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RAFAELA FISCHER | SETEMBRO, 1998


A filha de Vera Fischer fala de dietas,

homens e seu relacionamento com a mãe


POR DALILA MAGARIAN

FOTOS NANA MORAES


Atenção, senhores, a menina desabrochou. Aos 19 anos, Rafaela Fischer decidiu sair da sombra e brilhar sob os holofotes, depois de vencer a batalha que a libertou dos 15 quilos extras que mantinham sua beleza como refém. Rafaela é agora quase uma personificação da própria mãe, a atriz Vera Fischer a não ser pelos sedutores olhos castanhos, que contrastam com os esverdeados da deusa-mor, e a pele morena, herdada do pai, o ator e diretor Perry Salles.


A nova gata carioca, que tem quatro irmãos (a bióloga Renata, de 28 anos, que mora na Inglaterra, Romeu, de 5, e Rômulo, 3, todos filhos de Perry Salles, e Gabriel, de 6, do casamento, hoje desfeito, de Vera Fischer com o ator Felipe Camargo), não é uma novata. Sua estréia nos palcos aconteceu aos 14 anos, em 1993, na peça Bailei na Curva. Dois anos depois, ela participava do elenco do espetáculo Point, outro sucesso carioca do gênero teen. Mas Rafaela quer mais. Com medidas dignas de uma diva (1,76 metro, 88 centímetros de busto, 67 de cintura, 94 de quadris e 55 de coxa), ela se divide entre a gravação de comerciais para a TV e desfiles de moda no Rio e em São Paulo. Enquanto isso, faz planos de lançar-se como cantora. A moça já confirmou presença na Oficina de Atores da Rede Globo e não descarta os planos de uma temporada no Actor's Studio, o curso de arte dramática de Nova York por onde já passaram as atrizes Gabriela Duarte e Gabriela Alves.


Rafaela chegou a morar em Salvador, onde o pai dirige o Teatro da Gamboa. De volta ao Rio, instalou-se sozinha num apartamento no Leblon e tem arrasado em aparições-relâmpago na noite. Sem namorado desde que encerrou uma relação de dois meses com o personal trainer Leonardo Mesquita, de 23 anos, Rafaela diz estar em busca de um novo amor.


Ela falou à repórter Dalila Magarian sobre homens, carreira e seu relacionamento com o mito Vera Fischer.





1. Por que você resolveu fazer dieta? Comecei a engordar aos 15 anos, quando comecei a tomar pílula anticoncepcional. A partir daí fiz todas as dietas que você pode imaginar. Só que eu parecia uma sanfona, emagrecia e engordava de novo. Então me descobri com 18 anos, trancada em casa e sem que nenhum homem olhasse para mim. Passava o dia todo comendo e assistindo televisão. Tive uma crise horrível e decidi que isso precisava acabar. Descobri que, na vida, o mais importante é ter força de vontade.


2. E o que mudou na sua vida depois disso? Recuperei a auto-estima. Mudei também o jeito de me vestir. Sempre gostei de botar roupa curta, mas ficava feio para uma gordinha. Agora, meu manequim é outro. [Baixou do 44 para o 38.] Ah, e todo mundo olha para mim na rua! [Risos.] Tem muita gente me paquerando!


3. E qual é a parte do seu corpo que você considera mais sexy? Estou gostando do conjunto. Sempre achei que tinha um biotipo bonito, porque é o mesmo da minha mãe. Gosto das minhas pernas e dos seios! Pena que eles [os seios] tenham diminuído por causa da dieta. [Mostra o tamanho antes do regime.]


4. Por que você, no ano passado, decidiu morar sozinha? Sempre quis ter o meu espaço, desde os 14 anos. Morar sozinha foi a melhor coisa que me aconteceu. Hoje sei lavar, passar, cozinhar, cuidar de uma casa. Minha mãe me dá a maior força. Até paga a metade das despesas do apartamento, que é meu. Nós moramos na mesma rua, a três edifícios de distância! [Ri.]


5. Você e sua mãe conversam sobre tudo? Sobre tudo, tudinho mesmo [risos]. Sobre camisinha, por exemplo ela vive me falando para usar. Sempre foi uma mãe superliberal, apesar de ser mais ciumenta do que o meu pai.


6. Você contou para ela quando transou pela primeira vez? [Risos.] Contei, sim. Fui muito precoce! Tive o meu primeiro namorado com 12 anos e o segundo com 14. A minha primeira vez foi com esse segundo, o Pierre, dois anos mais velho do que eu. Todos os dias a minha mãe perguntava se eu havia transado, e me mandava usar camisinha. Eu dizia que não estava pensando no assunto. Um dia a gente transou, mesmo. Ela me perguntou: 'E então, minha filha, já foi?' Respondi: 'Fui'. Aí ela levou o maior susto! [Ri.]


7. Foi difícil deixar de ser filha única quando o Gabriel nasceu? [Séria.] No começo da gravidez tive uma crise de ciúme. Morria de medo da concorrência. Mas depois que ele nasceu passei a carregá-lo para todo lado. Eu trocava a fralda, dava mamadeira. Hoje é como se o Gabriel fosse meu filho.


8. E você se dá bem com o pai do Gabriel, o Felipe Camargo? Quando ele era casado com a minha mãe, a gente não se dava muito bem. Depois, ensaiamos uma peça juntos [Bailei na Curva, que Felipe Camargo dirigiu] e a coisa ficou mais legal. Quando eles se desentendiam, eu ficava do lado da minha mãe, é óbvio, mas aprendi a não me intrometer. Felipe e eu ainda conversamos, tudo bem.


9. Como você se sentiu quando a Vera foi internada para tratamento da dependência química? [Séria.] Ela já tinha tentado se tratar antes. Na clínica atual [Clínica Solar do Rio] acontecem reuniões com os familiares, e isso é muito legal. Os psicólogos explicam que, muitas vezes, quem está em volta tenta ajudar o paciente inventando mentiras para facilitar a vida dele, e acaba virando cúmplice da dependência. Uma das psicólogas me deu até uma bronca. Disse: "Você só tem 18 anos e parece ter 57. Está na hora de deixar de ser a mãe da sua mãe!" [Pausa.] A gente tinha mesmo invertido os papéis, e a partir daquele dia minha tarefa passou a ser voltar a ter 18 anos.


10. Você fica magoada quando fazem afirmações negativas a respeito da sua mãe? [Séria.] A imprensa tem um lado bom e um lado ruim. Quando se é uma pessoa pública, como a minha mãe, ou como a Xuxa, sempre existirão as críticas. Mas hoje sei como não me magoar com isso. Claro que a mídia é muito poderosa. Num levanta você e, no outro, derruba. O segredo é não ficar dependente dela.


11. Você já enfrentou algum tipo de ciúme com colegas de profissão por ser filha da Vera Fischer? No meio artístico existe muita inveja. Algumas pessoas ficam esperando você se dar mal para tomar o seu lugar. Mas nunca usei o nome e a influência da minha mãe. Sou fã de diretores como o Wolf Maya, o Guel Arraes, o Luís Fernando Carvalho, o Walter Salles Jr. Eu poderia pedir à minha mãe para falar com algum deles, mas não faço isso.


12. Além da beleza, o que mais você e a Vera têm em comum? Acho que é a intensidade, a paixão pelo drama. Nós duas entramos de cabeça num personagem. Não foi por acaso que ela acabou se apaixonando de verdade pelo Felipe Camargo quando estava fazendo [a novela] Mandala [em 1988]. E agora, fazendo a Gata [a peça Gata em Teto de Zinco Quente, de Tennessee Williams], está namorando o [ator] Floriano [Peixoto]. Eu me identifico muito. Sei que posso entrar de cabeça num personagem e até me apaixonar como aconteceu com ela. [Pausa.] Se pintar, tomara que seja com um ator maravilhoso! Como o Thiago Lacerda ou o Raul Gazolla!


"Como minha mãe, posso entrar de cabeça num personagem e até me apaixonar"

13. E a vocação artística, também é herança de família? Acho que sim [risos]. Quando eu era mais nova, pegava os textos da minha mãe e ficava decorando. Chamava minhas amigas da escola, convidava os vizinhos para assistir. Mas tenho várias facetas [risos]. Ninguém sabe, mas já escrevi dois livros, que nunca tive coragem de publicar. O segundo é uma história de suspense, mistério, sexo, aventura. Também adoro cantar. Quero gravar um disco no ano que vem, com músicas da MPB e canções em inglês, como Summertime e My Funny Valentine.


14. Você sonha se tornar uma estrela, como a sua mãe? Ser estrela envolve um lado muito chato. Vejo o que acontece com a minha mãe. Ela não pode ir ao cinema, andar pelas ruas, não pode fazer nada. É legal ser famosa, mas procuro uma fama mais light.


15. Algum namorado seu já ficou intimidado pelo fato de você ser a filha da Vera Fischer? Nunca fiquei sabendo, mas não duvido. Já fiquei com um cara em São Paulo e ele me confessou que não saberia lidar com isso caso a gente levasse o namoro adiante. Eles têm ciúme das poses para as fotos, da perseguição dos repórteres. Se o cara que está com você não é do meio e não entende isso, não dá certo. Eu mesma talvez não entendesse.


16. Como você age quando está a fim de alguém? [Risos.] Gosto de fulminá-lo com o olhar! A minha mãe vive dizendo que tenho os olhos da Sophia Loren. Se o olhar bater, já foi! [Mais risos.] Mas se o homem não for inteligente, nem adianta chegar.


17. Então qual é o tipo de homem que tem chances com você? Eu me surpreendo com homens cavalheiros. Estou tão desacostumada a dar com um deles que outro dia um rapaz abriu a porta do carro para mim e eu nem percebi. Dei a volta e entrei pelo outro lado! [Risos]. Para me conquistar é preciso ser também carinhoso, mandar flores, dar presentes, coisas extravagantes, eu adoro! [Mostra um cachorro de pelúcia da raça sharpei, de tamanho gigante, presente de um antigo namorado.] Admito que tenho uma queda por homens mais velhos, eles são mais maduros e experientes. Me atrai alguém como o Raul Gazolla, por exemplo. [Insiste para que o nome dele seja citado na entrevista.] Claro que acho alguns homens mais jovens interessantes também, como o [ator] Marcelo Faustini e o Thiago Lacerda. Ah, e tem ainda o Fábio Assunção! [Risos.]


18. Quais são os seus programas favoritos? [Pára e fica pensando.] Se tiver dinheiro na mão, gosto de ir ao shopping. Compro tudo, não posso ver roupas, é um perigo! [Risos.] Troquei o guarda-roupa todo depois da dieta. Mas também gosto de patinar, andar de bicicleta, e vou muito a São Paulo, que tem uma noite cheia de opções. No Rio, costumo ir a danceterias e a algumas festas, mesmo as freqüentadas pelos GLS [brinca que a sigla significa "Gays, Lésbicas e Suspeitos"].


19. Alguma mulher já a paquerou numa dessas festas? Já, nossa!, várias vezes! Só que demorava para cair a ficha. Na primeira vez que entendi esse tipo de intenção, fiquei super sem graça. Estava sentada numa mesa e uma mulher puxou assunto. Meus amigos começaram a fazer gestos e eu continuava sem entender. [Risos.] Quando percebi, dei um jeito de disfarçar e sair fora. Não tenho nada contra, mas essa não é a minha, de jeito nenhum.


20. Você já pensou em posar nua? [Pausa.] Já pensei, sim! [Risos.] Principalmente depois que emagreci, mas quero antes consolidar o meu trabalho como atriz. Tenho certeza de que a minha mãe e o meu pai não me impediriam de posar. Adoro o trabalho de fotógrafos como o Bob Wolfenson, o J.R. Duran, e alguns outros da nova geração, como o Feco Hamburguer, o Fábio Cabral e a Nana Moraes. E adorei, na PLAYBOY, os ensaios da Maitê Proença, da Scheila Carvalho e o da Dani [a atriz Danielle Winits]. Uma hora eu chego lá!


PRODUÇÃO BEBEL MORAES E CRISTINA FRANÇA ASSISTENTE DE PRODUÇÃO TATIANA MILANEZ CABELO E MAQUIAGEM RICARDO MORENO


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