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FERNANDA BRUNI | SETEMBRO, 1975


Da sociedade carioca ao cinema francês, em campanha pela liberdade total


FOTOS MARISA ALVAREZ LIMA


Ela não é contra o movimento feminista mas gosta de curtir uma de mulher submissa e protegida. Nada melhor do que ser tratada com flores, bombons e champanha, desde que não lhe tirem a liberdade.


Fernanda Bruni, 20 anos, badalada nas colunas e na sociedade carioca, adorando a noite, vivendo para ser livre e curtir as coisas boas da vida, e que já é atriz do cinema francês ao lado de Jean-Claude Brialy, num filme que vem aí em outubro, tem uma receita de homem legal:


— Tem de ser feio porque homem feio tem sempre mais alguma coisa, não é? Deve ser gentil, educado, inteligente, brincalhão, que goste um pouco de tudo, até de farras. Tem de saber conversar. Nada desse negócio de não falar nada a noite inteira, nem no dia seguinte. Gosto de quem acorda cedo, vai à praia, manda rosas, chocolates, bonecas. Acho lindo essas pequenas atenções.



PELA SUA RECEITA, HOMEM LEGAL TEM DE SER FEIO EM PRIMEIRO LUGAR

Mas os feios que não se animem demais, porque Fernanda é da geração feminina que sabe o que quer, não está disposta a ir se apaixonando e encerrando uma vida que mal inicia:


— Eu ainda era novinha quando gostei muitíssimo de um cara. Mas daí vi que ele estava interferindo muito na minha vida e iria interferir ainda mais, até atrapalhar tudo. Desliguei. Sempre fui uma pessoa muito livre e amo essa liberdade. Desde os meus 13 anos, faço o que quero. Viajo, saio muito, adoro sair à noite. Nem por isso me considero uma pessoa fútil. Mesmo assim, posso ser encontrada em todas as boates possíveis, pois adoro badalar. O que me ajudou muito, nessa maneira livre de ser, foi o fato de ter ido sozinha para a Europa com 18 anos. Morei em Roma e Paris, ano e meio, sem ninguém para fazer as coisas por mim. Voltei outra.



Agora que foi descoberta pelo cinema francês, a vontade de Fernanda é circular pelo eixo Paris-Roma. Mas garante que passará sempre o verão no Brasil para se bronzear nas praias de Copacabana. Sua filosofia de vida não tem nada das encucações cartesianas, apesar de sua estada em Paris. É prática e parece até programa de ação.


— Tudo pela liberdade. Vivo a fase da liberdade total. Quero vencer qualquer tipo de preconceito.


— Por exemplo: posar nua para essas fotos. No começo fiquei meio retraída e indecisa, mas depois embalei e acabei gostando. Alguns amigos disseram que eu não precisava disso, que as portas poderiam se fechar. Mas não tenho medo e vou me impor. Se essas fotos forem motivo para as portas se fecharem, prefiro que se fechem de uma vez. Minha atitude foi uma busca. Quero atingir a maior liberdade. Existem milhões de meninas que gostariam de fazer o mesmo, mas não fazem por milhões de pequenos medos que eu também já tive.



E beleza? Existe?


— Beleza é a pessoa se achar bonita, se curtir, enfim, gostar de si. Existem mulheres que não conseguem nada simplesmente porque não acreditam em si mesmas. Eu sou diferente, acredito muito em mim. Não que eu olhe para o espelho e diga que sou linda e maravilhosa. O importante é a gente se curtir, se gostar muito. Mesmo assim, acho que o meu lado mais forte é muito mais espiritual.


"ACHO QUE O MEU LADO MAIS FORTE É: MUITO MAIS ESPIRITUAL"


E roupa, moda, esse tipo de coisa. O que você prefere?


— Não me preocupo muito com roupa. Um dia antes de qualquer festa, decido a roupa que usarei. Não tem esse negócio de fazer vestido pra mim. Em geral, me enrolo muito bem e todo mundo gosta.


Desenrolada, então, nem se fala. Depois que a gente vê estas fotos da carioca Fernanda Bruni, fica realmente difícil escolher qual a posição que mais ressalta a beleza e o charme de seus vinte anos.




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