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PATRICIA DE SABRIT | JANEIRO, 1994



A Cacau da novela Olho no Olho fala sobre sua estréia na TV,

namoros e sonhos eróticos


POR MARCO ANTÔNIO LOPES

FOTO NANA MORAES


Olhar e corpinho de ninfeta, Patricia de Sabrit, 18 anos, 1,60 metro, 54 quilos, parece uma daquelas meninas que ilustram capas de revistas para adolescentes. Parece. Pois saiba que modelo é a última profissão que a moça escolheria. "Não faz meu gênero", descarta. Filha de Marina de Sabrit, descolada e desbocada socialite paulista, e de família rica, de origens francesa e alemã, Patricia Renaux Chamagne de Sabrit bem que poderia ser, como se costuma dizer, um arroz-de-festa. Também não. "Vivo muito bem sem as badalações", diz ela. Preferiu fazer teatro e tentar carreira como atriz. Hoje, vendo-a atuando, fazendo o papel da simpática Cacau, em Olho no Olho, novela das 7 da Globo, nota-se que a garota tem futuro. Não exatamente por uma atuação impecável — afinal, é o seu primeiro trabalho na TV —, mas pelo carisma e, claro, pela beleza.


A novela não é, porém, a estréia de Patrícia na TV. Aos 4 anos, levada pela mãe, foi estrelar, junto com Angélica — isso mesmo, a apresentadora —, um comercial do refrigerante Fanta Laranja. "Eu era muito desinibida", lembra-se Patricia. Com 12 anos, entrou numa escola de teatro, onde ficou seis meses, e, com 16, fez outro curso, numa high school do Texas, nos Estados Unidos — na época, fazia um intercâmbio. "Deu a louca e fui para lá", recorda-se. "Estudei de tudo e até arranjei um namorado", conta Patricia, que hoje — atenção para a boa notícia — está sozinha.


Em março de 1992, ao voltar para o Brasil, conheceu um produtor de teatro que a convidou para fazer um teste. Em uma semana, já estava com o texto da peça Namoro no Escurinho do Teatro para decorar. Pouco depois de estrear nos palcos, Patricia já chamava a atenção e era convidada para ser a protagonista do seriado O Grande Pai, do SBT. O programa, no entanto, foi tirado do ar pela emissora antes que ela estreasse.


A loirinha continuava, então, no teatro. Ficou em cartaz, em Namoro, até dezembro de 1992, e ainda estrelou, em fevereiro de 1993, Se Você me Ama, ao lado do ator Nico Puig. Na época, conheceu também o ator Felipe Folgosi, que namorou por "uns dois meses e meio". Em junho, finalmente, viria o convite para fazer televisão. Ricardo Waddington, hoje diretor de Olho no Olho, foi quem a chamou. "Encontrei o Ricardo numa festa", conta. "Disse que queria muito fazer TV. Ele deve, então, ter sondado com o Nico e com o Felipe se eu seria capaz de fazer a novela e me convidou." Os dois atores, aliás, estão juntos com Patricia em Olho no Olho. "São grandes amigos meus", ela diz.


Para viver sua personagem, a paulistana Patricia tem passado pelo menos cinco dias por semana no Rio, gravando. Fica na casa de uns amigos da família, na Barra da Tijuca. Ela diz que está "adorando" a vida de atriz de TV. "Só que tenho muito o que aprender", admite. Ela ainda tem outros planos. Assim que terminar o 3º colegial — parou de estudar por causa da TV e do teatro —, vai prestar vestibular para Comunicação. "Gostaria de montar um talk-show", sonha. A garota não pára mesmo. Patricia também faz as vezes de empresária e promoter do restaurante paulistano Julie & Jim, do qual é sócia, junto com sua mãe. "Mas quero mesmo me dedicar à carreira de atriz." Para falar sobre seu sucesso na TV, a atriz-ninfeta recebeu o repórter Marco Antônio Lopes, numa bela casa no bairro do Morumbi, em São Paulo, onde passa os fins-de-semana com a família.





1. Como foi sua primeira vez no vídeo? Um horror. Foi num lugar lindo, com cachoeira e tudo, num dia frio. Eu tinha de entrar na água — a cena era fazer a Cacau nadando. Olha, nunca mergulhei numa água tão gelada, parecia que tinham posto blocos de gelo! Quando botei meu pé, falei: "Gente, vou ter que entrar nessa água?" Eles disseram que sim, claro. Entrei na água e, juro, fiquei uns dois segundos sem respirar! Urggg... [imita uma pessoa congelada, tremendo de frio]. Passei mal, tiveram de esfregar álcool nas minhas veias, e até precisei tomar um pouco de conhaque. Mas a cena ficou boa.


2. Trabalhar com um ator [Felipe Folgosi] que você já namorou atrapalha? Não, a gente até se esquece desse detalhe. É como se nada tivesse acontecido. Nas cenas de beijo, é tudo normal. Numa gravação, pode pintar um clima entre um ator e uma atriz. Às vezes, inconscientemente, a pessoa se sente atraída pela outra. E, ao contracenar, pinta o clima. Tanto é que Felipe Camargo e Vera Fischer, Tarcísio Meira e Glória Menezes trabalharam juntos e acabaram formando casais na vida real. Mas no meu caso, como a coisa já terminou, não pinta mais nada.


3. Cenas de beijo constrangem você? Não... Para ser sincera, só no primeiro beijo, porque eu estava visivelmente nervosa. Foi com o próprio Felipe. Uma situação constrangedora para mim. Quando o pessoal da produção falou "gravando", lasquei direto o beijo. Depois, vi como tinha ficado e achei [enfática] um horror! Nunca tinha me visto beijando. Virei para o diretor e disse: "Não é melhor refazer?" E ele ironizou: "Ih, que é isso? Quer refazer, é?" Bem, no final, as pessoas até acharam bonito. Eu, não.


4. Beleza é fundamental para um ator ou uma atriz de TV? Não pode ser o principal. Acho apenas que ajuda. TV é assim mesmo: o ator, tendo uma certa empatia, não precisa ser tão talentoso. Isso só não vale para o teatro, que exige muito talento, é preciso ser bom mesmo. Há muitos atores — não vou citar nomes aqui — que só têm beleza mesmo, nada mais.


5. Você se acha bonita? [Ri.] A gente tem que se achar bonita, né? Tem dias em que eu acordo e não dá vontade nem de sair de casa. Se tiver gravação, então, penso: "Nossa, hoje eu estou um monstro!" Mas geralmente estou muito satisfeita comigo...


6. Sente-se desejada? Não! [Rindo.] De jeito nenhum... As pessoas olham, mexem... Mas homem é fogo, né? Não pode ficar sem um rabo-de-saia... Na realidade, nunca pensei nisso. Às vezes até me sinto um pouco, sim, mas não é freqüente.


7. Loiras fatais estão em voga. Você faz aquele estilo Sharon Stone, Madonna? A Madonna é muito depravada. Sou mais a Sharon Stone, que cativa muito mais. Mas não sei se é o meu estilo. Não faço um gênero, um jogo para atrair os homens. Eu sou eu. Minha arma de sedução é a espontaneidade.


8. Bem, já que estamos falando de sedução... Na época em que Namoro estava em cartaz, parece que você e as outras duas atrizes da peça estavam sem namorado e diziam que só "ficavam". Você continua só "ficando"? Não, só as meninas "ficavam". Isso não é o meu estilo, prefiro namorar. Aliás [enfática], odeio ficar! Você conhece a pessoa e no dia seguinte nem se lembra mais dela — que horrível! Gosto de relacionamento estável, e longo, se possível. Na época de Namoro eu estava sem namorado mesmo.


9. Seus namoros são todos longos, então... Na verdade, não tão longos assim. Meu "recorde" foi nove meses, quando eu tinha 16 anos, com o André. Schahyn [filho do empresário Schahyn Cury, dono da construtora e corretora de valores homônima, amigo do pai de Patricia, Thierry], que conheço desde pequena. Foi maravilhoso. Já os outros namoros foram de dois, três meses. E os primeiros, ainda mais rápidos — não passavam de dois meses —, porque eu era muito nova e queria namorar o mais bonito, o mais elegante, o que me dava flores etc. Não namorava muito, mas "pulava" fácil de um namorado para outro. Hoje, sou muito mais tranqüila. Antes, sempre sonhava com um "príncipe encantado". Hoje, estou à procura de um namorado, mas não precisa ser, claro, um "príncipe".


10. Como deve ser esse namorado? Acho que tem que ser aquela coisa de bater o olho e gostar da pessoa... Hummm... [Pára para pensar.] Tenho uma tendência para morenos e castanhos. Olhos claros eu adoro. Acho que tem que ser um pouquinho forte, mas sem um corpo escultural. Até 1,85 metro de altura, porque mais que isso fica complicado — afinal, sou pequenininha, né? Precisa ser também carinhoso e honesto, que eu odeio homem que faz joguinho, "doce ". Aquele tipo de pessoa que você tá namorando que diz "ah, hoje eu não vou poder te ver", e depois inventa a maior desculpa e vai sair com os amigos. Detesto isso. E gosto ainda de homens que me dão segurança.


11. Você falou em "joguinhos". Já foi traída ou traiu alguma vez? Traída? Não, pelo que eu sei, não. Agora já traí, sim, quando era menor, no meu primeiro namoro, quando não conseguia parar em um só. Namorei duas semanas e chifrei. Traí esse de duas semanas e já fui direto para o outro, mas com este pelo menos eu fiquei três meses. Não traí por trair; troquei de namorado. Foi superfeio e acho que não se deve fazer isso de jeito nenhum. E contei para o primeiro namorado. Mas não faria de novo. Errar uma vez é humano, duas é burrice. Isso tudo não faz a minha cabeça, é cachorrada.


12. Você é mais assediada agora, que aparece mais na TV? Ah, muito. Na rua é mais tranqüilo. Pelo telefone é que eu recebo mais cantada. Eles conseguem meu número, ligam e são superelegantes. Convidam para sair, mas eu nunca aceito. Quando liga, o cara diz: "Oi, Patricia, aqui quem tá falando é um amigo de um amigo de um amigo de um amigo seu." Você não pode nem desligar o telefone, porque às vezes é até verdade. Digo "oi" e ele: "É, eu soube que você tá aqui no Rio, tá sem sair com ninguém." Ele continua: "Olha, sou carioca, moro aqui. Você não quer sair, pegar um cinema, um teatro?" Outros dizem: "Sou apaixonado por você, realiza meu sonho." Mal-educado, grosso mesmo, só um que deixou recado na secretária eletrônica, dizendo tanta baixaria que não dá nem para repetir aqui.


13. Tem recebido muitas cartas? Graças a Deus, sim. Muitas. No total, recebi umas 85 cartas desde que comecei na TV. É dividido: metade mulher, metade homem. As mulheres dizem que me adoram, que me acham linda. Os homens dizem: "Ah, me sinto muito atraído por você, não porque você seja uma atriz, porque se te visse na rua seria a mesma coisa." [Risos.] Ou: "Você é a primeira pessoa para quem eu estou escrevendo, e, não sei por que, estou apaixonado." Para todos, respondo: "Muito obrigada por admirar o meu trabalho", como se não tivesse entendido nada [risos]. Agora, posso muito bem me interessar por um anônimo. Desde que, por favor, não me venha com aquelas histórias furadas de "sou um amigo de um amigo de um amigo, sei que você está sozinha no Rio etc." [risos].


14. O que um homem tem que fazer realmente para conquistar você? Tem que ser honesto, com ele e comigo, e, sei lá, ser românico, me levar para jantar fora, ir ao cinema, e de repente até fazer um programa simples, como ir ao parque, sentar numa pracinha. Receber flores eu amo de paixão. Um sorriso ou um olhar na hora certa conquistam uma pessoa. Eu mesma já conquistei alguém só com um sorriso. Uma vez, estava num restaurante com um grupo de amigas. Sentamos ao lado de uma mesa de um outro grupo de amigos. Um deles chamou a atenção das meninas da minha mesa. E começaram a falar "ai, que bonitinho" etc. Olhei e o cara realmente fazia o meu gênero — ele me viu e continuou me olhando durante um bom tempo. Jantei com as minhas amigas, numa boa. Na hora de ir embora, passei pela mesa dele e fiz questão de olhar para trás, na direção do cara, e sorrir — bem original, né? [Rindo.] Aí, quando saí do restaurante, ele correu atrás de mim, me segurou e pegou meu telefone. Ligou, nós começamos a sair e namoramos.


15. Vamos mudar de assunto. Sua mãe costuma aparecer em colunas sociais, às vezes até causando polêmica – como numa ocasião em que ela contou que teve sonhos eróticos com o ex-presidente Fernando Collor. Você recebe algum tipo de cobrança por não ter esse estilo? Não há cobranças. Só algumas pessoas que falam: "Olha a socialite, a capa de jornal." É uma ironia que dispenso. Há jornalistas que escrevem nas matérias que eu saí das colunas sociais direto para a TV. Só que eu apareci tão pouco nelas... Não dá nem para dizer que sou uma socialite — embora não considere isso negativo. Vivo muito bem sem esse mundo das colunas. E prefiro que me vejam como alguém que veio do teatro para a TV.


16. Já que tocamos no assunto... Você tem sonhos eróticos? Todo o mundo tem, né? Acho que, pelo fato de eu ser uma pessoa muito "careta" em relação a sexo, meus sonhos são super-light. Depois de assistir a um filme, por exemplo, se há uma cena mais excitante, eu posso me projetar nela depois, num sonho... Tipo Cocktail, naquela cena em que o Tom Cruise tira o calção e a Elizabeth Shue, o maiô. Já sonhei com essa situação, eu ali, com o Tom Cruise [rindo]... Tive também um sonho com um menino de quem gostava, um sonho bem engraçado, mas nada erótico. Foi na época em que eu fazia patinação no gelo e estava apaixonada por ele, um amor bem platônico. No sonho ele me pegava, me abraçava, me beijava, no meio de um rinque de patinação, com aquele gelo todo. Eu acordei apaixonada, satisfeita.


17. Você disse que é meio "careta" com relação a sexo. É muito "careta" mesmo? Nesse aspecto, sou muito tímida. Com o namorado, se ele começar a falar, tudo bem; do contrário, não. É temperamento, mesmo. Educação rígida eu não recebi: tenho uma relação aberta com a minha mãe, converso de tudo com ela. Não tenho nenhum tabu sobre sexo. Só que há coisas de que não gosto, como usar de artifícios para estimular. Por exemplo, ver filmes de sacanagem. Não assisto para não perder o encanto. Mas um filme como O Amante, que é bem feito, bonito, até que é excitante.


18. Há muitas atrizes iniciantes que defendem a virgindade até o casamento. Você também? Não. Estamos quase no ano 2000, né? Quem mantém essa tradição ou tem uma convicção religiosa forte ou não teve oportunidade ainda. Não dá para casar sem conhecer a pessoa sexualmente. Tem que conhecer tudo, incluindo o sexo. Não existe idade para se perder a virgindade: é só você estar certa daquilo que vai fazer. A virgindade significa, pelo menos para mim, algo muito importante. Para perdê-la, você precisa estar muito segura de si, com a pessoa certa e em um relacionamento estável.


19. Você fala por experiência própria? Não teve sua "primeira vez"? Ahhnnn??? [Constrangida.] Não quero falar sobre minha primeira vez. Isso é segredo.


20. Para terminar, gostaríamos muito de saber se você posaria nua para PLAYBOY... Olha, por enquanto, não. Mas, veja, não é um "não" definitivo. Minha opinião pode mudar. Não teria dificuldades, por exemplo, de fazer cenas de nu. É engraçado. Tenho certa resistência em falar sobre a minha intimidade, mas fazer, interpretar, não é complicado. Só acho que sou um pouquinho nova, e preciso ter mais segurança, uma carreira mais estabilizada, para fazer uma cena de nu. Posar, portanto, não seria um problema — não é um bicho-de- sete-cabeças para mim.


PRODUÇÃO BEBEL MORAES CABELO E MAQUIAGEM ELY MORENO


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