Mulheres de Nelson Rodrigues
A requintada Karen, da novela O Dono do Mundo, veste — ou despe
as fantasias femininas do genial escritor brasileiro
TEXTO RUY CASTRO
FOTOS MÁRCIA RAMALHO
A suburbana pudica
"Qualquer mulher é suburbana", escreveu Nelson Rodrigues. grã-fina mais besta é chorona como uma moradora do Encantado ou Dei Castilho." O que tinha a mulher do subúrbio carioca para encantar Nelson? O recato, o pudor — virtudes que, segundo ele, faziam com que, diante do seu homem, essa mulher "subisse pelas paredes como uma lagartixa profissional".
A prostituta vocacional
"A prostituta só enlouquece excepcionalmente", disse Nelson. "A mulher honesta, sim, é que, devorada pelos próprios escrúpulos, está sempre no limite, na implacável fronteira." Nelson Rodrigues achava também que "toda prostituta é vocacional" e que, antes de ser a mais antiga das profissões, a prostituição seria "a mais antiga das vocações". E já existia antes do Paraíso.
A debutante angelical
"Todas as mulheres deviam ter 14 anos", Nelson fez um personagem dizer certa vez. Em seus romances e contos, ele descreveu muitas delas, destroçando corações de homens adultos com seus "quadris voluptuosos de egüinhas frementes". Ele dizia também que a mulher já nasce adulta. O homem, não: "Antes dos 30, eu não sabia nem como dizer bom-dia a uma mulher."
Sentimentos macios
Numa frase, Nelson deixou inequívoco o seu especial carinho pelos gordos: "A banha lubrifica as reações, amacia os sentimentos, amortece os ódios, predispõe ao amor." Além disso, segundo ele, "todo canalha é magro". Era também da opinião de que "os magros só devem amar vestidos — e nunca no claro".
Grã-fina no vestiário
Nelson contou que uma grãfina, virgem em futebol, foi ao Maracanã pela primeira vez e já entrou perguntando: "Quem é a bola? Quem é a bola?" Com cinco minutos de jogo, já era uma verdadeira enciclopédia no assunto. E deve ter-lhe ocorrido a fantasia sensual de, sem ser vista, adentrar o vestiário.
A viúva tentadora
Para Nelson, a viúva devia conservar-se inexpugnavelmente fiel à memória do marido e nunca se casar de novo: "O segundo casamento é o adultério com proclamas, guaranás e salgadinhos." Devia ser por isso que, nas suas peças, as viúvas eram tão tentadoras e apetitosas. O que não impedia que algumas, apesar de viúvas, fossem também honestas.
A deslumbrante Maria Padilha também se rendeu ao fascínio do escritor e dramaturgo que tantos estão descobrindo. Em fevereiro, ela estreou no Teatro Nelson Rodrigues, no Rio de janeiro, a sua versão de A Falecida, com direção de Gabriel Villela. Sua personagem Zulmira, a suburbana que sonha com um enterro de luxo e trai o marido com um vigarista rico é uma espécie de síntese de todas as grandes personagens femininas de Nelson Rodrigues: ela é... Trágica, engraçada — e sensual.
COORDENAÇÃO SELMA SIMBOL PRODUÇÃO FLORISE OLIVEIRA
CABELO E MAQUIAGEM FÁBIO NAMATAME COLABORAÇÃO GRINGO CARDIA
Maria Padilha foi excelente nas fotos. A melhor foto de Maria foi a 8a., em que ela fica de bruços no tapete totalmente nua. Eu amo a bunda feminina.
Que lindo ensaio ❤️
Como são linda elas ..mulheres esse tipo de ensaio..mulheres maduras