente.


2. Quem foi sua primeira paquera? [Risos.] Já nasci apaixonada. Com 6 anos comecei a namorar um primo, o João Luís. Foi meu primeiro beijo. Antes disso, sempre ficava fantasiando, fazia altas histórias de amor com minhas bonecas. E treinava beijos no braço, perto do cotovelo [risos].


3. Você foi uma menina espoleta ou bem-comportada? Eu era quietíssima, uma santa, boa aluna. Ganhava, na escola, até medalhas de honra ao mérito. As pessoas falavam para o meu pai que eu parecia uma aquarela. Gostava muito de conversar e de fazer palhaçada. Adorava crianças menores e sonhava em ser mãe.


4. E hoje em dia, ainda sonha? É o meu maior sonho, mas não a prioridade número 1. Já tive momentos de crise em que falava: "Quero ter um filho agora". Hoje, quero encontrar uma pessoa bem legal, ter um filho e criá-lo com ela. Só que por enquanto quero estudar, voltar a morar em Nova York, fazer um curso de cinema — e tudo isso é mais fácil quando não se tem filhos. Quando for mãe, vou querer ficar uns dois anos só curtindo a criança e aproveitar para ler e escrever bastante.


5. O que você gosta de escrever? Estou sempre em estado de amor [risos], os amores me inspiram muito. Sempre escrevo poesia, romances. Tenho até um roteiro de um filme que comecei a escrever em 1991. Está arquivado na gaveta, por causa da minha falta de tempo e por ainda não ter técnica suficiente para se sentar e escrever fluentemente uma cena. É um filme em que eu coloco várias questões do ser humano, como o medo, a solidão, a morte, o amor, a consciência, o crescimento. Tenho uma verdadeira paixão por esse filme.


6. O que faz você chorar? [O diretor de cinema americano Steven] Spielberg me faz chorar. Sempre fui muito chorona [risos]. Assistindo ao filme ET eu não chorei — me desfiz em lágrimas. Com o Império do Sol e A Cor Púrpura foi a mesma coisa. Spielberg é o cineasta que mais me emociona, mas gosto muito também do [Pedro] Almodóvar e do Spike Lee.


7. Você já viveu, em cena, alguma situação em que ficou tensa? Quando fui contracenar pela primeira vez com a Glória Pires, em Mulheres de Areia, tremi toda. Nunca imaginei que isso fosse acontecer. Sempre admirei muito a Glória, e na hora de contracenar fiquei muito nervosa, travada. Pensava só em ficar calma. Aí a cena acabou saindo.


8. Você tem algum ritual na hora de dormir? Adoro dormir, tirar uma soneca no final da tarde com a brisa batendo. Tomo um banho para ficar fresquinha, passo perfume, coloco uma camiseta, uma música do Kenny G e acendo um incenso. E pura meditação.


9. E para tomar banho, também tem ritual? Só tomo banho à luz de velas. Adoro ficar na banheira para relaxar. Um bom banho à luz de velas, ouvindo Sade, com gotinhas de óleo perfumado na banheira, relaxa bastante. Mesmo os banhos de chuveiro são muito demorados...


10. O namoro também é à luz de velas? [Risos.] Depende. Como sou muito romântica, sempre que a atmosfera ajuda, com velas é muito melhor. O coração fica mais aberto e as pessoas falam mais coisas bonitas.


11. Você tem alguma fantasia erótica? Meu Deus! Cada pergunta quente! Acho que fantasia é você viver ao máximo uma paixão, com todas as possibilidades. Algumas pessoas têm vontade de transar de cabeça para baixo — eu não tenho nada disso. O legal, para mim, é conhecer totalmente a pessoa, entender todo o seu corpo. Essa já é uma fantasia.


12. Já transou em algum lugar inusitado? Ah, isso já. A minha primeira transa aconteceu debaixo de um sofá! A gente estava no chão e foi rolando lá para baixo. A segunda foi na praia. Mas não existe lugar certo. Tem que ser no lugar e no momento em que pintar emoção.


13. Nascida no primeiro dia do ano, você é ligada em astrologia? Bastante. Sou Capricórnio com ascendente em Áries e lua em Câncer. Adoro astrologia, cheguei até a fazer um mês de curso. Mas, quando comecei a gravar Salsa e Merengue, infelizmente tive que parar com as aulas. Sempre fui muito curiosa em relação a esse assunto. Tenho uma astróloga maravilhosa, a Cláudia Lisboa, que faz minhas previsões para o ano.


14. Você deixa de fazer alguma coisa por causa da astrologia — não usa determinada cor, por exemplo? Não. O trânsito astral é como se fosse o possível roteiro do filme do seu ano, um roteiro de tudo aquilo por que você vai passar durante o ano. Mas só o roteiro. O filme quem roda é você. São influências que você vai estar sofrendo, mas que pode vivenciar ou não. Tem épocas que são ideais para assinar um contrato, outras não.


15. Quer dizer que esta é uma época ideal para assinar o contrato que você fez com PLAYBOY? Agora é [risos]. Estou numa fase de mudanças muito grande na minha vida, com muito trabalho pintando. Vou fazer as fotos em Veneza, nas pontes e nas gôndolas da cidade. Tem tudo a ver comigo: meu sobrenome é italiano e minha avó paterna nasceu lá. Mas só estou fazendo esse ensaio porque é para PLAYBOY. Nunca faria para outra revista. O nu artístico, feito com carinho, fica maravilhoso. A PLAYBOY sempre faz trabalhos belos, como o da Maria Padilha [edição de março de 1994] e o da Paloma Duarte [abril de1996]. Os ensaios do [J.R.] Duran, com quem vou fotografar, são fantásticos. Vai ficar genial. Minha mãe deu a maior força.


16. Você é supersticiosa? Procuro não ser, mas não passo por baixo de uma escada e sempre piso com o pé direito quando chego a algum lugar — um palco de teatro, por exemplo. Tem outras coisinhas que eu faço... Carrego sempre uma pedrinha de cristal na bolsa, e, se me sinto sem energia, tomo um banho de sal grosso [risos]. Procuro também orar bastante.


17. Você acredita em anjos? É muita presunção do ser humano achar que ele é a única forma de vida inteligente nesta galáxia, neste universo infinito, e achar que esta é a única dimensão. Existe uma outra realidade, um outro mundo, um outro universo. Acredito em outros estágios de evolução e de consciência, em dimensões diferentes. Estudo e leio muito sobre isso.

18. Então deve gostar de Monica Buonfiglio, Paulo Coelho... Não. Leio coisas mais... [hesita]. O papel desses escritores é importante, porque estão democratizando, tornando mais públicos assuntos que são inerentes ao ser humano mas dos quais as religiões acabaram se apossando. O que leio mesmo é muita metafísica, física quântica. Gosto muito dos livros do médico Deepak Chopra, que escreveu As Sete Leis Espirituais do Sucesso, e do Fritjof Kapra, autor do Porto de Mutação e O Tao da Física.


19. E quanto ao corpo: como você faz para se manter tão bonita? Até bem pouco tempo atrás eu não tinha nenhuma preocupação com o corpo. Aquela coisa meio intelectual: achava que quem usa a mente não precisa ter um corpo bonito, basta o talento e coisa e tal. Quando acabou a novela Mulheres de Areia, percebi que estava fora de forma. Fui para a Espanha e voltei mais fora de forma ainda. Tentei então emagrecer e não consegui. Foi aí que resolvi ler o livro da minha mãe, Emagreça Feliz, e passei por uma reeducação alimentar. Perdi 10 quilos. Passei por uma alimentação desintoxicante e virei adepta do higienismo — dieta sem carne vermelha, enlatados, embutidos, etc.


20. Qual é a sua experiência com droga? Bebida alcoólica é uma droga, cigarro é uma droga. São as duas drogas mais perigosas, porque vão destruindo aos poucos. Das drogas pesadas, a começar pela maconha, nem chego perto.


PRODUÇÃO BEBEL MORAES CABELO E MAQUIAGEM BETO CARRAMAN


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