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LULU SANTOS | AGOSTO, 1984



Confidências de um músico de sucesso (autor de "Como uma Onda"), amigo de ídolos como Caetano, Ritchie e Rita Lee, padrinho de grupos novos — e, sempre, um artista de bem com a vida


POR OLÍMPIA CIABATTARI

FOTO FREDERICO MENDES


O Brasil inteiro aprendeu, com Lulu Santos, que: "Nada do que foi será, de novo, do jeito que já foi um dia. Tudo passa. Tudo sempre passará". Esse é o começo de Como uma Onda, um dos maiores sucessos da recente música popular brasileira. E é, também, uma espécie de resumo da vida e da carreira de Lulu Santos. Instrumentista competente, há muitos anos conhecido como um dos melhores guitarristas do Brasil, ele só veio a conhecer o sucesso quando já era homem feito. E, desde então, nada foz do jeito que era antes. Aos 31 anos e com seu terceiro LP, Tudo Azul, na parada de sucessos, Lulu Santos fala aqui, nesta entrevista a Olímpia Ciabattari, sobre sua música, seus amigos famosos, como Caetano Veloso, Rita Lee e Ritchie, sobre os novos grupos que "apadrinhou" e sobre sua elegância, que já mereceu duas citações entre os homens bem-vestidos nos Guias Playboy de Moda — e, com carinho especial, da mulher que deu um rumo definitivo para sua vida: Scarlet Moon, sua companheira há seis anos.





1. A participação política dos artistas tem sido cada vez maior nos últimos tempos. Mas você parece que não é bom de comício. Acho que a minha voz não é muito identificada, em termos de política, com o povo. Sou meramente um entreteiner. E ninguém me convidou, também. Mas eu acho que esse mutirão, esse levante que nas diretas ocorreu de uma forma tão espontânea, tão civil, tão patriota — eu acho que isso tem que ser fundido de uma alegria, de uma sensação de que o país pertence a você.


2. E de que maneira a música poderia realizar essa fusão? A música popular ainda é uma das poucas coisas transadas no Brasil como uma eleição direta. O ídolo popular é escolhido pelo povo, não tem outra. Menina Veneno, do Ritchie, ganhou a eleição direta do ano passado. O mesmo aconteceu com Você Não Soube Me Amar, quando a Blitz explodiu. Quando eu entro no palco e 30 mil pessoas cantam Como Uma Onda junto comigo, tem uma união ali. E essa união pode se transformar em união nacional. Isso designa a nação de modo muito mais forte que qualquer tendência política. Ou alguém é capaz de me dizer que o retrato do Brasil é parecido com o Maluf? Ou com o Aureliano? Ou com o Brizola? Não. O retrato do Brasil parece mesmo é com o Roberto Carlos, com a Rita Lee. Como já dizia o Bernardo Bertolucci — acho que foi ele mesmo quem disse: "Quanto mais artístico mais político, quanto mais político menos artístico".


3. Tudo Azul, então, é o seu candidato para este ano? Mesmo com esse nome tão otimista? É claro que ninguém, em sã consciência, pode dizer que está tudo azul, hoje em dia. A música Tudo Azul, então, é quase uma provocação e o disco todo está escrito em vermelho-sangue. É só prestar atenção na letra de Tudo Azul: "Nós somos só um coração sangrando pelo sonho de viver". É isso o que diz a canção, que fiz com o Nelsinho Motta.


4. O disco foi mesmo gravado em Nova York, como estão dizendo? Não, eu gravei aqui. Só fiz a mixagem em Nova York, porque lá ninguém tem medo de fazer uma mixagem. Aqui, nem eu, nem o melhor técnico chegaríamos à mesma conclusão a que o cara de lá chega brincando. Lá eles brincam com prazer, é mais lúdico, mais arriscado, mais tudo, sem essa de "não vou botar isso aqui porque o chefe não gosta".


5. Um prato cheio para você, um roqueiro. Eu sou de rock. Minha tradição é muito essa mesmo. Quando eu tinha 17, 18 anos — hoje estou com 31 —, o meu país era o rock. Era muito mais fácil eu ter um contato vivo, pulsante, verdadeiro, com a realidade americana, contestatória, do que com a brasileira. Porque aqui quem contestava era torturado e banido. Lá, nos EUA, era outra coisa: uma geração se levantando contra a guerra, se negando a ir a ela. Lembra da força da bandeira americana, com o símbolo da paz no lugar das estrelas? Era lindo! E aqui a gente abria qualquer jornal e não lia absolutamente nada, porque nada era permitido. Então, era mais fácil ser um roqueiro, tendo a Inglaterra como capital, ou a Califórnia, ou a Índia.


6. Você morou durante um tempo nos Estados Unidos, não é? Morei lá quando tinha 5 anos de idade, uma época de grandes descobertas. Aprendi a falar uma segunda língua, a escrever numa segunda língua. Adquiri vários gostos por aquela cultura. Foi lá que me aconteceu uma coisa muito importante, impossível de acontecer aqui, na época: conheci o estéreo. A diferença, quando você ouve pela primeira vez um disco estéreo, é muito grande. Foi um pulo enorme em relação àquele velho monoaural que você botava na sua "victrola" em casa, com aquele som fanho, aqueles agudos. Foi lá, com aqueles discos estéreo, que a música começou a me encantar.


7. Já nessa idade você sentiu a força da música. Como foi isso? Além de ouvir muito disco, em casa tinha também um piano. Só o meu irmão, que é mais velho, podia tocar nesse piano. Para mim era proibido, tabu. Um dia ele estava lá, tocando a melodia do filme A Volta ao Mundo em 80 Dias, e eu disse para ele que não era só aquilo. Era aquilo. Mas tinha outra coisa. O que eu queria, na verdade, era que ele acrescentasse a harmonia. Eu não me contentava só com a melodia, queria um sentido de música mais completo.


8. Conta como foi que você acabou morando nos Estados Unidos, quando criança. Eu sou filho de militar. Meu pai foi tenente, capitão, major. Reformou-se como brigadeiro. Minha infância foi passada em bases da Aeronáutica. Até os 3 anos morei no Rio, em Copacabana, onde nasci. Depois, morei em São Paulo. E quando tinha 5 anos meu pai foi transferido para os Estados Unidos. Moramos no Estado de Illinois, numa cidade que vivia em função da base aérea que existia lá.


9. Alguma outra arte atraiu você na infância? Ou foi só a música? O desenho. Eu adoro desenhar. Acho que foi a minha primeira manifestação artística. Eu desenhava extremamente bem. Melhor do que a maioria das crianças. Toda criança desenha um avião com asa torta, casinha sem perspectiva. E eu, ainda no jardim de infância, falava: "Gente, está errado! A casa é assim". E desenhava certo. Na fase dos 12 anos comecei mesmo a pintar. Comprava esses livros nas bancas, tipo Gênios da Pintura, e reproduzia com guache. Fazia direitinho mesmo. Quando comecei a tocar, troquei o desenho e a pintura pela música. Mas ainda tenho um prazer gráfico muito grande. Em Nova York, quando estive lá para a mixagem do disco, entrei numa papelaria e gastei 50 dólares em caneta Pilot. Eles têm Pilot de cores alucinantes. Tem uma que você escreve fininho e sai prateado e, em volta do prateado, tem vermelho, ou azul, ou verde. Comprei também um blocão e saí desenhando Nova York. Quando estou desenhando é sinal de que estou numa tranqüilidade muito grande.


10. Trocando as artes plásticas pela música, vem então a sua adolescência de roqueiro. Na adolescência eu era hippie total. Andava por Arembepe, pegando carona, com o cabelo até o pé. Tinha relações promíscuas com as pessoas. Sabe esses grupos de amigos que se intitulam familiares? Lances de fulano que era casado mas tinha dado para sicrano. Todas essas fofocas. Eu vivia nesse meio. Eu era superpromíscuo, me recusava a crescer, a encarar a vida. Estava no lado errado da coisa hippie.


11. Foi a música que tirou você dessa vida? Ou foi a Scarlet Moon, com quem você se casou? Foi ela, realmente, quem me transformou. Eu tinha um fascínio enorme por ela, aquela mulher absolutamente bem-vestida, chique, absorvente, alta, inteligente. Eu ficava rondando, igual peru, fazendo charme — porque eu sou de fazer charme até para telefonar. Eu me vestia, botava perfume, convidava para jantar. Mas quem me conquistou foi a Scarlet. Foi ela quem deu o "ou vai ou racha", o "dá ou desce". Eu nem sei se estava a fim da proposta dela, mas caí de boca no casamento. Me fascinou o fato de ela ser uma mulher, não uma gatinha. E eu sou mais chegado a uma mulher madura. Acho que sou meio Édipo... [Risos.] Já tive casos com mulher mais nova, mas não é a mesma coisa. Sempre cria um tipo de dependência ao nível de ser o papaizão. E a mulher mais nova tá pensando sempre no casamento bem-sucedido, na casa, no carro. E eu nunca fiz esse modelito. Tava mais pro clown, para a coisa de ser artista.


12. Dizem que a Scarlet é a responsável até pelo seu sucesso... Tem mesmo quem diga isso, que é tudo bolação dela, coisa do tipo "contrata o meu marido, dá uma força". E aí tem o seguinte: no princípio eu não era nada, meio bofe, o garoto da Scarlet. Eu ficava meio assim, meio sem jeito, depois relaxei. Ia para os lugares numa ótima, comia, bebia, fazia tudo. E comecei a ficar simpático. De repente, pintou uma projeção própria, minha mesmo. Neste meu último disco, eu falo disso na música Também: "Ela me encontrou, eu estava por aí, sozinho, perdido, procurando não achar. Ela me fez tão bem, eu também quero fazer isso por ela".


13. E nessa, já se vão seis anos de casamento. Não pinta problema de infidelidade ou de ciúmes, com tantas tietes atrás de você e tantos homens que admiram a Scarlet? Depois dos shows, eu sempre fico mais de meia hora recebendo as meninas. Converso, abraço, tiro fotografia junto, dou beijo, sou carinhoso. Sou artista e a minha relação com essas meninas é uma relação fantasiada por elas, claro. Só o que me desagrada, nisso, é quando elas têm uma atitude agressiva com a Scarlet. E sempre tem aquele grupo que espera na saída do teatro e acaba sendo agressivo ou violento com a mulher do artista, dizendo que a gente carrega "merenda para comer em casa". E a Scarlet não leva mesmo desaforo para casa. Eu também me sinto agredido, nessas horas. Quanto a problema de infidelidade, nunca pintou. Claro que eu gosto de ver uma mulher bonita. E ela também gosta de ver um homem atraente. Ela é humana. Eu também sou. Mas sem chegar ao ponto de fantasiar, na rua, um desejo que seja mais pulsante do que em casa. E o nosso negócio, esses anos todos, é transar legal um com o outro. A gente gosta de fazer gostoso, com diversos ímpetos, diversas emoções, desde a puta trepada, mais demorada, até aquela trepadinha mais rapidinha.


"Eu gosto de ver uma mulher bonita. Scarlet gosta de ver um homem atraente. Mas nunca pintou infidelidade"

14. Como foi que vocês convidaram o Caetano para padrinho de casamento? Parece que tem uma história engraçada, diferente... Bem, eu não conhecia direito o Caetano. Estava namoriscando uma menina, pouco antes de casar com a Scarlet, e essa menina ia à festa de aniversário do Caetano. Aí eu fui com ela, porque festa do Caetano é aquela apoteose. O Caetano atendeu na porta, de terno branco mas sem camisa, com um copo de uísque na mão. Estava lá a mãe dele, o pai, Bethânia, estava todo mundo sentado. Festa séria. A gente chegou cedo, né? Então eu fui me esconder num canto. Foi quando chegou a Scarlet, com o resto da "tiurma", e a festa virou aquela loucura. Depois dessa festa, eu comecei a namorar a Scarlet. E ela queria casar, falou: "A gente casa, faz uma puta festa e, se não der certo, a gente separa". Tudo certo, tudo combinado, só faltava um padrinho. E quem vai ser? O Caetano, ela disse. Eu então convidei o Caetano, ele tomou o maior susto, porque praticamente nem me conhecia, só conhecia a Scarlet. E aí, com o tempo, foi nascendo a nossa amizade. Eu adoro o Cae. Esse lado meio Peter Pan dele, que se relaciona com várias gerações, do pessoal de 40 às meninas de 20. É bonito não envelhecer, não envilecer. Não ficar amargo nem descrente, continuar acreditando no romantismo da juventude.


15. E a sua amizade com o Ritchie, nasceu como? Eu o conheci logo que ele chegou ao Brasil, convidado pela Rita Lee. Eles dois se conheceram em Londres. A Rita curtiu muito aquele jeito engraçado dele. O Ritchie era bem louco, cabelo enorme, até o ombro. Eu estava em São Paulo, substituindo um guitarrista numa peça da Ruth Escobar, onde trabalhava até o Ney Matogrosso. Era o início dos Secos e Molhados. Até o Ritchie apareceu por lá, com uma flauta. Acabamos tocando juntos e ficamos amigos. Lembro de uma vez que dei pra ele uma "maria-mole". Para um inglês, devia ser coisa do outro mundo, aquela lagarta branca com coco ralado em cima. E ele, finíssimo, desembrulhou aquele presente, mas não agüentou: fez cara de nojo e guardou numa gaveta. O Ritchie trabalhou pra caralho, por aqui. Ensaiou pra burro, antes de fazer sucesso. Um dia, ele foi à minha casa com uma fita e pôs para tocar Menina Veneno. Juro que na hora eu disse pra ele: vai ser o maior sucesso.


16. Sua amizade com a Rita Lee, que levou à amizade com o Ritchie, tem até um roteiro de filme. Que roteiro é esse? Esse filme existe. É tudo verdade. A Rita Lee adora gente, é como o Caetano, viciada em gente, e tem vários personagens, coisas que ela inventa. Tem o bebê, a velha... E eu escrevi sete quadrinhos, como os esquetes dos shows humorísticos. São sete esquetes, cada um com um personagem da Rita. O nome do filme é Miss Brasil 2000. Num desses esquetes a Rita é uma menina paulista e a mãe dela faz de tudo para a Rita ser miss. No dia do concurso de miss, a Rita desfila, faz tudo certo, mas na hora quem vence o concurso é a Miss Corinthians. A mãe dela, dona Paulicéia, fica desvairada. Ela se tranca num quarto e aí já entra outro sonho: o de ser uma grande estrela da música popular. E vai assim, um esquete atrás do outro. Eu mostrei para a Rita e o Roberto Carvalho. Eles morreram de rir. Isso foi já há alguns anos. Mas nos últimos tempos a Rita e a Scarlet têm conversado muito sobre esse filme. Pode ser até que saia.


17. Você convidou o Ritchie para o seu disco, aí o Ritchie convidou você para o disco dele. Tudo em família? Eu convidei o Ritchie porque queria um som de flauta. E este meu último disco tem um pouco de nós, do orgulho por essa nossa escalada. Veja, o meu primeiro conjunto tinha o Antônio Pedro, que. hoje é baterista do Blitz. Tinha depois o Marcelo, que hoje é baterista do Erva Doce, e o Lobão, que criou o Blitz com o Evandro e que agora tem o Lobão e os Ronaldos. Então, somos todos do mesmo caldeirão. O Kid Abelha tinha participado do meu disco anterior, O Ritmo do Momento, e eu co-produzi o,"Fazer Amor de Madrugada" (Pintura Intima), ganhamos até um disco de ouro com este primeiro compacto do Kid. Agora, chamei para Tudo Azul o João Penca, um grupo que ainda não está firmado, e o Pára-Lamas, que é um grupo já mais estruturado. Tem endosso em todas as direções. O Erasmo e a Rita Lee também estão no disco comigo, mas aí é mais uma coisa de colocação, não de endosso, claro. Porque eu me identifico com Erasmo e Rita. Sou um pouco da mesma geração que ela, mas ela já é uma artista, ela é mais velha do que eu. Na faixa Ronca Ronca fiz uma celebração dessa irmandade, do orgulho de tudo isso que teve um pouco a minha mão... Mas, no fundo, cada vez eu gosto mais é do Caetano, sabe? O maior poeta, maior artista, maior personalidade.


"Somos todos do mesmo caldeirão: Blitz, Kid Abelha, Erva Doce, Pára-Lamas, João Penca, tudo uma irmandade"

18. Uma história sua que pouca gente conhece é a da Gretchen, defendida num encontro de artistas. Isso foi em Canela, Rio Grande do Sul, onde todo ano tem um encontro sindicalista, de gente ligada ao disco. E aí, quando a Gretchen falou lá uma coisa qualquer, um sujeito perguntou: "Quem disse isso?", e um outro completou "Foi uma colega nossa" — tudo com desprezo. E eu, na hora, tomei a defesa da Gretchen. Porque eu acho que ninguém pode fazer discriminação no âmbito artístico. Eu não defendo a ideologia da Gretchen. Mas acho que o sucesso dela não deve servir para magoar quem quer que seja. Quem não gosta, que ignore. Mas sem engrossar.


19. Você acaba de receber o troféu de Melhor Cantor da Juventude, dado pelo programa do Chacrinha. O que você acha do Chacrinha? Se você não passa pelo Chacrinha, você não pode dizer que trabalhou na música brasileira. O Chacrinha é aquilo há mais de vinte anos. Todo mundo passou por lá. Mas não é uma ditadura. O Chacrinha não é um ditador. Ele se impõe apenas com a buzina e a barriga. Eu vi, já gravado, o último programa que eu fiz e fiquei alucinado. Como o programa é bom! Como o Chacrinha é doido! Como aquilo tudo é brasileiro! Agora, fiquei sabendo que levei o "melhor guitarrista do ano" no Prêmio Playboy de Música Popular Brasileira. [N. da Red.: Na próxima edição, estaremos publicando a relação completa dos ganhadores.] Isso é genial! Eu sempre quis esse prêmio. Lembro que dois ou três anos atrás, quando a entrega foi no Rio Palace, eu via o pessoal subindo para receber e alguns faziam um discurso, na hora. E eu tinha vontade de subir também e falar. Quer dizer que, agora, vou ter essa oportunidade? Genial!


20. Pois é, na próxima entrega você terá oportunidade de fazer o seu discurso. Além de exibir essa forma física tão comentada. Qual o seu segredo? Até que não é bem assim. Se você me visse no final do ano passado... Eu estava muito ansioso, com pouquíssimo tempo para resolver o próximo disco. E andei comendo muito. Fiquei bem gordinho, com barriga e tudo. Depois, resolvi o disco, parei de comer tanto e voltei a fazer meus exercícios. Eu corro todo dia, pelo menos 2 quilômetros. Não é uma coisa atlética. É só uma corrida para ficar com os músculos mais firmes. Isso é fundamental, para mim, porque fazer show cansa pra cacete. Tem que ter muita estamina para fazer um show de rock. Agora, quanto à roupa, eu tenho três modelos definidos. Tem o mais à vontade, para fazer cooper, ir à Cobal comprar frutas. Aí é muito short, muita bermuda, muita roupa que eu compro numa loja aqui do Rio, a C-05: eles têm lá uns bermudões engraçados, umas calças cáqui apertadas. Outro lado meu é mais senhor, mais social. Aí eu boto um casaco, ou um blazer, umas gravatinhas Half Loren. Eu tenho umas coisas direitinhas. No ano passado, fiz muito show de smoking, com uma camisa amarelona e uma gravata borboleta. Este ano estou usando um boné tipo francês. O terceiro modelo já é o modelo de palco, que tem de ser uma coisa mais chocante. Aí eu às vezes uso roupas da Unique, uma loja de Nova York, onde eles pegam um moleton normal e pintam com spray, recortam, rasgam, fica uma roupa louquíssima. Ou então uso muito couro. Eu sou do tipo que gosta de picotar camiseta. Tenho esse lado mais arrojado. De repente, também, não tem nada disso. Como não tenho horário, não preciso pegar no serviço às nove, de gravata e cabelo engomado, tem dia então que pego a primeira camiseta, o primeiro jeans e vou para a rua. Principalmente depois que fiquei famoso e comecei a ganhar dinheiro, ficou mais fácil botar um jeans, uma camiseta e sair para a luta.


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1 Kommentar


Ademar Amâncio
Ademar Amâncio
14. Aug. 2023

Lulu Santos sempre foi bom de conversa,mas o estranho é ele não ter falado nada do ''Vímana'',grupo de rock progressivo em que tocavam Lobão,ele e o Ritchie.

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