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INGRA LIBERATO | JULHO, 1991


A atriz que saiu de Salvador para fazer sucesso em todo o Brasil na pele de Ana Raio conta quais as qualidades que o homem deve ter, como encara a fama e o que acha de transar dentro d'água


POR JÚLIO CÉSAR MORENO E LEONARDO CALDAS


Como um raio, a beleza de Ingra Liberato brilhou na televisão. Decidida a fazer sucesso no mundo dos espetáculos, ela abandonou há três anos sua cidade natal, Salvador, o terceiro ano da Faculdade de Dança na Universidade Federal da Bahia e foi para o Rio de Janeiro. Sem conhecer ninguém na cidade, apostou na sua criatividade e coragem. Inventou uma história segundo a qual trazia documentos importantes de outro ator que estaria sendo contratado pela Rede Globo e, com isso, conseguiu entrar nas dependências da emissora. Lá dentro, fez um teste para ser atriz. Não deu em nada. Ingra, então, começou a trabalhar com teatro amador infantil. Porém, como boa virginiana, não desistiu do seu sonho: submeteu-se a outra bateria de exames na Globo. Dessa vez foi aprovada e passou a integrar, como bailarina, o elenco de Os Trapalhões.


Seus 55 quilos, 1,70 metro, 24 anos, longos cabelos castanhos-escuros e sensuais sardas cativaram o público e ela não saiu mais da telinha. Foi a Tonha da novela Tieta, da Globo, a socialite Madeleine em Pantanal, da TV Manchete, e virou a sereia Telxíope na minissérie O Canto das Sereias, também da Manchete, gravada em Fernando de Noronha — onde encantou Jayme Monjardim, o diretor da minissérie. Ele fisgou a sereia e tornou-se seu marido. No momento, vivendo uma corajosa amazona na novela Ana Raio e Zé Trovão, Ingra viaja pelo Brasil para fazer as gravações — já passou por várias cidades do interior do Rio Grande do Sul, Santa Catarina, São Paulo e Rio de Janeiro. Entre uma cena e outra, a atriz respondeu às perguntas dos repórteres Júlio César Moreno e Leonardo Caldas.





1. Quem é a Ingra fora das telas? Continuo sendo a mesma menina que nasceu e cresceu em Salvador. Sou uma pessoa igual a todas as outras, com os mesmos problemas e alegrias que o restante da população. Meu único sonho era descobrir o que eu realmente queria fazer. Acho que já descobri isso e, agora, pretendo dedicar toda minha vida à carreira artística.


2. Como a garota de Salvador encara a fama da atriz Ingra Liberato? Fazer sucesso nos quatro cantos de um país tão grande como o Brasil não pode ser encarado como uma circunstância normal. Tenho viajado o tempo todo com a equipe de Ana Raio e Zé Trovão e sou reconhecida em todos os lugares aonde vou. Algumas vezes é preciso parar e analisar todo esse reconhecimento proporcionado pela televisão e, então, decidir sobre como administrar a exposição ao público. Continuo indo aos lugares públicos normalmente. Só que agora encontro pessoas que me conhecem por todo lado. É como se, de repente, eu ganhasse vários amigos que não conheço bem mas que sei o quanto me valorizam.


3. É bom trabalhar na televisão? Cada coisa que eu fiz, por menor que tivesse sido, exigiu muito de mim e por isso me ensinou bastante. Sempre tento fazer o melhor possível, independentemente do tamanho ou importância do trabalho. Quando se quer fazer bem-feito, não existem papéis simples ou difíceis. No Canto das Sereias, por exemplo, descobri várias coisas novas. Foi um trabalho experimental em todos os sentidos. Não houve tempo para estudar e elaborar. Foi feito na base da inspiração e intuição.


4. Há muitos comentários de que você começou a fazer sucesso por causa do seu relacionamento com o Monjardim. Isso a incomoda? Se alguém quiser atribuir alguma coisa ao meu relacionamento com ele, tem que ser a oportunidade que tive de mostrar meu trabalho. Mas sucesso ninguém dá, se conquista. O Monjardim entrou na minha vida como um diretor que acreditou no meu trabalho. Depois de algum tempo começou a crescer entre nós um amor nascido da admiração mútua. Atualmente, temos uma relação conduzida com maturidade. Durante as gravações somos apenas dois profissionais.


5. Você se sente desejada? Juro que não sei. Mas é uma reação normal o público fantasiar em cima de alguém que não conhece pessoalmente. É como se existisse um encanto que a falta de contato direto não deixa quebrar nunca. Com isso, recebo muita energia positiva.


6. O que um homem deve ter para te agradar? Ele deve ter bom humor, ser carinhoso e criativo e possuir um bonito olhar.


7. Você já deve ter recebido muitas cantadas. Como é a conquista ideal? Não há nada mais original do que olhar nos olhos da outra pessoa e dizer: "Eu quero você". É uma boa forma de ir direto ao assunto.


8. Como foi sua primeira vez? Foi muito ruim. Quando ainda não se descobriu o prazer, não dá para senti-lo. Mas o sexo é um poderoso elo de ligação com o íntimo das pessoas. Através dele é possível descobrir mais sobre você e o parceiro.


9. Quais são os seus planos para o futuro? Quero começar a trabalhar com cinema. Ainda não tenho uma boa proposta. Mas, assim que aparecer, vou aceitar. Depois, pretendo ser cantora e escritora.


10. O que você, que já interpretou o papel de sereia, acha de transar dentro d'água? Acho que é uma boa idéia. Afinal, os peixes já vêm fazendo isso há muito tempo.


FOTO NANA MORAES


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