VIVI. OLHAR, BELEZA E SEDUÇÃO
Por Dudu Bertholini
O olhar da Vivi é matador. É como se ela carregasse espingardas nos olhos. Na primeira vez em que trabalhamos juntos, há quase dez anos, ela era apenas uma menina e já tinha um jeito muito especial, que a diferenciava das outras modelos. Uma maneira de encarar a câmera que era só dela. Sou privilegiado por acompanhar a transformação dela em uma mulher fantástica. Ela é corpo, beleza, presença, sedução, força, malícia. Ela se movimenta como poucas. Tem uma capacidade semiótica que vai da ponta dos dedos dos pés até o último fio de cabelo.
Tudo é muito longo na Vivi. O pescoço, os braços, as pernas. E é curioso, porque ela é uma gigante ao mesmo tempo delicada, nunca deixa de ser leve mesmo sendo uma mulher com proporções tão únicas. Ela é camaleônica. É hilária. Como estilista, sempre busquei mulheres voluptuosas, cheias de personalidade. E é impressionante como ela sempre se destacou, me surpreendendo com o que eu nem sabia que queria. Não é à toa que ela é a modelo que mais abriu e fechou desfiles para mim.
Tenho uma relação afetiva muito forte com a PLAYBOY. Cresci com meu pai colecionando a revista, e quando soube que a Vivi estaria na capa, tive certeza de que foi a escolha perfeita. Existem algumas capas clássicas na revista norte-americana, com grandes divas da moda e supermodelos como Kate Moss, Stephanie Seymour e Cindy Crawford. Não tenho dúvida de que a Vivi tem tudo para ocupar esse Olimpo tão exclusivo das top models que marcaram época estrelando o ensaio de capa da PLAYBOY.
FOTOS
ANDRÉ PASSOS
O DESPERTAR DO CISNE
Atravessar o corredor da escola às vezes era tão difícil quanto desfilar com um vestido de alta-costura na Dior. Bem antes de ser eleita por John Galliano como musa de suas coleções, eu já era grande – a mais alta da classe, inclusive entre os meninos. Sou descendente de alemães e poloneses, e fui criada no interior do Paraná. Cresci em volta de mesas fartas de pães, massas e geleias, e ainda assim sempre fui a mais magra da família.
A história não é tão nova assim. O patinho feio que em algum momento é descoberto em algum canto do país. De Olívia Palito passaram a me chamar de top model. Minha trajetória, já que tenho a chance de contá-la aqui, tem momentos de maldade típica dos adolescentes. Aos 12 anos, logo que as colegas da escola descobriram que eu havia sido convidada para ser modelo, achavam irreal e comentavam como algo absurdo. Choviam apelidos! Caramba, como as pessoas conseguem ser cruéis desde cedo!
Desfilei para Chanel, Louis Vuitton e Hermès, entre muitas outras, e me chamavam de sensação do mercado fashion. Muitos não acreditavam aonde a "menina feia" havia chegado. Assistiam, pasmos, ao despertar da mulher que até então adormecia em mim. Preferia ouvir meu coração, e não o que os outros diziam. Por vezes, saía de casa certa de que não passaria em determinado casting, e nesses dias realmente não passava. Não adianta, a gente acorda e sabe: beleza e sensualidade vêm de dentro. Isso é um estado de espírito, e não há nada mais lindo do que se sentir confiante. O patinho feio agora é capa da PLAYBOY.
Não acredito no tal "padrão de beleza". Ninguém tem a obrigação de agradar, e muito menos de ser "a gostosa". O meu borogodó é o que agrada o mercado da moda. Então, a mensagem que fica é: mulheres, se aceitem! Esqueçam esses padrões que o mundo nos impõe e se vejam lindas em todos os espelhos pelos quais passarem!
Todo mundo tem seu lugar e o direito de buscá-lo.
Vivi Orth
DIREÇÃO DE ARTE EDU HIRAMA
EDIÇÃO DE MODA GREGÓRIO SOUZA
BELEZA ANDRÉ VELOSO
PRODUÇÃO DE MODA KAKÁ LOBO
PRODUÇÃO EXECUTIVA MATHEUS PALLOS
ASSISTENTE DE FOTOGRAFIA RODOLFO GOUD
TRATAMENTO DE IMAGEM NELSON EUFRACIO
Viviane Orth foi ótima nas fotos. A melhor foto de Viviane foi a 3a., em que ela fica de pé e se apoia no batente do navio totalmente nua. Eu amo a bunda feminina.