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OSWALDO SARGENTELLI

Perfil


A receita do sucesso de Sargentelli, o rei das mulatas

Há três anos ele nem emprego tinha. Hoje ele está rico. As feministas o atacam e os homens o invejam.


Por GERALDO MAYRINK


Ziriguidum, telecoteco, balacubaco, borogodó. Saravá. Oba, oba. Êêêê São Paulo. Pega no ganzê... — todas as noites, primeiro no Rio, depois em São Paulo (no próximo mês em Salvador e brevemente em mais quatro outras capitais), estes gritos bárbaros entram pelos ouvidos de platéias cada vez mais numerosas e felizes. Ecoando por entre tímpanos hoje quase todos importados, e que escutam em dólar, eles vão ribombar também, com grande ruído, na caixa registradora dos dois restaurantes, ou casas de samba, Oba Oba — duzentos lugares no Rio, erguidos sobre as ruínas do que um dia foi o histórico bar Zepelin, em Ipanema; e mais quatrocentos em São Paulo, na avenida Paulista. Nestes pontos, ao preço médio de 60 dólares por casal ou 1.200 cruzeiros, os interessados podem tomar suas primeiras lições de samba, que também costumam ser as últimas, já que a maioria está ali apenas para saber que país é este. "Até no Brasil o samba faz sucesso", espanta-se o comandante do espetáculo, Oswaldo Sargentelli, o homem que descobriu o mapa da mina e, em louvor a ela, batizou seu espetáculo com o nome de "Sargentelli e as Mulatas que Não Estão no Mapa".


Por causa do fulminante sucesso que desfrutou nos últimos três anos — numa carreira de quase trinta, escondida atrás dos microfones de rádio ou das câmaras de televisão —, Sargentelli chegou aos 54 anos como alvo de cobiça, inveja e ressentimentos. Mais de uma praga, tão sonora quanto os gritos de guerra que dispara para animar as noites dos Oba Oba, já desabou sobre sua cabeça desde que ele passou a ser visto como senhor de um harém de trinta mulatas e de uma conta bancária que lhe permitiu comprar três apartamentos, dois terrenos, trocar uma Mercedes por um Camaro zero quilômetro, além de montar salas inteiras em Copacabana, sede do escritório central de sua firma, onde computadores acabam de ser introduzidos para excomungar de vez a possibilidade de erros no negócio. Se possível, afastar também os efeitos dos despachos e dos maus-olhados — que vêm sendo feitos, garante Sargentelli, por outros donos da noite atualmente inconformados com os bons ventos que sopram nos dois Oba Oba (o terceiro Oba Oba, de Salvador, tem sua inauguração prevista para dia 12 de outubro).


No amplo apartamento onde mora com a terceira mulher e a filha Waleska, de 11 anos, em São Paulo, Sargentelli circula de calção numa abafada tarde de segunda-feira, seu dia de folga, entre os assessores, telefonemas e uma agenda de trabalho a ser preenchida. As poltronas de couro, as samambaias sendo pregadas no teto, sob a vigilância preocupada da dona da casa, a televisão colorida e as tapeçarias nas paredes compõem o ambiente de um lar nem mais nem menos burguês que os da vizinhança dos Jardins, onde vive a classe média alta.


Os horários do lugar, por certo, destoam. O patrão sai para trabalhar na hora em que a maioria já entrou casa adentro com o cansaço de mais um dia acabado. Ele vai dormir às cinco, seis horas da manhã, depois de ler os primeiros jornais. Acorda ao meio-dia, almoça pouco. O Senhor das Mulatas tem hábitos frugais — não fuma, não bebe e vive de olho na balança desde que sofreu uma cirurgia cardíaca, quase dois anos atrás. Alguns dos seus desejos mais intensos devem ser satisfeitos com extrema moderação. Doces, por exemplo. São tentações que ele mantém longe dos olhos e do pensamento, sempre que possível. E nem sempre é possível. Sargentelli sabe, como poucos, que não apenas a carne é fraca.


NO COMEÇO ELE ERA SÓ UMA VOZ SOTURNA


O fato deste showman atravessar as noites sem beber e respirando a fumaça dos cigarros alheios parece à primeira vista tão estranho quanto ele estar instalado pacatamente na sua poltrona, quinze andares acima da enevoada cidade de São Paulo e a 400 quilômetros do local onde nasceu e passou a maior parte de sua vida — o Rio, mais exatamente Vila Isabel, onde também nasceu Noel Rosa.


Sobrinho, por parte de pai, do esplêndido compositor Lamartine Babo, Sargentelli — ou apenas Oswaldo, na época — cresceu na intimidade de sambistas, escolas e terreiros. Queria ter uma orquestra e uma casa onde seu nome brilhasse na porta, mas aos 20 anos o máximo que conseguira fora um diploma de perito-contador, um emprego numa companhia de gás, e uma paixão violenta pelo Botafogo Futebol Clube (das três, só esta última cruz o acompanha). "Sou um carioca da gema, mas todos os grandes lances da minha vida se registraram em São Paulo", conclui ele com a mesma voz impressionante que o levou ao rádio, exatamente trinta anos trás, num mês de maio, para ler um manifesto à torcida botafoguense, conclamando-a a tomar o estádio para o jogo do domingo seguinte. Foi contratado na hora para comentar a partida, na qual o Botafogo tombou massacrado pelo Bangu por 5 tentos a 1. O novo comentarista, irado, ofendeu dentro de todas as possibilidades permitidas pelas ondas hertzianas a diretoria do time da estrela solitária. Foi demitido da Rádio Clube (hoje Mundial) e logo readmitido como "anunciador" da mesma emissora — função em que apresentou tanto as preces da hora da Ave-Maria, às 6 da tarde, quanto os boleros da moda, madrugada adentro. "Foi uma prostituição minha, esta de apresentar boleros", bate ele hoje no seu peito de sambista. "Mas foi o preço que tive que pagar para ter um programa exclusivamente meu."


A televisão logo cuidou de aproveitar a voz e o talento para a improvisação de Sargentelli (fazia comerciais ao vivo e sem texto, pois o vídeo-teipe ainda não chegara ao Brasil), e neste novo veículo conquistou a notoriedade possível na época. Apresentou o desaparecido e pranteado Jornal Excelsior, até os momentos* de agonia desta emissora, e programas como Advogado do Diabo, Quarto Poder e Pingos nos Ii (no Rio, Preto no Branco), onde parlamentares e governantes não raro eram chamados de ladrões e compareciam ao estúdio para responder, tudo sempre ao vivo.


QUANDO FUGIU DO HOTEL, APARECEU A GRANDE CHANCE


Desta inesquecível e democrática época pré-global ele guarda as melhores lembranças — mas também a certeza de que ganhava cada vez menos e que, mais dia menos dia, ia passar fome. "Desesperado", tentou convencer donos de restaurantes do Rio e São Paulo a montar shows para os comensais. "Mas o senhor não é aquele homem zangado da televisão, que xinga todo mundo?" "Eu apenas leio o que escrevem", desculpava-se.


Tudo em vão. No fim da década de 60, dias antes de um Natal, instalou-se numa suíte de hotel no Rio, com a mulher, a filha então com 2 anos, e cerca de 60 cruzeiros no bolso. Sargentelli poderia estar hoje apresentando o Fantástico se não fosse a extrema penúria que o obrigava a descer à rua, em Copacabana, para comprar papel de presente de fim de ano com o qual embrulhou toda sua bagagem do hotel (saindo de lá aos pouquinhos, como se carregasse presentes para os amigos). Numa dessas visitas às papelarias encontrou um conhecido que lhe deu uma notícia espantosa. Estavam transformando um colégio em casa de diversões. Onde? Em Vila Isabel. Mais exatamente ainda, num lugar chamado "Casarão de Noel". O amigo lhe disse: "É coisa pra ti".


O show começou dias depois — e com ele os oito anos de Sargentelli como principal animador deste fenômeno sempre ascendente, ainda que quase sempre atacado, que são as casas de samba. E começou de maneira pateticamente amadora. Ele foi à casa de Clementina de Jesus, vizinha do "Casarão de Noel", e explicou: "Você canta um samba, eu conto três piadas. Você canta outro samba, eu boto uma ou duas mulatas de biquíni sambando música de Ataulfo Alves, conto mais duas piadas, você canta... "


A 5 cruzeiros por cabeça, e à base de setecentas cabeças por dia, o Casarão regorgitou. Em três semanas, Sargentelli ganhou 5.000 cruzeiros (em 1969), mais que suficientes para pagar contas de hotel e partir para lances maiores. Criou o Sambão numa churrascaria em Copacabana, um lugar que na época fedia a "mijo com limão", e a casa lotou. Ricardo Amaral, que despontava como Rei da Noite, levou Sargentelli para a Sucata, do outro lado dos morros de Copacabana, na Lagoa, realmente um outro mundo — e foram 34 meses consecutivos de casa cheia e a primeira Mercedes, branca, de segunda mão, é verdade, mas sinal seguro de que os tempos estavam mudando para o ex-locutor.


Depois de uma outra temporada para Ricardo Amaral, em São Paulo, em 1974, quando foi inaugurado o Café Concerto, nos jardins do Ibirapuera, os dois se separaram. "Eu não me entendia com o irmão do Ricardo", resume Sargentelli. Àquela altura, ele já tinha fôlego e postura para atitudes assim, como romper com o todo-poderoso carro-chefe que arrasta pela madrugada o melhor — e geralmente mais caro — trem da alegria do país. Dizem que Ricardo jamais perdoou Oswaldo pela sua rebeldia. Tanto que, quando soube quem era o novo sócio da ovelha desgarrada, teria suspirado um alívio pleno de maldições: não vai durar três meses, sussurrou pelas ruas, isto é, pelas mesas.


O novo sócio, José Ragio, hoje com 35 anos, trabalhara — como Sargentelli — para Ricardo Amaral. Chegado do sul de Minas e começando no degrau zero da escalada noturna, como auxiliar de garçom no Rio, ele acabou como maitre da Sucata em seus momentos mais gloriosos. "O Zezinho era bonitão, um cara bacana", elogia hoje Sargentelli. Mas naquelas noites da Sucata não era bem assim. Numa delas, Sargentelli encostou Ricardo Amaral na parede com um ultimato: "Ou eu ou ele".


Uma noite encostou Ricardo Amaral na parede da boate: "Ou ele ou eu"

Foi ele, naturalmente. Por isso, confiava Ricardo, a nova parceria não poderia dar certo. Mas certamente estava superestimando o grau de vingança e rancor que pode envenenar as boas relações entre os trabalhadores da noite, pois Zezinho, posto na rua por causa de Sargentelli, acabara comprando do próprio Ricardo Amaral o ex-bar Zepelin, tinha derrubado tudo e propunha nada menos que Sargentelli entrasse como sócio e com um show. "Eu pensei duas vezes", diz Sargentelli. "E topei, sem papel assinado nem nada. E continuo topando cada vez mais." Zezinho, "um ex-boêmio incorrigível, hoje sossegado e com bebê em casa", na descrição abonadora de Sargentelli, aparentemente resolvera esquecer tudo. Mas tudo o quê? A explicação de Sargentelli para despedir aquele que o destino lhe reservaria como sócio é vaga: "Ele andou flertando com quem não devia."


Por certo nascia aí a base de uma moralidade rigorosa, quase vitoriana, que se esconde nos camarins dos espetáculos dos Oba Oba. Como acrescenta Sargentelli ainda a propósito do "Caso Zezinho": "Nesse negócio, mulher para nós é homem. Eu acho que nem mesmo um olhar insistente deve ser admitido".


É por isso que em São Paulo as dezoito mulatas do espetáculo entram por uma porta totalmente isolada do salão principal e vigiada permanentemente por guardas de segurança. Depois do espetáculo, são mandadas para suas casas em peruas igualmente bem guardadas. As regras da casa são draconianas: cliente não cruza com mulata, garçom que leva bilhete de parte a parte é sumariamente demitido, mulata que faltar ao respeito, dentro ou fora do horário de serviço, é advertida, suspensa ou mandada embora. "Mando embora uma todo mês", diz Sargentelli, passando a mão na cabeça. Por quê? Mil motivos: má conduta, brigas particulares entre elas — ou o que Sargentelli chama de "falta de compreensão da vida em comunidade".


"TU ÉS LÉSBICA. TU TENS INVEJA DE MIM"


Quando o primeiro Oba Oba estreou, porém, com multidões de clientes fiéis todas as noites, estas regras ainda não eram tão fixas e muito menos de conhecimento público. Junto com o sucesso da nova casa choveram também as primeiras críticas e Sargentelli passou a ser chamado pelos mais raivosos de "traficante de multas". Uma jornalista escreveu: "A casa é feia, o espetáculo é ruim e o apresentador é amoral. Coloca as mulatas como se estivessem à venda num mercado". Disposto até então a aceitar condescendentemente as opiniões dos que diziam que o show não era bom que o apresentador não tinha graça e que todos os esforços destinavam-se a agradar à burguesia mais endinheirada, Sargentelli perdeu o bom humor. Numa truculenta carta à jornalista Maria Helena Dutra, do Jornal do Brasil, ele ainda tentou fazer ironia nos primeiros parágrafos: "Tu passas a ser madrinha do meu ziriguidum. Toda vez que puder eu vou te pedir a bênção, madrinha". Mas logo depois perdeu de vez as meias-palavras: "Tu és esclerosada, tens inveja de mim. Tu és lésbica. Quiseste coisa com as minhas mulatas e não conseguiste". A carta não foi publicada nem respondida pela jornalista, mas ela é sintomática de como a crítica atingiu Sargentelli no seu flanco mais desguarnecido. "Se tivesse pensado duas vezes não teria mandado carta nenhuma", lamenta ele hoje. E tem seus motivos para isso. O Oba Oba original não apenas continua de pé como foi o pioneiro do que poderá ser uma rede. "Além disso, tenho na imprensa mil amigos para cada Maria Helena Dutra." E comenta: "Dizem que ela é uma moça fina, de humor, que faz questão de pagar as contas... Não entendo...


Sem dúvida a crítica publicada no Jornal do Brasil foi apenas uma das faces visíveis da contestação que se faz hoje ao uso, ou exibição, ou abuso, do corpo feminino — uma contestação que Sargentelli jura absolutamente não compreender. Pensem o que quiserem os interessados, diz ele, seu trabalho com as mulatas é antes de tudo profissional. Paga a elas salários que variam de 7 a 20 mil cruzeiros por mês, mais 4 mil cruzeiros por quatro shows mensais fora da boate, e 2 mil cruzeiros de ajuda para aluguel — assim, em grupo de três, elas podem morar em apartamentos de primeira, e nenhuma delas recebe menos de 10 mil cruzeiros.


Há ainda outros benefícios, segundo Sargentelli: "Eu dou as perucas, que custam 6.000 cruzeiros. Sandálias, que custam 800, 900 cruzeiros. O guarda-roupa, que não sai por menos de 350 mil. São fotografadas permanentemente pelas melhores revistas do Brasil e ganham para isso. Aí eu pergunto: onde está a exploração?"


AS LIÇÕES DE 30 ANOS DE VIDA NOTURNA


É certo que, para merecerem estas benesses, as mulatas têm que fazer algum sacrifício. Todas as noites, depois do show, há uma pequena sabatina onde são apontados os erros cometidos. Os contratos, que vão de três meses a um ano, rezam que antes de posarem para revistas elas devem pedir autorização ao patrão. O relacionamento com as mulatas, pondera Sargentelli, tem seus espinhos: "É um grupo heterogêneo, muitas estão despreparadas para o sucesso, outras ficam deslumbradas demais. É preciso ter para com elas um tratamento carinhoso sem ser muito paternal porque senão elas confundem tudo".


A escola de samba de Oswaldo Sargentelli exige freqüência obrigatória, reprova e passa lições para casa. Com aguda sinceridade, o professor explica seu método de ensino: "É preciso agir com elas na base do Mobral, no bom sentido. A vovó viu a uva. Mandar repetir esta lição até aprender. Se você rebuscar, falar só um pouquinho, por metáforas, elas não te entendem. Mas acho que isso não é problema somente delas. Acho que isso deve acontecer também em Paris, em Nova York, na Inglaterra, no Japão".


As constantes dispensas no quadro de mulatas de Sargentelli só se tornaram possíveis, de resto, porque a mão-de-obra hoje se oferece voluntariamente para o trabalho (no começo era ele mesmo e os amigos que saíam pelas escolas de samba e praias, procurando candidatas) e porque provavelmente nenhuma delas poderia ser tão bem paga em função similar — afinal, jamais abrem a boca e nem texto precisam decorar. Além disso, os trinta anos de Sargentelli na vida noturna lhe ensinaram também algumas lições e ele não esconde que o seu negócio, mesmo em plena expansão, "com os gringos sendo despejados pelas agências de turismo na porta da boate", pode ainda ser abalado por alguma onda de maledicência. Misteriosamente, ele filosofa: "O teu inimigo está diante de ti a cada instante".


Segundo Sargentelli, que ganhou tudo o que tem apenas nos últimos três anos de sua carreira, os próximos passos devem ser dados com muito cuidado. Ele está construindo uma casa de campo para descansar melhor, abriu cadernetas de poupança para mulher e filha (seus filhos dos outros dois casamentos, Oswaldo, de 32 anos, Olavo, de 31, e Cláudio, de 23, são independentes) e pede aos concorrentes que o deixem em paz, pois está "numa boa, em paz com o mundo". Rabisca os primeiros rascunhos de um livro de memórias, As Mumunhas do Sargentelli, e planeja "para valer" entrar no mercado internacional (os brasileiros presentes à Copa do Mundo na Argentina puderam matar as saudades do país assis-indo a seu show, exibido em Mar del Plata). "O grave", adverte ele de novo, "é quando os outros não aceitam o sucesso da gente." Mas quem não aceita o sucesso de Sargentelli? Podem ser muitos, entre eles os críticos musicais mais exigentes, os turistas mais blasés, as feministas mais militantes, ou simplesmente mulheres que não são mulatas. Para provar que pelo menos esta última categoria de insatisfeitos poderá ser aplacada, Sargentelli adianta que vem por aí uma nova versão do seu show — só que agora em preto e branco. Ele está pensando em colocar no mapa da sua mina "algo bem jocoso".


Ele já está preparando uma nova receita: juntar louras e mulatas no mesmo show

"Seria um quadro dentro do show, com lindas mulheres brancas, de olhos bem claros, louras de cabelos lisos, brasileiras lourinhas, nossas, queimadas de sol, dançando com as mulatas. Por que não?"


Fala com entusiasmo, parece fazer planos rumo a uma total mistura de raças no palco. Talvez ainda demore, pois Sargentelli trabalha de maneira gradual, lenta e segura. E sempre tem suas razões: "A sociedade brasileira ainda discrimina muito".


ILUSTRACÃO NÍLTON RAMALHO


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