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GLÓRIA MARIA

Perfil


Globetrotter

Guerra, aventuras e (muitas) viagens. A frenética vida da repórter


Por MARCELO DUARTE


Na hora de escrever a Enciclopédia da Televisão Brasileira, os historiadores terão uma pequena dificuldade para acertar datas num verbete da letra G. Mais precisamente em "Glória Maria".


O começo será simples: Glória Maria Matta da Silva, natural do Rio de Janeiro, já foi eleita a repórter de TV mais querida público e começou a apresentar o programa dominical Fantástico, da Rede Globo, em maio de 1998. Sua presença elevou os índices de audiência do programa em média 6 pontos. Mas é aí que vem o maior mistério da televisão brasileira, erradamente atribuído ao nome dos assassinos de Salomão Ayala, na novela O Astro, e de Odete Roitman, em Vale Tudo. Afinal, qual é a idade de Glória Maria? Ela nasceu em 15 de agosto (dia de Nossa Senhora da Glória), mas não revela o ano. Nas entrevistas, cada hora diz uma coisa. Numa edição de Contigo! de 1988, por exemplo, declarou 36 anos. Passadas dez primaveras, porém, nossa personagem aparece com 41 em Caras. Para não dar pistas, ela consegue esquecer o ano de falecimento do próprio pai ou o de seu primeiro casamento.


O negócio é tão sério que até virou folclore pelos corredores da emissora. Sabe-se de produtores e cinegrafistas que foram escalados para ficar de olho quando ela preenchesse o cartão de desembarque dentro do avião em vôos internacionais. Não adiantou: Glória, sempre deixa as datas em branco. Se é preciso tirar um visto, ela vai pessoalmente ao consulado. Não entrega o passaporte ou qualquer documento na mão de ninguém. "Esconder a idade dá o maior trabalho", assume, bem-humorada. "Mas é uma questão de honra. Minto desde os 12 anos, pois tenho pânico de ficar velha." Antes de passar os números de telefone das amigas, por exemplo, Glória liga e dá instruções para que nenhuma data elucidativa seja revelada ao repórter. Com o ar mais descarado do mundo, ela diz que está com 38 anos. Mesmo tendo contado um pouco antes que uma de suas primeiras reportagens na Globo foi a cobertura do desabamento do elevado sobre a Avenida Paulo de Frontin, no Rio de Janeiro, em novembro de 1971. Fazendo as contas, teríamos o primeiro caso na história da TV de uma repórter com apenas 11 anos.


Ginseng, pó de guaraná e energético japonês


Na verdade, Glória acaba se divertindo com esse jogo de esconder a idade. Parece até uma forma de abastecer o seu ritmo de vida com um elixir da juventude. Basta ver o corre-corre das reportagens que fez nos últimos tempos. Para mostrar os bastidores do videoclipe de Julio Iglesias com os brasileiros Zezé di Camargo e Luciano, por exemplo, ela deixou o Rio de Janeiro numa segunda-feira cedo e seguiu direto para Estocolmo, capital da Suécia. Entre ida e vinda, viajou 21.000 quilômetros. Retornou na manhã de sábado e foi direto para o estúdio, com mala e tudo, gravar as chamadas do programa. Não é à toa, portanto, que, ao anunciar a atração que vem logo depois da sua, o apresentador Fausto Silva se refira a Glória Maria como a "repórter mais viajada do mundo". Ela nunca se preocupou em contar o número exato de milhas ou de países visitados. Acha que estes já são cinqüenta, responsáveis por carimbos em doze passaportes sucessivos. O Brasil, segundo seus cálculos, já foi todo percorrido quatro vezes. Quando assumiu a função de apresentadora do Fantástico — lugar que já tinha sido ocupado por outras belas mulheres, como Márcia Mendes, Valéria Monteiro, Dóris Giese, Carolina Ferraz, Fátima Bernardes, Cláudia Cruz e Carla Vilhena —, Glória achou que estava apenas quebrando um galho. Ao ser efetivada, porém, deixou claro que não abriria mão das reportagens e das viagens. "Até a minha decisão de não ter filhos foi pensada para não perder essa liberdade", diz. Quem sai ganhando é o sobrinho Flávio, de 20 anos, filho de sua única irmã, a advogada Lúcia. É ele quem acaba faturando algumas das passagens que Glória ganha com seus gordos programas de milhagem. O rapaz já visitou Florianópolis e Maceió. Na lista de futuras viagens, Glória planeja conhecer a China, os países da África Negra, o Afeganistão, a Sibéria e uma tribo de esquimós no Canadá.


Na montanha, a 4.000 metros de altitude, compra de espelhinho, banho gelado e o ritual de passar creminhos

Esconder a idade também exige cuidados com o corpo. Glória, 1,67 metro e 52 quilos, faz caminhadas diárias pelo calçadão da Praia do Leblon, tem aulas de alongamento e uma alimentação muito saudável. "Tomo café da manhã de rei, almoço como príncipe e janto como mendigo", receita. Detesta sanduíches, refrigerantes, cremes e molhos brancos. Fast food? Glória tem pavor. Vai a bons restaurantes e champanhe é sua bebida preferida. Bebe muita água, ginseng, pó de guaraná. Outro vício é um pó branco energético chamado One Million Power, que conheceu no Japão. Quando o estoque está baixo, Glória pede socorro a amigos. Diretor do Fantástico, Luiz Nascimento foi ver o jogo Vasco x Real Madrid, em Tóquio, pela decisão do título mundial interclubes de futebol, no final do ano passado. Voltou trazendo uma caixa com 500 envelopinhos. Dentro do avião, Glória não faz nenhuma refeição. Se bate a fome, ela se alimenta com uma barra de chocolate. Gosta de dormir a viagem inteira. Na subida ao Monte Everest, no Nepal, ficou desesperada ao saber que teria de comer carboidratos, alimentos de digestão mais rápida e que liberam energia rapidamente. Preferiu trocar a papa de macarrão por pacotes de chocolatinhos M&M. Encheu a bolsa. No terceiro dia, entretanto, rendeu-se e encarou o que chamou de "gororoba". Mesmo durante a subida da montanha mais alta do mundo Glória conseguiu comprar um espelho no caminho e, num banheiro a 4.000 metros de altitude, tomou um banho gelado e passou seus creminhos. Na mochila, que pesava 10 quilos, calcula que 5 eram de produtos de beleza. Vaidosa declarada, não vive sem a sua sacola de cremes. São dez todas as manhãs antes de sair de casa. Quatro para o corpo, cinco para o rosto e um para o cabelo. Aliás, a mala de cremes é parceira inseparável de todas as viagens. E, geralmente, a bolsa volta mais recheada. Ao chegar a um novo país, a farmácia e o supermercado são os dois primeiros lugares visitados. Além de cremes, tem fixação por escovas de dentes. Os cuidados com a forma física e a beleza já causaram alguns situações engraçadas. Durante a Copa da França, no ano passado, Glória fazia jog-ging pelas ruas de Paris todas as manhãs e parava numa igreja próxima ao seu hotel, em Montparnasse, para uma oração. Certo dia, entrou na fila da comunhão. Ao se aproximar do altar, deu de cara com um defunto. Só aí percebeu que era urna missa de corpo presente. "Devem ter achado que eu era amante do falecido", ri. Pior: Glória já teve horror de cemitério. Perdeu o medo depois que foi obrigada a cobrir vários enterros.

Guerra, quatro Copas do Mundo e quatro Olimpíadas


O Fantástico não está sendo a primeira experiência de Glória como apresentadora. Ela já comandou o RJ TV (1977-1978) e o Bom Dia Rio (1984-1985). "Foi uma aposta arriscada dos diretores do programa", acredita. "Se eu não fosse bem e me tirassem do ar logo, muita gente iria dizer que foi problema de preconceito", diz Glória, puxando espontaneamente um tema do qual não se pode fugir quando se fala dos — poucos — negros que fazem sucesso na televisão brasileira. Sim, ela viveu casos de discriminação e reagiu sempre com vigor nessas circunstâncias. Mas seguramente está mais marcada na vida pelos momentos em que seus êxitos de audiência apareceram como um fenômeno sólido, audível e palpável. Em 1991, o instituto de pesquisa Vox Populi e a revista Imprensa fizeram uma eleição e Glória foi apontada a repórter preferida do público, muito à frente dos concorrentes. É tão identificada com o povo que, durante uma cobertura do desfile de Carnaval, foi saudada pelas arquibancadas do Sambódromo com o coro "Glória! Glória! Glória!" Era uma espécie de consagração para uma jornalista que vivia desafiando o perigo ao voar de parapente, saltar de asa-delta, enfrentar intermináveis loopings na montanha-russa do Tivoli Park, no Rio de Janeiro, ou gritar de dor ao ser espetada na frente das câmeras com um piercing na sobrancelha. A única coisa que incomoda a repórter é ser lembrada apenas por momentos como esses. Glória fez muito mais: esteve na Guerra das Malvinas, que opôs Argentina e Grã-Bretanha em 1982. ("Guerra nunca mais, é horrível, muito tenso"), cobriu quatro Copas do Mundo e quatro Olimpíadas, fez reportagens sobre a invasão da embaixada do Japão em Lima, no Peru, em 1996. "Dormia apenas 2 horas e voltava para a frente da embaixada", lembra-se. "Passei o Natal comendo panetone da Cruz Vermelha." E continua enumerando dezenas de trabalhos.

A primeira cobertura internacional de sua carreira foi a posse do presidente americano Jimmy Carter, em janeiro de 1977. Dez anos depois, em Israel, Glória passou o maior nervosismo na hora de entrevistar Yitzhak Rabin, ex-primeiro-ministro trabalhista que depois voltaria ao cargo e que foi assassinado em 1995. "Não tinha inglês perfeito", confessa. "Dava para entrevistar artistas, não um político tão importante. Ele percebeu que eu estava nervosa e me ajudou." Nos momentos de maior nervosismo, Glória recorre a uma toalhinha que leva sempre na bolsa. É uma mania. Ela segura discretamente a toalha e, por alguma razão que não sabe explicar, fica mais tranqüila.


Bate-boca com o futuro presidente da República


Quem conheceu bem seu jeito de ser foi o cinegrafista Júlio César Morais, que a acompanhou durante dezoito anos. Glória exigia sua companhia em todas as reportagens e os dois formaram uma dupla bastante azeitada. As afinidades entre os dois era tão grande que, coincidência, a mulher de Júlio também se chama Glória Maria. Entre as inúmeras loucuras da dupla, em 1986 eles foram para o Deserto do Saara com a idéia de filmar um oásis. Acabaram se perdendo e foram salvos por nômades. Depois de uma viagem à Turquia, na qual percorreram quase 800 quilômetros de carro, Júlio percebeu que não tinha mais o mesmo fôlego da amiga. Pouco depois, deixou a emissora.


Perdida no Deserto do Saara junto com o cinegrafista: a salvação veio com os nômades

A incansável Glória cobriu política por muitos anos e se lembra de uma história com aquele que acabaria se tornando seu maior desafeto: o ex-presidente João Figueiredo. Durante uma entrevista coletiva, em 1978, o então candidato à Presidência disse: "É para abrir mesmo. Quem não quiser que abra, eu prendo e arrebento". A fita do equipamento da câmera da Globo terminou justamente nesse instante e não pegou a célebre frase. Glória resolveu pedir ao general que a repetisse. Para quê? Seguiu-se o maior bate-boca, devidamente documentado e levado ao ar. As relações entre os dois ficaram estremecidas. Glória diz que Figueiredo dava ordens para a segurança do Palácio do Planalto "ficar de olho na crioulinha da Globo".


Romance com Julio Iglesias? "Somos amigos"


Outras personalidades, no entanto, são apaixonadas pelo estilo de Glória. Roberto Carlos fez questão de ser entrevistado por ela no seu especial de 50 anos. "No tempo da Jovem Guarda, Glória era fã de Roberto", diz Jeaneth Medeiros, amiga dos tempos de escola. "Em 1992, quando demos a primeira entrevista para o Fantástico, eu disse uma palavra errada", conta o cantor romântico Luciano, que faz dupla com seu irmão Zezé di Camargo. "Glória parou a gravação e mandou voltar. Depois da entrevista, me deu dicas para cuidar de minha imagem. Sou eternamente grato a ela." Depois da reportagem em Estocolmo, os dois saíram com Glória para jantar e dançar. Luciano ficou impressionado com o apetite da repórter por frutas no café da manhã e com sua disposição para trabalhar. "O Zezé comentou que gostaria de conhecer o estádio em que o Brasil foi campeão mundial de futebol pela primeira vez", narra Luciano. "No dia seguinte, estávamos lá fazendo urna outra matéria." Fora do meio artístico, Glória também tem amizade com Roberto Irineu Marinho, vice-presidente da emissora. Tanto que, em seus aniversários, ela costuma receber telefonemas de felicitação de alguém da família. "Glória é muito profissional e nunca tirou proveito dessa amizade", afirma um diretor global. "Estou na Globo há muito tempo e conheço todo mundo", conta Glória, secamente, sobre a amizade com o patrão. "Sou de uma época em que todas as pessoas tinham mais acesso umas às outras."


Glória não é de badalação. Raramente sai em colunas sociais. Pouco se sabe de sua vida particular. Mesmo assim, ela acabou sendo alvo de uma grande bomba em 1984. Espalhou-se pelo país a notícia de que, pouco antes da posse de Tancredo Neves — que jamais aconteceria —, ela estava entrevistando o presidente na entrada da Catedral de Brasília. Os dois teriam sido baleados. Por coincidência, Glória estava fora de cena, em uma de suas viagens pelo exterior. O boato ganhou repercussão internacional. Mesmo ao voltar, ela não foi poupada do tititi. "Diziam que eu só podia aparecer da cintura para cima porque o tiro atingiu a perna", conta. "Até hoje, motoristas de táxi me perguntam sobre isso." Mais recentemente, falou-se que ela e Julio Iglesias teriam vivido um pequeno romance. Ela jura que é tudo mentira. "Somos amigos, trocamos confidências", diz. "Julio é uma pessoa adorável, um homem encantador. Faz aquele tipo sedutor com todas as mulheres." Em 1996, Glória Maria foi escalada para entrevistar o cantor a respeito do lançamento do CD Tango. Ao saber quem era a repórter, o cantor-galã espanhol Julio enviou seu jatinho particular de Miami ao Rio de Janeiro para apanhar a equipe do Fantástico. "Glória é uma pessoa envolvente", elogia Ricardo Silveira, gerente nacional de TV da gravadora Sony. "Ela arranca declarações de artistas que não se abrem com ninguém mais. Com muita habilidade, conseguiu convencer o Julio a mostrar pela primeira vez o seu quarto e o seu guarda-roupa."


Topless em Búzios e férias em lbiza


Por ser negra, Glória acha que desperta mais atenção em artistas internacionais. Durante uma entrevista com o cantor porto-riquenho Ricky Martin, rolou até um certo jogo de charme ("Qual é a mulher que não gosta?"). Glória também não aguentou de emoção quando ganhou um beijo do superastro Michael Jackson durante as gravações de um videoclipe numa favela do Rio de Janeiro. "Fui a única repórter que subiu o morro", conta. "Michael Jackson foi de helicóptero e eu demorei quase 1 hora para chegar lá a pé. Quando me viu, ele disse que iria fazer uma declaração de amor ao Brasil. Depois me agarrou e me deu um beijo. Fiz cara de surpresa. Afinal, diziam que ele vivia dentro de uma bolha e eu estava toda suada e suja. Michael foi da maior simplicidade."


Durante uma entrevista com o cantor Ricky Martin, rolou um jogo de charme: "Qual é a mulher que não gosta?"

Glória já foi casada duas vezes, ambas com estrangeiros. O primeiro casamento, com o engenheiro austríaco Hans Bernhard, durou oito anos. Com Eric Auguin, um francês que tinha uma empresa de importação e exportação, Glória viveu entre 1985 e 1991. Nessa época, era assídua freqüentadora de Búzios, onde tem uma casa. Fazia topless na praia, provocando a queda de muitos queixos. Quando está de férias, seu local preferido é Ibiza, na Espanha (sim, ela também viaja nas férias!), onde pode voltar aos velhos tempos de seios ao léu sem se preocupar com a presença de fãs brasileiros. Antes dos dois casamentos, Glória foi noiva de um rapaz chamado Walter Azevedo, que fazia o CPOR no Rio Grande do Sul e morreu num acidente de carro ao voltar para o Rio de Janeiro. Foi um grande choque. Sobre os namorados atuais, Glória desconversa. Sua única paixão, despista, atende pelo nome de "Kiko". É um cachorro da raça esquimó-americano que ela ganhou de um casal que foi entrevistar em Miami. Kiko foi autorizado pelo comandante do vôo a vir no seu colo, e não no compartimento de carga. Vantagem de quem viaja muito e é amiga dos tripulantes. Várias vezes, por sinal, Glória foi convidada a ocupar lugares melhores no vôo, incluindo a primeira classe.


Disposição de estagiária e salário de 20.000 reais


Glória Maria também chama atenção por sua elegância, que diz ter herdado do pai, Cosme, alfaiate já falecido. Na infância, nunca comprou roupas em lojas. A mãe, Edna, desenhava e os modelos eram feitos na alfaiataria. Hoje segue um padrão clássico, sóbrio e elegante. Traz alguns modelos exclusivos de suas viagens. Gosta de ter, como ela mesma diz, um "look especial". Pegue-se como exemplo o Carnaval, quando todos os repórteres globais são obrigados a usar a mesma camiseta. Nessas situações, Glória apanha uma tesoura e dá o seu toque. As roupas que usa no Fantástico, no entanto, não são dela. A produção do programa seleciona três ou quatro peças e ela decide a que será utilizada.


Glória conta que abandonou também o hábito de ficar comprando lembrancinhas nas viagens. Traz poucas coisas, todas muito especiais. Como tapetes da Turquia e do Marrocos. Na Índia, encontrou exemplares do milenar manual da arte de amar Kama Sutra, desenhados a bico-de-pena, em bazares de beira de estrada. Tem duas mesas com cristais de vários países, que revelam o que chama de seu forte lado místico. Eles estão juntos de estatuetas de duendes que trouxe da Noruega, um dos países que mais gostou de conhecer, seguido da África do Sul e da Turquia. Foi deste último que veio o narguilé que ocupa um lugar de destaque no seu apartamento de quatro dormitórios no Leblon, a duas quadras da praia. O cachimbo usado pelos turcos traz a recordação de que Glória fumou durante quase vinte anos. Chegava a fumar três maços por dia. Desistiu dos cigarros, mas não conseguiu se livrar do hábito de roer as unhas. Glória guarda vinte cadernos com as anotações que faz de cada viagem. Tem uma coleção de quarenta fitas com o material bruto das principais reportagens. "O que vai ao ar é apenas um centésimo do que apuro", conta. Ela pretende escrever um livro com essas experiências quando deixar a televisão. Nunca leva máquina fotográfica, mas tem dez álbuns com fotos das viagens tiradas por seus companheiros.


De tanto viver no ar, Glória pegou gosto e aprendeu a pilotar helicóptero. Mas, ironia, não dirige em terra. Para se locomover em sua perua Tempra, conta com um motorista. O atual, Francis, está com ela há dois anos. "Sou muito desligada", explica. Desligada, só se for fora do trabalho. Na Globo, onde seu salário é estimado em 20.000 reais mensais, todos dizem que ela tem a mesma disposição dos tempos de estagiária. Glória trabalhava como telefonista da Embratel para pagar a faculdade de Jornalismo. Sua melhor amiga, Tânia Ignatiuk Alves, trabalhava no departamento de jornalismo, mas não conseguia se adaptar ao lugar. As duas estudaram juntas, freqüentaram uma a casa da outra, eram inseparáveis. "Nos tempos de escola, ela namorava dois, três ao mesmo tempo", entrega Tânia. "Eu era obrigada a ficar driblando os apaixonados." Quando resolveu mudar de área, Tânia indicou Glória ao seu chefe. Foi um casamento perfeito. Glória se transformou numa repórter de sucesso e está conquistando cada vez mais prestígio como apresentadora. Tânia também está feliz. Hoje é secretária executiva da gravadora Som Livre, o braço musical da Globo. Tânia está atualmente com 48 anos.


ILUSTRAÇÕES MONTALVO


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