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LUCINHA LINS | AGOSTO, 1984


Classe e sensualidade

Os grandes momentos eróticos de Marilyn Monroe, recriados por Lucinha, numa homenagem sua ao aniversário de PLAYBOY


FOTOS J.R. DURAN


1949. A modelo e atriz de pequenos papeis no cinema, Norma Jean, agora Marilyn Monroe, estava desempregada. A 20th Century-Fox não renovou seu contrato, firmado três anos antes e a Columbia Pictures não demonstrou interesse em mantê-la em seu casting. Marilyn estava sem perspectivas de trabalho, perdera seu carro e precisava de dinheiro. Naquele mesmo ano, em 27 de maio, o fotógrafo Tom Kelley a convenceu a posar nua para um calendário. Sem grandes produções, as fotos foram tiradas no pequeno estúdio de Tom, com sua esposa ajudando regular as câmeras e a arrumar o tecido de seda vermelha que se tornaria histórico. Marilyn temia ser reconhecida e ter sua carreira ainda mais prejudicada, por isso assinou a autorização de direitos de imagem como Mona Monroe e logo depois cortou os longos cabelos. A sessão de fotos durou duas horas e Marilyn recebeu US$ 50. Das vinte e quatro imagens captadas, duas fariam parte do calendário.



1952. Marilyn agora era a loira mais famosa do cinema e o assunto em todos os Estados Unidos era o calendário Golden Dreams. Todos se perguntavam se aquela mulher escandalosamente nua, que estampava os meses de janeiro de 1952 e janeiro de 1953 era realmente a estrela Marilyn Monroe.


Em 13 de maio, Marilyn confessou a história à jornalista Aline Mosby. As manchetes do dia foram "Marilyn Monroe admite que é a Loira Nua do calendário". Aline Mosby pressionou: "É verdade que você não tinha absolutamente nada quando posou para as fotos?". Marilyn rebateu: "Não é verdade que eu não tinha nada. Eu tinha o rádio ligado". Em dezembro de 1953, Hugh Hefner comprou os direitos das fotos de Marilyn Monroe com Tom Kelley e lançou a primeira edição da PLAYBOY.  O resto é história...


E essa história agora salta para 1984. A PLAYBOY estava prestes a completar 9 anos no Brasil. Aqueles eram anos gloriosos. A revista já havia despido deusas como Betty Faria, Vera Fischer, Sonia Braga, Xuxa, Christiane Torloni, Luiza Brunet, Sandra Brea, Claudia Raia... Mas uma delas ainda resistia à sedução do Coelho: Lucinha Lins.


Atriz de sucessos da TV e cinema nacionais, como Roque Santeiro, A Viagem, Rabo de Saia, As Pupilas do Senhor Reitor e os Saltimbancos Trapalhões, cantora e percussionista, vencedora do Festival MPB Shell 1981, recebeu inúmeros convites para ser capa e sempre recusava, alegando que posar nua não fazia parte dos seus planos. Mas, um dia tudo mudou. E é a própria Lucinha quem conta para o IPBr:


"Durante uns quatro, cinco anos eu recebia cantadas da PLAYBOY e eu dizia assim: 'não, gente, não dá, não tem nada a ver comigo!'. Daí um dia eu estava lendo uma revista no salão e descobri que aquela revista que tanto me queria na capa lançou a tão famosa foto, que todo mundo já tinha visto uma vez na vida e que fazia parte do calendário da Marilyn Monroe.  Isso foi em 1953, o mesmo ano em que eu nasci. E ela é MM (Marilyn Monroe), eu sou LL (Lucinha Lins), essas coincidências me marcaram muito, ficou uma sensação engraçada martelando na minha cabeça. Então eu puxei meu marido de lado e disse: 'Olha, se um dia a PLAYBOY me chamar de novo, eu vou perguntar se eles fariam de mim uma outra pessoa, porque todo mundo ama a Marilyn Monroe e quero trazer para o Brasil aquele clima das fotos que saíram na PLAYBOY dela'. E assim aconteceu, logo os telefonemas e flores começaram a chegar novamente e eu falei: 'Olha, meus amores, eu aceito, mas tive uma ideia, um gancho, não sei se vocês topam, mas é minha condição'. Eles gostaram da sugestão e então começamos a trabalhar com essa ideia de ser duas mulheres ao mesmo tempo, ali eu era Marilyn e Lucinha. Começamos a pesquisar em cima de fotos dela e, claro, a foto do calendário tinha que fazer parte. Foi assim que eu virei a capa de agosto, justamente a data mais bacana da revista, eu fui a Miss Agosto de 84, isso foi o maior barato e eu adorei ter feito."



O espetáculo começa na capa, um das mais lindas já produzidas pela revista. Lucinha nua, envolta em lençóis brancos, espreguiça-se, sedutora. A foto é propositalmente enevoada, em um efeito conseguido com um truque simples: vaselina na lente e nos filmes de acetato, o que desfoca a imagem e cria um clima de sonho. E realmente era um sonho. O ensaio, um dos mais singelos da história da PLAYBOY, foi clicado pelo mestre J.R. Duran, e estampa apenas oito páginas. Uma matéria curta, mas inesquecível.


Apesar da nudez sutil, cada foto se tornou marcante no imaginário do leitor. Um ensaio como esse, praticamente sem nudez, hoje geraria protestos calorosos, mas Lucinha é Lucinha e tê-la, ali, recriando os grandes momentos eróticos de Marilyn, seja com o icônico tecido vermelho ou sorrindo magnificamente usando apenas uma meia arrastão e chapéu coco cobrindo os seios. Sem falar na antológica sequência de doze fotogramas com imagens de Lucinha posando entre lençóis brancos. Tudo isso emoldurado pelo poema Duas Mulheres, de Paulinho Mendonça, escrito especialmente para o ensaio:


Eu te vejo e me entrego

nas luzes que nos cercam

nos cercos que nos fazem

na corte que nos prestam

na solidão que invade.


Eu me olho e te vejo

nas asas da loucura

roçando nossos cabelos

no sol que se irradia

da cor de nossos pelos.


Tiro meu chapéu

para essa mulher sofrida

para essa criança linda

que passou pela vida

sem se sentir bem-vinda.


E visto nas meias rendadas

teias que na infância

meus sonhos aprisionaram.


E me deito nos lençóis

macios de cetim

onde ela nua deitou

o seu corpo de marfim.


Ao final, o agradecimento de Lucinha Lins: “De todo o meu coração, obrigada a todos. Trata-se de uma homenagem, cheia de carinho. Eu gostei. Tomara que vocês gostem também”. Gostamos, Lucinha. Gostamos muito. E nunca mais esqueceremos aquele agosto de 1984...



PRODUÇÃO CLAUDIO TOVAR E BETH DURAN

MAQUIAGEM ANTÔNIO CARLOS CABELOS CARLÃO

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