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VALÉRIA ALENCAR | ABRIL, 1995


A Francisquinha da novela As Pupilas... descreve o seu banho e diz que anda só de calcinha em casa


POR MARCO ANTÔNIO LOPES

FOTOS MAURÍCIO NAHAS


"Tire a blusa", pediu o diretor. A atriz Valéria Alencar não entendeu direito. "Como é que vai ser isso?", ela perguntou. "É como a gente tinha combinado", ele explicou. "Você tira a blusa, vai até a cachoeira e a gente filma seu colo." Ela então mergulhou, seminua, no rio e ficou ali, perto da cachoeira, tomando banho. Dirigido por Nílton Travesso, o banho de Francisquinha — a personagem de Valéria — não revelou apenas o colo da atriz e foi uma das melhores cenas da novela As Pupilas do Senhor Reitor, do SBT. De tão sensual teve até reprise. Pena que, quando foi ao ar, em janeiro deste ano, durou apenas quatro minutos. Mas foi o suficiente para Valéria ganhar primeiras páginas de jornais e capas de revistas. "A cena foi linda, tinha coerência com a personagem e a trama. Só que eu também fiz outras cenas legais", diz a atriz. Interpretando a tímida Francisquinha, e contracenando com atores experientes como Juca de Oliveira, Joana Fomm e Débora Bloch, Valéria mostra que tem tudo para seguir firme na carreira. "Mas ainda preciso aprender muito", ela admite.


A novela do SBT é seu terceiro papel na TV. Lúcia Valéria Alencar de Oliveira, seu nome todo — o mesmo da mãe —, 29 anos, nascida em Niterói, no Estado do Rio de Janeiro, começou a representar aos 20 anos. Foi só no 3º ano do curso de Comunicação, na faculdade Hélio Alonso, no Rio, que ela decidiu mudar de profusão. "Resolvi fazer teatro na faculdade e percebi que aquilo era bem mais apropriado para mim", ela conta. Aos 21 anos, trancou a faculdade e foi para São Paulo estudar teatro na oficina do diretor Antunes Filho. Quatro anos depois, voltou ao Rio para visitar o pai, o jornalista Auderi Alencar de Oliveira, que trabalha na TV Globo. Soube que a emissora estava precisando de atores para a minissérie Riacho Doce, com Vera Fischer e Carlos Alberto Riccelli, e foi fazer o teste. Na semana seguinte, já estava decorando o texto de sua personagem, Luzia, uma das principais da trama. Em 1991, foi para a TV Manchete fazer Ana Raio e Zé Trovão. Depois, apareceu num filme, o ítalo-americano Missione D' Amore — que só passou na Itália —, rodado em Parati (RJ).


Entre um papel e outro, Valéria montou um brechó, foi modelo fotográfico e até deu aulas de modelagem de barro para crianças. Irrequieta ("Acho que por ser geminiana"), ela já trocou o Rio por São Paulo três vezes. "Quando dá na minha cabeça que eu quero fazer uma coisa, vou lá e faço", revela. Ela faz mesmo muitas coisas. Para se manter em forma — deliciosos 1,67 metro e 57 quilos, aliás —, pratica musculação, tai-chi chuan, ioga e mergulho. Por causa das Pupilas, voltou para a capital paulista. Mora nos Jardins, na Zona Sul da capital, de onde ela jura que não quer mais sair. Foi em São Paulo, no escritório de Aline Grain, empresária de Valéria, no bairro de Higienópolis, que o repórter Marco Antônio Lopes entrevistou a bela morena, vestida com uma camiseta branca que terminava no umbigo e um apertado jeans preto.





1. Você achou excitante fazer aquela cena do banho? [Pensa.] Tudo o que mexe com a vaidade da mulher ela gosta. Mas não gosto que as pessoas confundam. Isso só mexe comigo nesse sentido.


2. Você gosta de ser espionada? Tipo voyeur? Não, aí não gosto. Uma vez, eu morava num apartamento no Flamengo [Zona Sul do Rio] com uma amiga, e notei que um velho ficava olhando a gente toda hora, de binóculo, da janela do apartamento dele. E o que fizemos? Botamos na nossa janela um cartaz grande, escrito "Tem um corno me olhando" [risos]. Depois, ele parou. Ainda bem. Porque gosto de me sentir à vontade em casa, tipo andar só de calcinha.


3. Você se acha sensual? Acho. Quando quero, sou. Sou sensual quando vou a um lugar onde ninguém me conhece. Um rapaz veio me dizer que eu era sensual discando o telefone de um orelhão [risos]. Eu estava no orelhão, pá, discando, e vi o cara, que me olhava sem parar. Perguntei: "Oi, que que é?" E ele [engrossa a voz]: "Nossa, a maneira como você disca, como mexe a mão, sua voz. Você se coloca de um jeito tão diferente no telefone..." [Risos.]


4. Do que você gosta mais no seu corpo? [Dá gargalhadas.] Ai... Eu gosto da minha boca. E do meu umbigo [levanta um pouco a blusa pra mostrar o umbigo]. Ele é muito simpático. Sabia que até uma certa idade eu não usava minissaia? Achava minhas pernas finas. Mas, com uns 20 e tantos anos, pensei: "Que bobagem, Valéria." E passei a usar. Mas hoje acho que já está ficando um pouco tarde... [risos].


5. Que parte do seu corpo é mais "excitável" a uma carícia? "Excitável" é demais! Peraí... Essa parte aqui... [levanta da cadeira e mostra o umbigo e o abdômen]... Ventre, e cadeiras também. Adoro o colo, que valoriza o corpo. Decotão é demais. Você assistiu Carlota Joaquina [filme da diretora e atriz Carla Camuratt]? Nossa, eu vou ver duas vezes! Uma hora aparece a [atriz] Vera Holtz com um decotão. Uma mulher maravilhosa. Uma hora a câmera passa assim pelo decote... Um peitão, mó colo...


6. Você costuma usar roupas só para excitar alguém? Ah, sim. Se eu tiver terceiras intenções... Eu armo mesmo, compro roupas para a situação. Adoro lingerie — calcinha, sutiã. Minhas cores preferidas são branco e preto. E prefiro os modelos mais simples, não muito cavados. Deixar muito à mostra perde a graça.


7. Com que roupa você dorme? Sem nada. Gosto de dormir banhada. Coloco um pouco de lavandinha Johnson assim — é gostosinho dormir perfumada, deixar o travesseiro cheiroso. [Cochichando.] E só. Eu não consigo dormir de roupa, não.


8. Agora falando de trabalho: você parece ser do tipo que sempre sonhou em ser atriz... Sonhava. Mas não desde pequena. Antes, eu queria ser pediatra. Mas aí entrei numa farmácia e desisti [ri]. Na faculdade de Jornalismo, fui fazer um estágio na Globo, de edição. Gostava de trabalhar com as imagens, mas o esquema era muito pesado. Tenho a maior admiração pelo meu pai [risos]... Quando comecei a fazer teatro, na faculdade, aí não teve jeito. Mas ser atriz de televisão foi um clic, sabe? Meu pai morria de medo... Ele dizia [engrossa a voz]: "Não, minha filha, não. Pelo amor de Deus!" [Risos.] "Faça sua faculdade de Comunicação." Meu pai sempre dizia que eu deveria ter uma coisa que desse segurança.


9. Já se decepcionou alguma vez com a profissão de atriz? Não. Mas já pensei assim: "Ah, como é difícil ser atriz." A dificuldade de fazer um teste, por exemplo. Você chega lá e vê milhões de pessoas concorrendo com você. E aí se pergunta o que tem de tão especial para conseguir a vaga. Em 1992, morava em São Paulo com um ator amigo meu, o Paulinho. Era um puta ator de teatro, mas era uma figura assim bem feia. Quando chegava nos testes, as pessoas achavam que ele ia entregar pão. Ou seja, há um desrespeito. Há um padrão de comportamento, de atitude, de físico, cabelinho bonito, roupa nova etc.


10. E para o "teste do sofá", você já foi convidada? Teste do sofá? Aquela coisa da pessoa que vai entrevistar pedir para você tirar a roupa? Ah, não, nunca. Se pedissem isso, eu sairia da sala na hora. Eles já te colocam numa posição que parece que está pedindo favor. Uma amiga recebeu um convite desses de um diretor e saiu descontrolada, chorando, se sentindo ninguém. Essas pessoas que fazem esses convites precisam aprender a ser homem, a cortejar. Não abusar do poder.


11. É verdade que, quando você viu suas fotos nua nos jornais — naquela cena do banho —, começou a chorar? Não foi bem assim. Fui gravar. Conversei com o Nílton [Travesso]. Aí ele me descreveu tudo. Tá legal. Tirei a blusa, entrei na água, tranqüila. Havia jornalistas na gravação, que fotografaram tudo. No dia seguinte, saiu tudo nos jornais. Fiquei apavorada com a repercussão. Dias depois, veio o rapaz da Folha [de S.Paulo] me entrevistar. Eu quis saber que foto ia ser publicada. E ele: "Aquela com seio de fora." "Mas por que essa?", reclamei. Até parece que a Folha tá precisando vender jornal. Ou querem me botar para baixo. Aí comecei a chorar na frente do repórter. Só disse: "Desculpe, você não tem nada a ver com isso" — e fui embora. Mas ele ainda escreveu que eu chorei na frente dele. E publicaram aquela foto também. Fiquei chateada.

12. O SBT quis aumentar a audiência da novela com a cena do banho? Não. Mas não vão acontecer mais cenas em que eu tire a blusa ou apareça com roupa de baixo. Se eu tiver que entrar na água, vai ser com roupa. Eu tinha segurança de que a cena do banho não ia ser usada de forma apelativa — e não foi. Fiquei tão tranqüila na hora de gravar que até fotografaram. E qual o problema com a cena? Foi o uso feito na imprensa que me deixou perturbada. Mesmo assim, a Valéria continua fazendo a Francisquinha — sem banhos.


13. Reconhecem você na rua? Muito. É tudo bem carinhoso. Ontem mesmo, uma senhora falou [imita a voz de uma velhinha]: "Ah, eu não acredito. Francisquinha, você! Vem aqui, me abraça!" As crianças também adoram a Francisquinha. Acho que é um personagem cativante. E os rapazes gostam bastante [ri]. Olham, paqueram e tudo. Mas isso eu não ligo tanto, porque já existia na minha vida. Os rapazes se chegam com muito mais respeito do que se chegariam se fosse com a Valéria Alencar. Devem pensar "ah, trabalha na TV". Eu tenho esse escudo da Francisquinha [ri].


"Estava de biquíni, e ele de short. Ficamos no maior amasso. E eu ainda era virgem!"

14. Qual a melhor cantada que você recebeu, antes e depois da fama? Teve uma bem bobinha que eu adorei. Estava em Copacabana, perto de uns bares... E meu pai sempre dizia [engrossa a voz e levanta o dedo indicador]: "Olha, nunca passe em frente de bares, viu? Atravesse a rua" [risos]. Tinha uns rapazes bebendo chope. Quando passei por um deles, ouvi: "Se olhar para trás, vai ganhar um namorado." Não ri na hora, mas fiquei louca para dar risada e ver quem tinha dito aquilo. Não recebi uma cantada do tipo que derruba. Na faculdade, tive um namorado. Começou que eu tinha cabelo curto e ele vinha: "Nossa, que cabelo curto, hein?" [Risos.] Eu o achava um chato. Um dia, numa festa na faculdade, notei que ele não aparecia. Pensei: "Cadê aquele chato?" De repente, olho no 3º andar do prédio e ele estava lá, me olhando. Ele percebeu que eu o estava procurando. Depois, desceu, e veio me dar um abraço. E naquele abraço... [suspira]. Pintou a afinidade. Ele me venceu pelo cansaço. Mas esse foi só um caso. Para me conquistar, você tem que provar por "a" mais "b" que vai namorar sério.


15. Quem foi o primeiro que conseguiu provar por "a" mais "h"? Eu tinha uns 12 anos. Numa festinha, um rapaz de uns 17 anos me paquerava. Uma hora, ele veio, me abraçou, me beijou e eu, apaixonada, resolvi beijar também. Só que ele veio tão afoito... Não gostei do beijo. O primeiro beijão foi com outro cara por quem eu estava apaixonada. Eu tinha 15 anos. Também numa festa, na hora da música lenta, ele me deu um beijo carinhoso, devagar... Sabe beijinho assim, que começa aqui, no lado da boca? Eu pensei: "Ah, agora sim!"


16. Nessa época já rolavam os primeiros amassos? Não, foi um pouco mais tarde, aos 16 anos, quando ia a campeonatos de surfe em Saquarema [litoral do Rio]. Eu namorava um surfista, o "Pequeno", um assanhado. Uma vez me levou pra ver o pôr-do-sol numas pedras na praia e ficamos no maior amasso ali — eu de biquíni e canga, ele de short. E eu totalmente virgem! Ele tinha 21 anos — não era portanto tão pequeno assim! [Risos.] Eu dizia pra ele [cochichando]: "Não posso, não posso!" E não aconteceu nada.


17 E quando aconteceu? Foi com um namorado sério, aos 17 anos. Fizemos uma viagem a Rio das Ostras [litoral do Rio]. Estava apaixonada e pensei: "Vai ser com ele e nessa viagem!" Eu e ele fomos então para uma casinha atrás do lugar onde a gente estava — bem escondidinho. De repente [bate na mesa], toc, toc, toc. [Afina a voz]: "Valéria, eu vou contar pro papai!" [Risos.] Era a minha irmã mais nova . Saí do quarto e fui ver. E ela: "Que cê tá fazendo aí dentro?" [Risos.] Traumatizante. Conversei com ela, mas não contei tudo — achava que ia dar mau exemplo [risos]. Mas depois voltei para o quarto, e aí foi legal.


18. Qual foi a sua transa mais louca? [Pula da cadeira.] Que é isso, menino? Vão me achar maluca! [Risos.] Você me deixa sem graça. Ai, ai, ai... Bom, na época em que eu estava gravando Riacho Doce, namorava um nativo de Fernando de Noronha. Ele me levava para conhecer todas as piscinas naturais, mergulhava 15 metros no pulmão e voltava fazendo manobras. Parecia um peixe! Isso te desperta, né? Causa uma certa... curiosidade, né? E a gente transava ali mesmo.


19. Já sabemos como é seu banho numa cachoeira. Você não quer contar pra gente como é o seu banho em casa? Iça!!!! [Pulando da cadeira.] Meu banho? Tomo três por dia. Quando dá tempo — adoro banhos demorados —. boto música no banheiro, deixo o chuveiro ligado, fico um pouco no espelho, tem toda uma preparação. Aí, tiro a roupa todinha, e tomo um banho de óleo bem devagar. Depois, chuveiro ou na banheira. O banho é uma hora que desperta muitos pensamentos, né?


20. Depois do banho é o melhor momento para transar, por acaso? Não... Não penso em sexo 24 horas por dia, mas penso bastante [ri]. Mas que pergunta, nossa! Constrangedor, né? Mas vai lá. Atenção: o momento ideal para transar é amanhecendo o dia. Os passarinhos cantando, tá um silêncio, aquela dormência do sono... Não sabe direito se está dormindo ou não... É mais gostoso, pronto! [Risos.]


PRODUÇÃO FLORISE OLIVEIRA CABELO E MAQUIAGEM MARCOS COSTA



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