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O CARNAVAL NA PRAIA DOS NUDISTAS

Reportagem



A fantasia oficial, aqui, é traje de Adão e Eva. E PLAYBOY foi espiar tudo para você


Por IVAN MARSIGLIA


Após quase dois meses de chuva, o sol brilha forte no litoral catarinense. Siegfried Heyder, o "Ligue", 51 anos e poucas palavras, está em seu posto. Zigue tem uma profissão insólita: porteiro do paraíso. É ele quem cuida para que se façam cumprir as normas que vigoram nos afrodisíacos 500 metros de extensão da Praia do Pinho, a 12 quilômetros de Balneário Camboriú, em Santa Catarina — a mais badalada praia de nudismo do Brasil. A primeira e fundamental delas: no Pinho, atentado ao pudor é andar vestido. "Os maridos acham que a gente insiste nisso porque quer ver as mulheres deles peladas", reclama este alemão naturalizado brasileiro, filho de uma catarinense com um piloto da Força Aérea alemã que desapareceu durante a II Guerra Mundial. "Sete anos trabalhando aqui, estou mais é cansado de ver mulher nua", desdenha. Mesmo sendo, como é o caso hoje, o primeiro dia do Carnaval de 1995 — com baile e tudo. PLAYBOY, que não desdenha mulher nua de jeito nenhum, está aqui, para ver e contar.


À parte o rigor de Zigue em sua função — necessário para que o lugar não seja invadido por uma legião de vestidos passeando como se estivessem num zoológico —, convenhamos que ficar nu na frente de todo mundo não é fácil. Mal o visitante novato acaba de tirar a roupa, Freeway, o cão colhe que vive na portaria, vem, com um relutante abano de rabo. dar boas-vindas aos desprevenidos visitantes. Um imprevisto espera os conquistadores desavisados que chegam ao Pinho atraídos pela promessa de um Jardim do Éden na Terra. A praia é dividida por balizas em duas partes, uma destinada às famílias, casais e mulheres solteiras e outra aos homens solteiros, fato que valeu à segunda o previsível apelido de Praia do Pinto. "É mesmo uma discriminação contra o homem desacompanhado", admite Milton Alves, 37 anos, presidente da Associação Amigos da Praia do Pinho (AAPP), entidade que representa os interesses dos naturistas — como preferem ser chamados os "peladões do Pinho".


A tentativa inicial de liberar o acesso, em meio ao ir-e-vir de beldades nuas em pêlo, resultou em tumulto. "Alguns rapazes olhavam acintosamente as moças, enchiam a cara e arrumavam brigas", justifica Alves, que, quando está vestido. é gerente da Rádio Santa Catarina AM, na cidade de Tubarão. No entanto, a regra é maleável. Há solteiros, quase todos filiados à Associação, que circulam livremente: "Selecionamos os caras que podem entrar pelo seu comportamento com relação às mulheres. O problema não é olhar, é como olhar." De qualquer modo há sempre o expediente de entrar de mãos dadas com uma amiga ou parente. Zigue não exige certidão de casamento.


Ele viu Monique e Brunet nuas


"You don't have to be rich, to be girl...", falseteia aquele sinalzinho que antes se chamava Prince no alto-falante à beira da praia. Este é o restaurante do Álvaro, a mais badalada das duas cabanas que municiam os banhistas nus de cerveja, mariscos e refeições à base de peixe. Dois solteiros com salvo-conduto por boa conduta, impecavelmente despidos, saboreiam um filé de anchova grelhado, contemplando o movimento de corpos integralmente bronzeados. "Em 1983, quando comecei a vir aqui, a polícia ainda aparecia e levava em cana quem estivesse sem roupa", lembra o amazonense Erivan Azevedo, de 43 anos, titular, com roupa, da solene posição profissional de economista da Procuradoria da Receita Federal no Rio de Janeiro, enquanto aponta com o garfo o visual da praia. "As pessoas andavam de calção na mão para vestir rapidinho se os guardas chegassem", ri.


Só de fita do Bonfim no pulso, a loura, bunda e coxas impecáveis, cruza o bar atrás de um picolé

Naturista de outros carnavais, Erivan tirou a roupa pela primeira vez no final da década de 70, na escondida praia Olho de Boi, em Búzios. Em outros veraneios, teve o privilégio de presenciar — jura — as irretocáveis curvas nuas de Luíza Brunet e Monique Evans, dourando-se ao sol da praia Azedinha. Hoje habituou-se de tal maneira ao traje de banho natural que nem se dá ao trabalho de descer de seu apartamento no Rio para tomar sol: "Nem sei de que cor é a praia de Ipanema", diz. No fundo do bar, um menino abraça as nádegas — que com todo o respeito devem ser descritas como nada desprezíveis — da mãe, recostada ao lado da cadeira do marido. Uma loura, seios pequenos, bunda e coxas impecáveis, vestindo unicamente fitinha do Senhor do Bonfim no pulso esquerdo, cruza o bar para procurar um picolé debruçada sobre o freezer. "Esse lugar tem uma sensualidade incrível, mas muito respeito", analisa Álvaro Alves de Andrade, um ator de 45 anos, nascido em Blumenau. "Você descobre as pessoas com muito mais profundidade", filosofa, enchendo o copo de cerveja.


"Meu receio era ter uma ereção"


A história da Praia do Pinho confunde-se com a biografia do catarinense Celso Rossi, de 34 anos. Quando ele, dez anos atrás, cruzou com seu velho Passat a esburacada estrada de terra que leva ao Pinho, umas poucas pessoas tiravam a roupa por lá. As mais assíduas eram as moças de uma afamada casa de tolerância de Balneário Camboriú, a Mario's House. Os clientes argentinos apreciavam as profissionais morenas sem marquinha de maiô tanto quanto um bom churrasco portenho. Até hoje, uma ou outra profissional de shows de strip-tease vem ao Pinho para ficar "parelha", como diz a gíria local. "Meu receio era ver as mulheres nuas e não conseguir evitar uma ereção", lembra Rossi.


Não foi o que aconteceu. Pelo menos, não exatamente. Num dado momento, uma nudista levantou-se para ir embora, vestiu a calcinha do biquíni e colocou a blusa, deixando um dos seios à mostra, que ajeitou delicadamente depois: "Não tive outra opção senão deitar de barriga para baixo, para 'pegar sol nas costas'", confessa. Daquele momento em diante, esse ex-administrador de empresas se dedicaria em tempo integral a construir — até literalmente — o recanto naturista Paraíso da Tartaruga, na Praia do Pinho, e a edificar toda uma filosofia de vida naturista. "Me dei conta do quanto a curiosidade por conhecer o corpo das pessoas do sexo oposto perturba as relações entre os dois lados. Quando todos estão nus, os relacionamentos tornam-se muito mais tranqüilos e naturais", acredita.


Uma escultora de formas esculturais


No Carnaval de 1986, uns poucos porém animados foliões deram um passo ousado em matéria de relacionamentos naturais: improvisaram um baile, com todo mundo nu, no restaurante ainda iluminado por gerador elétrico. Foi atrás de um cartaz de propaganda de cerveja que Rossi, lá pelas tantas, redigiu a ata de fundação da AAPP, que impulsionaria de vez a criação da primeira praia de nudismo do país. Após toda uma trajetória de brigas, protestos moralistas e batidas policiais, uma lei municipal posteriormente reconhecida pelo governo estadual oficializou o nudismo no local. Presidente, escrivão, salva-vidas, de tudo Rossi fez. Dublê de pedreiro, em sua ânsia empreendedora Rossi elaborou tal composição geométrica numa das construções que provocou uma exclamação à chegada do mestre-de-obras: "Ué, mas que tijolo doido é esse?" Estava batizado o bar e restaurante da Associação.


No ano passado, a oposição liderada por Milton Alves venceu as eleições. Melindrado, Rossi, que já acumulava as principais tarefas da Federação Brasileira de Naturismo (FBN), foi montar outro paraíso naturista em Pedras Altas, no município de Palhoça, mais ao sul do Estado. E Rui Pinto dos Santos, 38 anos, trocou a roupa e o diploma de bacharel em Direito pela direção do bar e restaurante Tijolo Doido. "Eu já era naturista há muitos anos, fui me envolvendo e, de repente, estava morando aqui com minha esposa e meus meninos", diz, coçando a proeminente barriga que ajuda a compor os mais de 100 quilos de peso que lhe valeriam o título de Rei Momo do Carnaval 95. A esposa, Sandra, entrou com os extraordinários dotes culinários. Os meninos, Neto e Fábio, apelidados na praia de "irmãos sumô", devido à sua igual paixão pela comida, fazem as vezes de garçom, ajudados pela caçula Patrícia. "Cozinhar bem é questão de gostar", sorri, modesta, dona Sandra, que está sempre de topless e canga amarrada na cintura. Rui prepara-se para inaugurar um sítio naturista no Paraná e outro restaurante em Pedras Altas. Mas a pretensão da família Pinto é, com perdão do trocadilho, crescer ainda mais. Os planos incluem a organização de uma rede de turismo naturista, com recantos especializados em vários Estados do país.


"Me vê aí um caubói bem macho, menino", diz a morena já quarentona mas ainda atraente com suas coxas grossas, cabelos crespos à altura do ombro e uma grande tatuagem nas costas, a um dos irmãos sumô, que apanha num tiro a garrafa de scotch. Escultora, N. Dina, como é conhecida no meio artístico, tem obras espalhadas por Florianópolis, São Paulo e Rio de Janeiro. Vivia nua na casa onde morava à beira do Rio Itajaí, para o deleite dos pescadores e do vizinho voyeur, que não fez cerimônia para construir um providencial janelão. Resolveu vestir — se assim se pode dizer — de vez a camisa do naturismo, e está de mudança para uma cabana de madeira próxima à sede da AAPP. "Para mim, a coisa é mesmo uma opção de vida", diz ela que, a despeito disso, não faz o gênero natureba-cabeça que torna o discurso de alguns naturistas mais sonolento que documentário japonês sobre origami. Enquanto o novo lar não fica pronto, N. Dina é hóspede de um dos mais ilustres habitués da Praia do Pinho, o médico paulista Nelson Oliveira, de 50 anos, que fez pós-graduação com Ivo Pitanguy no Rio e é um um cirurgião plástico bem-sucedido.


Trocou US$ 1 milhão pelo paraíso

Todos os finais de semana, religiosamente. Nelson pega um jato no Aeroporto de Congonhas, em São Paulo, e desce em Navegantes, Santa Catarina, onde seu motorista já o espera para levá-lo à praia de nudismo. "Sabe por quê? Por causa disso", explica, apontando a paisagem inacreditável que se pode contemplar do deck no 2' andar de sua cabana rústica no Pinho. Ao lado, uma rede, um carrinho de bebidas onde não falta seu favorito Johnny Walker Red Label e uma plaqueta de madeira entalhada com os dizeres "Ser feliz é tão fácil". Para tirar a roupa em Santa Catarina, ele deixa para trás as preocupações de seu consultório paulistano e o conforto de uma casa de 1 milhão de dólares no Jardim Acapulco, condomínio de altíssimo luxo no Guarujá, litoral paulista.


"O Pinho não perde em nada para o Primeiro Mundo", faz coro Maurino Loch, 54 anos, diretor do Internacional de Porto Alegre, ex-chefe de gabinete do presidente do Banco do Estado do Rio Grande do Sul, que morou na Alemanha e desfrutou dos melhores campos de nudismo da Europa.


Uma praia de nudismo do lado de baixo do Equador não é exatamente como as que Loch conheceu no Hemisfério Norte. Todo nativo dos arredores de Balneário Camboriú a quem se peça informação sobre o Pinho deixará escapar um sorrisinho malicioso. O bochincho é tal que extrapola a mera curiosidade e mobiliza um lucrativo filão turístico. Diariamente, escunas abarrotadas de curiosos saem de Balneário para visitar a praia dos pelados. Num dos últimos veraneios, o timoneiro parou perto da arrebentação para que seus clientes fotografassem e filmassem melhor o exótico espetáculo. O motor pifou e as ondas do agitado mar do Pinho ameaçavam fazer adernar a embarcação. Benevolentes, os peladões socorreram os agradecidos náufragos. Mas não sem uma pequena vingança. "Perguntamos 'tá todo mundo bem? OK, então podem ir tirando a roupa, que, vocês sabem, isso aqui é uma praia de nudismo'", recorda o construtor civil Aroldo José Précoma, de 33 anos, que presenciou a cena. Foi aquele fuzuê de senhoras e varões fugindo apavorados para a estrada.


Na segunda-feira de Carnaval outra classe costumeira de espiões aparece: os rapazes de jet ski. Bad boys em suas grifes emborrachadas, roncam e manobram de lá para cá. Um paredão masculino de nudistas se aproxima da água, de braços cruzados e ar típico de "vai encarar?" Um dos visitantes indesejados baixa o calção e desfila, zombeteiro. No dia seguinte, estilingues de borracha cirúrgica e dúzias de bolinhas de gude os esperariam em vão.


Garotas nuas levantam e cortam

Os curiosos têm boas razões para xeretar no Pinho. Embora os naturistas — e as naturistas — gostem de vender a idéia de que em sua comunidade desigualdades sociais e anatômicas não têm vez, há lugar, e muito, para a vaidade. As mulheres, muitas delas muito bonitas, andam maquiadas e com toda a sorte de penduricalhos e pulseiras. "Se até as índias se enfeitam, por que é que eu não vou ser vaidosa também?", argumenta a gaúcha

Cláudia Nunes Ercolani, 22 anos, uma das musas da Praia do Pinho. Loura natural, inclusive abaixo do umbigo, corpo perfeito, ela costuma ostentar batom nos lábios e um colar de pedras verdes, combinando com os olhos. "Mas aqui a sensualidade não é a mesma de uma praia normal", diz, colocando os óculos de sol redondos: "Na praia de nudismo eu não vou andar toda empinadinha como quando uso biquíni."


Numa curiosa inversão, o excitante, num ambiente naturista, é aquilo que não se mostra. Além dos funcionários dos bares — por uma óbvia razão de higiene —, apenas os salva-vidas trabalham de sunga, o que conta pontos valiosos junto à ala feminina. "Aqui é o paraíso dos salva-vidas", entrega Leandro Medeiros Tinoco, 20 anos, o mais jovem dos três integrantes do Corpo de Bombeiros de Santa Catarina que se revezam na praia. O privilégio de trabalhar no Pinho é disputadíssimo pelos solteiros da corporação. Os casados, pesarosos, abrem mão, pois é problema certo em casa. Trabalha-se bastante — o mar perigoso determina média semanal de quinze ou vinte salvamentos —, mas as farras noturnas compensam os esforços: "Ah, se esse posto de observação falasse...", suspira Medeiros.


Numa curiosa inversão, o excitante, num ambiente naturista, é aquilo que não se mostra

Observar, de todo modo, é algo indissociável do Pinho. Imagine, por exemplo, um bando de rapazes e garotas saltando, bloqueando e cortando inteiramente nus. A cena, inevitavelmente cômica para quem não está acostumado, pode ser vista todo final de tarde. "Vai que é sua, Adão!", grita uma senhora de formas rembrandtianas para o jovem magro, nu e de cavanhaque, que parece estar ali por força do nome. Quem levanta a bola com perfeição surpreendente é outro "Adão", Vitor Hugo Schmidt — um estudante gaúcho que já jogou no voleibol profissional do Bradesco e do Frangosul. Veio ao Pinho estimulado por uma reportagem que leu em PLAYBOY de abril de 1989 e agora bate ponto todos os verões.


Vitor levanta, e quem corta é uma morena de boné amarelo e cabelos castanhos presos num rabo-de-cavalo, a velejadora Beatriz Magalhães, que moldou o corpo exatíssimo — cintura fina, pernas bem torneadas, seios que apontam para cima, pêlos clarinhos descendo em linha graciosa rumo ao púbis — em horas a fio no timão de um veleiro Swann de 65 pés, no Caribe. Em duas ocasiões, cruzou o misterioso Triângulo das Bermudas, enfrentando ondas gigantes e ventos furiosos. Todos os verões, ela sai de Florianópolis, onde mora, para acampar no Pinho. "Antigamente só havia casais e eu ficava um pouco solitária. Este ano, finalmente encontrei alguém...", sorri. Como se paquera numa praia de nudismo? Beatriz dá a receita: "A coisa começa pelo diálogo. O olhar é para conhecer, e não pra efeito de se excitar", diz. "Até porque, se acontece, não dá para disfarçar", ri.


A tarde termina, e com ela a partida. Os nudistas vão se retirando para aguardar o baile da noite. Não há mais velhos nem crianças e a praia está envolta numa penumbra azulada. Um rapaz moreno, cabelos crespos, e uma garota igualmente morena, que trocavam carícias ousadas sobre uma canga, não se inibem com as poucas testemunhas — e passam a transar despreocupadamente na areia.


"Ô ô ô ô Rosa ô ô ô Rosa! Olodum alegria cidade canta Salvador...", ecoam as canções do Carnaval baiano. A noite está chegando ao auge no pequeno salão do restaurante do Ivam, decorado com más-caras-de papel aluminizado e serpentinas. Passeiam mais seios e bundas de fora que em bailes do Rio de Janeiro. Outras garotas — adeptas do "esconder para mostrar melhor" — usam lingerie, cintas-ligas e meias arrastão.


Na festa, estar nu ou vestido fica a critério do folião. A maioria dos parceiros tem algum tipo de roupa sobre o corpo, e os que não têm nada, preventivamente, evitam agarramentos. É o caso do negro alto e atlético que dança com uma alvíssima loura de corpo esguio de manequim. Mas os olhares, que durante o dia eram prudentes e comedidos, cruzam-se com inequívoca malícia. "Tá vendo?", empolga-se Milton Alves, que há pouco conversava com uma bela loura, enquanto sua esposa papeava com um homem de sunga e tênis: "No Pinho, o olhar não tira pedaço da sua mulher. Temos vários exemplos de casais que vêm aqui e reativam a vida sexual".


O salva-vidas agora salva a dele

Há vestidos e pelados bebericando nas mesas espalhadas pelo salão. Seios e outras partes oscilam ao som de marchinhas clássicas. A certa altura, apesar de ser Carnaval, o DJ providencia uma seleção de pagodes. Um baixinho calvo e de bigode — a encarnação daquele personagem do comercial de cotonetes da Johnson & Johnson — puxa para a contradança uma irradiante mulata carioca de quase 1,80 metro, ambos prudentemente semicobertos, a mulata com um short agarrado e um top. Péricles Gonçalves, gaúcho de Rio Grande, é figura popularíssima no Pinho pela língua ferina e a vocação de piadista. Eliane, única mulata legítima num paraíso de sharon stones, faturou a faixa de Rainha do Carnaval do Pinho, para o orgulho do namorado, um administrador de empresas carioca, viúvo, que tem pelo menos o dobro de sua idade.


Medeiros, o salva-vidas, agora salva a dele, de short e camiseta, acompanhado de uma loura, também (pouco) vestida, cuja tatuagem — uma gaivota sobre o bico do seio direito — provocara frisson entre os banhistas. A moça, gaúcha de 29 anos, tinha chegado em companhia de um ex-namorado, no esquema "quase amigos". Acabariam voltando para Porto Alegre "quase inimigos".


Na manhã seguinte não tem mais Carnaval, e o sol aparece para despedir-se dos últimos turistas nus. Em frente ao posto de observação do Corpo de Bombeiros, nem a ressaca de quarta-feira de cinzas faz sossegar o bom humor do espevitado Péricles, o "baixinho do cotonete": "Até nisso essa praia é diferente: a maior parte das respirações boca-a-boca acontecem à noite, quando não tem ninguém no mar..."


O guarda-roupa básico do nudista

Uma dúvida na hora de arrumar as malas para visitar uma praia de nudismo: o que pôr dentro delas? Chegar com vasta bagagem é expor-se inevitavelmente ao ridículo, mas saiba que existem itens indispensáveis para quem vai ficar pelado:


Canga - Chama a atenção a quantidade de homens que aderem à canga no Pinho. Não se trata de um fenômeno de feminilização em massa, mas de uma medida de higiene: os marmanjos usam a canga para evitar o contato direto com a areia e as cadeiras de vime dos bares.


Óculos escuros - Se você é do tipo "periscópio" — que não consegue ver mulher bonita sem virar o pescoço —, trate de arrumar uns óculos escuros, pois esse tipo de comportamento pega mal na "ala familiar" da praia, que é também onde ficam as gatas.


Filtro Solar Plus - A menos que você queira receber a acintosa alcunha de "babuíno", pelo traseiro vermelhusco, cuidado redobrado com as partes do corpo não acostumadas à insolação. Opte por um fator de proteção mais elevado que o usual.


Feliz ou infelizmente, a Praia do Pinho não tem uma estrutura adequada a uma grande demanda turística. Mais seguro e confortável é hospedar-se em Balneário Camboriú e fazer de carro os 12 quilômetros que separam a cidade da praia. No Paraíso da Tartaruga, a melhor opção são as treze cabanas que os membros da AAPP alugam quando não estão por lá. As diárias variam de 35 a 60 reais, fora o café da manhã. Oito quartos para casal, bastante simples mas aconchegantes, custam 20 reais/dia. E possível, também, ficar num dos dois campings locais, o da Associação e o da família Fonseca, proprietária das terras e dos dois restaurantes à beira da praia. AAPP: Caixa Postal 272, Balneário Camboriú, SC, CEP 88330-000, tel. [0473] 98 7536. FBN: Caixa Postal, 328, Gramado, RS, CEP 95670-000, tel. [054] 282 1907.


ILUSTRAÇÕES VICTOR LEMA RIQUÉ



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