TATI ZAQUI | JULHO, 2015

Azul é a cor mais quente

Seu nome é Tatiane Zaqui Ferreira, mas pode chamá-la de polêmica. MC Tati Zaqui estourou no cenário musical com o hit Pararatibum, funk cheio de malícia com um refrão que parodiava a melodia da música Heigh-ho, do filme Branca de Neve e Os Sete Anões. A música passou a ser tocada no Brasil inteiro, viralizou na internet (o clipe da faixa teve mais de seis milhões de visualizações), passou a fazer parte do repertório de shows de artistas que iam de Anitta a Aviões do Forró. Mas a MC se viu no olho do furacão quando a Peermusic Edições Musicais, detentoras dos direitos sobre a canção do filme da Disney, proibiu a execução do Pararatibum em rádios, programas de TV e vídeos no YouTube.

Passado o baque, Tati Zaqui continuou a produzir música e a tocar seus shows pelo Brasil. Não sem ter que enfrentar mais algumas polêmicas: seus novos hits, cheios de letras picantes, coreografias ousadas e liberdade feminina causaram estranheza no mundo do funk de São Paulo, espaço dominado por homens. “Essa mina tá provocando”, pensaram eles.

A nova provocação de Tati Zaqui aconteceu quando ela, surpreendendo a todos, e decidiu posar nua para a PLAYBOY. Seu visual exótico, seu corpo mignon, seus cabelos azuis, piercings e várias tatuagens fogem totalmente do padrão de mulher que costuma estampar as capas de revistas masculinas. Mas a surpresa não foi apenas para o leitor da PLAYBOY. Por causa dos ensaios, alguns seguidores da cantora passaram a atacá-la nas redes sociais. Tati, que não costuma levar desaforo pra casa, reagiu com um desabafo no Facebook: “Julgar livro pela capa é muito fácil, nudez não é sinal nem motivo para o desrespeito”.

E assim, nesse vai-e-vem de polêmicas e ousadias, a Mina do Funk chegou à capa da PLAYBOY. Para combinar com o estilo fora do comum da Tati, a revista não poderia escolher outro fotógrafo senão o premiado (e nada convencional) Klaus Mitteldorf. Conhecido por capturar fotos com cores exuberantes, ângulos inusitados e o uso de formas geométricas, Klaus sempre cria um clima psicodélico, onírico, surpreendente.

O ensaio começou a tomar forma no início de junho. Tati, Klaus e toda a equipe de produção da revista embarcaram em uma van, de madrugada, para a Fazenda Vale da Alegria, em Guararema, distante cerca de 100 quilômetros de São Paulo, mesmo local onde o fotógrafo clicou o ensaio da atriz Roberta Foster, em janeiro de 2006, seu último trabalho para a revista. Depois de duas horas de viagem, os trabalhos foram iniciados.

Tão logo chegaram à fazenda, Tati largou o boneco Chucky, seu companheiro inseparável nas redes sociais e também durante a viagem, e foi preparada pela equipe de maquiadores, usando cosméticos azuis. Franklin David, parceiro da revista, trouxe o longo aplique de fios azulados que a funkeira usou nas fotos. Em uma pequena barraca à beira da piscina foram colocados todos os acessórios e figurinos que seriam usados durante o ensaio.

Apesar de ter uma fazenda como locação, Klaus decidiu explorar pouco o verde natural do local, preferindo trazer para o ensaio referências que exaltassem o azul, cor-símbolo da estrela do mês. Assim, foi montada uma grande estrutura com um piso forrado por uma imensa lona plástica azul e um painel composto por celofane e dezenas de sacos de lixo azuis.

O que poderia parecer estranho à primeira vista, sob as lentes de Klaus ganhou um toque de beleza e surrealidade: os sacos de lixo balançando no vento criaram um efeito que lembrava as ondas do mar. Também foram produzidos outros cenários, com fundo de estampas de frutas tropicais, um segundo com desenhos de morangos e, além de tecidos com aplicações de flores e celofanes coloridos sobre a grama, onde a cantora exibiu seu corpo nu.

As instalações montadas na fazenda do fotógrafo Klaus Mitteldorf marcaram as várias fases do ensaio, onde tivemos desde uma Tati com uma faceta mais refinada, posando com joias e um casaco de pelos azuis até os cliques que têm inspiração no universo dos games e mangás, além das belas imagens onde a musa do funk paulistano posa com uma pegada mais natural, como na imagem em que aparece jogando os cabelos azuis no muro de folhas verdes, criando um incrível contraste de cores ou na desafiadora foto em preto e branco em que mostra os dedos médios, sentada em um vaso de louça em meio às arvores.

Apesar de o ensaio ter como base a atmosfera erótica do filme Azul É a Cor Mais Quente (que também emprestou seu título à abertura da matéria), os mangás japoneses e outros elementos da cultura pop são as referências mais marcantes, como a personagem ‘Jinx’, do game ‘Leagueof Legends’, com suas longas tranças azuis e a heroína dos quadrinhos ‘Tank Girl’. A história dos Sete Anões e sua mina de diamantes, que fizeram a fama da Tati Zaqui, também aparecem no ensaio, discretamente representados pelo diamante azul com que ela esconde seu sexo em uma das mais belas fotos do ensaio.

O ensaio foi produzido em dois dias e nem o tempo ruim que ameaçou os trabalhos, conseguiu atrapalhar a produção. Lá fora o tempo prometia chuva, mas com Tati Zaqui tudo ficou azul. Literalmente!

DIREÇÃO DE ARTE ANTONIO CASTRO PRODUÇÃO EXECUTIVA MAÍRA MIRANDA FILOGÔNIO STYLING GEORGIA MARTÍNEK BELEZA PAULO ÁVILA ASSISTENTES DE FOTOGRAFIA OTÁVIO ARCHILLA HROMADA E VICTOR RAMOS ROCHA PRODUÇÃO DE OBJETOS FRANKLIN DAVID TRATAMENTO DE IMAGENS MARISA SHER