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HARUMI | JULHO, 1976


Ela combina como ninguém a delicadeza do remoto oriente e a ardente sensualidade mediterrânea


FOTOS LUIZ TRIPOLLI


Harumi quer dizer "linda primavera". Um nome adequado como poucos, basta olhar para ela. E pensar que não deixam Harumi aparecer como deveria, para o bem de todos:


— Sofro discriminação por causa de preconceitos raciais. Sou mais brasileira do que qualquer loura, mas dizem que modelo oriental só serve para fazer tipo exótico.


"Não sou um objeto sexual. Além do meu físico sou Harumi, uma pessoa"

Ela é paulista, nasceu há 24 anos no bairro do Bexiga. Seu pai é filho de japoneses e sua mãe, filha de italiano e francesa. Desse coquetel surgiu a beleza peculiar de Harumi, modelo há algum tempo, que curte muito sua profissão, embora ache que ela não tenha futuro:


— Além de eu encontrar barreiras, é tudo muito instável, não tem sindicato, é uma profissão marginalizada.



O jeito é esperar o fim do curso de Comunicações e planejar o que fará com o diploma de jornalista. Para Harumi, o melhor de tudo seria o telejornalismo, que juntaria várias coisas de que ela gosta: gente, jornalismo e cinema. Um diretor já tentou ganhar o rosto diferente e o corpo sensacional de Harumi, mas era para fazer pornochanchadas. E ela está em outra.



Afinal, ela acha que para ser vista como objeto sexual chega o trabalho de modelo:


— Quero fazer um trabalho que exija em nível de cuca. Posar para fotos não exige que o modelo dê realmente alguma coisa de si. Quando se trata de cinema, ser atriz, eu gostaria de filmar com alguém como Nélson Pereira dos Santos ou Gustavo Dahl.


"Posar para estas fotos foi diferente. E uma modelo tem de ser versátil"

Não se preocupem: mesmo depois de Harumi terminar seu curso de Jornalismo, ela continuará aparecendo. Provavelmente não mais como modelo, mas talvez ao lado de outra atividade, como ser atriz de cinema ou repórter de algum jornal da TV.



Fora dos estúdios ou da faculdade, Harumi se transforma. Continua a ser a "linda primavera", mas alguém independente do manequim, da mulher sofisticada que aparece em outdoors, filmes de TV ou capas de revista.



— Os amigos se espantam. Dizem: "Você não tem nada de manequim, não é mascarada, nem sequer curte boatezinhas." No começo da minha carreira, recebia muitas cantadas. Depois, perceberam como eu era. Agora, as cantadas vêm de fora do meio, pois modelo tem aquela fama...

"Homem ideal? Não faço questão de fachada. Não quero que seja burro"


Durante o dia, Harumi trabalha e estuda. Mas chega a noite e Harumi se desmascara.


— Ao contrário de outras mulheres, quando me preparo para sair, lavo o rosto e sinto imenso alivio. Ponho uma roupa bem vontade, sem nada a ver com a moda bolada pelos costureiros. Acho que tenho de curtir roupa por mim, não por moda.



Exatamente porque gosta de coisas que lhe digam respeito é que ela prefere uma praia vazia como a da Ilha de Florianópolis, Santa Catarina, e um papo com amigos, em vez de badalação. Lê Kurt Vonnegut Jr. e Vargas Llosa em vez de revistas de moda, e ouve Fagner ou rock pesado em vez de temas de novela.


E o homem ideal, Harumi?


— Não faço questão de fachada. O importante é que não seja burro.



"É uma mania: sou atraída pelo oriental, vibro com a cultura e a sabedoria de lá."


PRODUÇÃO FERNANDO DE BARROS



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