top of page

RODRIGO SANTORO | SETEMBRO, 1997



O ator da Globo fala de fãs, ciúme e de providenciais

paradinhas do elevador.


POR GORETTI TENÓRIO NUNES

FOTO NANA MORAES


Ele já foi disputado por Malu Mader, Bianca Byington e Maria Luiza Mendonça num episódio de A Comédia da Vida Privada, em 1996. Namorou Cláudia Abreu em Pátria Minha ( 1994) e não se intimidou ao conquistar uma mulher mais velha, Renée de Vielmond, na novela Explode Coração (1996). E Natália Lage e Betty Lago estiveram em seus braços em cenas apaixonadas de seu mais recente trabalho, O Amor Está no Ar. "Ah, bom", poderão dizer, "tudo isso é só na TV. Vamos ver como ele se sai fora da telinha."


Pois bem. Rodrigo Junqueira Reis Santoro, garotão de 22 anos, 1,90 metro e 78 quilos, não faz por menos quando está fora do Projac, o complexo de estúdios e cidades cenográficas montado pela Rede Globo em Jacarepaguá, no Rio de janeiro. Só que, na vida real, ele prefere não ficar listando nomes. Cuidadoso, reluta, por exemplo, em comentar sua relação com a atriz e modelo Luana Piovani, e só admitiu que estavam namorando dias depois de ter dado esta entrevista. Falando pelo telefone com a editora especial Goretti Tenório Nunes, com quem havia conversado durante 2 horas na sala de imprensa do Projac, parecia eufórico — não sem razão — ao revelar que estavam juntos.


Escapar do estigma "só está na TV porque é bonito" é a meta de Rodrigo Santoro. Em 1993 ele deixou Petrópolis, cidade na região serrana do Rio de janeiro onde nasceu e morava com o pai, o engenheiro Francesco Santoro, a mãe, Maria José, dona de uma loja de roupas, e a irmã, Flávia, 18 anos, estudante de Arquitetura. A intenção em estudar Publicidade na Pontifícia Universidade Católica, na capital, mas já no ano seguinte iniciava sua carreira em Olho por Olho, depois de ter passado pela Oficina de Atores da Globo. Agora, cinema e teatro começam a aparecer em seu currículo: ele participou do curta-metragem Depois do Escuro e tem um projeto para estrear nos palcos no ano que vem.


De quebra, o zelo com a formação profissional vai garantindo a Rodrigo sua independência financeira. "Me sustento desde que cheguei ao Rio", diz, orgulhoso. "Pago meu aluguel [do apartamento em que mora sozinho, no Leblon] . Tenho uma picape Ranger 1996 e um dinheirinho guardado."


O incansável Rodrigo Santoro chega para a entrevista agitado, enquanto negocia pelo telefone celular sua participação em um evento ligado à campanha contra a Aids. Somente depois de tudo acertado ele consegue relaxar. Torna-se então atencioso e falante. Conta que aprendeu com a meditação, que praticou durante muito tempo, a "ficar do lado de fora dos problemas" e a tentar resolvê-los rapidamente.





1. Ser chamado de Brad Pritt brasileiro incomoda? Considero o Brad Pritt um ator muito versátil. E ele é visto corno um cara bonito. É isso que não quero que aconteça comigo. Não é preciso falar que faço um trabalho legal, mas julguem meu trabalho.


2. Que tipo de cena é mais difícil de fazer? Me intimida ficar sem roupa, sem camisa. Se você vai fazer uma cena em que tem uma relação com uma mulher, tudo bem. Mas estar sem camisa sem justificativa eu não gosto.


3. E cenas românticas ou de sexo, você faz numa boa? Mesmo com uma atriz mais velha, como Renée de Vielmond? Afinal, você já namorou uma mulher mais velha... [Enfático.] Não namorei! Tive um... não sei o nome, uma coisa passageira com alguém que não vem ao caso dizer o nome. Foi normal como se tivesse sido com uma mulher mais nova. E, no trabalho, procuro me concentrar e fazer as cenas românticas. Mas não vou dizer que fico completamente à vontade. Com a Renée rolou uma timidez, mas a gente tinha um relacionamento legal, conversava muito.


4. Rola clima nas gravações? Rola quando é pra rolar. Contracenei com a Cláudia Abreu, beijei na boca e não teve absolutamente nada. Com a Renée de Vielmond foi a mesma coisa. Com a Betty Lago e com a Natália Lage, também. Não é beijo de verdade. Você não beija com a língua. Nunca beijei [enfático], nunca.


5. Você está namorando a Luana Piovani? Não. Nós tivemos... Não chamo de caso... [Incomodado.] Tivemos... não sei o nome. [Cinco dias depois, por telefone:] Adivinhe quem estou namorando. A Luana Piovani. Tenho um pouco de medo da exploração da mídia. Ela é uma deusa.


6. O que você faz para conquistar uma mulher? Procuro ver quem ela é, o que a atrai... Sou sincero, sou claro. O importante é saber passar que está atraído por ela sem ser vulgar, sem fazer caras e bocas. Em geral dá certo.


7. Os homens têm ciúme do seu sucesso? Alguns. Uma vez, numa festa em São Paulo, as meninas ficavam gritando por minha causa e os caras ficaram mordidos. Fizeram corinho: "Veadinho [imitando o coro], não tá com nada". Aí comecei a rir: "Podem sacanear. Quanto mais vocês falarem, mais eu vou rir". Pararam na hora.


8. As mulheres tiram uma casquinha quando encontram você? Se você está num tumulto, as meninas às vezes se aproveitam, pegam... A pessoa não faz por mal, mas a vontade é tão grande que acaba arranhando. Uma vez rasgaram minha camiseta. Aí pensei: "Pô, precisa disso?"


9. Você sairia com uma fã? Nunca aconteceu. Tenho contato com fã quando estou trabalhando e não misturo as coisas. Mas se me sentir atraído vou ter um relacionamento, sim. Não tenho preconceito.


10. E também não escolhe lugar, não é? Tem uma história de que você teria transado no metrô. O metrô estava vazio. Rolou [ri] . Essas coisas eu não escolho. Já aconteceu numa praia deserta, no meio do mato... E no elevador, que é clássica: você pá!, trava a emergência, apaga as luzes e tudo bem.


11. Você é fiel? Já fui infiel. Não vou ser hipócrita de dizer que não. A gente já tinha terminado exatamente porque fui traído. Morri de raiva. Peguei o carro, fui pra uma rampa de asa-delta que tem em Petrópolis, chorei, tomei uma garrafa de uísque quase inteira. Aí, na primeira oportunidade, dei o troco. Só que ainda era apaixonado pela menina. Fui infiel com o meu coração.


12. Você gosta de beber? Quando era adolescente, tomei um porre com meu primo, de [cachaça] Velho Barreiro. Mas não gosto de beber. Nem mesmo tomar um chopinho, como aqui no Rio nego toma.


13. E drogas? Já experimentei maconha. Foi normal, mas acho que é uma coisa que pode ou não fazer parte da sua vida. Cocaína, nunca. Acho deprimente. É uma questão delicada falar disso. Essa coisa de ter experimentado maconha e de hoje não fazer parte de minha vida é uma confissão que estou fazendo. Não sou ninguém para julgar ninguém, mas acho difícil ter uma relação tranqüila com drogas.


14. O que você gosta de fazer para se divertir? Gosto mesmo de surfar, de aproveitar o dia. E gosto de cozinhar. Compra-se um vinho, arruma-se um molho de qualidade, uma massa de qualidade. E as únicas coisas de que preciso são duas panelas [ri]. Se estou de bobeira em casa, é uma terapia.


15. Você já declarou que é esquentado. E é de briga? Não, não. Sou esquentado, não uma pessoa estourada. Nunca bati em ninguém. Mas já tomei um tapa. Eu já estava meio revoltado porque tinha sido assaltado dentro do ônibus. Logo na semana seguinte, vi um moleque assaltando uma velhinha. Fui separar, o pivete me deu um tapaço [mostra a orelha esquerda] e fugiu.


16. Você já sentiu vontade de bater em alguém? Já. Um tempo atrás eu estava vindo pro Projac, tranqüilo. De repente, um caminhão atravessou a pista. Eu [imita o som de uma freada] pisei no freio. Desci do carro, fui lá e comecei a esmurrar a porta do caminhão. Se ele não tivesse fechado, eu tinha entrado. Mas tenho certeza de que, se batesse nele, depois ia me arrepender.


17. Você vai participar da campanha contra a Aids. Essa questão o preocupa? Você usa camisinha? Se você está namorando e quer transar sem camisinha, tem de fazer o teste. Quando entrei na Globo, fiz. Depois fiz mais duas vezes. Eu namorava a Cássia [Linhares, atriz que namorou por dois anos]... Ela fez o dela e eu fiz o meu. Mas agora uso sempre. Eu tenho aqui, tenho aqui [vai apontado os bolsos da grande mochila que carrega], no carro, no meu quarto...


18. Há quem diga que o homem não usa camisinha por ter medo de broxar. Já aconteceu com você? Tem isso, sim. Comigo nunca aconteceu. Nunca broxei na minha vida, graças a Deus. Mas tenho 22 anos e não estou livre disso. Acho que acontece quando você fica nervoso. Eu só vou fazer porque estou a fim, estou sempre tranqüilo...


19. Mesmo na primeira vez? Não vou mentir. Eu tinha um certo temor. Principalmente porque era com uma pessoa de quem eu gostava muito, que era virgem também. Eu devia ter uns 14 anos... A gente estava na casa de um amigo, aquela coisa de fim de festa: ficaram os casais, a casa era enorme. Aí aconteceu. Foi supernatural. Depois, pensei: "Nossa, como fiz direitinho!"


20. Você tem alguma fantasia com atriz famosa? Meu sonho é chegar a um elevador e encontrar a Kim Basinger, a Sharon Stone e a Demi Moore. Minha primeira atitude ia ser travar a emergência [risos]. E não ia pedir aula de interpretação, não [risos].


PRODUÇÃO BEBEL MORAES E CRISTINA FRANÇA

CABELO E MAQUIAGEM INEZ BARREIRO


257 visualizações0 comentário

Comments


bottom of page