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SHARON STONE

Perfil


Eu deitei com Sharon Stone


O repórter Bill Zehme, da revista Esquire, relembra o dia inesquecível em que esteve nu com a estrela mais sexy de Hollywood


Quando está nua, Sharon Stone normalmente não usa nada. Como uma mulher nua, ela é conhecida por sua capacidade de ter sexo ou, pelo menos, representar uma mulher nua tendo sexo enquanto está sendo filmada por uma equipe de um estúdio cinematográfico. No entanto, quando está nua, algumas vezes ela não pratica qualquer forma de sexo. Por exemplo: ela gosta de tomar banho sem qualquer tipo de roupa.


Além disso, manteve diversas conversas telefônicas, totalmente nua, sem contar à pessoa do outro lado da linha que não estava usando nada. Quando freqüenta saunas, ela costuma caminhar de um lado para outro — ou então fica sentada contemplativamente —, como veio ao mundo. Infelizmente ela me diz que gosta de dormir vestindo roupas masculinas, mas por baixo desses trajes ela consegue ficar completamente nua.


Certos homens já fizeram amor com ela, completamente nus. Não sei quantos, mas creio ser suficiente afirmar que, provavelmente, foram alguns. No entanto, não acho que ela já tenha ficado nua para fazer amor com qualquer mulher ("Não tenho o mínimo interesse em transar com quem não tem aquilo!", ela disse uma vez). Eu mesmo só cheguei a ficar nu ao lado dela porque ela insistiu, só porque outras pessoas estavam presentes, só porque depois eu poderia contar para todo mundo.


Inteiramente vestidos, nós primeiro almoçamos. Até esse momento, é bom que fique bem claro, nós já havíamos nos encontrado muitas vezes. E nesses encontros nós dois permanecemos completamente vestidos. Sharon Stone tem um jeito especial que faz com que ela nunca esteja com má aparência. Dizem que ela é bonita sempre, embora ela afirme que sempre baba quando está dormindo, o que faz com que seu travesseiro fique umedecido com saliva em muitas manhãs. Em certos dias, ela levanta e veste um roupão de banho. Eu a vi usando um roupão de banho enfeitado com vaquinhas, e ela estava linda. Em geral, Sharon não gosta de acordar, especialmente de acordar cedo para filmar.


Eu a vi usando um roupão de banho enfeitado com vaquinhas, e ela estava linda

"Gosto de dormir doze heras em seguida e acordar só ao meio-dia", revela. "Meu comprometimento com a indústria cinematográfica é mais notável ainda do que parece pelo fato de que sou capaz de levantar minha bunda da cama antes do amanhecer. Ah, eu odeio isso. Quero dizer, odeio, realmente." Mesmo assim, não ingere cafeína pela manhã nem a qualquer hora do dia. Ela faz isso pela segurança dos que estão a seu redor. "Jamais tomarei café", jura dramaticamente. "Jamais realçarei qualquer de meus ânimos. Sei que eu ficaria com um humor intragável. Os danos seriam muito grandes. Na maior parte do tempo, preciso tomar algum tranqüilizante". A xícara de café havia tombado sobre a mesa, porque eu a deixei cair quando me levantei para cumprimentar Sharon Stone num dos nossos últimos encontros, em Las Vegas. Ela finge não notar o pequeno acidente, obviamente já acostumada a tais reflexos nos homens. Sharon está usando roupas simples e seu rosto não tem qualquer maquiagem.


A estrela é mesmo carnívora


"Não costumo sair muito aqui, na colônia de férias do demônio", conta, referindo-se a Las Vegas, onde roda o filme Casino para o diretor Martin Scorsese, em que seu papel é o da mulher torturada de Robert De Niro. Ela já conhece De Niro há anos, desde que fez um teste para o filme Era Uma Vez na América. "Era um papel feito sob encomenda para alguma mulher sem seios", recorda. "Disseram-me que eu não me encaixava no papel porque os meus são grandes. Não é o cúmulo?"


Hoje em dia, naturalmente, seus seios não incomodam ninguém, especialmente quando é vista nua. Dentro de um suéter folgado, Sharon veio se encontrar comigo em um coffee shop holandês, que ela mesma escolheu. Não chego a ficar surpreso quando descubro que ela é carnívora. Sentada à minha frente, ela fica em dúvida entre um hambúrger ou uma fatia de bacon com ovos — que foi afinal sua escolha.


Os homens têm medo dela


"Tudo bem: sou uma comedora de carne", anuncia com ar desafiador. "Será que isso também é politicamente incorreto?" Recentemente, quando a revista Time perguntou se ela usava casacos de pele, Sharon Stone teve uma reação extremada nas horas seguintes. "Liguei para minha agente", conta ela, "e disse que meu nome era Consuela, que eu era a empregada de Sharon Stone, e que era uma empregada negra, mal paga, maltratada pelo marido e em situação irregular no país. Eu disse que Sharon não poderia vir ao telefone porque estava comendo uma carne de vitela e estava tomando uma Diet Coke em um copinho de isopor, deitada sobre um tapete de pele de zebra em frente a uma lareira que estava queimando madeira de lei, e que o telefone celular que eu usava estava me provocando um tumor cerebral enquanto falávamos." Sharon acredita que existem problemas bem maiores no mundo, como os desabrigados e as calcinhas de má qualidade, ou ainda os homens que agem como mexeriqueiros.


Os homens têm medo dela, o que é compreensível. Sharon Stone é selvagem e fala sem rodeios. Muitas vezes, ela parece ser simplesmente maluca. Por outro lado, pode transformar-se em um iceberg numa fração de segundo. Não perde discussões e não tem a mínima complacência com idiotas arrogantes.


"Se encontro alguém que esteja querendo fazer pouco caso de mim, faço picadinho do cara e esfrego a cara dele no chão", ameaça. Eu disse a ela que os executivos de Hollywood a chamam agora de Sharon Stones. "Porque eu tenho os maiores colhões de Hollywood?", suspeita, corretamente. "Eles continuam com medo de mim, não é? Isso é bom. Quanto mais tempo eles ficarem com medo, mais tempo eu manterei meu emprego."


Além do mais, ela sente claramente um grande prazer em atormentar os homens. Sinto-me humilhado agora em admitir que uma vez ela fez com que eu segurasse a sua mão e disparou alegremente pela trilha abaixo de uma montanha, como se estivéssemos num filme infantil. Foi horrível. Num outro dia, fomos continuar a entrevista em um salão de beleza, onde Sharon sorrateiramente subornou urna pedicure para que ela me obrigasse a tirar meus sapatos e lixasse minhas unhas. Com exceção do bem-estar que senti depois que a pedicure fez meus pés, por uns breves instantes tive vontade de morrer. Seria inevitável ela me submeter a outros testes. No entanto, eu jamais poderia ter imaginado que um dos testes seria feito sem roupa! No coffee shop, ela prometeu: "Depois daqui, você irá à minha casa para um tratamento. Vamos passar o dia lá... fazendo coisas."


Percebi um brilho de loucura em seus olhos. Ela deu urna risadinha rouca e perguntou: "Eu ainda estou assustando você?"


"Tire suas roupas e deite-se", ordenou, algum tempo depois, dando-me as boas vindas a seu lar em Las Vegas. Na verdade, seu único lar verdadeiro — além da casa onde seus pais a criaram, em Meadville, na Pennsylvania — está aninhado no alto das colinas de Hollywood. Já estive lá uma vez para um jantar trivial, ao lado de outros convidados, como os comediantes Dennis Miller e Richard LewiOs, a atriz Faye Dunawav e os pais de Sharon Stone, que estavam de visita e que são pessoas sólidas, sérias e perfeitamente normais. Foi seu pai quem primeiro mostrou a ela como usar uma arma.


"Cresci atirando em garrafas de cerveja penduradas em galhos de árvores", revelou-me numa de nossas conversas. Em seu western Rápido e Mortal, lançado no festival de Cannes em maio, ela mata diversos homens de dentes estragados e também Gene Hackman. A estrela parece perfeitamente à vontade empunhando armas, e nos dá a impressão de sentir orgulho em usá-las. Sharon mantêm duas escopetas carregadas sempre ao alcance da mão em sua casa. "Tenho outra arma embaixo da cama", ameaça calmamente. "Se alguém entrar em minha casa, eu mato."


Ela não saca nenhuma arma no saguão de sua casa de Las Vegas. Em vez disso, gesticula em direção a duas mulheres medonhas que estavam na sala de estar — duas massagistas, mãe e filha. Uma armadilha. Nossa carne, ela decide, deve ser surrada simultaneamente, em duas mesas montadas no meio do conjunto de sofás.


"Você vai gostar disso", prevê, maliciosamente, acompanhando-me a um banheiro para que eu tire a roupa e volte enrolado numa toalha. Lamentavelmente, nem posso protestar, pois sinto-me imobilizado por sua força de vontade. Serei forçado a observar seu corpo ser massageado e acariciado por mãos grandes e fortes, não muito diferentes das de Sylvester Stallone em seu recente filme O Especialista, com a única diferença de que eles deram aqueles amassos em pé, embaixo do chuveiro. Juntos, ficaremos nus — mas em camas separadas, cobertos apenas por finos lençóis. Vamos receber aplicação de óleos e loções.


A ex-sogra a chama de cadela


"Imagine que você está na sauna masculina", sugere ela, antes de sumir atrás de uma porta para tirar sua roupa. Não dá nem tempo para tentar isso, porque minha mesa desmonta no momento em que me deito nela, jogando-me no chão, nu e envergonhado. Felizmente ainda estou sozinho quando isso acontece. Apenas o gato da casa, Octavio Boxer, testemunha o incidente — mas ele já passou por coisas piores, especialmente há pouco tempo, quando foi castrado por ordem de Sharon Stone. "Como vingança, ele fez cocô na minha cama, em mim e na minha maleta de maquiagem", lembra Sharon.


Historicamente, os machos da espécie humana também passaram por experiências intensas ao lado da atriz. Desde que me encontrei com ela, antes do lançamento de Instinto Selvagem, o filme que a tornou famosa, tenho visto homens entrarem e saírem de sua vida. Naquela ocasião, havia um banqueiro especialista em investimentos, logo seguido pelo músico Dwight Yoakam, depois houve um período de abstinência e um envolvimento com um cara chamado Christopher Peters, filho do magnata Jon Peters e da atriz Lesley Ann Warren. A respeito deste último, ela agora declara:


"Cometi um erro abandonando Chris. Ele foi o meu amigo mais bonito, mais gentil, mais delicado, mais caro e sincero. Não creio que ele tivesse sido o grande amor de minha vida, mas foi certamente uma opção mais saudável do que as que fiz em seguida."


O que aconteceu a seguir reforçou, talvez imerecidamente, sua reputação de ser uma femme fatale profissional. Tudo começou com Invasão de Privacidade, um filme de má qualidade sobre voyeurismo e nudez. Durante as filmagens, ela se envolveu emocionalmente por um dos produtores, um homem chamado Bill MacDonald, que havia acabado de se casar com uma mulher chamada Naomi Baka. Sem perda de tempo, Bill abandonou Naomi para ficar com Sharon. Naomi procurou então jornais sensacionalistas e acusou Sharon de ser uma destruidora de lares. Em pouco tempo, Bill deu a Sharon um antigo anel de família que pertencera à sua mãe, como presente de compromisso.


O roteirista Joe Eszterhas, que havia escrito os roteiros de Instinto Selvagem e Invasão de Privacidade e que apresentara Bill a Sharon, tomou a si a responsabilidade de consolar Naomi, chegando inclusive a engravidá-la. Então abandonou a própria mulher, com quem já estava casado há 24 anos, para se casar com Naomi.


Meses depois, Sharon e Bill foram a Tucson, no Arizona, para filmar Rápido e Mortal, e ali o romance entre os dois terminou. Bill foi embora, retirou suas roupas da casa de Sharon em Los Angeles e recebeu o antigo anel de compromisso pelo correio. A mãe dele deu uma entrevista coletiva em sua casa, referindo-se a Sharon Stone repetidas vezes como "aquela cadela".


Sendo massageada, rosto para baixo em sua mesa resistente, Sharon resolve falar um pouco mais de seus problemas amorosos. "Lembro-me daquele período como se eu estivesse dirigindo meu carro em alta velocidade e resolvesse tirar as mãos do volante", suspira por um instante. Mas em seguida ela se agita ao meu lado e parece excitada.


Madonna quis beijá-la na boca


— Ah, veja, é sua bunda!


Ela está se referindo à minha. A filha massagista havia me pedido para virar de bruços, o que eu fiz, por baixo de meu lençol, inteiramente protegido.


— Ei, ei — grita Sharon —, eu vi sua bunda!


— Não viu coisa nenhuma — protesto.


— Vi, sim — insiste ela.


A massagista tenta me acalmar:


— Não sei como é que ela poderia ter visto.


— Ei, ei, ei — cantarola Sharon.


Pensando rápido, eu digo que também tinha visto a dela.


— Quem ainda não viu? Qualquer um com 7 dólares no bolso pode ver minha bunda, cara.


Digo que estou vendo a bunda dela. "Qualquer um com 7 dólares no bolso pode ver minha bunda", responde Sharon

Sua vitória paira no ar, absoluta. Mas Sharon Stone logo muda de tom, para mostrar que as coisas nunca são tão simples. "Na verdade", diz, "sinto que eles não chegaram a ver minha bunda. Aquela bunda pertence a personagens fictícios, sabe?"


Esse auto-ilusionismo é essencial na vida de uma atriz. Hoje, no início do dia, por exemplo, uma garota se aproximou de nós na coffee shop e perguntou se ela era Sharon Stone.


"De jeito nenhum", respondeu, acrescentando com carinho, "todo mundo me pergunta a mesma coisa, mas obrigada". A garota foi embora. Naquele momento Sharon confidenciou-me: "Não tenho permissão de dizer quem sou quando estou sozinha na rua. E uma questão de segurança, para evitar que uma verdadeira multidão de fãs se aglomere a meu redor e não me deixe ir embora. E, além disso, algumas vezes eu não sou realmente ela."


A despeito do fato de já ser ela há 37 anos, Sharon Stone ainda luta com seus problemas de identidade — e freqüentemente perde. "Eu não me pareço com o mito que sou", disse-me, pensativa. "Nunca me pareci. Acho que me pareço mais agora, quando sinto que estou crescendo em mim mesma. Dizem que durante a primeira metade de nossas vidas nós temos o rosto com que nascemos, então na segunda metade de nossas vidas temos o rosto que merecemos. Acho que estou chegando nessa segunda metade."


De todo modo, suspeito que Sharon se preocupa menos com seu rosto do que com outras partes do corpo. Quando pergunto isso, descubro que os lugares onde ela se sente mais sensual são as partes de trás de seus joelhos. "Você sabe, aquelas partes macias", explica. "Eu gosto de dobrinhas — minha nuca, a parte interna dos cotovelos. Aquelas dobrinhas, mmmmmmmmmm."


Os seios também a interessam bastante. Chega a admitir que sentiu uma grande curiosidade em ver o filme Assédio Sexual, em que Michael Douglas dessa vez transa com Demi Moore e não com ela. "Disseram-me que ela está com os seios muito grandes. Na verdade", acrescenta com uma pontinha de arrogância, "esse foi o único comentário que ouvi a respeito do filme."


Pelo fato de ser atualmente o grande mito sexual do cinema, Sharon Stone sempre fica feliz ao ver suas colegas exibindo uma sensualidade em estado natural, só para ter companhia. Sharon se lembra de uma foto recente de Jodie Foster publicada por uma revista e comenta: "Eu sabia que ela havia se transformado numa mulher! Fico muito emocionada em vê-la florescendo daquele jeito. Acho uma tremenda besteira tentar esconder isso. Eu não quero experimentar minha força rivalizando com o comportamento masculino. Acho que foi justamente aí que o feminismo se deu mal."


Enquanto estava filmando Instinto Selvagem, por exemplo, Sharon levou uma arma para o estúdio e advertiu o diretor de fotografia, como uma forma de assegurar que ela iria aparecer sempre deliciosa no filme. "Se eu vir 1 grama de celulite na tela", disse, "você é um homem morto".


"Se eu vir 1 grama de celulite na tela, você é um homem morto", disse ela ao diretor de fotografia

São preocupações como essas que traçam um paralelo contínuo entre Sharon Stone e o outro grande mito sexual americano do final do século, a cantora Madonna. Embora haja muitas diferenças entre elas, as duas mulheres compartilham o mesmo estilo impetuoso, bem como um sombrio fascínio mútuo. É interessante notar que seus caminhos ainda não se cruzaram, embora no ano passado as duas tenham se encontrado durante um jogo de basquete em Miami. Madonna estava com o ator James Woods e sentou-se do outro lado da quadra, em frente a Sharon Stone. No dia seguinte, Woods contou a Sharon que a cantora disse que gostaria de procurá-la para dar-lhe um beijão na boca. Nesse ponto a atriz conta que sentiu um arrepio. "De jeito nenhum", reagiu. "Meu Deus do céu, por quê? Porque devo ser a única com quem ela ainda não fez isso? Eu deveria dizer: 'Desculpe, Madonna, você poderia por favor tirar esse salame do meu rosto?' Droga, eu não consigo entender essas coisas."


Sharon sorri e me dá uma faca


Agora, com a pele cor-de-rosa de tanto ser esfregada na massagem, ela se levanta, enfia seu roupão enfeitado com vaquinhas, me dá um sorriso travesso e manda que eu me vista. Em seguida, me passa um avental e me convida para ir preparar comida com ela.


"Sou uma cozinheira terrível", previne. Mas eu já sei disso há algum tempo, desde que conversei com alguns homens que a conhecem bem. Geralmente, quando querem notícias dela, a primeira pergunta deles é "Ela ainda está cozinhando?"


Nós dois juntos na cozinha estamos nos preparando para fazer alguns biscoitos de chocolate e nozes, que ela pretende servir amanhã à equipe de filmagem. Para criar um clima, Sharon põe um disco de Miles Davis no toca-discos. "Você vai picar as nozes", determina. "Isso é trabalho de homem." Pergunto se não era justamente essa a especialidade dela. Sorri e me dá uma faca. Começo a picar de uma maneira que não a agrada.


Ela lava as roupas do namorado


"Você está cortando em tamanhos muito grandes!" reclama, tirando a faca de minha mão. "Corte em pedaços menores?", ordena, demonstrando como devo fazer, enquanto prende o telefone sob o queixo, dizendo para a pessoa do outro lado da linha: "Ele está picando as nozes pra você, querido." Ela conversa com o homem por quem está apaixonada há mais de um ano, e que entrou em sua vida em Tucson assim que MacDonald perdeu o posto. Entre suas responsabilidades profissionais como assistente de produção no filme Rápido e Mortal, Bob Wagner devia pegar Sharon Stone em seu carro e levá-la ao estúdio todas as manhãs. De vez em quando, eles chegavam muito atrasados.


"Bob não se interessa muito pelas luzes da ribalta", revela. Na realidade, ele é um rapaz trabalhador, quase dez anos mais moço que ela, com uma barba rala no rose um jeito simpático. Sharon costuma vestir os suéteres dele quando os dois dormem juntos. Ligando do estúdio de filmagens de Casino, em que trabalha como diretor-assistente de Martin Scorsese, Bob não fica surpreso ao saber da história das massagens. Sharon me passa o telefone para que eu possa falar com ele.


"Finalmente achei a outra metade da minha maçã", me garantiu ela em outra ocasião. "Ele é tão maluco quanto eu. Nós dois temos personalidades inconstantes, o que nos dá muita compaixão mútua".


Antes de desligar o telefone, ela diz suavemente a ele: "Sinto muito por você estar tendo um dia que mais parece um pesadelo... Eu também amo você".


Coerentemente, em todos os cantos da cozinha e grudados na geladeira havia vários bilhetinhos de tipo "eu te amo", escritos tanto por ele quanto por ela. Eles parecem ser um casal ideal, em cujo relacionamento um procura retribuir tudo que o outro faz: ela lava as roupas dele, e ele deixa que ela tome conta do controle remoto da TV.


Sharon Stone despeja manteiga líquida na mistura, eufórica: "Sou uma artista com a manteiga!" E me chama para ajudá-la no preparo dos biscoitos. Em seguida, enrola pequenas bolinhas de massa, que espalha em formas de alumínio. De vez em quando espanta o gato, que parece faminto e vai e volta, sempre esperançoso. "Ele não se importa em ser rejeitado, desde que eventualmente consiga alguma coisa", comenta Sharon, acrescentando sem perda de tempo: "Exatamente como os homens!".


Mais tarde, experimento a bolacha dela, que surpreendentemente está quente, rica e muito úmida. Então ela deixa que eu guarde meu avental como lembrança, provavelmente porque lavei toda sua louça. "Poucos homens chegaram a ganhar um avental de mim", reconhece, com má vontade.


Hoje, mantenho aquele avental escondido em uma gaveta. Ocasionalmente, quando olho para ele, penso nela — e sinto um arrepio de medo. Naturalmente Sharon Stone não entenderia essa minha reação, porque ela não sabe o que é medo, a não ser quando se trata de aranhas.


"Sou uma pessoa que nunca entra em pânico", revela. "As pessoas nunca me apavoram. Se alguém apontasse uma arma para mim, isso não me assustaria tanto quanto o fato de eu ficar em casa sozinha, acordada até tarde, com minha própria arma. Você entende o que estou querendo dizer? Tenho mais medo de mim mesma. Alguém me disse certa vez que tenho uma mente que é mais ou menos como um bairro barra-pesada — eu nunca deveria entrar lá sozinha".


Uma vez, há muito tempo, um homem apontou uma arma para a cabeça dela em um supermercado de Beverly Hills. Ele usava uma máscara de esquiador. O homem a agarrou na fila do caixa e gritou: "Se alguém se mexer eu estouro os miolos dela!" Ela não se apavorou. Um outro homem entrou na loja para comprar mantimentos, sem perceber o que estava acontecendo, e acabou assustando o pistoleiro, que largou Sharon Stone. Ela afastou-se calmamente da fila do caixa. "


Eu praticamente rolei pelo corredor e fui me esconder atrás da gôndola de refrigerantes", recorda. Em seguida, foi engatinhando até os fundos da loja, até o frigorífico, onde pegou um telefone, ligou para os policiais e saiu caminhando tranqüilamente pelo corredor.


"Mantive a calma", diz, sorrindo. Naquele dia, Sharon fez suas compras de alimentos em outro supermercado. À noite, ela não perdeu o sono. Possivelmente, dormiu nua.


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