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TIAGO ABRAVANEL | MAIO, 2012



O ator que vive Tim Maia no teatro conta que beijo técnico é balela,

diz quando fumou maconha pela última vez, fala da cabeleira

do avô Silvio Santos e alimenta nosso sonho de ver sua tia Patricia Abravanel na PLAYBOY


ENTREVISTA RICARDO ARCON FOTO VICTOR AFFARO





1. No musical Vale Tudo, em cartaz em São Paulo, você mostra ótimo entrosamento com as atrizes que interpretam ex-casos do cantor Tim Maia. Beijo e ralação de coxa em cena dão tesão? Dão! Algumas vezes tive de me controlar mesmo. Contracenar com Lilian Valeska [intérprete de Janete, um grande amor de Tim] é excitante. Bate o lado do Tim safado, o meu também... Meu pai ficou chocado quando viu o espetáculo. Falou: "Tiago, você beija de verdade!" Ora, as pessoas estão ali assistindo de verdade. Se o personagem tiver de matar alguém, não vou matar, mas beijo a gente aproveita. Beijo técnico é balela! Inclusive meto a mão na bunda da Lilian, profissionalmente falando. Tem de ser assim para rolar química no palco.


2. Depois da fama, apareceu muita "Maria Coxia" querendo transar com você? Tim Maia dizia que o problema do gordo é que, se ele beija, não penetra, e, quando penetra, não beija... [Riso.] Essa fala não se encaixa em meu perfil, apesar dos meus, sei lá, 115 quilos. Consigo fazer as duas coisas ao mesmo tempo. Quanto a "Marias-Coxia", as pessoas vêm dando em cima, sim. Parece que mamãe passou açúcar em mim. Mas ainda não rolou nada com fã.


3. Segundo a biografia escrita por Nelson Motta na qual o musical é baseado, Tim Maia teve inúmeras experiências com prostitutas e perdeu a virgindade com uma feiosa "que dava para todo mundo". Como foi a sua primeira vez? Eu tinha 14 anos. A primeira menina que beijei foi a primeira que namorei, amei e a primeira com quem transei. Acho poético isso. Com prostituta, nunca transei. Uma vez fui a um puteiro fazer laboratório para o musical Miss Saigon, mas não rolou nada.


4. Eu soube que às segundas-feiras você não fala nada a fim de poupar a voz. Já rolou um "sexo mudinho"? Sexo mudinho? Muito bom! [Gargalhadas.] Ainda não rolou oportunidade, mas acho que agora vou programar um. De segunda não falo nada mesmo. Recentemente nasceu um primo meu, fui lá ver, encontrei familiares, meu avô, mas nem "oi" eu dei.


5. É verdade que um dia, depois de um ensaio, você invocou Tim Maia e o finado respondeu? Sim. Eu estava em casa, estudando, e pensei alto: "Nossa Senhora, que responsabilidade fazer você, hein, seu Tim?" Aí escutei um som vindo da janela [Tiago imita com perfeição a voz do cantor carioca]: "Segura, meu querido". Acredite quem quiser.


6. Desculpe, mas você tinha fumado um "baurete" [nome usado por Tim para se referir à maconha, droga da qual era usuário]? Não. [Risos.] Maconha não é uma coisa do meu uso. Muita gente pergunta se fiz laboratório para entender o personagem. Mas, nessa parte, não. já fumei maconha, experimentei, mas não faço apologia nem tenho preconceito com quem fuma.


7. Mas, se pintar um baseado para você... Não é como comer um salgadinho. Tenho de estar a fim. E, como raramente isso acontece... Mesmo porque nunca fiquei muito louco de maconha. Já fiquei louquinho, engraçado. A última vez que fumei foi com amigos na praia, no Rio de Janeiro. Faz uns sete meses.


8. Já usou cocaína ou outras drogas "mais pesadas"? Você e seu avô conversam sobre drogas? Nunca provei nada do tipo. Não tenho coragem. E eu e meu avô nunca falamos disso. Mas acho que, depois de assistir ao espetáculo, ele talvez me pergunte. De tanto ouvir termos como "baurete" e "triátlon" [nome dado por Tim à maratona que promovia de uísque, cocaína e maconha].


9. Você não passou no teste para viver Tim Maia no cinema. Ao analisar o próprio sucesso, não olha no espelho e diz: "Esses caras que me reprovaram são loucos"? Não acho absurdo o que aconteceu. É uma questão de linguagem. Acho que no cinema é mais real. O fato de eu não ser negro talvez tenha sido um agravante. E o teste para o filme ocorreu antes de a peça estrear.


10. Como você se sentiu quando, em 2006, foi reprovado para atuar em A Flauta Mágica, peça produzida por sua mãe? Fiquei mal. No subconsciente achava que ia passar por ser filho da produtora. Achei realmente que ali estava mais fácil para mim, apesar de saber que tinha de estudar, me preparar... Sempre fui educado para correr atrás das coisas, do contrário não estaria lá fazendo o teste. O fato é que não passei. Foi um desses tapas na cara que a vida dá.


11. Você estará na próxima novela das 9 da Rede Globo. Chegar ao horário nobre sem precisar passar por Malhação é motivo de orgulho? Não por isso... [Risos tímidos.] Faria meu trabalho da mesma forma se fosse Malhação, novela das 6, das 7... O grande orgulho é entrar na Globo pelo mérito, por causa do meu trabalho. Estou feliz por eles acreditarem em mim como artista.


12. Trabalhar na Globo é o sonho de dez em cada dez atores brasileiros? Não sei se é sonho, mas duvido que um ator não vá para a Globo se receber um convite. E ela é o maior meio de difusão do nosso trabalho. Outro ponto é o respeito que eles têm. Porra, é uma empresa que investe nisso, procura fazer coisas com qualidade. Hoje a teledramaturgia do Brasil é respeitada no mundo todo por causa, principalmente, do trabalho que a Rede Globo faz.


13. O fato de a emissora do seu avô não investir tanto nessa área lhe causa algum tipo de frustração? Causa no sentido de que dá para fazer. O SBT já produziu grandes novelas, como Éramos Seis, com bom material, bons atores. É uma questão de acreditar. Mas meu avô acredita muito mais em programa de auditório, no show. Novela para ele pode ser mexicana que as pessoas vão consumir.


14. A Sua estreia na teledramaturgia se deu no ano passado, em Amor e Revolução, no SBT, mas você saiu da novela logo no começo. Por quê? Li que ficou chateado com os horários de exibição. Eu ia enlouquecer se ficasse gravando a novela e ensaiando a peça Vale Tudo ao mesmo tempo. Esse foi o motivo. Chateado fiquei um pouco porque não existia um horário fixo para a novela. Eu me sentia com o trabalho prejudicado, pois o público não sabia a que horas ia passar a novela. Isso foi bem no comecinho, depois melhorou.


15. Você prefere seu avô com o cabelo grisalho ou acaju? O acaju está muito ligado à figura dele como artista. É seu cabelo original, digamos. Mas acho que o grisalho acabou sendo uma forma de ele mostrar às pessoas que não é mais o Silvio Santos que começou. Os fios brancos têm a ver com seu atual momento de vida. Enfim, o mais marcante é o acaju, mas o grisalho traz um simbolismo importante.


16. Como é a relação de vocês? Não tem esse negócio de almoçar todo domingo, de se ver ou falar semanalmente. Mas, embora a gente não seja tão próximo, a relação é muito boa. Ele sempre quer saber o que ando fazendo. É muito louco conversar de teatro com meu avô. Ele não consegue entender, por exemplo, por que os atores se matam para cantar ao vivo se podem dublar. Eu digo: "Vô, não é igual a novela mexicana. As pessoas querem ver o ator cantando de verdade no teatro".


17. Ele paga as suas contas? Joga aviãozinho de dinheiro nos encontros de família? Imagina! Nunca teve isso de ele pagar conta. O dinheiro dele é dele. Meu avô nos ensinou a conquistar as coisas com nossas próprias pernas. Nada veio de mão beijada.


18. Quem faz a melhor imitação de Silvio Santos? Um amigo que trabalhou comigo imitava sua voz de maneira impressionante. Um dia, na minha casa, ele fez aquela voz e minha mãe achou que meu avô estivesse lá. Na TV, acho muito legal a do Ceará, do Pânico, embora aquilo não seja um retrato fidedigno, e sim caricatural. É a imitação mais carinhosa.


19. Qual é a melhor coisa de ser neto do Silvio Santos? A pior, já sei, foi ter de fazer comercial da TeleSena. [Risos.] De jeito nenhum! Gravar comerciais faz parte do meu trabalho. A pior coisa é as pessoas acharem que sou apenas neto dele, e não um artista também. Tenho muito orgulho não só do artista que me inspira, mas do ser humano que ele é. Um homem corajoso. A melhor coisa de ser neto do Silvio Santos é simplesmente o fato de ele ser meu avô.


20. Sua tia Patricia Abravanel, filha número 4 do Silvio, não quis ser entrevistada neste espaço. Acha que ela só topa sair na PLAYBOY se for na capa? Acho que não. [Risos.] Minha tia se diz puritana, religiosa. Sei lá, talvez seja preconceito dela. Mas acho que todo mundo tem um lado devassa. Ninguém é 100% santo na vida. Não querendo causar uma briga familiar aqui...


PRODUÇÃO EXECUTIVA LUITHA MIRAGLIA

ASSISTENTE DE FOTOGRAFIA GUILHERME DE ALMEIDA


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