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LUANA PIOVANI | JUNHO, 2000

Playboy Entrevista



Uma conversa franca com nossa musa sobre homens, sexo, intrigas na Rede Globo, banhos demorados, Nova York e Valentina, sua identidade secreta


Sim, senhores, a boquinha carnuda no rosto de anjo de Luana Piovani sabe como soltar o verbo. A musa maior de uma geração de deusas, que ruma para o terceiro milênio e deixa zonzos os olhares masculinos com seu corpo talhado por Zeus, tem mesmo o que dizer. Às vésperas de passar uma temporada de dois anos longe do Brasil, Luana relatou os detalhes da separação de Rodrigo Santoro, falou sobre a paixão pelo novo namorado, o empresário musical baiano Christiano Rangel, criticou a Rede Globo e explicou, tintim por tintim, o que um homem precisa fazer para seduzi-la. “Eu sou um dengo”, assumiu, com sua voz grave de acordes sensuais, entre gulosas mordidas na maçã do amor que ganhara durante as gravações de um comercial.


Nascida sob o signo de Virgem há 23 anos na cidade de Jaboticabal, no interior paulista, Luana se autodefine como uma mocinha sincera, exigente e, às vezes, chata. Unânime é que nada há a reclamar dos seus atuais 92 centímetros de quadris, 90 de busto e muito menos dos estreitos 65 de cintura, medidas muito bem assentadas em seu corpo jovem e exuberante. Luana sabe disso e, entregue de vez aos apelos da arte dramática, decidiu matricular-se numa escola para atores de Nova York e mergulhar sua beleza numa espécie de exílio voluntário. “Vou viajar para ficar cada vez melhor como atriz”, anuncia.


Certo é que, desde a chegada à televisão a bordo de um papel na minissérie global Sex Appeal, em 1992, aos 16 anos, não foi difícil chamar para si todas as atenções. A bela foi deixando de ser apenas a modelo sapequinha popularizada por capas da revista Capricho para instigar a imaginação dos mais crescidos que esperaram dois anos para vê-la num novo papel, na novela Quatro por Quatro. Luana desafiou as críticas destinadas às modelos-atrizes e tornou-se tão famosa quanto outras beldades da televisão. Fez outros trabalhos como atriz, mas o assédio a ela é tão intenso que, mesmo depois de ter dado por abandonada a bem-sucedida carreira de modelo, já foi fotografada para tantas capas de revista que é impossível dizer o seu número exato.


Para entrevistar Luana Piovani, PLAYBOY destacou a jornalista Dalila Magarian. Perseguir a rotina acelerada da nossa musa exigiu certos malabarismos por parte de Dalila, que agendou conversas no Rio, em São Paulo e em Florianópolis. Valeu a pena. A seguir, o relato da repórter:


“Nossa primeira conversa, num flat de São Paulo, foi adiada por algumas horas devido a chegada do namorado, Christiano Rangel. Luana quis, primeiro, matar a saudade do rapaz. Mas o atraso foi compensado graças ao seu ritmo acelerado de falar. Luana tinha sempre uma resposta na ponta da língua e em nenhum momento deu mostras de ficar em dúvida sobre o que dizer.


“Na verdade, o tempo todo ela passou a impressão de estar vivendo a 120 quilômetros por hora, mesmo quando sentou-se numa poltrona com as pernas em posição de quem estava prestes a iniciar uma sessão de ioga. Foi capaz de falar com várias pessoas ao mesmo tempo e tratar de temas tão distintos quanto a escolha da cor do esmalte (nossa terceira rodada aconteceu enquanto ela fazia as unhas dos pés e das mãos) e o relato de suas experiências no divã do analista.


“Luana também não demonstrou inibição nem mesmo quando uma parte da entrevista precisou desenrolar-se dentro de um táxi. Respondeu em alto e bom som mesmo às perguntas mais íntimas, como se o motorista fosse um padre no confessionário ou estivéssemos conversando em alemão.


“Sempre de rosto lavado e sem um pingo de maquiagem, apresentou-se perfumada e bem-humorada em todos os encontros. Apenas os longos cabelos, que ela teimava em enrolar e desenrolar com as mãos num coque nunca terminado, davam sinais de uma certa ansiedade. O riso fácil tornou-se ainda mais audível quando o nome de Christiano surgiu no papo. Tirando os detalhes sobre sua viagem a Nova York, foram esses os momentos em que suas pupilas verdes cor de azeitona dilataram-se ainda mais, num sinal declarado de felicidade.”


PLAYBOY – Você já ficou rica?


LUANA – [Pausa] Olha, o meu patrimônio é o meu corpinho.


PLAYBOY – Quanto dinheiro você tem guardado?


LUANA – Na verdade eu não sei. Minha mãe é quem cuida do extrato. Mas eu fui juntando a minha vida toda. Comprei o meu apartamentozinho no Rio, comprei o meu carro, as minhas linhazinhas de telefone... Enfim, deu para gastar e poupar.


PLAYBOY – Qual a coisa mais cara que você comprou?


LUANA – O meu apartamento em Nova York, na 43, em Midtown, onde vou morar.


PLAYBOY – Dá para descrevê-lo?


LUANA – É um loft bem compacto. Tem uma sala grande, um mesanino, uma cozinha americana superlegal, dois banheiros, coisa rara em apartamentos desse tipo em Nova York. Acho imprescindível ter dois banheiros. Não gosto de ninguém batendo na porta pra eu sair rápido do banheiro! [Risos]


PLAYBOY – Quanto você pagou pelo loft?


LUANA – [Hesitante] Olha, eu paguei caro. Mas já valorizou 40%.


PLAYBOY – Quanto custou?


LUANA – Ah, isso eu não vou dizer. Não gosto desse tipo de comentário. Não gosto nem de dizer que é meu. Não gosto de falar em números, nem acho legal as pessoas chegarem na [revista] Caras e falarem que acabaram de comprar um carro que custa 1 milhão de dólares, um relógio de pulso de 250.000 e uma bolsa Louis Vuitton de 25.000 reais. Não gosto disso.


PLAYBOY – Você gasta muito com bobagens?


LUANA – Gastei uma fábula na última vez que entrei na Gucci de Nova York. Comprei uma calça de couro, uma mochila, dois sapatos e um vestido. [Risos] Agora me deu uma onda de comprar sapatos, casacos de frio, não sei por quê. E adoro comprar os meus cremes. Eu tenho vários, infindáveis, e uso todos.


PLAYBOY – Em que ocasiões?


LUANA – Ah, depois do banho. Eu adoro tomar banho. Levo o meu som para o banheiro, fecho a porta, ligo a água quente e vou tirando a roupa. Às vezes até danço. Tenho ouvido muito a Laurie Hill no chuveiro. [Risos] E o Chat Baker, um CD que ganhei do Jô [Soares]. Hoje ouvi o Like House Family. Aquele novo CD do Caetano [Veloso], gravado na Itália, também é ótimo para tomar banho.


"Levo o meu som para o banheiro, fecho a porta, ligo a água quente e vou tirando a roupa. Às vezes até danço"

PLAYBOY – E o que mais?


LUANA – Daí eu fico debaixo da água quente, porque só gosto de banho quente, começo a lavar o meu cabelo, depois lavo o meu corpo com aquela esponja fofinha, bem cheirosa. Depois passo o condicionador no cabelo, óleo no corpo, tomo mais uma ducha quente e por último uma friazinha, para dar uma acordada. Então saio do box, penteio o cabelo, aplico o silicone, passo hidratante no corpo todo, nos cotovelos, joelhos, nos pés... [Suspira]. E quando estou muito inspirada faço o meu ritual estético pra valer, porque tenho meu produtozinho para passar nos seios, no bumbum, que é pra dar firmeza e tal. Eu nem sei se funciona, mas adoro usar. Daí fico pronta para vestir a minha roupinha.


PLAYBOY – Ou, para fazer outra coisa...


LUANA – É, mas se fosse outra coisa [risos] já estaria sendo feita. Não iria dar tempo de passar tantos creminhos! [Risos]


PLAYBOY – O que você espera da temporada nos Estados Unidos?


LUANA – Eu tenho só 23 anos e quero viver como uma garota de 23 anos. Não quero ter responsabilidades de gente grande. Tô a fim de estudar, de sair de tênis e calça rasgada, de não ter o que fazer e ficar de bobeira. Tô a fim de viver uma vida que não vivo há um bom tempo. Eu pago um preço alto pelo fato de ser um pessoa conhecida no Brasil. Faço tudo o que me dá vontade, mas para isso sou obrigada a ter todas as pessoas me olhando, reparando, vendo como eu falo, como eu ando, como me visto. É ruim ser observada o tempo todo. Me sinto como um bichinho acuado. Estou buscando o simples fato de andar nas ruas sem que as pessoas virem a cabeça para me ver passar.


PLAYBOY – Você passou por situações desagradáveis por causa da fama?


LUANA – Uma vez fui ao Playcenter com uma amiga e não parava de dar autógrafos. Daí decidi apenas me divertir sem parar no meio do caminho. Uma senhora veio reclamar que eu não havia dado atenção à filha dela e acabou me empurrando. Me controlei muito, mas minha vontade era enfiar o cachorro-quente na cara dela!


PLAYBOY – Isso também acontecia quando você estava com Rodrigo Santoro?


LUANA – Com o Rodrigo eu tinha de me privar de muitas coisas, porque havia o assédio em cima dele também.


PLAYBOY – Como você se sentiu ao ser flagrada pela imprensa ao lado do empresário baiano Christiano Rangel enquanto ainda namorava Rodrigo?


LUANA – Aquilo foi uma invasão, me deixou muito triste. Machucou uma pessoa que não precisava ser machucada. A coisa não precisava ter acontecido daquela maneira. Se não tivesse essa mídia massacrando, fazendo comentários e piadinhas irônicas, talvez o fardo tivesse sido um pouco amenizado. E eu sou uma pessoa que não gosta de tristeza nem de sofrimento, principalmente sabendo que fiz alguém passar por um momento tão ruim.


PLAYBOY – Como foi o rompimento?


LUANA – Eu já planejava ir a São Paulo conversar com o Rodrigo sobre a nossa relação. Sou muito sincera e muito transparente. Queria contar a ele o que havia acontecido em Salvador. Só que ele não estava esperando por isso, estava envolvido num trabalho, um filme. Eu fui a São Paulo e tive de voltar em seguida para continuar apresentando a minha peça em Salvador. Então foi uma coisa do tipo: “Olha, eu tô aqui te contando isso mas depois de amanhã estou indo embora.” Foi muito rápido e bem complicado. Mas saí tranqüila. Errei? Errei. Mas fui mulher, fui lá e resolvi tudo.


PLAYBOY – Como Rodrigo reagiu?


LUANA – Ele disse que não queria mais me ver, porque iria ser difícil para ele. Às vezes me pego pensando se ele me odeia, se vai continuar me odiando ou se um dia vai entender o que aconteceu.


PLAYBOY – Vocês nunca mais conversaram?


LUANA – Não, a gente nunca mais se falou, nem pelo telefone. Acho que vai levar um tempo até as coisas se normalizarem.


PLAYBOY – O fato de você e Rodrigo terem feito juntos a novela Suave Veneno atrapalhou a relação?


LUANA – Não, não foi a novela.


PLAYBOY – Então o que foi?


LUANA – A nossa relação era muito fechada. E não por culpa dele, porque eu também optava por viver uma relação fechada. A coisa toda foi se desgastando. E também porque, apesar de ter sido uma paixão forte, nós dois não somos muito parecidos. Temos a mesma idade, a mesma profissão e os mesmos anseios, mas personalidades completamente diferentes. Mas é claro que o Rodrigo vai ser sempre uma pessoa muito especial para mim.


PLAYBOY – O que você chama de relação fechada e personalidades diferentes?


LUANA – A gente quase não saía, ou melhor, só saía para jantar fora quando não pedia comida em casa ou ele não cozinhava. Sair com os amigos mesmo não rolava. Mas não era por culpa dele, era minha também, por causa do assédio das pessoas, da falta de privacidade. E ele ficava de cara amarrada quando eu tentava me divertir, porque era muito ciumento. Quando eu vi já estava enjoada de ficar em casa, porque adoro estar com os amigos, sou muito extrovertida, gosto de dançar, de brincar, de tomar champanhe e ser feliz. O Rodrigo é mais na dele.


PLAYBOY – Aconteceu alguma cena de ciúme?


LUANA – O Rodrigo é uma pessoa quieta e introvertida, gosta de ficar no canto dele. Quando ficava com ciúme se retraía ainda mais. Bastava olhar para perceber que ele estava se sentindo incomodado. E é horrível ver a pessoa que você ama incomodada. Às vezes íamos a um show e ele olhava feio se eu ia lá pra frente dançar, essas coisas. A gente acabava voltando para casa.


"Às vezes íamos a um show e ele [Rodrigo] olhava feio se eu ia lá pra frente dançar, essas coisas. A gente acabava voltando para casa"

PLAYBOY – Como as pessoas reagiram ao rompimento?


LUANA – A minha mãe chorou, a mãe do Rodrigo chorou, todo mundo chorou, mas a família acabou entendendo. O meu pai se manteve calmo e a minha mãe só perguntou se eu não iria me arrepender depois. Mas agora o Christiano [Rangel] já conseguiu cativar a minha família. Ele é muito bonito, extrovertido e sincero. Infelizmente acabei perdendo um amigo, o meu personal trainer, Roberto Rodrigues. Ele tomou as dores do Rodrigo. Percebi que, no fundo, não se sentia meu amigo. Eu devia ser só a namorada do Rodrigo. Agora ele me cumprimenta, mas de uma forma distante.


PLAYBOY – Você tentou se explicar com a família do Rodrigo?


LUANA – No Dia das Mães eu liguei para a casa da dona Maria José [mãe de Rodrigo Santoro] e deixei uma mensagem na secretária eletrônica. E a primeira coisa que fiz quando tudo aconteceu em Salvador foi ligar para ela e contar sobre o Christiano antes de ir ao encontro do filho dela em São Paulo. Queria ter certeza de que alguém iria ficar com o Rodrigo, que ele iria ter guarida. Então liguei e pedi pra ela ir ficar com ele. Mas ela só chorava. Nós tínhamos uma relação muito boa.


PLAYBOY – Você pediu a alguém para buscar as suas coisas na casa dele?


LUANA – Pedi, pedi. Foi a minha empregada, que é muito amiga da empregada dele.


PLAYBOY – Como você conheceu Christiano?


LUANA – [Abrindo um sorriso] Ah, o Christiano é uma longa história. Tudo começou em Salvador, há quatro anos. Ele era namorado de uma colega do Espírito Santo que trabalhava como modelo em São Paulo. Ela me mostrou quem ele era mas achei o cara muito metido. Também achava que ele era meio safado, porque saía com outras mulheres quando ela estava no Espírito Santo. Depois que eles já haviam terminado eu o vi novamente do alto de um trio elétrico. Senti um friozinho na barriga. Ele gritou lá de baixo para eu descer. Fiquei na dúvida. Ele parecia o Lobo Mau querendo comer a Chapeuzinho Vermelho, sabe? [Risos]


"Achei que ele [Christiano Rangel] era meio safado. Ele parecia o Lobo Mau querendo comer a Chapeuzinho Vermelho"

PLAYBOY – E o que aconteceu, Chapeuzinho?


LUANA – Eu desci! [Risos] Fomos tomar uma cervejinha atrás do trio elétrico e ele me deu um superbeijo. Mas ficou só nisso, um casinho de Carnaval.


PLAYBOY – Depois disso vocês não se viram mais?


LUANA – Nos três anos de namoro com o Rodrigo eu o encontrei apenas umas três ou quatro vezes. Senti aquele mesmo friozinho na barriga, mas tentava evitar o contato. Estava namorando o Rodrigo e o Christiano levava uma vida que eu não achava legal. Era briguento e muito namorador. Mas aí eu fui fazer a peça em Salvador...


PLAYBOY – E o friozinho voltou?


LUANA – Friozinho nada! Um verdadeiro iceberg na barriga! [Risos]


PLAYBOY – E o que você pensou?


LUANA – Pensei que se estava sentindo aquilo tudo era porque tinha alguma coisa muito errada na minha relação com o Rodrigo. Eu não podia estar ali achando que ia me casar com o Rodrigo e outra pessoa mexendo tanto comigo. Então acabou que não consegui me controlar. A imprensa flagrou tudo com o Christiano e a casa caiu.


PLAYBOY – Você achava que iria ficar com Rodrigo para sempre?


LUANA – Achava. Ele foi o meu primeiro namorado sério e tivemos um longo relacionamento. Hoje vejo que era muita pretensão da minha parte achar que ia me casar, ter filhos e formar uma família. Mas no amor eu sou pretensiosa mesmo, quero que dê certo. Uma vez falei assim para a Déborah Secco: “Menina, você se apaixona uma vez por semana, né?” Eu tinha visto uma matéria dela dizendo que ia se casar e ter filhos e depois de uma semana ela já estava com outra pessoa declarando amor do mesmo jeito. Mas é isso o que acontece. Quando a gente está apaixonada de verdade quer ficar com a pessoa pelo resto da vida. Isso é sincero naquele momento, só não quer dizer que vá durar para sempre. Peço a Deus que ilumine o Rodrigo e ele entenda o que aconteceu. Espero que a gente possa sentar e conversar um dia. Tudo aconteceu rápido demais. Pedi a Deus que cuidasse do Rodrigo quando o namoro terminou.


PLAYBOY – Você acredita mesmo em Deus?


LUANA – Piamente. Ele é meu amigo. Converso com Ele e sei que está perto de mim o tempo todo.


PLAYBOY – Como é essa sua conversa?


LUANA – Falo com Ele em vários momentos. Toda noite peço a bênção à Lua e faço um pedido à primeira estrela que vejo no céu. Então oro e agradeço a Deus o meu dia. Peço a papai do céu que ilumine o meu caminho.


PLAYBOY – Qual é a sua religião?


LUANA – Fui criada como adventista do sétimo dia, que é uma religião crente, eu acho. Mas na verdade nunca fui radical, nem a minha família. Acredito na Santíssima Trindade, em Deus Pai, Deus Filho e Espírito Santo e só.


PLAYBOY – Mudando de assunto, como você se comporta com as críticas desfavoráveis?


LUANA – Não acho bom receber críticas, mas é importante ouvir. Pode ter um fundo de verdade. Mas os meus quatro anos de terapia fizeram com que eu não me incomode com o que as pessoas dizem.


PLAYBOY – O que mais a terapia fez por você?


LUANA – Para começar, descobri que a felicidade é uma opção de vida. E a terapia também me ensinou a diferenciar os problemas reais dos imaginários. Problema real é quebrar a perna. Imaginário é sofrer porque a unha quebrou. [Risos] Também descobri que sou altamente carente. Tem gente que tem complexo de rejeição ou de inferioridade. Eu sou é carente.


PLAYBOY – Carente de que tipo?


LUANA – Eu gosto de ser acarinhada. Quando era criança chupava o dedo. Chupei o dedo até os 12 anos de idade e tomei mamadeira até os 14. Também puxava os pelinhos do cobertor na hora de dormir. Hoje peço colo ao meu namorado! [Risos] Sou carente, mas estou ótima! [Risos]


PLAYBOY – A carência está relacionada com o fato de seu pai biológico ter aberto mão do pátrio poder no passado?


LUANA – Tem tudo a ver. Os meus pais se separam quando eu tinha apenas 2 anos e algum tempo depois a minha mãe se casou com o meu padrasto. Foi ele quem me adotou legalmente quando meu pai biológico cedeu o pátrio poder e é ele que eu chamo de pai. Mas a minha vida não mudou com a adoção. Sempre me senti Piovani.


PLAYBOY – O que você sente pelo seu pai biológico?


LUANA – Sinto um carinho muito grande por ele e mantemos contato próximo. E tenho um grande amor pelos meus irmãos. São três por parte de pai e um por parte de mãe.


PLAYBOY – O que seu pai biológico diz ao vê-la fazendo sucesso com o sobrenome Piovani?


LUANA – Acho que ele tem um dodói dentro dele. Há pouco tempo tivemos uma conversa e ele disse que não tinha condições financeiras de me sustentar naquela época. Pelo que entendi, parecia arrependido de ter cedido o pátrio poder. Mas essas são águas passadas. Tenho carinho pelo meu pai biológico. Olho para ele sabendo que foi dele que eu nasci.


PLAYBOY – Você teve uma infância rica?


LUANA – Minha família era de classe média baixa. Estudei sempre em bons colégios, mas não tinha o mesmo nível das meninas que estudavam comigo. Não comprava lanche na cantina todo dia, não trocava de uniforme todo ano, precisava pegar o uniforme usado da minha prima. Mas não me sentia mal por causa disso.


PLAYBOY – Você já teve complexo de altura?


LUANA – Nunca tive. Pra começar porque só fui crescer quando fiquei mais velha. Meu complexo era não ter peito. Tomava água na concha, porque a minha avó dizia que era uma simpatia pra fazer crescer o peito [risos]. Usava o sutiã menina-moça. Hoje uso número 44. [Risos].


"Meu complexo era não ter peito. Tomava água na concha, uma simpatia pra fazer crescer. Hoje uso [sutiã] 44"

PLAYBOY – Com quantos anos você menstruou pela primeira vez?


LUANA – Eu estava na 8ª série, tinha 14 anos. Daí é que eu fui crescer. Tinha 1,63 m e só cresci mais com 16 anos. Passei para 1,72 m, 1,73 m, até chegar nos atuais 1,76 m.


PLAYBOY – Você era uma mocinha magricela?


LUANA – Nunca fui magra. Mas não tinha peito e queria morrer. [Risos] Só depois foi que cresceu.


PLAYBOY – O que você acha do silicone?


LUANA – Quando uma mulher se olha no espelho e sente falta de um peitinho, deve pôr silicone. Mas tem umas pessoas que exageram. Achei que o peito da Feiticeira, por exemplo, podia ter ficado menor, um pouco mais normal. Não gosto quando você bate o olho e diz: “É silicone!”


PLAYBOY – Você já namorou algum baixinho?


LUANA – Já, há uns quatro anos. Mas ele não honrou o time dos baixinhos, não era um cara nota 10. Na verdade, fiquei com ele numa fase carente. Foi quando me mudei para o Rio, estava sozinha e me apoiei na primeira pessoa que me deu carinho. Foi um equívoco.


PLAYBOY – Por quê?


LUANA – Ele era justamente o meu oposto, trabalhava no mercado financeiro, tinha oito anos a mais do que eu e não gostava das coisas de que eu gostava. Um dia eu acordei e falei: “Querido, vamos mudar a nossa história”. E nunca mais saí com ele!


PLAYBOY – Você só gosta de homens bonitos?


LUANA – Homem pra mim tem de ser interessante. Se for muito bonito fica parecendo o Ken, namorado da Barbie! [Risos] Gosto de homem com cara de homem.


PLAYBOY – Quantos namorados você já teve?


LUANA – Poucos. Eu sempre tive mais amigos do que namorados. [Pensando] Eu namorei o [ator] Guilherme Fontes, o [playboy-empresário] João Paulo Diniz, aquele baixinho... Namorado de fazer planos de casar só o Rodrigo. Mas fiquei bastante, principalmente na adolescência. Eu ia às boates, nas domingueiras. Chegava lá, escolhia um gatinho e ficava. Todo domingo era assim. Às vezes ficava com o mesmo garoto, às vezes com outro. Era bom demais. Tinha muito beijo na boca, mas nada de sexo. Hoje não dá mais só pra ficar. Quem vai querer só brincar de beijar na boca? [Risos]


PLAYBOY – Como foi o namoro com o Guilherme Fontes?


LUANA – Foi muito bacana, porque ele é uma pessoa sensível, é um cara mais velho e me apresentou pessoas interessantes. A gente conversava sobre a história do cinema brasileiro, discutia cenas e tomava muito champanhe. Por qualquer motivo ele tomava champanhe e eu achava isso o máximo. Só que não estava completamente apaixonada. Daí cheguei um dia e falei: “Guiga, tô me sentindo meio estranha. Gosto de você mas não sei se esse gostar é suficiente pra me manter ao seu lado como uma fiel escudeira”. Ele entendeu.


PLAYBOY – E o namoro com João Paulo Diniz? É verdade que ele deu um fora em você?


LUANA – O João Paulo já virou lenda. Toda entrevista tenho de falar dele, mas enfim... Ele foi a primeira pessoa por quem eu me apaixonei de verdade. Tinha 17 anos e ele já tinha 30. Estava na cara que seria uma roubada. Quando eu contei à minha mãe ela falou: “Minha filha, isso vai te trazer dor de cabeça”. E não deu outra. Um mês depois ele terminou comigo e eu sofri muito. Mas passou. Foi uma experiência legal porque eu amadureci. Ele é superlegal, apoiou a minha peça [A.M.I.G.A.S], a gente se fala quando se encontra. Ele é um querido.


"Tinha 17 anos e ele [João Paulo Diniz] já tinha 30. Estava na cara que seria uma roubada. E não deu outra"

PLAYBOY – A sua primeira transa foi com ele?


LUANA – Não. Mas a minha primeira vez foi ótima, não tenho nenhum trauma. Eu tinha 17 anos. Conheci o cara, a gente foi tendo um casinho, daí tive vontade. Nunca tinha tido vontade antes. Foi legal, ele foi supercarinhoso comigo, e depois a gente ainda ficou mais um mês juntos e só.


PLAYBOY – Você contou à sua mãe?


LUANA – Não, ela descobriu quando eu contei nas "20 Perguntas" da PLAYBOY [de maio de 1995]. E foi péssimo, ela ficou arrasada.


PLAYBOY – Você bebe?


LUANA – Bebo, adoro beber, sou boêmia completa. Minha bebida favorita é champanhe e adoro tomar vinho e cerveja. Mas não a ponto de ficar bêbada.


PLAYBOY – Fuma também?


LUANA – Já fumei, mas parei. Fumei quase um ano. Aquele cigarro de cravo, sabe? Eu não era uma pessoa viciada. Fumava porque gostava. Uma vez fui a Fernando de Noronha e falei: “Não vou levar cigarro”. Passei dez dias sem fumar. Daí o Rodrigo começou a me botar pilha e acabei parando de vez.


PLAYBOY – Você fuma maconha?


LUANA – Já provei. Mas não gosto de ser dependente de nada. Agora, se uma pessoa chega depois do trabalho e quer fumar um baseado, ou tomar um uisquinho para relaxar, acho que é cabível.


PLAYBOY – O que você sentiu quando fumou maconha?


LUANA – Eu tive uma crise de riso, depois de sono e apaguei.


PLAYBOY – Com quem você estava?


LUANA – Com aquele garoto, o primeiro cara com quem transei. A gente estava no carro, voltando de um desfile que fiz em outra cidade.


PLAYBOY – Já te ofereceram drogas mais pesadas nos bastidores da moda?


LUANA – Essa coisa de oferecer droga a modelo é coisa de filme. Nunca ninguém chegou pra mim e falou: “Olha, eu tô aqui com uma carreira, vamos cheirar?” Se eu tivesse tido vontade, saberia como conseguir, mas acho a idéia de cheirar um pó horrível. Fumar me parece um pouco mais tradicional.


PLAYBOY – Como você saberia onde conseguir?


LUANA – Eu nunca ouvi falar de um disque-pó, mas sei que se você for a uma favela vai conseguir comprar quanto quiser.


PLAYBOY – É verdade que você teve fama de viciada?


LUANA – Diziam que eu cheirava, mas era uma grande mentira. Era culpa da inveja da sociedade paulista que não podia ver ninguém linda, feliz e fazendo sucesso que começava a falar mal. O João Paulo [Diniz] tinha terminado o namoro e mesmo assim eu continuava saindo muito à noite, sempre com um sorriso de orelha a orelha. Daí começaram a dizer que eu estava cheirando.


PLAYBOY – Você faria um comercial de cigarros ou de bebidas?


LUANA – Não. Eu sou politicamente corretíssima. Não uso nem peles de animais. Já fui consultada para fazer trabalhos desse tipo, mas o meu empresário nem me passa, porque sabe que eu não faço.


PLAYBOY – Mudando de assunto, o que você acha daquilo que o compositor Gabriel, o Pensador, chama de “bundamusic”?


LUANA – Com perdão da palavra, eu chamo isso de “os cus que falam”. Eles são aplaudidos, são amados e são fábricas de fazer dinheiro no nosso país, que adora uma bundinha. Se alguém quer ganhar a vida assim, acha que vai ser legal contar ao filho como ganhou dinheiro para comprar o apartamento, tudo bem. É uma opção de vida.


PLAYBOY – Você passou a gostar mais das músicas de Ivete Sangalo depois que ela se tornou sua concunhada [Ivete namora o empresário baiano Marcelo Rangel, irmão de Christiano]?


LUANA – A gente já era coleguinha antes disso. Mas agora eu fiz uma opção pela Bahia literalmente. [Risos]


PLAYBOY – Você e a Ivete se falam sempre?


LUANA – Na verdade não. Por mim a gente se falaria mais. Mas já notei que essa não é muito a dela e respeitei. Quando gosto de alguém quero que vire amigo, mas tentei fazer isso com ela e não fluiu. Então falei: “Bom, vamos ser amigas de encontros ocasionais”. E é assim que acontece. A gente se adora, mas é só ocasional.


PLAYBOY – Você ficou chateada com isso?


LUANA – Há pouco tempo eu estava com o Christiano e a Ivete com o Marcelo e combinamos jantar. Só que ela não apareceu. Fiquei de mal dela até que nos encontramos numa festa da MTV e ela veio falar comigo. Então eu disse: “Quando a gente quer pega o celular e liga nem que seja para deixar um recado”. Mas eu entendi. Ela tem uma vida atribulada, é mais velha e tem outro estilo de vida. O importante é que rola um carinho entre nós.


PLAYBOY – Você acha que uma mulher que demonstra estar a fim de um homem é galinha?


LUANA – Claro que não! Inclusive essa mulher sou eu! [Risos] É muito machismo achar que a iniciativa tem de partir sempre do homem.


PLAYBOY – Como é o seu recado?


LUANA – Eu só olho. Depois rola um sorriso. Se ele chegar perto a gente começa a conversar...


PLAYBOY – E o que ele teria de fazer para conquistá-la?


LUANA – Para começar tem de ser simpático, alegre, bem-humorado. Precisa me contar histórias interessantes e ter um mínimo de sensibilidade. E tem de ser muito carinhoso, porque eu sou um dengo.


PLAYBOY – E na hora do sexo?


LUANA – Não pode ter pressa. A gente demorou nove meses para nascer, não é? [Risos] Tem que ter calma e saber fazer. E, se não souber, precisa ter paciência para a mulher ensinar! [Risos] Acho que as preliminares representam 60% de tudo.


PLAYBOY – Você namoraria um homem muito mais velho?


LUANA – Com mais de 35 anos não. E tem de ser jovem de espírito.


PLAYBOY – O que você faz para o sexo não cair na rotina?


LUANA – A gente tem de fazer festinha, né? Comprar lingerie, malhar pra se sentir gostosa, calçar uma bota de salto alto. Eu, por exemplo, adoro velas, banho de cheiro, óleos essenciais, cinta-liga e música que inspire o amor. Tudo!


PLAYBOY – É verdade que você tem uma personalidade secreta?


LUANA – [Misteriosa] Tenho, é a Valentina. Ela nasceu há cinco anos, quando assisti ao filme Pulp Fiction. Sempre achei que as morenas de olhos claros são mais bonitas do que as louras. Então comprei uma peruca, mandei tingir de preto e fiz um corte chanel com franja, igual à protagonista do filme.


PLAYBOY – Como é a Valentina?


LUANA – Ela é totalmente paulista e só se veste de preto. Usa cabelo curto chanel e bota de couro longa. Eu sempre quis me vestir desse jeito. Saio por aí de Valentina amarradona. Mas tem um bom tempo que eu não me transformo em Valentina, por falta de tempo.


PLAYBOY – Quando foi a última aparição dela?


LUANA – Foi há um ano. Ela já vestiu uma microssaia, uma meia arrastão e foi se encontrar com uma pessoa num restaurante... O resto não conto.


PLAYBOY – O que você sente quando se transforma em Valentina?


LUANA – Adoro quando as pessoas ficam olhando e achando que a conhecem de algum lugar, sem conseguir descobrir quem ela é. É muito engraçado isso.


PLAYBOY – A Valentina já foi apresentada a algum namorado?


LUANA – Já, mas ela não nasceu para agradar aos homens. [Risos] Mesmo assim, a Valentina não é mais virgem! [Risos]. Na verdade ela gosta de parar nas preliminares. O problema é que ela usa peruca e muita maquiagem. Quando vai para a cama acaba virando uma bagaceira! [Risos]


"O problema [com a Valentina] é que ela usa muita maquiagem. Quando vai para a cama acaba virando uma bagaceira!"

PLAYBOY – Quantas aparições a Valentina já fez?


LUANA – [Pensativa] Bem poucas, só umas seis. As pessoas que sabem da Valentina acham que eu sou louca. [Risos]


PLAYBOY – A Valentina posaria nua?


LUANA – Ela até poderia posar nua. A Valentina tem muito mais o perfil para posar nua do que a Luana. Mas a Valentina talvez seja mais cara do que a Luana. [Risos]


PLAYBOY – O que é ser Luana Piovani?


LUANA – Acima de tudo é ser feliz. E é ser do bem, batalhadora, crítica, perfeccionista e exigente. E, se precisar, ser chata.


PLAYBOY – Quando você costuma ser chata?


LUANA – Quando insistem para eu dar autógrafos ou tirar fotos. Eu não escrevo o nome da pessoa, demoraria muito. E também não gosto que subam no palco. O palco não é a casa da Mãe Joana. E também sou muito exigente.


PLAYBOY – Exigente como?


LUANA – Como profissional. E não dou uma margem de erro muito grande. Não admito que se erre duas três vezes na mesma coisa. Gosto de trabalhar com gente competente e morro de medo de gente burra.


PLAYBOY – E de assaltos, você tem?


LUANA – Não tenho por causa da minha fé em Deus. Mas já aconteceu uma vez, no Rio. Eu estava com um namorado parada na frente da casa dele quando bateram no vidro do carro. A gente passou 40 minutos com os dois caras percorrendo caixas 24 horas. O cara que assumiu o volante me reconheceu, mas não deu bola. Depois dirigiram para um matagal e deixaram a gente lá. Levaram uns 2.000 reais.


PLAYBOY – Você ficou com trauma?


LUANA – Não, nada disso. Continuo andando sozinha à noite, sem medo.


PLAYBOY – Mas tem medo de dirigir...


LUANA – Tenho. Mas na verdade sou muito distraída, não me sinto segura. Por isso tenho motorista.


PLAYBOY – Quantas pessoas trabalham para você?


LUANA – Tenho uma equipe que faz com que eu tenha uma vida boa. Meu empresário [Márcio Damasceno], minha secretária, a Elenice, o meu motorista. Devo gastar uns 5.000 reais com salários.


PLAYBOY – Quantas tatuagens você tem?


LUANA – Três. Uma estrelinha na nuca, uma tribal no cóccix e um girassolzinho na virilha.


PLAYBOY – E piercing, você fez?


LUANA – Ai, não. Todo mundo diz que dói. A Gabriela Duarte disse que foi fazer um no umbigo e quase morreu de tanta dor. Tô fora.


PLAYBOY – Você tem medo de morrer?


LUANA – Tenho, sim. É uma das únicas coisas de que tenho medo. Tinha de solidão, mas hoje acho que não tenho mais. Tenho medo de deixar de viver porque gosto muito. E de não saber como vou morrer. Não lido bem com a morte. Quando a minha avó morreu fui ao velório e fiquei lá só 2 minutos. Vou querer ser cremada e antes doar tudo o que eu puder.


PLAYBOY – E de envelhecer, você tem medo?


LUANA – Não, acho o máximo. Não tenho medo de perder a beleza. Só não gosto das dificuldades que aparecem quando se vai envelhecendo e dos problemas de saúde. Ficar dodói é muito triste.


PLAYBOY – Qual foi o seu primeiro trabalho?


LUANA – Tinha 14 anos e fiz um teste com outras 200 garotas para um comercial do [preparado para suco] Tang. Interpretava uma menina que chegava em casa depois de perder um jogo de basquete e a mãe enchia o copo dela com suco explicando que algumas vezes se perde e outras se ganha. Adorei a experiência, mas ainda morava em São Bernardo [do Campo] e não tinha como comparecer aos testes. Só quando minha família se mudou para São Paulo, aos 15 anos, consegui fazer testes para outros trabalhos. Virei gatinha da revista Capricho e a coisa deslanchou.


PLAYBOY – Quais os prós e contras de se trabalhar na Rede Globo?


LUANA – A Globo é a maior empresa de televisão da América Latina e foi quem fez meu nome e me deu a chance de começar. Mas eu detesto monopólio e a Globo é um monopólio. Ou é do jeito que ela quer ou não é. Então já bati de frente algumas vezes com essa filosofia.


PLAYBOY – Já bateu de frente como?


LUANA – Por exemplo, quando me fizeram pintar o cabelo de preto para fazer uma personagem e depois me tiraram da novela [Anjo Mau]. Então não posso ver o [diretor] Carlos Manga nem a [diretora] Denise Sarraceni pintados de ouro, porque foram eles que me sacanearam. Acabei entrando no seriado Malhação obrigada. Estava triste porque tinha sido tirada de uma novela com o cabelo tingido de preto, com o texto estudado, e me senti desrespeitada profissional e pessoalmente. O que me salvou foi a terapia. Decidi mostrar que era profissional e podia brilhar fazendo qualquer trabalho. Acabei aumentando o ibope de Malhação.


"Não posso ver o [diretor] Carlos Manga nem a [diretora] Denise Sarraceni [da Globo]. Eles que me sacanearam"

PLAYBOY – É verdade que um diretor gritou com você?


LUANA – Foi na primeira reunião da novela Suave Veneno. Cheguei atrasada e o Daniel [Filho] subiu o tom, virou pra mim e disse: “Você sabe quanto custa 1 minuto da minha vida?”. Eu sabia que estava errada, então enfiei a minha violinha no saco e me desculpei com todo mundo.


PLAYBOY – O que você acha do Daniel Filho?


LUANA – Ele é fogo na roupa. Tem um lado muito bom e outro muito mau. Quando enlouquece vira um titã, não tem o que o segure. É aí que ele vira um monstro. Mas é muito bom diretor.


PLAYBOY – Você acha que a Globo pagava o quanto você merece?


LUANA – Não, de jeito nenhum. Não só a mim como a 70% dos atores lá dentro.


PLAYBOY – Então você ganharia muito mais se continuasse a carreira de modelo.


LUANA – A televisão dá um dinheiro muito bom por causa dos jabás. O jabá é um verdadeiro caixa 2.


PLAYBOY – Quais os melhores jabás que você já conseguiu?


LUANA – Os comerciais do sabonete Lux, do absorvente Sempre Livre e da Telefônica. Mas quando se grava novela sobra pouco tempo pra fazer jabá.


PLAYBOY – Como é o seu relacionamento com a diretora geral da Rede Globo, Marluce Dias da Silva?


LUANA – Eu disse numa revista que a Globo não pode tratar os atores como operários porque aquilo não é uma fábrica de pizza. Daí perguntaram pra ela se eu seria demitida e ela teve uma atitude muito legal. Ficou na dela quando poderia ter bancado a todo-poderosa e não fez nada. Nunca falei com ela pessoalmente, mas dizem que é muito simpática.


PLAYBOY – Você pretende procurar a Globo na volta?


LUANA – Pretendo.


PLAYBOY – A Globo não tentou dissuadi-la a partir?


LUANA – Todas as propostas que a Globo me fez foram ridículas. Eles me propuseram assinar um contrato de cinco anos, tirar dois anos de licença e pagar esse período na volta. Eu ficaria dois anos sem ganhar um tostão. Claro que não topei.


PLAYBOY – Por que você decidiu passar dois anos fora do Brasil?


LUANA – Tenho essa vontade desde os 17 anos. Na época ia para Nova York e acabei trabalhando como modelo um mês e meio na Europa. Desta vez fiz meus planos coincidirem com o final do contrato [com a Rede Globo]. Estou numa idade boa para desafios e quero estudar. Desde que terminei o 2º grau nunca mais me interessei por estudar nada.


PLAYBOY – O que você vai fazer?


LUANA – Quero fazer teatro, que hoje é minha opção de vida número 1. Vou fazer o curso do [diretor de teatro] John Strassberg, filho do Lee Strassberg [fundador do Actors Studio], um curso fechado para apenas uns dez alunos. Também vou fazer fotografia e estudar inglês, obviamente.


PLAYBOY – Vai chegar lá sem falar inglês?


LUANA – O meu inglês tá bacana. Só que pretendo chegar e pegar pesado nas aulas. Em setembro começo a fazer o meu programa de variedades na MTV e preciso estar afiada. Também vou me dedicar à montagem do apartamento. Adoro brincar de casinha.


PLAYBOY – Você não se assusta com a idéia de ficar sozinha em Nova York?


LUANA – Assustar não me assusta. Mas, quando me lembro de que o dia da viagem está chegando, dá um certo frio na barriga. Mas é um friozinho bom.


PLAYBOY – Pretende voltar?


LUANA – Eu volto. Mas não sei quando. Fico lá por no mínimo dois anos. Vou primeiro para Nova York e depois para Florença, na Itália, estudar teatro também lá.


PLAYBOY – Não tem medo de ser esquecida enquanto estiver fora do país?


LUANA – Não tenho. Se chegar e as pessoas tiverem me esquecido, pego um banquinho e vou fazer teatro na praça. Você vai ver como vão se lembrar de mim rapidinho.


POR DALILA MAGARIAN

FOTOS TARCÍSIO MATTOS



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