top of page

VIVIANNE PASMANTER | JUNHO, 1993



A Malu de Mulheres de Areia fala das cantadas e revela como dorme.


POR JÚLIO CÉSAR MORENO FOTO MARTIN GURFEIN


A Rede Globo precisava renovar seu quadro de estrelas, e viu uma possibilidade de sucesso nessa paulistana de olhos esverdeados, cabelos castanhos, 1,60 metro e 50 quilos, pinta na testa e voz aguda. Deu certo. Aos 21 anos e sem nunca ter feito uma peça de teatro profissionalmente, Vivianne Pasmanter já é um dos grandes nomes da televisão brasileira. Sua estréia foi na novela Felicidade, no ano passado, como a ciumenta Débora. Terminadas as gravações, Vivianne ficou só seis meses fora do ar. Logo foi chamada, novamente num papel de destaque, para ser a revoltada Malu de Mulheres de Areia.


O interesse de Vivianne pelo palco vem da infância. Os pais esperavam que a vontade passasse quando ela crescesse. Não passou, felizmente. Vivianne fez vários cursos de teatro, inclusive o do Antunes Filho — professor de dez em cada dez estrelas —, e, na hora do vestibular, não teve dúvida na escolha da carreira. Mas não pôde cursar a EAD (Escola de Artes Dramáticas, da Universidade de São Paulo), que não aceita alunos menores de idade. Como tinha apenas 17 anos foi, então, cursar Arquitetura, à tarde, na Universidade Makenzie, e, à noite, Cinema, na FAAP. A tentativa durou três meses, até Vivianne perceber que não estava no caminho certo. A procura de seu rumo, caiu na estrada, enquanto esperava os 18 anos. Foi para o Nordeste, Bolívia e Estados Unidos. De volta a São Paulo, sua cidade natal, pôde, finalmente, se matricular na EAD. Mas não conseguiu terminar o curso: no final do segundo ano, a Globo a levou para um teste. Não saiu mais de lá, e sua vida mudou completamente. Foi morar, sozinha, no Rio de Janeiro, e precisou desmanchar um namoro de dois anos. Para falar sobre seu novo estilo de vida, Vivianne recebeu o repórter Júlio César Moreno no apartamento onde cresceu, no bairro paulistano de Higienópolis.





1. O teste do sofá para entrar na TV é uma lenda ou existe mesmo? Propostas sexuais para ascensão no trabalho podem acontecer em qualquer lugar, seja num banco ou no meio artístico. Comigo essa história foi lenda. Mas sou um caso, no meio de muitos outros. Quando se tem talento, porém, não é necessário sofá para subir na carreira.


2. Por que acha que a Globo apostou em você? [Pensa quase um minuto.] Não sei... Por beleza acho que não foi. Tem tanta atriz mais bonita do que eu fora do vídeo. Não que eu seja feia, até me acho bonita, mas não sou nenhuma maravilha da natureza. Então, só podem ter visto potencial de trabalho.


3. Era um sonho ser estrela de TV? Meu sonho era me tornar atriz, de cinema ou teatro. Sempre tive um pouco de receio da televisão, por causa da notoriedade que ela traz. Assusta a idéia de perder a privacidade. Além disso, você é colocada num pedestal que te impede de continuar tendo uma relação de igual para igual com as outras pessoas.


4. Como foi, de repente, passar a conviver com grandes nomes da dramaturgia? Estranho. Quando fui apresentada a eles, era como se eu já os conhecesse. A televisão tem esse poder de fazer os atores parecerem íntimos. Só que eles não sabiam quem eu era. A sensação de intimidade não era recíproca. Mas, depois das primeiras gravações, até me surpreendi com a atenção dos atores mais famosos.


5. Vale a pena, financeiramente, ser uma atriz iniciante? Compensa. É claro que com comerciais ganhava mais dinheiro. Mas estou satisfeita. Não estou rica e nem vou ficar. Dá para me sustentar e, por enquanto, é o que quero. Não tenho muita ambição financeira.


6. Já tem fãs? Esta é a parte da profissão que menos gosto. É difícil lidar com o público. Todo o mundo fica sabendo e participando da minha vida. Com isso, não posso fazer uma das coisas de que mais gostava: sentar na rua e ficar observando as pessoas, imaginando a história de cada uma. Hoje, se fizer isso, serei eu a observada.


7. Você teve problemas de relacionamento com seus pais, como a Malu de Mulheres de Areia? Também tive minha fase de brigas na adolescência. Mas meu pai [engenheiro, já falecido], ao contrário do dela, tinha um caráter excelente. Tanto que sempre digo que não tenho Complexo de Electra, e sim Orgulho de Electra, porque ele é o meu ídolo. Mesmo assim, foi uma época conturbada. Trancava-me no quarto e desabafava para um gravador. Tenho as fitas guardadas, e, quando escuto, acho uma besteira. Mas na época sofria mesmo.


8. Você gosta de fazer loucuras como as da Malu? A Malu apronta porque é revoltada com os pais. Eu bagunçava por diversão. Quando tinha 15 anos, fui ao colégio onde um amigo meu estudava à noite, e me fiz passar pela professora, sem ser nem estudante daquela escola. Peguei as roupas da minha mãe e me vesti como uma senhora. Entrei na classe e falei que ia ter prova de redação. Os alunos eram maiores que eu e cheguei a pensar em desistir. O jeito foi dar uma de neurótica. Comecei a gritar com eles e mudei todo mundo de lugar. A professora verdadeira chegou e descobriram minha brincadeira. Ainda bem que eles tinham prova mesmo e deu tempo de eu ir embora.


9. Você sonha em se tornar um símbolo sexual? Quero ser reconhecida pelo meu trabalho e não pelo meu corpo. Com certeza não é um título que busco. Agora, se acontecer, que seja bem-vindo.


10. Você ainda não representou nenhuma cena de sexo. Tem vontade de fazer? E nu? Ainda bem que não apareceu, porque ficaria constrangida. É uma coisa que, por enquanto, não pretendo fazer. Já posar nua, é uma coisa que não quero neste momento. Quem sabe no futuro?


11. Você é romântica? Extremamente. Mas não do tipo tudo por amor. Se for preciso mudar meus planos profissionais, por exemplo, abandono o relacionamento. Meu romantismo é no sentido de querer encontrar um amor verdadeiro, o que acho quase impossível, de tão romântica que sou.


12. Aumentaram as cantadas depois que você passou a trabalhar na novela? O que acontece muito são olhares e galanteios. Isso só faz meu ego subir e não leva o pretendente a nada. Agora, cantada daquelas diretas, não recebo muitas. Também nem sou muito vulnerável a elas.


13. E o que é preciso para deixá-la vulnerável? Não há uma receita. Precisa haver sedução e ser naquele momento que eu estou disponível para esse tipo de coisa. Há algumas fases na minha vida em que não desejo nada afetivo, e aí não adianta tentar.


14. Como seria a cantada perfeita? Daquelas que não percebo: quando vejo, já estou envolvida. O que não pode acontecer é ele fazer com que me sinta um objeto ou então cantar demais. Desafinou, dançou.


15. Como foi uma cantada que te derrubou? Estava passando o Carnaval em Recife, há cinco anos, e vi um cara no chão, imóvel, com um chapéu na cara. Pensei que estava passando mal. Ajoelhei ao lado dele e o cutuquei. Quando ele tirou o chapéu, apareceram dois olhos azuis maravilhosos, e ele disse: "Você é um anjo que veio me salvar." Encontrei o homem literalmente na sarjeta, mas foi atração à primeira vista.


16. Qual a parte do seu corpo de que você mais gosta? E no dos homens? Uma só? [Olha para o próprio corpo.] Minha mão. Não por que eu a acho bonita, mas é a parte que mais mexe comigo. Nos homens também. Adoro mãos.


17. A Luciana Vendramini dorme com um ursinho de pelúcia, a Doris Giesse nua e a Marilyn Monroe dormia só com uma gota de Chanel número 5. E você? No calor, fico só de camiseta. Já no frio, ponho um moletom. E quando estou cansada durmo de roupa mesmo.


18. Como foi seu primeiro beijo? Descobri tarde como se beijava. Não sabia que se usava a língua. Eu via as novelas e pensava que os atores ficavam de boca aberta para não encostarem os lábios. Quando uma amiga me contou como realmente acontecia, foi um susto. Assim, meu primeiro beijo demorou, só aconteceu aos 15 anos, com um amigo que eu paquerava há meses. O pior é que não gostei. E, antes que venha a pergunta inevitável, não falo da minha "primeira vez". Foi com meu ex-namorado, e basta.


19. E hoje, o que você sente nas cenas de beijo? Nada, porque não beijo de verdade. Nós só encostamos os lábios. É meio implícito isso entre os atores, não é preciso nem combinar. Acontece só porque está no script. Não dá prazer mesmo!


20. E que tipo de cena dá prazer? Cena de jantar dá um prazer enorme. Normalmente gravamos várias horas sem intervalo e dá a maior fome. Se pinta cena com comida, nem preciso representar. Como mesmo. Outra coisa que me diverte muito é quebrar coisas. Normalmente são objetos caros que não teria coragem de destruir na minha casa. Jogo no chão com a maior vontade.


1.142 visualizações0 comentário

©2023 por Inside Playboy Brasil.

O Inside Playboy Brasil é um site sem fins lucrativos, apenas com a finalidade de ressignificar e manter a memória da revista em um espaço que respeita os trabalhos e profissionais que fizeram parte dessa história.

bottom of page