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AS MULATAS DO SARGENTELLI | AGOSTO, 1976


É sabido que elas não estão no mapa.

Mas onde será que ele acha essas mulatas?


FOTOS LUIZ TRIPOLLI



Gracinha


Ela passou para o time das "mulatas que não estão no mapa" (slogan do agradável elenco do Sargentelli) no ano passado, após um mês de carreira artística. Era dançarina da churrascaria Las Brasas. Sua maior ambição não é ser estrela de cinema, mas professora de inglês e francês.



Gracinha tem 19 anos, é livre e maior. Mas não se animem muito: Sargentelli toma todo o cuidado para que ninguém seja muito insistente com suas mulatas na saída do show.

Em 1965, a futura mestra foi rainha do Clube dos Magnatas, no bairro carioca do Rocha. Mas ela só se acha bonita às vezes. Não é casada, não tem namorado. Faz dengo e confessa:


— Sou apaixonada, mas ele não pode me dar a devida atenção, pois tem compromissos.



Nadir

Como a maior parte das mulatas do Sargentelli, Nadir não fuma nem bebe. Ganhou um concurso no bloco do Bafo da Onça, fez um show com Carlos Machado e daí passou a integrar o pelotão do "Sargento".



Nadir chegou a fazer vestibular de Medicina, mas a vocação artística foi maior. Além dos shows, ela já participou de dois filmes. Infelizmente, ninguém viu as cenas em que ela aparece...

Ela é carioca, nasceu em Botafogo. Mas sua torcida não está com o clube do seu bairro natal: ela namora o Dino, jogador do Nacional de Manaus. O namoro já tem dois meses e pode até dar em casamento.


Nadir se considera uma mulher liberada, acaba de fazer 20 anos e é devota de São Benedito.



Solange


É a chamada prata da casa: estreou aos 16 anos num show do Sargentelli. Hoje está com 20 e é uma das grandes atrações das apresentações das mulatas, por motivos óbvios.


Solange não é casada, nem tem vontade de casar. Ela mesma explica:


— Sou uma mulher liberada. Faço o que quero, tomo minhas atitudes sozinha. Em amor, como na minha carreira, não deixo que ninguém se intrometa. E, além de tudo, não gosto de ser tratada como um objeto sexual.



Uma alegre declaração da mulata Solange para português nenhum botar defeito: ela acha que "o amor livre, em geral, é uma boa". No seu caso pessoal, diz que não está precisando, "mas que, se pintasse na cabeça fazer uma loucura qualquer, quem sabe?"

Ela é muito católica, e tem uma devoção toda especial por São Judas Tadeu, e tem um sonho para realizar quando encerrar sua carreira de bailarina: fazer fotografia.



Fátima


Ela já é estrela: fez quatro filmes, trabalha atualmente na TV Globo, participa do Chico City e do Fantástico. Foi Rainha do Bafo da Onça em 1974, Bonequinha do Café em 1973, Rainha das Mulatas em 1972.



Por pouco, Fátima não virou nobre. Esteve para se casar com Giorgio, um conde italiano. Chegou a ir com ele até a Itália, ficando na Europa quase um ano. Mas não deu certo e voltou. Acabou se casando aqui, com Cláudio, filho do "Sargento".

Estreou no show de Sargentelli na boate Sucata, em 1970. Na época, era menor e precisou de permissão do juiz de Menores para trabalhar. Agora tem 21 anos e está fazendo o curso científico. A chave do seu sucesso? É ela mesma quem declara:


— No palco, sou sensual demais. Essa é minha arma perante os homens.



Etienette


Com desaprovação maciça do público dos shows do Sargentelli, Etienette diz que não é bonita, "nem boa", achando apenas que só chama a atenção porque é alta. Coisa que o cavalheiro daquela mesa à esquerda nem chega a notar.



"Os homens são maravilhosos. A mulher é frágil demais. Se não tiver um homem ao seu lado, não consegue nada. Ela sempre necessita de homem. Eu, principalmente."

Etienette tem 22 anos e é de Niterói. Aos 17 já estava na comissão de frente da Portela, desfilando na avenida. O primeiro show foi na boate Night and Day. Depois de temporadas na Argentina e no Rio Grande do Sul, foi trabalhar com Carlos Machado e, depois, com o "Sargento". Ela quer mesmo é ser médica, embora esteja cursando atualmente Direito.



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